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Hoje quero abrir meu coração para você. Às vésperas de o blog Apenas completar 10 anos de existência, olho para o passado e vejo quanta coisa aconteceu nesse período. Criei o Apenas para pôr para fora meus pensamentos durante uma crise de estresse e ele acabou se tornando um meio de compartilhar reflexões com incontáveis irmãos e irmãs (hoje, o Apenas conta com 4,9 milhões de acessos), muitos dos quais se tornaram amigos pessoais. Aqui desabafei, exortei, chorei e sorri. Você deve perceber que estou bastante sumido daqui e quero explicar por quê – trazendo, claro, uma reflexão para a sua vida.

Tudo muda. Uma das maiores verdades da existência é que viver é transformar e ser transformado. E, hoje, acredito que este é, justamente, um dos segredos da felicidade: compreender que a nossa atual circunstância em breve será transformada em algo novo, diferente, frequentemente inesperado. Melhor ou pior? Só Deus sabe. Mas, certamente, diferente.

A Bíblia não diz, mas fico especulando o que se passava pela cabeça de Moisés em sua jornada desde o Egito até Midiã. Certamente, dois dias antes, ele imaginava que viveria o resto da vida no palácio de faraó, sendo servido por escravos, sem se preocupar em trabalhar, desfrutando do bom e do melhor. E, agora, 48 horas depois, por sua mente deviam estar passando questionamentos como estes: Como ganharei a vida? Onde morarei? Como serão meus dias? O que me reserva o futuro? Qual é minha real identidade? E, meses depois, o cara que vivia num palácio passou a viver em tendas, o reizinho que era servido passou a ter de trabalhar cuidando de animais, o homem que falava egípcio teve de aprender midianita, o príncipe que se vestia luxuosamente passou a usar túnicas rústicas de pastor… tudo mudou. Tudo!

Assim é a vida.

Pense em José. Hoje, filhinho de papai, usando a túnica talar, fazendo fofoca dos irmãos, sendo paparicado pelo pai, com a vida ganha. Amanhã, no fundo de uma cisterna. Depois de amanhã, escravo. Depois de depois de amanhã, servo na casa de Potifar. Dois dias depois, presidiário. Por fim, governador de toda uma nação. Quem imaginaria?! Que loucura!

Mas… assim é a vida.

Pense em Jó: hoje, rico, saudável, pai feliz, religioso, legalista e cheio de certezas. Amanhã, doente, acusado pelos amigos, amargurado pela esposa, pobre, cheio de dúvidas. Depois de amanhã, íntimo de Deus, rico novamente, com filhos que não imaginava mais ter… tudo novo e diferente.

Vida.

Sim, quando olhamos para a Bíblia, vemos que todas essas inesperadas reviravoltas na jornada dos homens e mulheres de Deus não aconteceram em vão: foram parte do grande plano divino e contribuíram para a realização de seus propósitos. O difícil é lidar com as mudanças, pois não enxergamos o que vem à frente e toda transformação gera questionamentos, dúvidas, angústias e incertezas. Para ser feliz, portanto, é preciso esperar o inesperado, saber que aquilo que hoje é… amanhã não será mais. Se entendermos que nossa atual realidade sem nenhuma sombra de dúvida vai mudar, quando mudar não seremos pegos de surpresa nem sofreremos a dor do inesperado; antes, teremos paz.

E felicidade.

Será que você está vivendo uma crise porque as coisas não são mais como eram antes? Será que está infeliz porque tudo mudou? Será que seu coração é assolado por questionamentos e ansiedade porque queria que as coisas se mantivessem como antes mas elas mudaram à revelia do que você queria? Saiba de uma coisa: a mudança que você viveu se chama, simplesmente, VIDA.

E o Autor da vida segue no comando.

Todas mudanças que você enfrenta, por mais dolorosas que sejam, contribuem para os bons, perfeitos e agradáveis propósitos de Deus. Você não sabia que seria do jeito que está sendo. Mas ele sempre soube.

Eu não estou sumido do Apenas à toa. De um ano e meio para cá, tudo em minha vida mudou. E essas mudanças exigiram de mim o tempo que eu dedicava para escrever as reflexões que aqui compartilho (pois nunca escrevi de qualquer maneira, cada post deste blog é fruto de meditação, reflexão, oração e tempo investido). Algumas mudanças são pessoais. Outras, eu gostaria de compartilhar com você, de forma bastante breve.

Depois de uma série de eventos inesperados, debaixo de intensa oração e muita reflexão decidi fundar uma nova editora cristã: a GodBooks <www.godbooks.com.br>. Foi um ano trabalhando intensamente para que ela existisse, de setembro de 2019 a setembro de 2020. Assim como Moisés, tive de aprender muitas coisas que não sabia, de contabilidade a distribuição de livros. Sempre fui funcionário, agora tive de aprender a ser empreendedor. E assim por diante.

Acredite: foram doze meses de muuuuuuito aprendizado, erros e dúvidas. Perguntei-me muitas vezes se era isso que Deus queria mesmo de mim. Assim como Jó, me lancei a diálogos dolorosos e humilhantes com Deus. Assim como José, chorei em noites escuras e inseguras da alma. E, nesse processo, tive de devotar todo meu tempo, energias e atenções para a criação da GodBooks.

E foi assim que, em 1º de setembro de 2020, a GodBooks lançou seus primeiros livros, “Sexo e santidade”, de Augustus Nicodemus, e “Um clamor por unidade e paz na igreja”, obra inédita no Brasil de John Bunyan (autor de “O peregrino”). Em outubro, saiu meu 12º livro, “A cura da solidão”, e um livro de Wilson Porte Jr., “O impacto da humildade”. E assim prosseguiremos, se Deus permitir.

Um ano e meio atrás, nem em sonho eu poderia supor que, hoje, seria fundador de uma editora que disponibiliza seus livros em todo o território brasileiro e em 190 países do mundo (em formato impresso e em e-book). E que teria no seu time de autores, já no segundo mês, 45 expoentes da Igreja, sendo dois estrangeiros. Que teria um selo para publicação de livros de autores iniciantes, que não encontram espaço em outras editoras, o selo Aprisco: https://godbooks.com.br/publique-seu-livro . E que minha vida seria o que hoje é. Acredite, meu irmão, minha irmã: jamais eu poderia acreditar nisso. Mas… Deus quis. Seja feita a sua vontade.

Por que lhe conto tudo isso? Primeiro, para justificar minha ausência do Apenas por esses muitos meses, visto que a GodBooks vem exigindo todas as minhas energias. Segundo, para dizer que a mudança inesperada que você vive eu também vivo – e que, em meio a todas as dúvidas e incertezas que vêm de ter de sair da zona de conforto, se confiarmos que Deus segue à frente de tudo e que todas as coisas contribuem para os seus propósitos e para o nosso bem, encontraremos a felicidade. Creia: o inesperado para você não pegou Deus de surpresa. Ele sabia. E estava preparado para o que aconteceu.

Meu irmão, minha irmã, se você tem sido abençoado pelo que compartilho no Apenas, quero convidá-lo a acompanhar a GodBooks no Instagram e no Facebook: @editoragodbooks. Também quero convidá-lo a visitar o site da GodBooks e, se desejar, assinar a newsletter, para receber apenas um e-mail por mês avisando sobre os lançamentos: http://www.godbooks.com.br. Minha oração diária tem sido que, se Deus abençoa sua vida por meio do que escrevo neste blog, que abençoe muito mais por meio do que será publicado pela GodBooks.

O Apenas é, a partir de agora, o blog oficial da editora GodBooks. Continua sendo meu espaço de reflexões, e desejo continuar escrevendo aqui. Somente ampliei seu escopo. O conteúdo das reflexões não mudará. Sou grato a você por ter sua companhia aqui. E peço a Deus que, seja pelo Apenas, seja pela GodBooks, eu continue sendo um cano enferrujado, torto e cheio de problemas, mas por onde o nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, siga transportando a água da vida até você. Ore por mim, por favor. Ore pelo Apenas. Ore pela GodBooks. Muito obrigado, meu irmão, minha irmã.

Tudo muda. Saber antecipadamente disso fará com que a mudança não nos pegue de surpresa. E, sem a dor do inesperado, conseguiremos seguir em paz, em tudo dando graças, em segurança e alegria.

E felicidade.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari
Facebook: facebook.com/mauriciozagariescritor
Instagram: instagram.com/mauriciozagari

Pense em João 3.16.

O que me impressiona em Deus não é ele ter amado. Afinal, ele é amor e não se poderia esperar outra coisa dele. “Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4.8).

Também não me impressiona ele ter amado o mundo. Ele é misericórdia, compaixão, empatia, graça. O que esperar de alguém assim? Que ele amasse só quem é amável? Claro que não, senão ele estaria exercendo somente a justiça dos homens. “Se fizerem o bem aos que lhes fazem o bem, que recompensa terão? Até os pecadores fazem isso. […] ele é bondoso até para os ingratos e maus. Sejam misericordiosos, como também é misericordioso o Pai de vocês” (Lc 6.33‭-‬36).

Não me impressiona, também, Deus ter dado seu Filho unigênito. Pois junte o amor e a misericórdia já mencionados e fica claro que alguém assim jamais hesitaria em dar o seu melhor pelos necessitados de salvação. “Em tudo tenho mostrado a vocês que, trabalhando assim, é preciso socorrer os necessitados e lembrar das palavras do próprio Senhor Jesus: ‘Mais bem-aventurado é dar do que receber’.” (At 20.35)

Tampouco me surpreende Deus ter feito tudo isso para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Afinal, o Senhor nos criou para conviver com ele, não para vivermos distantes. Ele nos formou para vê-lo face a face, não para nos ser invisível. Ele criou cada um de nós para a eternidade ao seu lado, sem sofrimento nem dor, e não para o fogo eterno, que não foi idealizado para nós, mas foi “preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).

Agora… sabe o que me emociona? O “de tal maneira”. Isso me impacta. Deus poderia nos amar. Poderia exercer misericórdia. Poderia dar seu melhor por nós. Poderia restabelecer nossa comunhão. Mas poderia ter feito isso de modo tranquilo, morno, manso, calmo, blasé. Mas, não. Ele amou “de tal maneira”. Em outras traduções da Bíblia, ele amou “tanto”.

Isso fala de intensidade. De um amor explosivo, transbordante, infinito, que é mais amplo do que todas as galáxias conhecidas e desconhecidas pelo homem. Um amor cuja dimensão é incompreensível e inalcançável pela nossa razão limitada. Um amor único, exclusivo, exemplar. Eu e você estávamos mortos em nossos delitos e pecados quando Deus nos amou de tal maneira, isto é, estávamos mortos, putrefactos, em decomposição, exalando um cheiro espiritual insuportável. E, ainda assim, ele nos abraçou, beijou e amou de tal maneira.

Inacreditável. Embora seja absolutamente impossível a um ser humano amar como Deus ama, é perfeitamente possível esforçar-se ao máximo para levar nosso amor à última consequência. Amar no limite de nossas capacidades. Mas saiba de algo: isso vai te custar muito caro, como custou a Deus. Amar às últimas consequências exigirá de mim e de você negar-se. Tomar a própria cruz. Chorar amargamente, por ter de suportar injustiças, maldades e não devolver mal com mal, abençoando quem nos persegue e orando por eles, “Porque, se vocês amam aqueles que os amam, que recompensa terão?” (Mt 5.46).

Que Deus nos ajude. Que Deus nos ajude a amar quem não é amável com um trilionésimo do amor com que ele nos amou – e ama. De tal maneira. Que impressionante. Que extraordinário. De tal maneira. Diante disso, só me restam duas orações: “Obrigado!” e “Ajuda-me a amar!”.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Título duro o desse post, não é? Até choca um pouco, eu sei. Para o meu alívio, não fui eu quem disse isso, foi o próprio Cristo. Como assim? Já chego lá, vamos por partes.

Conheço muitos pastores, pessoas que decidiram abraçar o púlpito e o pastoreio de vidas como missão. Muitos são homens dedicados, apaixonados por Jesus, que amam o próximo e têm um inequívoco chamado pastoral. São sérios, responsáveis, devotados e íntegros. Porém, esse meu contato tão próximo com tantos pastores mostrou-me, também, uma realidade dura e triste, mas para a qual não podemos fechar os olhos: existem maus pastores. E a experiência me ensinou um teste infalível para identificá-los.

A Bíblia ensina o que todos sabemos ser parte do perfil de um bom pastor, em passagens como 1Tm 3.2‭-‬7 e Tt 1.6‭-‬9: ele não pode ser arrogante, briguento ou violento; não deve buscar lucro desonesto; tem de ser justo; e deve ser amável, pacífico e desapegado do dinheiro, entre outras coisas. Para além disso, a prática da vida me mostrou um meio certeiro de testar se o coração de um pastor está de fato em Deus ou se perdeu-se no meio do caminho e precisa de uma recauchutagem. É um meio que, até hoje, nunca falhou: o confronto entre a vontade de Deus e a família do pastor. Permita-me explicar melhor.

Há um fato entranhável do evangelho: o Pai entregou o próprio Filho ao sofrimento e à morte para que seus propósitos se cumprissem. Em outras palavras, o propósito divino falou mais alto que o bem-estar “familiar”. Do mesmo modo, o pastor que tem um coração sintonizado com o de Deus sempre colocará os propósitos e os interesses do Senhor acima dos benefícios da própria família. Sempre. Pois, ao fazer isso, ele prova que de fato ama Deus sobre todas as coisas.

Um pastor verdadeiramente vocacionado tomará medidas disciplinares contra pessoas de sua própria família, se for preciso para cumprir a justiça. Já o mau pastor não hesitará um segundo antes de proteger os familiares que estão em erro, mesmo que isso signifique ir contra a justiça de Deus. O teste é infalível, acredite. Já vi acontecer diversas vezes.

Pastores para quem há dois pesos e duas medidas na hora de lidar com alguém de dentro ou de fora de sua família traem o chamado pastoral. Pois Deus não faz acepção de pessoas. A justiça de Deus é suprafamiliar. E antes importa agradar a Deus que aos homens. Infelizmente, muitos sucumbem. Na hora em que são confrontados por situações que exigem deles se indispor com familiares, remover benefícios ou discipliná-los (sempre em amor, é óbvio), agem como o reprovável Eli: fecham os olhos, distorcem a verdade, abafam problemas, agem de modo diferente de como agiriam se a situação envolvesse um membro da igreja com quem não tem vínculos familiares.

O nepotismo tendencioso, que é pecado por ser injustiça, machuca muitas pessoas nas igrejas. Pastores tomam partido de gente da família sem ouvir outros lados da história. Favorecem parentes com benefícios que não estendem a outros. Abafam erros de seus filhos para não ter dor de cabeça. Põem familiares em posições para as quais não têm chamado por questões financeiras. E por aí vai.

Nunca avalio um pastor somente por sua homilética ou sua teologia, pelo número de membros de sua igreja ou por seu carisma. A vida me ensinou a sempre observar se ele trata os familiares com privilégios que não estende a outros, ou seja, se ele exerce a justiça com os parentes, doa a quem doer. Se ele falha nisso, já sei que há problemas em seus critérios de pastoreio. É tiro e queda. E, via de regra, mais cedo ou mais tarde, esse pastor machucará pessoas. Por vezes, muitas pessoas. Não falha, acredite. Pois falta de justiça é falta de Deus.

E por que estou falando sobre esse assunto tão incômodo? Por amor. Amor a você, que é pastor e está equivocado em seus caminhos, e às ovelhas que pastoreia. Pois ainda há tempo de mudar.

Meu irmão, minha irmã, se você exerce o ministério pastoral, lembre-se de que justiça é uma das colunas do evangelho. Deus é sumamente justo e assim devem ser seus embaixadores na terra. Ame sua família, ela é uma bênção divina, de valor incalculável. Mas não a ame mais do que ao próprio e justo Deus. Se percebe que tem injustamente privilegiado parentes, em detrimento das demais pessoas, está em tempo de se arrepender, confessar a Deus o seu pecado e mudar de atitude.

E se você não é pastor, nem pense em usar este texto para sair falando mal de pastores que conhece e erram nesse aspecto: este texto não é uma desculpa para você mandar indiretas e afundar ainda mais quem já está na lama; antes, é um chamado urgente para a intercessão. Ore por seu pastor. Ore pelo pastor injusto. Ore pelo pastor partidário. Ore pelo pastor nepotista. Ore pelo pastor tendencioso. Ore pelo pastor parcial. Meta menos o malho e ore mais. O falatório não resolve nada, mas a sua oração pode muito em seus efeitos. Deus não te chamou para pôr o dedo na cara das pessoas, mas para interceder por elas, a fim de que, se o pastoreio delas estiver com prioridades invertidas, Deus as chame ao arrependimento e as livre das garras do maligno.

A Igreja precisa desesperadamente de bons pastores. E os maus pastores precisam desesperadamente das nossas orações, pois suas ações tendenciosas os tornaram indignos de Cristo. Por quê? Porque o próprio Jesus disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim; e quem ama seu filho ou sua filha mais que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).

Façamos a nossa parte, para que nossos pastores sejam sempre dignos de Jesus.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Não, você não verá nenhum pastor pregar sobre o pecado da conivência. Afinal, não é um pecado mencionado pelo nome na Bíblia, por isso, muitos têm dificuldade de enxergá-lo. Infelizmente, vivemos uma geração de cristãos para quem parece que pecado é só sexo ilícito, tomar um porre e apoiar o partido político de que eu não gosto. Fora disso, parece que tudo está liberado: injustiças, ira, ódio, egoísmo, arrogância, ofensas, deboche, vaidade, ganância… e conivência.

Mas o que, afinal, é o pecado da conivência? Por definição, conivência é: “Cumplicidade por tolerância. Colaboração moral no delito por deixá-lo perpetrar, podendo evitá-lo”. Em outras palavras, o conivente é o que peca por tomar conhecimento de um pecado, uma injustiça, um absurdo e apoiar, ou tolerar, o ato. É fazer-se participante do mal por não denunciar o mal como mal nem fazer nada contra ele. É tornar-se tão mau quanto o mau.

Fica claro que conivência é um pecado intimamente ligado à covardia e ao egoísmo: melhor ficar na minha do que ter a coragem de me posicionar diante do que é errado. Às vezes, o conivente opta por esse pecado por ingenuidade, cegueira espiritual e influência de outras pessoas, mas, na maioria dos casos, é uma opção pura e simples pelo erro mesmo – para não perder vantagens pessoais ou para não se prejudicar, por exemplo.

Ser conivente é extremamente confortável, pois não te fará se indispor com ninguém. Já fazer o certo vai te custar caro, principalmente porque vai testar amizades. Já perdi amigos por não querer pecar por conivência. Lembro de pessoas que eu admirava e que tiveram atitudes vergonhosas. Quando me posicionei contra os absurdos cometidos, fui acusado de deslealdade. Resultado? Passaram a me boicotar e me ver com maus olhos. Paciência. Quando você tem de optar entre o pecado da conivência e o apoio ao que é justo, puro, amável, de boa fama e virtuoso, o cristão não pode pensar duas vezes, ou isso pesará em sua consciência pelo resto da vida. Como já cometi pecados tenebrosos na vida e, apesar de me saber perdoado, os carregar dolorosamente na lembrança, sei que não vale o preço. É melhor perder amigos do que a paz de espírito e com o Espírito.

Não vou enganar você. Tenha esta certeza: optar por não pecar por conivência sempre terá um custo. Sempre. Não é te custará barato escolher o que é justo.

Tenho visto muita gente pecar por conivência. A boa notícia é que o conivente revela muito do seu caráter e da sua fé ao se tornar conivente com injustiças, mentiras e atos reprováveis. E você passa a conhecer quem as pessoas realmente são e quais são as suas prioridades. Conivência, por mais enojante e decepcionante que seja, é um ato revelador.

Meu irmão, minha irmã, convido você a um exame de consciência. Será que você tem sido conivente com pecados alheios? Você tem mantido silêncio diante de atitudes vergonhosas, injustas e anticristãs, a fim de não se indispor com pessoas, manter algum tipo de benefício ou levar algum tipo de vantagem? Tem balançado a cabeça, afirmativamente, quando as pessoas falam mentiras?

Como tem sido sua postura diante da inverdade, de atos de injustiça ou de posicionamentos anticristãos de supostos cristãos – ou não? Quão gritante tem sido o seu silêncio diante da maldade? Desperte! “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando” (Tg 4.17).

Não ache você que conivência é um pecado menor do que adultério, aborto ou qualquer outro dos pecados mais frequentes nos lábios e nas redes sociais dos pregadores. Simplesmente porque a conivência com atos de injustiça contraria frontalmente a essência do Deus que é justiça. É, portanto, a sabotagem do projeto de Deus na terra.

“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o pensamento de vocês. O que também aprenderam, receberam e ouviram de mim, e o que viram em mim, isso ponham em prática; e o Deus da paz estará com vocês”. (Fp 4.8‭-‬9).

Fica o convite: arrependa-se. Confesse. Deixe. E a misericórdia de Deus virá sobre você.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Eu confesso: nos últimos tempos senti muita, muita raiva. É uma raiva estranha, resultado de um grande caldo de decepção, desapontamento, tristeza, revolta. Não é algo bonito de se dizer, em especial por ser eu um cristão, mas não posso mentir. Fato é que sou humano, habitação do pecado, e sentimentos brotam no coração sem que eu possa controlar. Permita-me explicar.

Você deve ter tomado conhecimento do caso de George Floyd, ser humano americano que foi preso pela polícia, imobilizado, jogado no chão e, até onde se sabe, sufocado até a morte por policiais que se ajoelharam sobre ele. Eu havia lido as notícias sobre a história e me indignado. Mas foi só quando assisti ao vídeo que tomei ciência da extensão do horror. O homem implorava por sua vida, a ponto de chamar “Mamãe!”. Em coro com a população ao redor, ele pedia por sua vida, diante do olhar impassível de diabos vestidos de policiais. E ele morreu.

Eu chorei e chorei muito. A voz de George e das pessoas ao redor, clamando por sua vida diante de criaturas de Deus que não davam a mínima, rasgou meu coração. Logo, o choro deu lugar a indignação e raiva. Tentei segurar, mas não deu. Sim, senti raiva, muita raiva.

Os últimos meses têm sido um teste para meu cristianismo, minha capacidade de não deixar a raiva virar ira, meu desejo de ser sempre perdoador, minha força para amar e não devolver mal com mal. Não por causa da pandemia, mas por testemunhar em diversos âmbitos o pior do ser humano. O contexto apenas traz à tona o que já existe no coração de cada um e revela o que normalmente os lábios não têm coragem de falar. Pessoas que eu amei mostraram o pior de seu coração. Gente que eu admirava destilou palavras assustadoras. Cristãos promoveram pecados e injustiças como se fossem virtude. Que tempo! Que período! Que desafio!

Ontem, ver o vídeo da abominação de George Floyd foi a gota d’água. O acúmulo de decepção e incredulidade diante do que pessoas são capazes de fazer me levou ao chão, ao joelho, e a raiva transbordou na forma de uma poça de lágrimas no chão. Raiva, muita raiva.

Pode ser que você tenha sentido ou esteja sentindo raiva também. Por causa de política, da pandemia, de decepções, da situação econômica, do comportamento humano, dos rumos da vida. Talvez seu coração esteja pesado, com sentimentos nada bonitos, mas que você não consegue evitar. O que fazer diante do confronto entre nossa humanidade inclinada ao mal e a urgência de ser manso e humilde de coração, conformados à imagem do Cordeiro? Permita-me compartilhar algo sobre isso, que pode ajudá-lo.

Eu estava ali, rangendo os dentes de raiva pela tortura e morte de George Floyd, pela decepção com pessoas, pela maldade e o egoísmo do ser humano. Foi quando, em meio àquela oração doída e molhada, veio um pensamento em minha mente, certamente semeado pelo Santo Espírito de Deus: se eu permitisse que toda aquela raiva se enraizasse em meu coração, eu não seria em nada melhor do que os carrascos que assassinaram o pobre homem. E, se permitisse que a ira atravessasse aquela noite, eu estaria com meu joelho no pescoço de cada pessoa que me decepcionou. Eu me tornaria igual a quem tanto mal fez – a mim e a George.

A teologia cristã nos ensina a doutrina reformada da depravação total: não temos em nós mesmos a capacidade de vencer o mal e dependemos exclusivamente da graça do Cordeiro. Sou sujeito a essa depravação. Nasci imerso em pecado e sou sua habitação. Quando ouvi a voz do Espirito, clamei a ele, o outro habitante de meu coração, e pedi que me inundasse de paz, perdão, magnanimidade, amor, graça e abnegação, porque, por mim mesmo, eu não teria forças para isso.

Pedi que me inundasse de Cristo.

Foi quando veio uma paz que não consigo entender. Uma paz acompanhada da certeza de que não posso esperar o melhor do ser humano, porque cada indivíduo deste planeta é terrivelmente idólatra de si mesmo, perdidamente apaixonado pelos próprios interesses e, se eu sentir raiva cada vez que testemunhar o egoísmo e a malignidade das criaturas de Deus, acabarei sendo vencido pela semente do mal que há em mim.

Foi quando veio uma avassaladora sucessão de verdades bíblicas ao meu coração. Lembrei de que a vingança pertence ao Senhor. Que temos de amar até os inimigos. Que eu sou tão depravado quanto os mais egoísta dos homens e das mulheres. Que nosso descanso não está nesta vida. Que o perdão não é opcional, mas um mandamento. Que não há um justo, nem um sequer. Que felizes são os pacificadores. Que os piores dos seres humanos podem ser resgatados de sua maldade por Cristo. Que Deus é soberano sobre a terra e que meu Redentor há de se levantar sobre ela. Foi um tsunami de verdades que a raiva havia roubado da minha lembrança. E o tsunami trouxe a paz.

Levantei daquela poça com menos raiva. Ainda triste, mas sem raiva. Milagre desses que só Jesus de Nazaré é capaz de operar. Assim como, com uma frase, ele sarou o leproso, Jesus insuflou paz em meus pulmões e a certeza de que nada, absolutamente nada, está alheio aos seus olhos e ao seu coração. E de que ele não está de ouvidos fechados ao clamor dos seus filhos, nem de costas para os fatos que há na terra.

Ele é Emanuel, Deus conosco. Justo, amoroso, compassivo e bom.

Meu irmão, minha irmã, talvez você esteja com muita raiva em seu coração neste momento. Eu não te condeno, acredite, pois passei por isso e te entendo. Pessoas também me feriram. Situações também me abateram. A humanidade também me decepcionou. Mas, olha, deixa eu te dizer uma coisa, de igual para igual: Deus pode mudar isso. Como se irar e não pecar? Indo aos pés do Cordeiro, em pranto, confissão, humilhação e verdade, clamando e se entregando. Atire-se, com autenticidade. Não negue o que pesa em seu coração. E confie na ação sobrenatural de Deus, a única capaz de fazer com que a sua ira não atravesse o limite e triunfe, hedionda, como a obra da carne que ela é.

Cristo assassinou aquilo que assassinou George Floyd. Ele fez isso no Calvário, quando consumou tudo em si. Que os meus e os seus olhos estejam voltados menos para a barbárie e o egoísmo humanos e mais para a cruz do Gólgota, menos para o desdém pela vida alheia e mais para o amor que tanto amou a vida alheia que entregou o próprio Filho em sacrifício vivo. Meu irmão, minha irmã, eu e você não valemos mais do que aqueles policiais que fizeram mal a George nem que aquelas pessoas que nos fizeram mal. Somos igualmente depravados, egoístas, egocêntricos, vaidosos, raivosos. Mas, se Cristo vive em nós, podemos ser diferentes. Não pela força do nosso braço, mas pela extraordinária graça que esvazia a nossa raiva e nos conforma à natureza do manso Cordeiro.

E, quando isso acontece, após levantarmos da poça de lágrimas e nos deitarmos na cama, conseguimos dizer, antes que o sono da paz nos embale pela noite:

– Pai, perdoa, pois eles não sabem o que fazem.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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A ideia de que ser homem com H maiúsculo, másculo, macho significa ser um brucutu destemperado, que arrota alto, vive na academia puxando ferro e manda ver no palavreado como um neanderthal é tão verdadeira quanto dizer que ser cristão significa usar saia comprida, não depilar a perna, usar cabelos até a cintura e ser homofóbico: estereótipos tolos que só atrapalham nossa relação com Deus, com o próximo e conosco. ⁣ ⁣ Ser um homem de verdade, à luz da Bíblia, não tem absolutamente nada a ver com ser um ogro verborrágico, que valoriza músculos acima de sabedoria e paz. ⁣ ⁣

Ser um homem de verdade, à luz da Bíblia, é ter postura e caráter e tratar o próximo como gostaria de ser tratado. É saber reconhecer os erros, se arrepender e pedir perdão. É buscar a justiça com amor, promover a verdade com mansidão e estimular a conciliação com paciência. ⁣ ⁣

Ser um macho à luz da Bíblia é ser macho como Jesus. ⁣ ⁣

Jesus é nosso exemplo para tudo, inclusive para a masculinidade. Ele tratou as crianças com doçura, as mulheres com dignidade, os amigos com amor, os inimigos com intercessão e perdão. ⁣ ⁣

O conceito de masculinidade bíblica parece ter se perdido e assimilado tolices extrabíblicas. Muito se associa masculinidade – nas igrejas! – ao discurso ferino e incisivo, ao olhar agressivo e pesado, ao punho erguido e ao pisão duro. ⁣ ⁣

Mas firmeza não é isso. ⁣ ⁣

É possível, e desejável, ser firme dizendo “olhai os lírios do campo”, “ame seus inimigos” e “não pague mal com mal”.

Aí vem alguém e diz: “Mas e o episódio dos vendilhões do templo?”, como se aquele episódio fosse suficiente para derrubar tudo o que Jesus falou sobre como a humanidade precisa agir e se comportar. Não entendem que a divindade de Cristo lhe dá prerrogativas que o ser humano não tem, que Deus pode matar e se irar, mas que se o homem mata, fere um dos dez mandamentos e, se alimenta a ira e a põe em prática, pratica obra da carne e peca. Tomam um episódio sem ver a teologia por trás, sem analisar os princípios bíblicos do evangelho, sem considerar a hermenêutica bíblica, distorcendo a natureza do Príncipe da paz e todo o conjunto de seus ensinamentos. E acham que o episódio dos vendilhões é suficiente para transformar Jesus num ser que apoia a violência, a agressividade e a brutalidade. Que visão triste do que é a masculinidade de Jesus.

Ser macho como Jesus não é viver irado, mas em amor. Não é ser carrancudo, mas alegre. Não é viver comprando briga, mas pacificando. ⁣Não é ser explosivo, mas paciente.⁣ Não é ser altivo e mal-encarado, mas amável e bondoso.⁣ Não é ser fiel a um cânone machista, mas fiel à Escritura. ⁣Não é ser brigão, mas manso e humilde de coração. Não é ser impulsivo, mas ter domínio próprio e não reagir na base da fúria.

Enquanto associarmos masculinidade ao comportamento de lutadores de UFC, brutamontes e guerreiros em campos de batalha, seremos tudo, menos machos como Deus nos criou para ser. Seremos, somente, sombras tristes da real natureza do Cristo, que não nos ensinou a ser grosseiros cabras machos, mas santos cordeiros da paz.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Uma amiga minha está com enormes dificuldades de lidar com o isolamento e o medo destes dias de pandemia por conta do coronavírus e me procurou para questionar como poderia “manter a sanidade”. Essa pergunta ocupou meus pensamentos por algum tempo e, após alguma reflexão, cheguei a algumas sugestões que gostaria de compartilhar com você:

1. CONFIE EM DEUS. Lembre-se de que o Eterno continua sendo o mesmo de sempre: amoroso, bondoso, compassivo, amigo, cuidador. Não é porque há uma pandemia que ele deixou de ser quem sempre foi. Leia Sl 139.

2. SAIBA QUE A PANDEMIA VAI PASSAR. Esta não é a primeira desgraça da história humana. Enfrentamos peste negra, guerras, terremotos, tsunamis, destruição de civilizações, exílios… e, sempre, a sociedade se reergueu e seguiu adiante. Vai passar.

3. EXERCITE O FRUTO DO ESPÍRITO. Paulo listou em Gálatas 5.22-23 nove virtudes que definem um verdadeiro cristão. Mas elas não vêm automaticamente, carecem de amadurecimento. Então, veja a pandemia como uma oportunidade de amadurecer em paciência, amor, amabilidade, autocontrole, alegria e outras. Deus está ajudando você a crescer.

4. DIVIRTA-SE. Isolamento não é estagnação. Durante este período, faça aquilo que alegra seu coração: ouça música, dance, jogue com a família, conte piadas, veja filmes, faça amor com seu cônjuge, leia bons livros, pegue sol na janela. Produza endorfinas.

5. RELACIONE-SE. Uma das grandes dádivas deste período é que ele nos deu a oportunidade de quebrar o ciclo da correria do dia a dia. Com isso, você tem tempo para gastar horas pondo o papo em dia com os amigos de perto e de longe. Use telefone, Whatsapp, Zoom, Hangout, o que for. A cura da solidão são pessoas.

6. REFLITA. Romanos 12 nos propõe renovar a mente. Não há nada melhor para isso que gastar tempo analisando nossos erros e acertos. Invista o tempo que agora você tem de sobra para pensar em como ser uma pessoa melhor. Após a pandemia, quem você quer ser? O mesmo de antes? Por que não aproveitar este momento para se analisar e melhorar?

7. AME O PRÓXIMO. Seja útil. Descubra quem está em dificuldades e ajude financeiramente. Ampare os sofridos. Encoraje os desanimados. Alimente os famintos. Isso lhe dará enorme senso de propósito nestes dias.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
Facebook: facebook.com/mauriciozagariescritor
Instagram: instagram.com/mauriciozagari

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Estou escrevendo este post mais como um desabafo do que por qualquer outra razão. Se você conhece alguém que faz da sua vida um inferno, vai me entender, pois há um irmão em Cristo que me atormenta e preciso pôr para fora a minha ira – que é santa, naturalmente – senão parece que vou explodir.

É muito duro para nós, que somos santos e irrepreensíveis, aturar esse tipo de gente falível. Pode ser que a pessoa que você não suporte seja um vizinho que ponha músicas horríveis no maior volume sempre que você quer dormir. Ou um colega de trabalho que minta contra você. Ou, ainda, uma irmã da igreja que te irrita, magoa ou toma atitudes contra sua paz. Pode ser, até mesmo, o seu chefe, quem sabe, ou o pastor que, em vez de zelar por tua alma, te oprime, subjuga, denigre e prejudica. E você odeia tudo de ruim que há nessa pessoa. Quer fazer parecer que não, pois, afinal, odiar não pega bem para um crente. Mas, lá no  fundo do coração, você sabe que odeia. Talvez não tão no fundo assim.

Pois bem, há um cara que me tira do sério. Sou obrigado a conviver com ele por causa das circunstâncias da vida, mas ele é chato, pecador, egoísta, mesquinho e insuportável – tudo o que eu não sou. Por favor, permita-me desabafar.

Conheço esse cara desde a infância. As primeiras lembranças que tenho dele são anteriores aos meus 3 anos de idade, pois morávamos na mesma rua. Anos e anos e anos suportando esse cidadão. Crescemos juntos e, por uma série de situações, que não vêm ao caso, fui obrigado a conviver com ele em muitas áreas de minha vida. Hoje, inclusive, ele calhou de frequentar a mesma igreja que eu – para meu azar e irritação.

Uma das coisas que mais me incomodam nele é que E. (permita-me chamá-lo apenas pela inicial) se faz passar por meu amigo e tem toda a aparência de crente, mas é um tremendo pecador. Como o conheço há tanto tempo, temos intimidade suficiente para eu saber coisas de sua vida que ninguém mais sabe. Ele me conta pensamentos terríveis e atos completamente reprováveis do ponto de vista bíblico. Às, vezes, confesso, chego a ter uma certa repulsa por E., tamanha é a sua pecaminosidade. E é duro para uma pessoa tão correta como eu aguentar isso. Mas, infelizmente, sou obrigado a conviver com ele, então não tenho para onde correr.

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Eu me encontro com ele nos cultos. O vejo levantar as mãos no louvor, fazer aquela carinha de santo na hora da oração e ostentar seu jeito insuportável de cristão nota dez, quando eu sei quem ele é e as coisas horríveis que pensa e faz. Na verdade, eu o fico observando o culto inteiro e me enoja quando ele fica chorando, pedindo perdão por seus pecados, quando sei que ele vai sair da igreja e pecar de novo. E me sinto obrigado a pedir que Deus pese a mão sobre ele, pra ver se toma jeito. Miserável pecador…

Você conhece alguém assim? Por favor, me diga como devo proceder. Às vezes, quando prego, confesso que já exortei muito pensando nele, pois sabia que ele estava ouvindo. Sabe quando você faz uma explanação que parece generalista mas tem endereço certo? Você pode até achar feio eu ter feito isso, mas confesso: eu fiz. Dei montes de indiretas para E. em muitas de minhas pregações, para ver se ele, de algum modo, era tocado por Deus e mudava. Não sei se adiantou, só o Senhor sabe, mas fiz a minha parte.

Pense em apenas alguns dos dez mandamentos. E. muitas e muitas vezes priorizou outras coisas no lugar de Deus.  Honrar pai e mãe? Coitados, lembro que, quando éramos crianças, ele dava um trabalhão. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”? Como negar as montanhas de vezes em que ele fez isso? “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”? Tudo bem, admito, nunca o vi cobiçar o jumento de ninguém, de resto perdi a conta de quantas vezes o flagrei invejando o que não lhe pertencia. Cara, desculpe, mas E. tem tantos buracos em sua santidade…

Você tem algum E. na sua vida? Pense aí. Lembrou de alguém intragável, que parece só ter vindo ao mundo para te irritar, chatear, fazer chorar? É que realmente as circunstâncias não permitem, mas por mim eu mandava exilar E. no Tibete. Sabe o que mais me tira do sério? Ele até fala uma ou outra coisa legal, por isso tem gente que o elogia, que o acha alguém especial. Desculpem, mas eu conheço bem esse cara. Se duvidar, uns 95% dos elogios que ele recebe são imerecidos. E. precisa desesperadamente do perdão de Deus, pois tem muitas e muitas coisas a melhorar. Já falei isso a ele. Mas parece que, na maioria das vezes, o cidadão não me ouve!

Bem, acho que já desabafei o suficiente. Eu odeio tudo o que E. tem de ruim. Odeio. Odeio sua pecaminosidade, o fato de ele fazer menos do que poderia pelo próximo, odeio quando não pede perdão pelos seus pecados, odeio suas fraquezas. Ele me tira do sério.

Mas… tem uma coisa.  Apesar de tudo isso, eu sei que Jesus o ama.

A despeito de seus defeitos, suas falhas, seus pecados, sua omissão, tudo, tudo, tudo o que faz de E. uma pessoa odiosa… Jesus o ama. Não entendo todo esse amor por um zero à esquerdaCara6 como ele, asseguro que não entendo. Mas sei que isso tem um nome: graçaE. não vale nada, mas a graça o faz valer o mundo para Deus. Foi por esse cidadão que o Cordeiro de Deus subiu à cruz, foi moído, rasgado, cuspido, ofendido, morto. E eu acredito que, porque a salvação é pela graça e não por mérito, um dia ele irá para o céu. Graça. Esse é o segredo. Essa é a explicação. Essa é a esperança. Essa é a certeza. Essa é a fé. Pois a graça não faz Deus ver toda a sujeira que E. carrega em si quando olha para ele. Quando o Pai fita seu olhar em E., o que ele enxerga é o Cordeiro que foi imolado por cada um dos seus pecados.

Conheço bem E. Ele habita dentro de mim. E., de Eu. Sim… o nome de E. é Maurício Zágari.

Obrigado, Senhor, por não me ver como eu sou, mas como Jesus é.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Instagram: instagram.com/mauriciozagari
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Tempo é um tesouro por muitas razões – que o digam pessoas entediadas, pacientes terminais ou gente no corredor da morte. Se perde-se o tempo, é impossível recuperar.

Ajuda a entender a preciosidade do tempo se o vemos da seguinte maneira: assim que nascemos, recebemos de Deus uma enorme quantidade desse tesouro. Porém, a cada dia que passa, fica-se mais e mais pobre. É o preço de estar vivo: quanto mais se enriquece em vida, mais se empobrece em tempo.

Ao contrário do dinheiro posto em uma aplicação, que rende juros todo mês, o tempo só é gasto. Um dia mal aproveitado é parte de um tesouro desperdiçado. Essa constatação nos leva a montes de reflexões, mas eu gostaria de focar em uma delas.

Tempo nos ajuda a identificar as pessoas que verdadeiramente nos amam. Afinal, todos tendemos a investir o tempo limitado de nosso cofre naquilo que nos é mais precioso. Fazemos uma troca benigna: pessoas nos dão sua presença e as presenteamos com nosso tempo.

A presença do Cristo entre nós por 33 anos foi uma prova disso. Ele devotou esse tempo à humanidade porque o Deus que habita fora do tempo amou o mundo de tal maneira que inseriu-se no tempo e nos concedeu esse mesmo tempo para que tivéssemos vida durante o tempo que não acaba.

De igual modo, quem te valoriza vai devotar tempo a você. Afinal, tudo na vida é questão de prioridades e, instintivamente, investimos nosso tempo precioso em quem mais nos importa. Assim, é natural que dispensemos pouco tempo a quem menos peso tem para nós e muito tempo a quem nos vale mais.

Lembre de uma coisa: ninguém é obrigado a nos amar ou querer por perto. Não critique quem não o faz, pois essa seletividade de tempo faz parte da vida. A questão que devemos considerar não é, na verdade, quem mais nos dedica tempo, mas a quem nós mais dedicamos tempo.

Se você diz amar ou se importar com alguém, não pense que conseguirá demonstrar isso na prática sem devotar tempo a essa pessoa. Falar é fácil, mas, se você não provar doando tempo… suas palavras não serão percebidas como realidade. Likes, emoticons e coisas assim? Exigem nada de tempo.

Você diz se importar com alguém? Então prove. Perca tempo, para ganhar em amor.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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