Posts com Tag ‘caráter’

Não, você não verá nenhum pastor pregar sobre o pecado da conivência. Afinal, não é um pecado mencionado pelo nome na Bíblia, por isso, muitos têm dificuldade de enxergá-lo. Infelizmente, vivemos uma geração de cristãos para quem parece que pecado é só sexo ilícito, tomar um porre e apoiar o partido político de que eu não gosto. Fora disso, parece que tudo está liberado: injustiças, ira, ódio, egoísmo, arrogância, ofensas, deboche, vaidade, ganância… e conivência.

Mas o que, afinal, é o pecado da conivência? Por definição, conivência é: “Cumplicidade por tolerância. Colaboração moral no delito por deixá-lo perpetrar, podendo evitá-lo”. Em outras palavras, o conivente é o que peca por tomar conhecimento de um pecado, uma injustiça, um absurdo e apoiar, ou tolerar, o ato. É fazer-se participante do mal por não denunciar o mal como mal nem fazer nada contra ele. É tornar-se tão mau quanto o mau.

Fica claro que conivência é um pecado intimamente ligado à covardia e ao egoísmo: melhor ficar na minha do que ter a coragem de me posicionar diante do que é errado. Às vezes, o conivente opta por esse pecado por ingenuidade, cegueira espiritual e influência de outras pessoas, mas, na maioria dos casos, é uma opção pura e simples pelo erro mesmo – para não perder vantagens pessoais ou para não se prejudicar, por exemplo.

Ser conivente é extremamente confortável, pois não te fará se indispor com ninguém. Já fazer o certo vai te custar caro, principalmente porque vai testar amizades. Já perdi amigos por não querer pecar por conivência. Lembro de pessoas que eu admirava e que tiveram atitudes vergonhosas. Quando me posicionei contra os absurdos cometidos, fui acusado de deslealdade. Resultado? Passaram a me boicotar e me ver com maus olhos. Paciência. Quando você tem de optar entre o pecado da conivência e o apoio ao que é justo, puro, amável, de boa fama e virtuoso, o cristão não pode pensar duas vezes, ou isso pesará em sua consciência pelo resto da vida. Como já cometi pecados tenebrosos na vida e, apesar de me saber perdoado, os carregar dolorosamente na lembrança, sei que não vale o preço. É melhor perder amigos do que a paz de espírito e com o Espírito.

Não vou enganar você. Tenha esta certeza: optar por não pecar por conivência sempre terá um custo. Sempre. Não é te custará barato escolher o que é justo.

Tenho visto muita gente pecar por conivência. A boa notícia é que o conivente revela muito do seu caráter e da sua fé ao se tornar conivente com injustiças, mentiras e atos reprováveis. E você passa a conhecer quem as pessoas realmente são e quais são as suas prioridades. Conivência, por mais enojante e decepcionante que seja, é um ato revelador.

Meu irmão, minha irmã, convido você a um exame de consciência. Será que você tem sido conivente com pecados alheios? Você tem mantido silêncio diante de atitudes vergonhosas, injustas e anticristãs, a fim de não se indispor com pessoas, manter algum tipo de benefício ou levar algum tipo de vantagem? Tem balançado a cabeça, afirmativamente, quando as pessoas falam mentiras?

Como tem sido sua postura diante da inverdade, de atos de injustiça ou de posicionamentos anticristãos de supostos cristãos – ou não? Quão gritante tem sido o seu silêncio diante da maldade? Desperte! “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando” (Tg 4.17).

Não ache você que conivência é um pecado menor do que adultério, aborto ou qualquer outro dos pecados mais frequentes nos lábios e nas redes sociais dos pregadores. Simplesmente porque a conivência com atos de injustiça contraria frontalmente a essência do Deus que é justiça. É, portanto, a sabotagem do projeto de Deus na terra.

“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o pensamento de vocês. O que também aprenderam, receberam e ouviram de mim, e o que viram em mim, isso ponham em prática; e o Deus da paz estará com vocês”. (Fp 4.8‭-‬9).

Fica o convite: arrependa-se. Confesse. Deixe. E a misericórdia de Deus virá sobre você.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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MarconeOito dias no fundo de um poço, com água acima da cintura, sem comer nada, sem dormir e sofrendo de crise de abstinência devido à ausência de álcool no organismo. Essa foi a luta pela qual passou o senhor Marcone, esse homem que estou abraçando na foto ao lado. Eu o conheci recentemente, quando estive em Campina Grande, na Paraíba, aonde fui pregar sobre os temas de meus dois livros mais recentes, O Fim do Sofrimento e Perdão total. Tive a oportunidade de ouvir sua história de vida numa viagem de carro de Campina Grande a João Pessoa, quando pegamos a estrada na companhia do querido pastor Marconni Cavalcanti, seu quase-xará. Aquele homem de 45 anos me contou, então, seu relato, do qual não me esquecerei.

Natural de uma pequena cidade do interior da Paraíba, Marcone passou mais de três décadas viciado em bebida alcoólica. Era cachaça de manhã à noite. Em consequência da dependência química, sua vida foi destruída, ele foi expulso de casa pela esposa e seus filhos não queriam mais saber dele. O alcoolismo o levou a tal ponto que chegou a ser ameaçado de morte pelo próprio sogro. Acabou se tornando um andarilho, que vagava por estradas e  matagais, dormia debaixo de pontes e se aquecia com folhas de papelão. O álcool chegou a afetar sua sanidade e ele passou a ouvir vozes e sofrer alucinações. Sua vida estava em ruínas e parecia que ele não tinha mais nada a perder. Até que, certo dia, durante uma de suas caminhadas sem destino pelo meio de um matagal deserto, Marcone, embriagado, despencou dentro de um poço profundo e sombrio. Longe de tudo e de todos, com água até acima da cintura, ele se viu preso e sem perspectiva de sair daquele buraco.

poço 1Foram oito longuíssimos dias. Não havia nada que pudesse comer. Tampouco era possível dormir, pois, sempre que começava a cochilar, ele afundava na água e despertava imediatamente. Seu corpo entrou num estado de dormência constante. A falta do álcool o levou a uma crise de abstinência que tornou o quadro ainda mais grave. Precisava fazer as necessidades fisiológicas dentro da mesma água em que estava imerso e só tinha dela para beber. Consegue imaginar a situação? O desespero, a impotência? Pois foi essa tortura agonizante que Marcone viveu por oito (oito!) dias, durante os quais tudo o que podia fazer era refletir sobre a própria vida.

No oitavo dia, dois homens que moravam em uma localidade próxima saíram para procurar uma ovelha perdida, que havia se desgarrado do rebanho. Eles se embrenharam no mato para tentar encontrar o animalzinho perdido. Quando Marcone ouviu a voz dos dois, começou a gritar com as poucas forças que lhe restavam, num desesperado pedido de socorro.

– Quando vi a cabeça daquele homem aparecer lá no alto, na abertura do poço, foi como se eu tivesse nascido de novo – contou-me ele, com sua voz grave.

poço 2Os dois homens conseguiram um fio comprido e, com o auxílio daquele tipo de corda, o puxaram para fora do poço. Dali, fraco e combalido, ele conseguiu se arrastar de volta à civilização. Tinha terminado seu longo suplício. Quinze dias depois, ele decidiu se internar num centro de recuperação, para tentar se livrar do alcoolismo. Foi ali que ele conheceu Jesus e encontrou forças suficientes para superar o vício. Hoje, Marcone já está dois anos sem pôr uma gota de álcool na boca. Com a ajuda dos pastores do centro de recuperação e da Igreja Cristã Nova Vida de Campina Grande, tem conseguido se reestruturar, retomou o contato com a mulher e os filhos (que não queriam nem pensar em voltar a falar com ele) e, aos poucos, tenta reconquistar a confiança dos parentes. Marcone tem trabalhado e conseguido ganhar o próprio dinheiro, que usa para se manter e para enviar alimentos à família. Também se reconciliou com o sogro. Pagou todas as dívidas pendentes em sua cidade de origem. Tem frequentado a igreja, onde ajuda na cantina. A verdade é que, depois daquele poço, sua vida começou a mudar drasticamente – e para muito melhor.

poço 3Todos nós temos um pouco de Marcone. Ninguém gosta de cair em poços, mas muitos de nós acabam em algum momento da vida no fundo de algum poço sombrio. Não um poço literal, como o que engoliu aquele paraibano de mãos calejadas, mas um poço construído por situações adversas da vida. Podem ser poços de sofrimento, dor, luto, abandono, doença, tristeza, depressão, perdas, ofensas, desemprego, escassez, falta de perdão, traições, incompreensão e tantos outros problemas que angustiam nossa alma, minam nossa esperança e fazem parecer que não temos como escapar.

É quando despencamos dentro de uma situação dessas que ficamos famintos de paz, parece que não conseguimos repousar e, quando o descanso parece ser possível, afundamos nas águas amargas e sujas de novas dificuldades. Como um alcoólatra em abstinência, temos alucinações e enxergamos saídas onde elas não existem, buscamos caminhos onde não há e vemos como possibilidades aquilo que na verdade não nos tirará do poço.

SupportÉ nessas horas que ouvimos uma voz. A voz de um pastor que sai em busca de suas ovelhas. Ele escuta nosso grito de socorro e, quando tudo parece perdido, parte em nosso auxílio. Se olhamos para os lados, tudo o que vemos são paredes escuras, que nos limitam e não apontam para nenhuma saída. Mas, se voltamos os olhos para cima, conseguimos vislumbrar o rosto do nosso Salvador. Ele nos lança um fio de esperança e nos puxa daquele local de trevas para a luz. Sem perceber, a transformação começou dentro daquele local de sofrimento.

Saímos combalidos e fracos desses poços de agonia, mas com forças suficientes para procurar auxílio junto a quem pode nos reaprumar e fortalecer. E, quando nos damos conta, percebemos que os momentos difíceis que enfrentamos no fundo daquele poço nos fortaleceu a ponto de conseguirmos mudar aspectos negativos de nós mesmos. Assim, nos aperfeiçoamos e ganhamos forças para empreender melhorias que, havia muitos anos, precisavam ser feitas.

Ao término de seu relato, perguntei a Marcone como ele se compara, hoje, ao homem que despencou naquele poço. Ele não titubeou:

– Não tem como comparar. Eu era um cabra ruim. Hoje sou bem melhor e sinto até nojo quando penso no que vivi antes.

Você está no poço da angústia, do sofrimento, da falta de esperança? Não consegue entender como Deus permite que passe pelo que está passando? Então sugiro que você pense nessas últimas palavras de Marcone e pode ser que consiga entender. Que Deus te dê forças para atravessar os momentos sombrios da vida, sabendo que, ao sair deles, você será uma pessoa muito mais madura, calejada, reflexiva e amoldada ao caráter de Jesus.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
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carater 1Semana passada, meu pastor anunciou que vai plantar uma nova igreja, em um bairro da zona norte do Rio. O anúncio foi feito durante um culto e, na ocasião, ele informou que quem ficará à frente da congregação será um dos pastores auxiliares, Pr. Evandro. Ao fazer o comunicado, Pr. Marco Antônio chamou Pr. Evandro ao púlpito e contou um pouco da história do relacionamento entre eles. Foi quando mencionou algo que chamou especialmente minha atenção: a motivação para ter ordenado Pr. Evandro ao ministério não foram os seus talentos, mas, sim, o seu caráter. Isso me deixou extremamente pensativo. Saí do culto e cheguei em casa me perguntando: me conhecendo como me conheço, será que eu poderia ser considerado uma pessoa de caráter? Afinal, talentos todos temos: um canta afinado, o outro prega bem, há quem ensine com habilidade e outros que cuidam com competência da contabilidade. Eu recebi de Deus o talento de refletir e escrever. Mas… e o caráter?
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Confesso que essa reflexão me deixou bastante mal. Pois a conclusão a que cheguei é que meu caráter não é lá grande coisa. Como alguém que preza muito as palavras, fui ao dicionário procurar o significado de “caráter”. A definição é: “O que faz com que os entes ou objetos se distingam entre os outros da sua espécie; Qualidade distintiva;  Índole, gênio; Firmeza; Dignidade”. Sei que Jesus me salvou, sabe-se lá por quê, mas permaneço falho e cheio de defeitos. Passei, então, a refletir se me encaixo nas definições de “caráter”.
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O que faz com que os entes ou objetos se distingam entre os outros da sua espécie. Qualidade distintiva”. De forma alguma enxergo isso em mim. Não sou melhor do que ninguém. O que me diferencia dos demais é exatamente aquilo que meu pastor disse que não deve impressionar ninguém: talentos. Pois os dons que Deus me concedeu são únicos, assim como os que ele concedeu a você e a qualquer outro: todos nós nos distinguimos por nossos talentos (que são dons concedidos pelo Senhor, ou seja, nem mesmo pelos nossos talentos nós temos mérito). Fora isso nada me torna melhor do que qualquer outra pessoa: ideias, aparência, status social, educação, experiências, histórico familiar, realizações na vida… tudo o que você possa pensar é circunstancial. Não sou melhor, sou apenas diferente.

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carater 2“Índole”. Podemos dizer que, em termos de cumprimento de legislação, tenho uma boa índole: não roubo, não mato, não fraudo, não sonego, não dou propina. Mas, se formos olhar o interior… ah… quantos pensamentos maus, quantas inclinações pecaminosas, quantos sentimentos inconfessáveis. E nas práticas da vida… não me faça dizer quantos pecados já cometi em meus 19 anos de conversão. Primeiro, porque eu morreria de vergonha. Segundo, porque não caberiam neste post. Então a índole não é tão patente como parece: por mais que sejamos bons, nunca deixaremos de ser maus. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.18-19).
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“Gênio”. Pergunte à minha mãe e ela terá prazer em contar muitas histórias que revelam quão terrível é meu gênio. “Firmeza”. Meu irmão, minha irmã, como eu gostaria de ter sido firme em muitas e muitas vezes em que fraquejei! Já falhei tantas vezes no domínio próprio que não sei contar. Não, meu histórico denuncia um indivíduo bem menos firme do que o ideal. Por fim, “dignidade”. Aí eu leio o que João viu na visão do Apocalipse: “Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele” (Ap 5.2-4). Digno, eu? Não. Só Cristo me dignifica.
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Cheguei ao final da leitura do dicionário e de minha dolorosa reflexão e percebi que sou um homem cujo caráter jamais mereceria uma menção no púlpito. E nem fora dele. Não que eu não faça coisas boas, entenda, mas porque já fiz e ainda faço tantas coisas ruins que me considero, no máximo, alguém esforçado e que luta para alcançar o que Cristo deseja de mim. E esse é o ponto focal de toda esta reflexão, que muito me quebrantou, pela percepção da minha extrema falibilidade e pela noção clara de minha absoluta e total dependência da graça de Deus. Lembrei-me de que “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã” (Lm 3.22-23).
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carater 3Se depender de quem eu sou, em essência, jamais alguém poderá dizer “eis aí um homem de caráter” a meu respeito. Mas tenho uma ponta de esperança. E ela se volta totalmente para Cristo. Se o meu Salvador me estender sua graça diariamente, perdoar os meus pecados, purificar meus pensamentos, guiar minhas ações, me estimular em minhas omissões e me conformar ao seu caráter, quem sabe um dia alguém diga “eis aí um homem de caráter”. Se eu ouvir isso, por dentro saberei que, na verdade, não será o meu caráter deficiente que tal pessoa estará apontando, mas, sim, o caráter daquele que me amou primeiro e quis me chamar das trevas para a luz.
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Você vê falhas de caráter em si mesmo, meu irmão, minha irmã? Bem-vindo ao clube. Mas permita-me dar uma sugestão: busque a Cristo. Prostre-se constantemente aos seus pés. Rasgue seu peito em total transparência, confesse diariamente a ele os seus pecados, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga o Redentor. Esse é o bom combate. E se você combater o bom combate e sair vitorioso pelo sangue do Cordeiro, o que ouvirá no final não será “eis aí um homem de caráter”, mas algo ainda mais honroso, fruto única e exclusivamente da graça: “Muito bem, servo bom e fiel! […] Venha e participe da alegria do seu senhor!” (Mt 25.21).
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Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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