Temos vivido dias estranhos na igreja. Amigos de anos vêm rompendo laços de amizade por conta de suas ideologias e posições políticas. Parentes estão parando de se falar porque A votou em B e C votou em D. Pior: irmãos em Cristo estão brigando entre si, se ofendendo e se afastando pela mesma razão. Será que a Bíblia tem algo a dizer sobre isso? Sim, tem. E pode não ser algo que você gostará de ouvir.
Vamos analisar o que está em jogo na situação de irmãos em Cristo que brigam, se ofendem e se afastam por diferenças de opinião política. De um lado, está um amigo que pensa diferente de você. Do outro, está a sua opinião. A questão aqui é: o que pesa mais? Se você chega ao (lamentável) ponto de brigar com um irmão por ele ter ideias distintas das suas, isso deixa claro que você valoriza mais a sua opinião pessoal do que aquele indivíduo. Na hora de pôr na balança, um ser humano teve menos peso para você do que uma ideia política ou econômica. E isso está muito, muito, muito errado.
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Aponte, por favor, uma única passagem das Escrituras que diga que uma opinião sobre política partidária vale mais que pessoas. Garanto que você não encontrará nenhuma. Por outro lado, há dezenas e dezenas de passagens que falam sobre amor ao próximo, pacificação, reconciliação, perdão, bons relacionamentos, não devolver mal com mal, abençoar quem nos amaldiçoa, orar por quem nos maltrata etc. etc. etc. À luz do evangelho de Cristo, não há nenhuma dúvida: sua opinião sobre política partidária não vale nada em comparação aos relacionamentos de amizade e, principalmente, fraternidade.
O grande mandamento estabelece: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mt 22.39). Ora, pare para pensar: alguém amar a própria opinião a ponto de desamar quem dela discorda lhe parece estar cumprindo esse mandamento? No mínimo, deveria estar em pé de igualdade. Mas a resposta é óbvia: quem põe ideologias políticas acima do valor da amizade e da fraternidade do próximo evidentemente não o está amando como a si mesmo. Logo, não está cumprindo o grande mandamento. Logo, está pecando.
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Se, por um lado, quem rompe vínculos de fraternidade em razão de divergências de opinião não compreendeu o que significa amar o próximo, por outro, a boa notícia é que há uma solução, vinda dos lábios do próprio Cristo: “Portanto, se você estiver apresentando uma oferta no altar do templo e se lembrar de que alguém tem algo contra você, deixe sua oferta ali no altar. Vá, reconcilie-se com a pessoa e então volte e apresente sua oferta” (Mt 5.23-24). Isso não são apenas palavras bonitas soltas ao vento: é uma verdade de fé. É um mandamento do cristianismo. Você lhe tem obedecido?
Meu irmão, minha irmã, você brigou com alguém da sua família, do seu círculo de amizades ou da igreja por causa de divergências ideológicas ou políticas? Então o único caminho para cumprir a vontade de Deus é o da reconciliação. Peça perdão. Perdoe. Valorize o que Deus valoriza. O maior empecilho para cumprir a vontade de Deus nesse caso, acredite, não é a política partidária nem o diabo: é o seu ego. Não deixe seu ego sabotar a necessidade de manter bons relacionamentos com os outros membros do Corpo.
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Não custa lembrar que, em Gálatas 5, Paulo contrapõe as obras da carne com o fruto do Espírito. E, entre as obras da carne, estão hostilidade, discórdias, acessos de raiva, dissensões e divisões. Já entre as virtudes do fruto do Espírito estão amor, paz, paciência, amabilidade, bondade, mansidão e domínio próprio. Sinceramente, o que você enxerga no seu posicionamento pessoal na situação que gerou a sua briga com seus amigos ou irmãos? Virtudes espirituais? Ou obras pecaminosas da carne?
Sabe… para além da Bíblia, se há algo que meu quase meio século de vida me ensinou é que candidatos, governos e governantes passam. Já amigos verdadeiros ficam. Irmãos em Cristo, então, esses permanecerão pela eternidade. Você realmente acha que vale a pena trocar algo tão precioso por algo tão fugaz e passageiro? Se você valoriza mais o seu ego e as suas opiniões do que o amor ao próximo, lamento informar, você está a anos-luz do coração de Deus. Mas ainda está em tempo de se consertar. O que você está esperando?
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >
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IRMÃO MAURÍCIO ,
ESTOU DE ACORDO CONSIGO. ATÉ COSTUMO DIZER , RELIGIÃO E POLITICA, NÃO DE DISCUTEM. Nós até devemos orar pelas AUTORIDADES…. está escrito na BIBLIA….
Abraço da irmã em cristo
GUILHERMINA CORREIA – LISBOA – PORTUGAL
Ótimo texto, Zágari, tema atual e ponto de vista bíblico. Todos os assuntos são temas sim de discussões, de conversas, de debates, mas nenhum deles deve nos levar a nos separar uns dos outros. O assunto não é o problema, mas nosso orgulho.
Boa tarde Maurício Zagari! Graça e paz! Vc parou de gravar vídeo no YouTube? Se possível me responda uma coisa. Há uns 5 anos atrás mais ou menos ofendi um irmão por ter me sentido ludibriada pelo mesmo, e isso envolveu outras pessoas que vieram em minha defesa, me arrependi sobre uma pregação que ouvi sobre o perdão, mas não tenho mais contato com ele para pedir perdão. Já pedi perdão a Deus, estou disposta caso consiga contato a pedir perdão. Eu estava certa na situação e falei a verdade para ele, sendo que ele ficou ofendido e magoado. Mas hoje moro distante e não tenho mais contato.
Prezado mauricio,
Você toca em um assunto que parece tão obvio e claro que é colocar o amor pelo irmão em cristo e ao próximo acima de uma ideologia partidária. Parece que vivemos em uma realidade distorcida em que muitos cristãos preferem colocar suas pautas ideológicas acima da pregação do evangelho e da soberania de Deus. O que percebo no meio cristão evangélico atual é que a dificuldade de conciliação entre muitos irmãos se dá em virtude de muitas denominações e lideres terem dado um apoio institucional antibilico a uma pauta ideológica partidária (dos dois lados do espectro político). E isso está acontecendo inclusive dentro de igrejas e lideranças reconhecidamente serias. A polarização toxica, demagoga e hipocrita do momento politico que o nosso país vive se infiltrou dentro das igrejas tirando o foco daquilo que de fato é relevante que é a pregação das boas novas de salvação. Assuntos extremamente complexos estão sendo debatidos em ambientes sacros por pessoas sem o minimo de preparo intelectual, de uma forma extremamente simplista. Para muitos que simplesmente acreditam que o objetivo transcedental do evangelho está acima dessas questões politico partidárias, o modo como a igreja brasileira tem se comportado, permitindo que o pulpito santo das igrejas seja usado como palanque para politicos demagogos antes, durante e após as eleições, é vergonhoso. Oremos por nossa igreja, pelos nossos irmãos em cristo e pelo nosso país, pois é só isso que nos resta.
Oi, Julio,
acho que tem disso, sim. Mas creio que o problema é mais profundo, tem a ver com nossa egolatria: valorizamos mais nossas opiniões do que o próximo. Não admitimos que discordem de nós. E, assim, amamos mais nosso ego decaído do que o próximo. Triste realidade, oriunda do coração humano pecador. Bem antes de ser uma questão institucional, é uma questão soteriológica.
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Abraço fraterno,
mz