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servo 1Servo, por definição, é alguém que presta serviços a outra pessoa na função de um criado, um serviçal. Em outras palavras, é o indivíduo que está presente para prover a outro indivíduo aquilo de que ele precisa. Olhando por esse ângulo, todo pai é um servo de seus filhos. Em geral, desde que nascemos somos servidos por nossos pais, que dispuseram de tempo, dinheiro, energias, horas de sono e muitas outras coisas para estar à nossa disposição, ao nosso serviço. O pai de uma criança tem de ser servo 24 horas por dia e estar sempre alerta às necessidades de sua prole, preparado para fazer das tripas coração caso haja a necessidade de suprir o que o filhote precisa. Se você é pai ou mãe sabe do que estou falando.

Meus pais desempenharam o papel de meus servos tantas vezes que não tenho nem como dimensionar. Eles me serviram ao trocar minhas fraldas, me dar de comer, acalmar o choro depois do dodói, me levar e pegar na escola… foram tantos serviços prestados que seria impossível listar tudo. Eu dependia deles para quase tudo, por isso, meus pais foram meus servos por muitos anos. E se submeteram a isso por puro amor.

servo 2Meu pai completou 83 anos semana passada. Aquele jogador de futebol atlético e vigoroso, professor de educação física, que gostava de andar a cavalo e escalar árvores altas para comer frutas no pé agora é um senhor idoso. Suas forças já não são as mesmas. A barriga proeminente dificulta alguns movimentos, os joelhos extremamente doloridos o desanimam na hora que o convidamos para fazer caminhadas. O homem que por toda a vida dirigiu incontáveis vezes até outro estado do país e voltou pela estrada para visitar parentes vendeu o carro e agora só anda de táxi, pois a visão limitada não permite mais que dirija. A verdade é que meu pai se depara hoje com muitas limitações impostas pelos cabelos brancos. No dia de seu aniversário, fui encontrá-lo em sua casa para jantarmos fora. Na hora em que ele foi se vestir para sair, vi uma situação inédita até então: ele não estava conseguindo calçar os sapatos. Vi que ele fazia um esforço grande para se abaixar e tentar alcançar os pés, mas é como se a idade tivesse removido toda a sua elasticidade. Na mesma hora, eu fiz algo inédito em 43 anos de convivência: carinhosamente segurei em seu braço, pedi que se sentasse na cama e disse, sorrindo:

– Deixa que eu faço isso pra você, papai.

Ajoelhei-me aos seus pés. Comecei, então, a calçar nele os sapatos, ajustando-os delicadamente para que não o machucassem. Ao final, amarrei os cadarços, com o cuidado de perguntar se não estavam apertados ou frouxos demais. Enfim nos levantamos e partimos para o jantar.

servo 3Esse momento aparentemente corriqueiro e sem grande importância foi um marco para mim, pois ali senti muitas emoções diferentes e tive algumas percepções importantes. Senti, naturalmente, tristeza por ver que o meu sempre bem disposto pai, aquele homem que cresci admirando por suas muitas proezas na área da educação física e do atletismo, agora não consegue mais calçar nem amarrar os sapatos sozinho. Mas, por outro lado, fui inundado por um profundo senso de gratidão a Deus por agora ser eu o servo em nossa relação. Foi uma grande alegria poder servi-lo, ajoelhando-me aos pés do homem que me deu a vida, me alimentou, limpou minhas sujeiras numa época em que não havia fraldas descartáveis, passou madrugadas acordado cuidando de minhas febres, trabalhou em três ou quatro empregos ao mesmo tempo para pagar minha escola e tantas outras ações que fazem um pai servir o filho. Ali, de joelhos aos pés do homem a quem não há dinheiro no mundo que pague os serviços que me prestou, pela primeira vez tive a clara percepção: a situação agora se inverteu e chegou a hora de eu servi-lo. E isso não me fez me sentir nem um pouco mal ou inferiorizado: pelo contrário, fui tomado por um profundo senso de gratidão e de privilégio por poder servir aquele homem.

Jesus foi nosso servo. Pode ser que eu dizer isso provoque em você certa desconfiança e até mesmo indignação. “Que história é essa de dizer que Deus foi nosso servo?! Que blasfêmia, ele é o soberano, o Todo-poderoso, o único digno de abrir os selos, a quem toda honra e glória!”. É verdade, ele é isso sim. Mas leia o que Paulo escreveu: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo…” (Fp 2.5-7). Sim, Jesus assumiu a forma de um serviçal. E para quê? O que faz um servo? Ele serve.

servo 4“O Filho do Homem […] não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). Sim, Jesus nos serviu, ao se entregar por nós na cruz. Ali, humilhado, agonizante e nu, ele nos deu de presente a vida eterna, nos alimentou com esperança, limpou a sujeira de um pecado que nenhuma fralda do mundo daria conta, sacrificou-se para que por suas pisaduras fôssemos sarados, pagou com cravos e uma coroa de espinhos a nossa entrada em novos céus e nova terra e fez muito mais do que um pai faria para servir seus filhos.

“[Jesus] levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim? Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo. […] Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13.4-8; 12-15).

servo 5Sim, Jesus foi nosso servo. Mas a sua servidão teve um propósito: mostrar que devemos servir as outras pessoas. Cristo foi Mestre e, como tal, nos ensinou que mais do que buscar pessoas que nos sirvam, a excelência se encontra em lavar os pés do próximo, o que significa contribuir de algum modo para o bem-estar, a edificação, a consolação e a transformação de todos os que se aproximarem de nós. Que nossa vida seja devotada a tornar melhor a vida dos outros. O que nos leva a uma reflexão: o que você tem feito em benefício do próximo? Você tem servido? Se não, o que pretende fazer a esse respeito?

Mas nossa servidão não para aí. Assim como meu pai me serviu primeiro e hoje chegou a vez de eu servi-lo, é com alegria, gratidão e profundo senso de devoção que me ajoelho aos pés do Senhor para ser seu servo em tudo o que eu puder. E servir o Deus que me serviu jamais será um ato de humilhação ou motivo de desconforto: eu me prostro diante daquele de quem não sou digno de desatar as correias da sandália, para, humildemente e diariamente lhe prestar culto, adorar e servir. Como disse o próprio Cristo: “Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará” (Jo 12.26).

Sirva Cristo de toda a sua alma, com seus dons e talentos, com lealdade inegociável, com suas palavras e ações, e com toda a força do seu ser. Sirva-o como gostaria de ser servido por um filho. E é promessa de Jesus: quando você fizer isso, o Pai o honrará.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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Papai desenhado por Laura aos 3 anosEsse rabisco do desenho ao lado sou eu. Pode ser que você não o ache muito parecido com a minha foto que ilustra este blog, mas creia: sou eu. Tenho provavelmente centenas de fotos minhas no computador e até mesmo desenhos: na parede em cima de minha cama há um retrato meu com minha esposa, pintado em Paris por um artista de rua, e até mesmo uma gravura em 3D de meu rosto feita a laser dentro de  cubo de acrílico. Mas preciso reconhecer que essas obras de arte não me enchem tanto os olhos: esse rabisco aí do lado é, de longe, a representação de minha pessoa que mais amo, tanto que a carrego sempre comigo na carteira. E há uma razão para isso: foi minha filha quem fez, pensando em mim, e me deu com todo o seu amor. Para quem não tem vínculos afetivos comigo ou com minha filhota, esse desenho pode não passar de um amontoado de rabiscos mal feitos, de péssima qualidade. Mas, para mim, a beleza artística e a perfeição do traço são o que menos importa: eu sou apaixonado por esse desenho, simplesmente porque foi alguém que amo quem fez de todo o coração e me ofertou com sinceridade e amor. Isso me leva a pensar naquilo que fazemos para nosso Pai celestial.

É óbvio que devemos fazer tudo para Deus da melhor forma possível. Nosso louvor tem de ser bem composto, ensaiado e entoado. Nosso culto deve ser organizado. Nossa adoração deve seguir certas diretrizes. As aulas de ensino bíblico e teológico devem ser muito bem preparadas. Enfim, tudo o que fazemos para o Pai necessariamente deve ter o nível máximo de excelência. Porém, muito mais do que uma forma adequada, Deus quer saber do conteúdo. De que adianta tudo ser impecável e nosso coração não estar entregue ao Senhor naquilo que fazemos? O livro de Amós mostra como Deus rejeitou o culto bem organizado que seu povo não prestava de todo coração, devido à contaminação de sua alma: “Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras” (Am 5.21-23).

Jesus disse: Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). Já ouvi muitas explicações teológicas sobre o que exatamente isso significa, mas, para mim, o que Jesus está dizendo é, em outras palavras: “Deus quer carregar na carteira desenhos que seus filhos fizeram dele com todo coração e em total amor”. 

Eu jamais serei perfeito. Acredito que meu Pai saiba disso. Embora ele estabeleça a perfeição como alvo para que nos aproximemos o máximo possível dela, o Onisciente tem certeza absoluta de que jamais a alcançaremos. O que ele espera de nós não é perfeição, é esforço máximo para atingir a perfeição. Mas, em nossa imperfeição, ele nos recebe e aceita, se nos aproximamos dele com total amor e sinceridade de alma. Meu louvor não é dos mais afinados, mas acredito que o Senhor o carrega na carteira. Minha oração é cheia de imperfeições e por vezes as palavras não são das mais bonitas, mas minhas lágrimas e meus gemidos de intercessão estão todos na carteira do Pai. Os livros que escrevo podem não ser extraordinários, mas Deus os carrega na carteira se cada pessoa que os lê é abençoada, edificada e transformada pelas minhas palavras.

Meu irmão, minha irmã, não importa se você não é perfeito. Bem que Deus queria que fosse, mas ele sabe que não é. Importa que os rabiscos da sua vida, embora tortos e de valor artístico duvidoso, sejam entregues em sinceridade de coração ao Pai – ou seja, “em verdade”, como disse Jesus.  Faça tudo para Deus com muito amor e sem hipocrisia. O Pai quer o seu melhor, mas, muito mais que isso, ele quer o seu coração.

Sabe… o Senhor não espera que você seja um Picasso ou  um Salvador Dalí. Mas, se as suas pinturas de vida forem desenhadas com o real objetivo de alegrar o coração de Deus, tudo o que você fizer o glorificará e, com isso, você fará brotar um largo sorriso no rosto de seu Pai amado.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Mauricio Zágari

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felicidade1O mundo ficou chocado com o anúncio do suicídio do genial ator Robin Williams. Uma série de fatores contribuíram para que sua morte fosse especialmente chocante, mas creio que podemos resumir tudo a uma causa só: Williams tinha tudo o que o mundo diz que devemos almejar em nossa vida e, mesmo assim, esse tudo não foi suficiente para que ele desejasse seguir vivendo. Que contradição estranha! Veja se não é verdade: quando você pensa em felicidade, que conceitos vêm à sua mente? Em geral, nossa sociedade prega que, para sermos felizes, devemos ser ricos, famosos, bem-sucedidos profissionalmente e ter uma pessoa ao nosso lado a quem amemos e que nos ame. Robin Williams tinha tudo isso. Era milionário, conhecido internacionalmente, reconhecido na carreira, casado com uma esposa que o amava… ele cumpria todos os requisitos para ser considerado uma pessoa feliz. Mesmo assim se matou. Quem explica?

O comediante sempre era visto sorrindo e fazendo piadas, numa aparente alegria que se revelou ser apenas uma máscara. Mas, se você for além das aparências e examinar os bastidores da vida de Robin Williams, vai descobrir que ele sofria de depressão, lutava contra o alcoolismo e era dependente de drogas. Seu casamento já era o terceiro. Algo estava errado no coração daquele ser humano.

felicidade2O suicídio de Williams me fez pensar também no de outras pessoas que, aparentemente, tinham tudo o que o mundo considera fundamental para a felicidade, como bens materiais e notoriedade. Lembra, por exemplo, de Kurt Cobain? O astro da banda de rock Nirvana tirou a própria vida com um tiro na cabeça e deixou um bilhete explicando que se matava por algumas razões, entre as quais ser uma pessoa triste e não se divertir mais quando estava no palco. Ele tinha mulher, filha, fama, fortuna e era uma rock star (o sonho de milhões de pessoas por todo o planeta). Ainda assim, aquilo não foi suficiente.

Dá para explicar o suicídio de pessoas como Robin Williams e Kurt Cobain, que têm tudo o que o mundo diz ser sinônimo de felicidade e ainda assim não basta? Sim, dá. É que, na verdade, o mundo está errado. Sua proposta de felicidade é mentirosa, uma ficção. Essas coisas simplesmente não fazem ninguém ser verdadeiramente feliz. São valores que valem muito pouco ou quase nada. Se você acredita na proposta mundana de que, para ser realizado na vida, precisa ganhar muito dinheiro, aparecer na capa de revistas famosas, viver distribuindo autógrafos, ter três carros na garagem e coisas do gênero… está acreditando numa mentira. “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mt 6.19-21)

É por isso que me preocupo muito quando vejo cristãos correndo atrás de tudo isso. Sim, cristãos. Afinal, os valores do mundo contaminam todos. Preocupo-me porque, como provam as histórias de Williams e Cobain, se acreditarmos nessa definição de felicidade – que não é bíblica – viveremos sempre infelizes. Quando vejo irmãos e irmãs em Cristo ter como alvo a fama, por exemplo, meu coração se enche de tristeza, por perceber que sucumbiram ao engano. “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2.15-17).

felicidade3A notoriedade deve ser consequência de algo bem feito, jamais a causa que nos motiva a fazer esse algo. Se você é, por exemplo, um pregador, artista ou escritor e se torna muito conhecido, deve tomar todos os cuidados possíveis para não se deixar levar pela maldita vaidade, que conduz à autoidolatria e, portanto, é uma desgraça. “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.” (Fp 2.3-7). Entenda: ser famoso não é o problema, não é crime nem pecado. Se você é alguém conhecido, entende que essa realidade não tem valor real e usa a visibilidade que Deus te deu para a glória desse mesmo Deus, amém. Jesus foi famoso em seus dias, o que ajudou a propagar sua mensagem. Mas se você deixa essa fama contaminar seu coração com sentimentos equivocados… ai de você.

Para não falar dos outros, deixe-me pôr na berlinda. Eu escrevo livros e tenho um blog. Isso não faz de mim alguém famoso, mas acaba gerando uma certa visibilidade. De vez em quando, viajo a outros estados do país e encontro pessoas que já me conheciam devido ao que escrevo. Tomo muitos cuidados para não deixar isso afetar meu coração, pois, no dia em que a minha escrita tiver como motivação a projeção pessoal e não o desejo sincero de abençoar vidas, eu terei fracassado monumentalmente. Estarei a um passo da infelicidade. Jamais posso permitir que a vaidade domine meu coração, caso contrário todo o propósito de meus livros e deste blog estará pervertido e me tornarei alguém digno de pena. Deus, nunca permita que isso ocorra, por favor. Que toda a atenção voltada para mim sirva sempre para projetar Cristo, jamais o mensageiro pecador, imperfeito e falho que sou eu. Não é falsa modéstia: é a pura constatação da realidade.

Mature businessman holding scrunched moneyQue dizer, então, do dinheiro? Muitos abrem mão do que de fato tem valor por amar mais o dinheiro, que, como você bem sabe, gera problemas seriíssimos. “De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos” (1Tm 6.6-10). Conheço cristãos bons e sinceros que acabaram cometendo atrocidades por causa de dinheiro, que praticaram atos de desamor por amar as riquezas. Quando vidas caem em segundo plano e são desamparadas, enganadas ou vilipendiadas por aquilo que o dinheiro pode proporcionar é sinal que Jesus não está mais no barco, apenas observa da praia, com muito pesar. “Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: ‘Nunca o deixarei, nunca o abandonarei’” (Hb 13.5).

Convido você a analisar o seu coração, por uma razão fundamental: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Pv 4.23). O que tem motivado suas ações? Será o dinheiro? Será a vontade de aparecer? Por que você prega? Pelas ofertas e pela notoriedade que estar no púlpito pode te dar? Por que você louva? Pela venda dos CDs e para receber elogios? Por que você faz o que faz? Se a resposta não for “para a glória de Deus”, recomendo que reavalie urgentemente as prioridades e os valores da sua vida. “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Caso a proposta de felicidade do mundo tenha conquistado o seu coração, mude tudo, rápido. Caso contrário, você pode acabar rico, famoso, vazio e infeliz.

??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????Meu irmão, minha irmã, sei que você já ouviu isso muitas outras vezes, mas nunca é demais repetir: só Cristo satisfaz. Só nele encontramos a verdadeira felicidade. É no relacionamento com o Senhor que recebemos paz, alento, tranquilidade e contentamento real. É nas demonstrações de piedade, nas ações de amor ao próximo, que experimentamos alegria inigualável. Regozije-se não por ter um salário alto e muito dinheiro no banco ou por ser reconhecido por onde passa e muitos te convidam para eventos, mas porque você fez o deprimido sorrir, o faminto se alimentar, o atribulado encontrar a paz, o perdido enxergar a luz. Que a sua vida seja devotada não a tornar-se uma pessoa como Robin Williams e Kurt Cobain, mas a levar o amor e a graça de Deus a pessoas como Robin Williams e Kurt Cobain – só então você será verdadeiramente feliz.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Eu3Poucas emoções no mundo se comparam a um salto de paraquedas. Essa experiência, aliás, não é apenas emocionante: é absolutamente transformadora. Se você nunca saltou antes, fica a recomendação: não perca tempo, salte! Por 350 reais você pode viver um dos mais revolucionários  eventos que um ser humano tem a possibilidade de experimentar. E, por uma série de razões, o salto é capaz de lhe dar insights muito profundos sobre a sua vida de fé. Hoje, por mais estranho que isso talvez soe, acredito até que o salto de paraquedas pode se tornar uma disciplina espiritual que vai te conduzir a reflexões extremamente válidas para sua caminhada com Cristo. Permita-me contextualizar o cenário, para você entender onde seu coração e sua razão estarão durante um salto do gênero. No Rio de Janeiro, o salto duplo é feito de uma altura de dez mil pés, cerca de 3,5 quilômetros acima do solo. Você despenca no vazio e, por 12 segundos, seu corpo acelera, até se estabilizar a uma velocidade de 200 quilômetros por hora. Depois seguem-se 45 segundos de queda livre. E que 45 segundos! Duram uma eternidade. Finalmente, a cerca de 1,5 quilômetro do chão, o paraquedas se abre. Desse momento em diante, você plana a 30 quilômetros por hora. Ao todo, do instante em que sai do avião até tocar o solo, o salto dura de 5 a 7 minutos. Se você não acha muito, experimente e verá o quanto sua mente funcionará nesse curto espaço de tempo. E por muito tempo depois.

A primeira coisa que você exercita ao saltar de paraquedas é a sua fé. Sua vida está toda depositada em um pedaço de lona conectada a alguns cabos. Um gancho mal posto pode resultar em morte. Se você conseguir elaborar uma reflexão aprofundada o suficiente a partir dessa experiência, verá a loucura que é o fato de entregar sua vida em confiança àqueles pedaços de tecido e, ao mesmo tempo, não depositar toda a sua fé no Deus criador do universo. Alguém poderia dizer que pelo menos o paraquedas é algo visível, palpável. Acredite: quando ele está dentro da mochila não há nada de visível. Te dizem que ele está ali é que tudo está certo, mas… quem sabe? Quem garante? Logo, ter fé para saltar de paraquedas mas demonstrar falta de fé em Deus é uma incongruência. Se sua fé é pouca, aceite a sugestão: faça no meio de um salto a sua oração a Deus pedindo que lhe acrescente fé. Depois me conta o que aconteceu.

Outro aspecto é o da comunhão. Se você não está fazendo um curso de paraquedismo, mas apenas um salto duplo, verá a importância do instrutor. Sem aquele cara a quem ficará enganchado durante toda a experiência, você percebe que as coisas seriam muito mais difíceis e problemáticas. A sensação de segurança que aquela pessoa vai te passar é indispensável para você ter coragem de dar o passo no vazio. Na última hora, você quer desistir e, adivinha quem te dá a força, a coragem e a confiança suficientes para se lançar do avião? O instrutor. O seu próximo. Saltar de paraquedas ensina muito sobre a importância de viver a fé em comunhão e em comunidade. Ali você vê nitidamente como a coletividade é essencial para o fortalecimento, o encorajamento mútuo, a edificação. Para seguir em frente.

Saltar de paraquedas também é um exercício magnífico para a renovação da mente. Não consigo pensar em nenhuma outra experiência humana que faça você ver as coisas de uma perspectiva totalmente diferente daquela a que sempre esteve acostumado como essa. O ser humano não foi feito para voar. Tampouco para se jogar no vazio a mais de três quilômetros de altura, contrariando tudo o que seu instinto de sobrevivência determina. É um tipo de suicídio, se parar para pensar. E, para conseguir se atirar, você terá de se dispor a ir contra tudo o que é óbvio e intrínseco a sua natureza e ao instinto de autopreservação.

O salto de paraquedas também instiga uma profunda reflexão sobre a resistência ao pecado. E, pode parecer estranho, mas saltar te fortalece contra ele. Se você está vivendo uma fase de sua vida em que enfrenta uma tentação fortíssima, à qual acha que vai sucumbir, pegue o primeiro avião que passar pela frente. Entenda: a vontade de ceder à tentação é uma força descomunal da natureza, um impulso aparentemente incontrolável, algo que vem conosco de fábrica e que move todas as fibras de nosso ser em direção ao pecado. Do mesmo modo, a vontade de não arriscar sua vida jogando-se de uma aeronave rumo ao nada domina todo o ser de quem está naquele aviãozinho, prestes a se lançar porta afora. Se você consegue exercer domínio próprio suficiente a ponto de contrariar tudo o que seu ser te diz para fazer… você é capaz de dominar a tentação. Seu eu diz “fica, não salta”, mas você se domina e vai em frente. Seu eu diz “vai, peca”, mas você se domina e não vai em frente. Se alguém me diz que teve forças para saltar de 3,5 quilômetros de altura a 200 quilômetros por hora mas não teve forças para resistir ao impulso de ver pornografia na internet, por exemplo, eu não acreditaria. Se você saltou de paraquedas, eu garanto: tem domínio próprio suficiente para se controlar ante as tentações. E, claro, há o fator presença de Deus. Pois, se você tem todo esse domínio próprio e o Espírito Santo habita em ti, as forças para resistir estão todas aí dentro, basta trazê-las à tona.

Eu6A humildade é outra virtude que o salto de paraquedas traz ao coração. Quando você vê aquela cidade enorme em que vive lá embaixo, pequenininha, uma mancha espalhada entre o mar e a montanha, percebe o quanto não somos nada. Frágeis. Pó. Mais ainda: quando você se põe em perspectiva diante do gigantismo deste mundo em que vivemos, passa a ter a rara e nítida percepção de quão insignificante é o ser humano. Acredite: saltos de paraquedas humilham qualquer soberbo. Se você conhece um homem arrogante, peça a Deus que ele decida dar um salto – e ore para que ele seja alcançado por essa percepção.

O salto de paraquedas também é uma ocasião de louvor e adoração. Quando você está em um avião e olha para toda a grandeza da criação, o coração dispara em reconhecimento à grandiosidade do Criador. Estar junto às nuvens, ver o mar lá do alto, vislumbrar as montanhas ao longe… que espetacular oportunidade de apreciar, de um ponto de vista único, a beleza da obra de arte do grande Artesão. Já perdi a conta de quantas vezes voei de avião, mas até hoje me deslumbro com a vista lá de cima, não sou nada blasé quando voo. Não foram poucas as vezes em que tive de esconder olhos molhados de emoção dos outros passageiros ao fazer um simples voo Rio-São Paulo, por exemplo. Simplesmente porque a obra das mãos do Senhor é linda de morrer.

OraçãoNão há duvidas de que saltar de paraquedas é uma experiência capaz de nos levar à transcendência e a um religare com Deus como poucas outras. Se você puder, salte – eu recomendo. Mas sabe… fiquei pensando em algo. Bem-aventurado é o homem que consegue viver o fortalecimento da fé, a valorização da comunhão, a renovação da mente, o fortalecimento contra o pecado, o senso de humildade e o louvor e a adoração do Senhor sem precisar subir a quilômetros de altura. Minha oração hoje é que todos nós consigamos dar esse salto, todos os dias, entre as quatro paredes de nosso quarto. Pois nem todos podem saltar de paraquedas, mas qualquer um pode ter uma Bíblia. Nem todos têm como entrar em um avião, mas todos temos a possibilidade de dobrar os joelhos em oração. E, na intimidade desenvolvida pelo estudo das Escrituras e o hábito de falar com Deus, está toda a emoção, a razão e a ação de que você precisa para viver a sua fé em plenitude.

Busque ao Senhor no silêncio do seu quarto. É o mais empolgante, transformador e radical salto que você pode dar em toda a sua vida de fé.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Muitos irmãos perguntam o que entendo ser “boa música evangélica”. Essencialmente, me baseio em três fatores como critério. Primeiro: a letra tem de ser bíblica. Segundo: a letra tem de ser bíblica. Terceiro: a letra tem de ser bíblica. Pronto. Quando falo isso, a reação em 100% dos casos é uma cara de espanto ou um riso e a pergunta “ahn, só isso?”. E aí começa uma série de perguntas, como “mas o compositor não tem que ser crente?”, “e se for uma versão de uma música secular?”, “e se o cantor estiver vivendo em pecado?” e outras que você certamente já conhece. A esse respeito já discorri bastante no texto “Cristão deve ouvir música do mundo?“, mas volto ao assunto para fazer mais algumas observações sobre o tema.

Quando falamos de “música evangélica” estamos nos referindo basicamente a quatro tipos de canções, cada um com uma finalidade específica. Primeiro, pode ser um louvor (palavra que etimologicamente significa “elogio”) e, nesse caso, precisa necessariamente ser teocêntrico. Ou seja, tem que ter como foco Deus (Pai, Filho ou Espírito Santo). Pois cantar um louvor é exaltar a pessoa de Deus e/ou os seus feitos. Não se pode dizer que um louvor é uma música que fale sobre a vida de Sansão, por exemplo. O louvor torna-se, assim, o tipo de música cristã básico e principal nos cultos, uma vez que a finalidade das reuniões públicas que chamamos “culto”, por definição, é a adoração e a exaltação do Senhor.

“Músicas evangélicas” também podem ser canções acerca de temas bíblicos mas que tenham um caráter didático. É o caso, por exemplo, de cantigas infantis, que servem para ensinar histórias bíblicas ou verdades da fé para crianças, como “Homenzinho torto“. Nesse caso, os holofotes não estão especificamente sobre o Senhor, como no louvor, mas também no homem, para cuja edificação e aprendizado essas canções foram compostas. Louvor é algo para Deus; músicas de caráter didático são sobre Deus para o homem.

Há ainda um terceiro tipo, que não é nem louvor nem algo didático, mas simplesmente músicas que se referem a realidades do universo cristão. Nesse terceiro grupo há variações, como as que servem para edificar, consolar ou exortar os que ouvem – como “O mover do Espírito” (“Quero que valorize o que você tem, você é um ser, você é alguém tão importante para Deus…”) – ou as que promovem a comunhão – como “Visitante” (“Visitante, seja bem-vindo, sua presença é um prazer…”).

Por fim, o quarto grupo são músicas cujas letras remetem às coisas de Deus mas servem para o entretenimento e o prazer de quem escuta, como aquelas canções que alcançam sensorialmente e esteticamente quem ouve – da mesma forma que uma composição de Tom Jobim faria – e podem trazer elementos dos outros três tipos. Em geral, contam com um apuro harmônico e uma poesia fina nas letras. É o caso de “O Tapeceiro“, de Stênio Marcius.

Nenhum desses tipos de música cristã é depreciativo. Eles diferem essencialmente em sua finalidade. É bom que Deus seja enaltecido e louvado. É bom que aprendamos sobre as coisas de Deus. É bom que haja canções que nos remetam e conduzam para o universo da fé. E é bom que as Escrituras inspirem artistas a criar obras que nos proporcionem deleite.

Algo que costuma confundir muito as pessoas é a divisão da música cristã em “hinos” e “corinhos”. Isso não existe. É simplesmente uma convenção cultural, que classifica entre os “hinos” as canções mais antigas ou que constam de algum hinário cristão e “corinhos” algo mais recente, que de repente foi lançado em CD e toca (ou tocou) nas rádios. Assim, essa é uma mera convenção cronológica, mas não existe absolutamente nenhuma diferenciação espiritual entre uma música da Harpa Cristã e uma cantada por Heloisa Rosa, por exemplo. Em si mesmas, nada as difere enquanto finalidade.

A questão do estilo também incomoda muitos. Mas, para entender isso, precisamos observar algo sobre música. Toda música é composta de ritmo, melodia e harmonia. Em termos bem populares, podemos dizer que o ritmo é a “batida”, a “velocidade”; a melodia é o “lá lá lá”, aquilo que você assobia quando lembra de uma canção; e a harmonia é o conjunto de todas as melodias envolvidas na formatação final. Existem conceitos periféricos, como o arranjo, que é a forma de se apresentar uma mesma música, organizando esses três itens juntos (um hino do século 16 pode ser tocado como rock, por exemplo, dependendo do arranjo que se faz).

Assim, um estilo não define se uma música é ou não cristã, louvor ou o que for. É uma mera forma de se apresentar uma canção. Você encontra músicas evangélicas de estilos bem variados. “Leão da Tribo de Judá” (“Ele é o Leão da Tribo de Judá, Jesus quebrou nossas cadeias e nos libertou…”) é um rock. Já “Fonte de água viva” (“Aquele que tem sede busca beber da água que Cristo dá…”) é axé, igualzinho a Timbalada (e não faça careta, é o que é), embora possa ser tocada como reggae (ouça aqui). “Desemborca o vaso” (“Desemborca o vaso, dê glória, e seja cheio até transbordar…”) é forró. E por aí vai. Em geral, este é um aspecto que gera muita rejeição. Uns defendem que rock é do diabo, por exemplo, mas cantam na igreja, sem se dar conta, diversas músicas cristãs que têm estilo rock. Biblicamente não se pode desmerecer um estilo, trata-se de gosto pessoal. Como já ouvi, “não existe fá maior do diabo e dó sustenido de Deus”.

Assim, há quem goste dos “corinhos de fogo” (que nada mais são do que músicas em ritmo de forró e letras bem pentecostais). Há quem prefira o tipo pop mais comum, como as canções de Diante do Trono, Kleber Lucas e Marquinhos Gomes. Ou os que só considerem audíveis as que são estilo MPB, como Gerson Borges e Glauber Plaça. É geralmente no quesito “gosto pessoal” que surgem os maiores problemas. Quem gosta dos “corinhos de fogo” vai dizer que Gerson Borges é “frio e sem unção”. Quem gosta de João Alexandre vai dizer que Fernanda Brum é “música pasteurizada, clichê e sem criatividade” (e que fique claro que, naturalmente, estou generalizando).  E por aí seguimos, numa discussão que nunca terá fim.

Eu, particularmente, não gosto do que canta Cassiane. Não gosto de alguns hinos da Harpa Cristã. Mas o que eu gosto é absolutamente irrelevante para definir se uma música cumpre o seu propósito para com Deus. Gosto pessoal não entra na equação. Um louvor, por exemplo, não tem que me agradar ou agradar você, tem que agradar Deus. Então posso muito bem cantar algo que não me toca a alma mas racionalmente sei que engrandece o Senhor. É um erro achar que “boa música evangélica” é a que nos leva a um estado de profunda emoção ou catarse. Ela pode ou não fazer isso – o que não quer dizer nada em termos espirituais. Quando ouço árias de ópera, como “Nessun dorma” ou “Vesti la giubba” me emociono profundamente e choro com frequência – o que não quer dizer nada em termos espirituais, Placido Domingo não tem mais unção por causa disso. É simplesmente algo que move meu coração poeticamente e liricamente. A exata mesma coisa se dá com músicas cristãs: uma canção de Michael W. Smith me conduzir às lágrimas não atesta nada sobre sua unção, simplesmente é algo que me comove – o que não quer dizer que não tenha unção, simplesmente lágrimas não são o termômetro que define o “grau” de unção de uma música.

Estamos muito acostumados ao emocionalismo. Fomos ensinados que “unção” tem a ver com o que eu sinto na hora em que canto. Nada menos verdadeiro, senão o violino do judeu Yitzhak Perlman tocando o tema de “A lista de Schindler” ou “Por una cabeza“, de Carlos Gardel, seria a coisa mais ungida do mundo. Temos de repensar, reaprender isso: o que sinto num momento de louvor não importa perto do que eu afirmo racionalmente. Louvor é algo racional. Música didática é algo racional. Se houver emoção, ótimo, quem não gosta? Mas se não, não faz biblicamente nenhuma diferença.

Em resumo, entendo que “boa música evangélica” é a que cumpre a finalidade para a qual foi composta – e é bíblica. Se foi concebida para ser um louvor, deve exaltar Deus e seus feitos de modo que a criatura agrade o Criador. Se foi concebida para ser didática, deve ensinar bem quem ouve acerca do que transmite. Se foi concebida para levar os irmãos à comunhão, deve fazê-lo de forma ordenada e natural. E se foi concebida para ser ouvida e apreciada, deve ser bela aos ouvidos de quem ouve. Tudo isso independentemente de estilo, ritmo, melodia, quem canta, quem compôs, se é ou não versão e muito menos se provoca emoção. Mas, sempre, tem de ser bíblica. Se não for… não é música cristã.

Para terminar, compartilho aqui algumas músicas cristãs de que gosto (repare que usei propositalmente o verbo gostar) e que se encaixam no que defendo neste texto. Escolhi artistas bem variados (posso gostar deles ou não).

Entre os louvores, posso dar o exemplo de “Vencendo vem Jesus”. Muitos não sabem, mas ela é uma versão de uma música secular. Conhecidíssima, trata-se de uma canção de batalha da Guerra Civil americana que fala sobre a morte de um soldado chamado John Brown – mas que teve sua letra trocada para uma de temática cristã por uma irmã em Cristo chamada Julia Ward Howe e hoje está em hinários como a Harpa Cristã. Mostro aqui duas versões, repare a diferença de estilo. Primeiro algo bem pop rock, na voz de Kleber Lucas:

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Note que a mesma música aqui é cantada com um arranjo muito diferente, na voz de Mattos Nascimento:

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Outro louvor: “Agnus Dei” (em latim, “Cordeiro de Deus”), de Michael W. Smith, uma música de letra simples mas de profunda exaltação ao Senhor. Diz, simplesmente: “Aleluia, pois nosso Senhor, o Deus Todo-Poderoso, reina. Santo, Santo és tu, Senhor Deus Todo-Poderoso. Digno é o Cordeiro”.

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Do segundo grupo, músicas didáticas, “Quisera ser como Sansão”:

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Do terceiro grupo, escolhi, primeiro, “Galhos secos”, na voz de Paulo Cesar Baruk:

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Ainda no terceiro grupo há canções como “Perfeito amor”, de Oficina G3:

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Por fim, no quarto grupo, há “Janelas”, do querido e talentoso Gerson Borges. Interessante é que, para quem não conhece, é uma canção que poderia passar até por secular. Mas na verdade se refere à parábola do Filho Pródigo:

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Termino dizendo apenas que meu desejo utópico é que as diferenças de opinião acerca da música evangélica (eu prefiro a designação “música cristã”, a propósito) não nos desunissem enquanto Igreja. Que respeitássemos os gostos pessoais, abraçassemos verdades e não achismos e que tivéssemos mais tolerância com aquilo que não nos agrada pessoalmente. Que parássemos de gastar tempo discutindo sobre se uma canção é versão de música secular ou não (muitas das que você canta são, sem saber, inclusive dos hinários como Harpa Cristã e Cantor Cristão) e outras questões que não têm nenhuma importância. Deveríamos nos lembrar sempre das palavras do rei Davi: “Um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás” (Salmos 51.17) e ter a certeza de que, se de um coração como esse parte um cântico a Deus, certamente Ele não desprezará o que se canta. Infelizmente, quando vejo conversas sobre música evangélica é mais para levantar polêmicas e gerar desacordos do que para promover a união e a unidade do Corpo. E, assim, a glória de Deus.

A música é bíblica? Cumpre seu propósito espiritual? É entoada por um coração quebrantado? É cantada para a glória de Deus e não dos homens? Então que a cantemos com paz na alma e a certeza de que Deus agrada-se de nosso perfeito louvor.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício