Posts com Tag ‘Alegre’

Um dos maiores segredos para a felicidade nas coisas desta vida é o entendimento de que nenhuma alegria dura para sempre. Tudo em nossa jornada está em constante mutação. As pessoas mudam, as circunstâncias mudam, você muda… tudo muda! Infelizmente, o ser humano tem o péssimo hábito de acreditar que as coisas boas durarão para sempre e as más terão prazo de validade. Na realidade, esse pensamento triunfalista é uma mera invenção dos nossos desejos humanos e acreditar nele é pedir para ser infeliz. No chão da vida, não é assim que acontece. Por vezes, a beleza perdurará por muitos anos, mas, em outras tantas, a flor que nasce hoje amanhã estará morta, enquanto o cacto espinhento enfeiará o cenário por muitos anos. Assim é a vida. Conforme-se, para não ser infeliz.

Vejo com frequência artistas que foram famosos no passado e caíram no esquecimento irem a programas de televisão reclamar da vida, como se fosse obrigação das empresas de televisão os continuar contratando. Não é. Patrões fazem o que querem, os artistas que façam o seu melhor para permanecer contratados. Lembro de uma atriz de novelas que, no ostracismo, teve de vender água de coco para pagar as contas e de outro ator de novelas que passou a vender sanduíche natural na praia para sobreviver. Essa é a vida. Hoje se tem, amanhã não se tem mais. Quem vive agarrado às felicidades do passado terá de viver constantemente a frustração do não-mais-ter. Conforme-se, para não ser infeliz.

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Pessoas vêm e vão. Quem te sorri, hoje, te virará o rosto amanhã. Quem te ama, hoje, amanhã amará outro. O seu mais íntimo confessor se tornará alguém distante. O amigo do peito do presente lhe dará as costas no futuro. Quem confia em você, hoje, o considerará um mau caráter amanhã. Quem te faz elogios, hoje, amanhã só fará críticas. E, em geral, não haverá nada que você poderá fazer a respeito. Conforme-se, para não ser infeliz.

Hoje você é dono de fazendas, amanhã morará num casebre humilde. Hoje você é procurado por muita gente, amanhã será ignorado por elas. Hoje você é uma referência, amanhã farão caretas ao pensar em você. Hoje você é rico, amanhã terá perdido tudo. Hoje você é bem considerado, amanhã será desprezado. Hoje você é atraente e sarado, amanhã será pelancudo e barrigudo. Hoje querem ouvir o que você tem a dizer, amanhã o mandarão se calar. Hoje você tem uma ótima reputação, amanhã será considerado um canalha. E, em geral, não haverá nada que você poderá fazer a respeito. Conforme-se, para não ser infeliz.

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Meu irmão, minha irmã, diante desse cenário doloroso, mas visceralmente realista, há como ser feliz? Sim, há. O grande segredo é despir-se das falsas expectativas de que as alegrias que hoje aquecem seu coração durarão para sempre. Entenda que Deus nunca nos prometeu felicidades eternas, muito pelo contrário: a promessa de alegria perene vale apenas para o porvir e não para esta vida. Portanto, se você desfrutar de cada alegria, em cada momento, sem depositar sua felicidade no fato de essa alegria permanecer, se tornará um colecionador de muitas pequenas alegrias pontuais, em vez de um colecionador de frustrações decorrentes de alegrias que inevitavelmente acabarão.

Uma coisa que aprendi com meu novo hobby de jardinagem é que as flores nascem, embelezam e, pouquíssimo tempo depois, despetalam e morrem. É um processo muito rápido. Aprendi com elas que devo desfrutar de cada segundo em que uma flor estará viçosa e vigorosa, para deixar sua beleza e seu perfume maravilharem minha alma. Mas devo me maravilhar sabendo que essa maravilha será passageira e logo desaparecerá. Se eu só puser o foco no despetalar da flor, viverei frustrado e triste. Mas, se eu puser o foco na alegria que aquela flor provoca em mim durante seus poucos dias de vida, serei sempre recompensado por aquela pequena alegria. E, sabe… tenho sempre a esperança que uma nova flor brotará naquela planta, gerando novas alegrias (que também desaparecerão logo depois).

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Quer ser feliz em toda e qualquer ocasião? Então evite se agarrar às coisas passageiras, como dinheiro, fama, reputação, cargos, status, beleza física ou o que for: deposite o verdadeiro contentamento nas alegrias do hoje, do agora, deste exato instante, em vez de condicionar sua felicidade a alegrias que o vento levará pela janela muito em breve. Ele levará, acredite.

Não fique triste por seu filho não ser mais um bebê, desfrute das alegrias da maturidade dele. Não se frustre porque lhe fecharam a porta de que você gostava, pense nas alegrias que teve enquanto ela estava aberta e peça a Deus que lhe abra novas, que tragam novas alegrias. Não se abata porque seu amigo deixou de ser seu amigo, lembre-se com carinho dos tempos que estiveram juntos e peça a Deus que lhe dê novos amigos. Não desanime porque o que dava sentido aos seus dias terminou, ache novas motivações para ser útil e viver sabendo que ainda há propósito para sua existência. Mas, para isso, é preciso ter olhos e ouvidos atentos ao que Deus está lhe mostrando a cada nova curva do caminho.

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Jesus nos ensinou: basta a cada dia o seu mal. Não ponha seu coração no que é passageiro. Tenhamos bom ânimo em meio às aflições de momento. E, acima de tudo, a boa-nova de Cristo nos lembra de que, se as alegrias desta vida são fugazes e acabam como a flor que despenca ao chão após completar seu ciclo, Deus é eterno e seu amor dura para sempre. “Que a graça de Deus esteja eternamente sobre todos que amam nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 6.24), escreveu Paulo. Esta é nossa esperança, meu irmão, minha irmã: graça eterna. Esta é a única certeza de felicidade eterna: graça. A graça do Deus que nos ama e nunca deixará de nos amar.

Amigos lhe virarão a cara. Elogios acabarão. Dinheiro faltará. Bens enferrujarão. Beleza se desfará. Fama mirrará. Cargos serão extintos. Amores desamarão. O presente passará. Alegrias de momento findarão. Desfrute enquanto pode e, quando não puder mais, conforme-se. Sim, sinto saudades de pessoas, amizades, carinhos, momentos, atividades, locais, relacionamentos, experiências e tanto mais, porém… para além da dor da perda, está a conformidade com a inevitabilidade das mudanças. Sua felicidade não pode jamais estar atrelada a uma utópica perenidade das alegrias de momento. A alegria que sustenta tuas pernas nos dias de sol e de chuva deve estar sempre alicerçada na única certeza: a graça dele te basta.

E, sim, essa graça, razão da mais absoluta e exultante felicidade… é eterna.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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BNJC_arte para blog APENAS

felicidade1O mundo ficou chocado com o anúncio do suicídio do genial ator Robin Williams. Uma série de fatores contribuíram para que sua morte fosse especialmente chocante, mas creio que podemos resumir tudo a uma causa só: Williams tinha tudo o que o mundo diz que devemos almejar em nossa vida e, mesmo assim, esse tudo não foi suficiente para que ele desejasse seguir vivendo. Que contradição estranha! Veja se não é verdade: quando você pensa em felicidade, que conceitos vêm à sua mente? Em geral, nossa sociedade prega que, para sermos felizes, devemos ser ricos, famosos, bem-sucedidos profissionalmente e ter uma pessoa ao nosso lado a quem amemos e que nos ame. Robin Williams tinha tudo isso. Era milionário, conhecido internacionalmente, reconhecido na carreira, casado com uma esposa que o amava… ele cumpria todos os requisitos para ser considerado uma pessoa feliz. Mesmo assim se matou. Quem explica?

O comediante sempre era visto sorrindo e fazendo piadas, numa aparente alegria que se revelou ser apenas uma máscara. Mas, se você for além das aparências e examinar os bastidores da vida de Robin Williams, vai descobrir que ele sofria de depressão, lutava contra o alcoolismo e era dependente de drogas. Seu casamento já era o terceiro. Algo estava errado no coração daquele ser humano.

felicidade2O suicídio de Williams me fez pensar também no de outras pessoas que, aparentemente, tinham tudo o que o mundo considera fundamental para a felicidade, como bens materiais e notoriedade. Lembra, por exemplo, de Kurt Cobain? O astro da banda de rock Nirvana tirou a própria vida com um tiro na cabeça e deixou um bilhete explicando que se matava por algumas razões, entre as quais ser uma pessoa triste e não se divertir mais quando estava no palco. Ele tinha mulher, filha, fama, fortuna e era uma rock star (o sonho de milhões de pessoas por todo o planeta). Ainda assim, aquilo não foi suficiente.

Dá para explicar o suicídio de pessoas como Robin Williams e Kurt Cobain, que têm tudo o que o mundo diz ser sinônimo de felicidade e ainda assim não basta? Sim, dá. É que, na verdade, o mundo está errado. Sua proposta de felicidade é mentirosa, uma ficção. Essas coisas simplesmente não fazem ninguém ser verdadeiramente feliz. São valores que valem muito pouco ou quase nada. Se você acredita na proposta mundana de que, para ser realizado na vida, precisa ganhar muito dinheiro, aparecer na capa de revistas famosas, viver distribuindo autógrafos, ter três carros na garagem e coisas do gênero… está acreditando numa mentira. “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mt 6.19-21)

É por isso que me preocupo muito quando vejo cristãos correndo atrás de tudo isso. Sim, cristãos. Afinal, os valores do mundo contaminam todos. Preocupo-me porque, como provam as histórias de Williams e Cobain, se acreditarmos nessa definição de felicidade – que não é bíblica – viveremos sempre infelizes. Quando vejo irmãos e irmãs em Cristo ter como alvo a fama, por exemplo, meu coração se enche de tristeza, por perceber que sucumbiram ao engano. “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2.15-17).

felicidade3A notoriedade deve ser consequência de algo bem feito, jamais a causa que nos motiva a fazer esse algo. Se você é, por exemplo, um pregador, artista ou escritor e se torna muito conhecido, deve tomar todos os cuidados possíveis para não se deixar levar pela maldita vaidade, que conduz à autoidolatria e, portanto, é uma desgraça. “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.” (Fp 2.3-7). Entenda: ser famoso não é o problema, não é crime nem pecado. Se você é alguém conhecido, entende que essa realidade não tem valor real e usa a visibilidade que Deus te deu para a glória desse mesmo Deus, amém. Jesus foi famoso em seus dias, o que ajudou a propagar sua mensagem. Mas se você deixa essa fama contaminar seu coração com sentimentos equivocados… ai de você.

Para não falar dos outros, deixe-me pôr na berlinda. Eu escrevo livros e tenho um blog. Isso não faz de mim alguém famoso, mas acaba gerando uma certa visibilidade. De vez em quando, viajo a outros estados do país e encontro pessoas que já me conheciam devido ao que escrevo. Tomo muitos cuidados para não deixar isso afetar meu coração, pois, no dia em que a minha escrita tiver como motivação a projeção pessoal e não o desejo sincero de abençoar vidas, eu terei fracassado monumentalmente. Estarei a um passo da infelicidade. Jamais posso permitir que a vaidade domine meu coração, caso contrário todo o propósito de meus livros e deste blog estará pervertido e me tornarei alguém digno de pena. Deus, nunca permita que isso ocorra, por favor. Que toda a atenção voltada para mim sirva sempre para projetar Cristo, jamais o mensageiro pecador, imperfeito e falho que sou eu. Não é falsa modéstia: é a pura constatação da realidade.

Mature businessman holding scrunched moneyQue dizer, então, do dinheiro? Muitos abrem mão do que de fato tem valor por amar mais o dinheiro, que, como você bem sabe, gera problemas seriíssimos. “De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos” (1Tm 6.6-10). Conheço cristãos bons e sinceros que acabaram cometendo atrocidades por causa de dinheiro, que praticaram atos de desamor por amar as riquezas. Quando vidas caem em segundo plano e são desamparadas, enganadas ou vilipendiadas por aquilo que o dinheiro pode proporcionar é sinal que Jesus não está mais no barco, apenas observa da praia, com muito pesar. “Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: ‘Nunca o deixarei, nunca o abandonarei’” (Hb 13.5).

Convido você a analisar o seu coração, por uma razão fundamental: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Pv 4.23). O que tem motivado suas ações? Será o dinheiro? Será a vontade de aparecer? Por que você prega? Pelas ofertas e pela notoriedade que estar no púlpito pode te dar? Por que você louva? Pela venda dos CDs e para receber elogios? Por que você faz o que faz? Se a resposta não for “para a glória de Deus”, recomendo que reavalie urgentemente as prioridades e os valores da sua vida. “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Caso a proposta de felicidade do mundo tenha conquistado o seu coração, mude tudo, rápido. Caso contrário, você pode acabar rico, famoso, vazio e infeliz.

??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????Meu irmão, minha irmã, sei que você já ouviu isso muitas outras vezes, mas nunca é demais repetir: só Cristo satisfaz. Só nele encontramos a verdadeira felicidade. É no relacionamento com o Senhor que recebemos paz, alento, tranquilidade e contentamento real. É nas demonstrações de piedade, nas ações de amor ao próximo, que experimentamos alegria inigualável. Regozije-se não por ter um salário alto e muito dinheiro no banco ou por ser reconhecido por onde passa e muitos te convidam para eventos, mas porque você fez o deprimido sorrir, o faminto se alimentar, o atribulado encontrar a paz, o perdido enxergar a luz. Que a sua vida seja devotada não a tornar-se uma pessoa como Robin Williams e Kurt Cobain, mas a levar o amor e a graça de Deus a pessoas como Robin Williams e Kurt Cobain – só então você será verdadeiramente feliz.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Maquiagem correta pode ajudar a destacar o sorriso na correria cotidianaAlegria é uma das virtudes que somos capazes de vivenciar quando o Espírito Santo manifesta em nós o seu fruto (Gl 5.22-23). A princípio, quando tomamos conhecimento desse fato, temos a sensação de que seguir Cristo significa, naturalmente, ser constantemente alegre. Só que tem um porém: Jesus jamais prometeu que seríamos. Não seremos, e, se alguém lhe garante uma alegria interminável nesta vida, pode ter certeza: é uma promessa que não se cumprirá. Abraçar o evangelho implica em negar a si mesmo, tomar a sua cruz diariamente e seguir Cristo (Lc 9.23). Isso fala de dificuldades, de esforço, de sofrimento. Todos os salvos sofrerão. Todos os salvos terão momentos de agonia, lamento, dor, luto… tristeza. Isso é líquido e certo. É um fato bíblico e um fato da vida. Bem, diante disso, é possível explicar essa aparente contradição? Temos o Espírito de Deus em nós, ele manifesta seu fruto em nossa vida, seu fruto inclui alegria, mas, estranhamente… vivemos muitos momentos de profunda tristeza. Isso tem explicação? Creio que sim, e te convido a pensar junto comigo.

Jesus não foi alegre o tempo todo. Pedro não foi alegre o tempo todo. João não foi alegre o tempo todo. Paulo não foi alegre o tempo todo. Nenhum dos apóstolos foi alegre o tempo todo. Os mártires da Igreja primitiva não foram alegres o tempo todo. Agostinho não foi alegre o tempo todo. Lutero não foi alegre o tempo todo. Calvino não foi alegre o tempo todo. Eu não sou alegre o tempo todo. Você não é alegre o tempo todo. Ninguém é alegre o tempo todo. Bem, o que tudo isso tem em comum?

“O tempo todo”.

Esse é o xis da questão. O fruto do Espírito inclui virtudes como paz, paciência e domínio próprio, por exemplo, mas ninguém tem paz o tempo todo, nem é paciente o tempo todo, tampouco domina-se o tempo todo. Assim, o grande problema é associar a crença em Jesus à manifestação constante e ininterrupta dessas virtudes. Elas se manifestarão, mas não… o tempo todo.

Alegria2Só que nós vivemos em uma sociedade hedonista, que prega que nossa vida tem obrigatoriamente de ser uma felicidade que não acaba. Basta olhar as redes sociais – ou qualquer outra forma de exposição da pseudovida privada – dos seus amigos. Você não tem a impressão, por aquilo que eles dizem e, principalmente, pelas fotos que postam, de que todos vivem uma existência espetacular, recheada de beleza, emoções, viagens, aventuras, celebrações, alegrias inacabáveis? Acredite: não vivem. Mas, inconscientemente, sentem-se obrigados socialmente a expor ao mundo como são alegres o tempo inteiro, caso contrário seriam considerados fracassados, incompetentes, amaldiçoados ou qualquer coisa do gênero. Não quero que ninguém descubra que eu não vivo uma vida espetacularmente alegre, logo, a forma que tenho de fazer isso é postar onde todos possam ver meu sorriso constante, inapagável, feliz e contente. E, muitas vezes, artificial. Fazemos isso praticamente sem pensar, sem maldade, no automático, simplesmente porque nos ensinaram a vida inteira que viver é estar 24 horas por dia encharcado de endorfinas, desfrutando cada segundo numa ascendente de emoção, realização, euforia, gozo, júbilo. Assim, uma vida bem vivida seria como estar de domingo a domingo em um parque de diversões: exultante, feliz, alegre!

Só que não é assim que acontece.

Toda e qualquer pessoa vive em altos e baixos. Tem picos de humor. Momentos de tristeza. Quedas nos níveis de adrenalina. Problemas. Tribulações. Falta de alegria. Isso é normal. Não é agradável, mas é normal e previsível. Só que todos nos dizem que temos de estar sempre, sempre e sempre alegres! Não tem como não entrar numa crise existencial diante disso. “Todos dizem que uma vida plena é marcada por uma alegria sem fim, mas isso não acontece comigo; logo, minha vida é uma droga e minha fé, um fracasso”.

Errado.

Se você vive uma vida marcada pela alternância de momentos alegres e tristes, parabéns: você é humano como qualquer outro. E é aí que entra a alegria que é fruto do Espírito.

Alegria4Pense bem. Você acha de fato que a alegria que Paulo descreve como resultado de uma vida de intimidade com o Espírito Santo é aquela que se manifesta numa montanha russa, numa festa, numa viagem a um local paradisíaco, num jantar com amigos recheado de piadas, ao assistir a um filme de comédia? Essa é a alegria natural, inerente ao ser humano. Tanto que qualquer indivíduo, cristão ou não cristão, sente esse tipo de alegria. Seria como dizer que a paz que sentimos deitados numa rede, pegando um ventinho e tomando água de coco é sobrenatural. Não é. É natural e humana. Creio que o fruto do Espírito se manifesta sobrenaturalmente quando precisamos de uma injeção de algo que vai além de nossas forças. É quando não tenho domínio próprio e estou quase caindo em tentação que Deus me dá uma temperança que parece ir além do que eu conseguiria. É quando estou atribulado que sinto a paz espiritual, fruto da presença divina. É quando quero matar meu inimigo aos chutes e pontapés que o Espírito manifesta em mim amor e, só com essa infusão sobrenatural, consigo fazer-lhe o bem.

Assim, creio que a alegria que é fruto do Espírito é aquela que vem quando temos tudo para estar tristes. É sobrenatural. Como isso é possível? Porque ela brota da certeza de que no mundo teremos aflições mas Jesus venceu o mundo (Jo 16.33). De saber que ele está conosco todos os dias, mesmo nos mais terríveis, até a Alegria3consumação do século (Mt 28.20), e que não está alheio a absolutamente nada do que estamos passando. De ter a certeza de que “Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Sl 139.8-10). É alegrar-se como resultado de sermos galhos enxertados na videira verdadeira. A certeza da presença de Cristo em nós, junto com a certeza de que ele jamais  remove seus olhos de nossa vida… eis a razão de nossa alegria. E alegria eterna, que independe das circunstâncias da vida.

Por isso, mesmo nos momentos de mais desesperante tristeza, essa alegria que flui do Espírito de Deus para nós estará presente. Parece contraditório? Acredite, não é. É uma alegria não eufórica, mas pacífica. Calma. Amena. É uma brisa, não um vendaval. Não é sair saltando de júbilo como qualquer pessoa numa balada, aos gritos de euforia, é… um suave sorriso. Aquela alegria que nos faz suspirar em meio às lágrimas. A alegria humana é inerente ao homem e se manifesta naturalmente quando é óbvio que estaremos alegres. A alegria espiritual é inerente ao Espírito e se manifesta sobrenaturalmente em momentos inesperados.

E, acima de tudo, a alegria que é fruto do Espírito é aquela que vem de saber que, como estamos em Cristo, temos a vida eterna. Ouça as palavras dos lábios de Jesus: “Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus” (Lc 10.20). Está sofrendo? Alegre-se, você tem a vida eterna. Está com dor? Alegre-se, você tem a vida eterna. Está triste? Alegre-se, você tem a vida eterna. Tá tudo ruim? Alegre-se, você tem a vida eterna! É uma alegria que existe em meio à tristeza, como uma flor que brota no solo seco do sertão.

A vida na terra é difícil, muito difícil. Numerosos momentos ruins estão pela frente. Situações de enorme aflição virão. Nessas horas você ficará triste. Mas, olha… tenha bom ânimo. Jesus venceu. E a vitória dele te dá a vida eterna. Aí vem o Espírito Santo e manifesta o fruto dele na tua vida. É quando você se lembra que Jesus está com os olhos postos em ti e que ele tem morada preparada no céu, com teu nome na porta. Seria isso motivo de alegria?

Alegria6Não busque a alegria segundo o mundo, essa é vaidade e correr atrás do vento. Alegria segundo o mundo é aquela que demonstramos em fotografias posadas e com sorrisos ensaiados. A alegria que é fruto do Espírito é aquela que não fotografamos, pois ela é muito maior do que uma lente pode captar. E, em geral, se manifesta nas horas em que não estamos acostumados a fotografar: no hospital, no orfanato, no desemprego, no susto, na dor, na crise matrimonial, no velório, na casa de recuperação, na depressão, no sofrimento. Pois é nas horas mais terríveis que Jesus sussurra em nosso ouvido: “Alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1Pe 4.13).

Você ainda terá muita alegria. Mas não o tempo todo. A tristeza dará as caras com frequência. Mas o Espírito Santo te alegrará muitas vezes, frutificando em tua lembrança que Jesus é contigo e te dá a vida eterna. Afinal, “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Co 4.17).

A alegria humana passa. A alegria divina dura para sempre. E ela está ao teu alcance – basta viver dia após dia aos pés de Jesus.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício