Arquivo da categoria ‘Celebridades gospel’

Ao longo de 2 mil anos de história, a Igreja cristã tem vivido um fenômeno que se assemelha ao movimento de um pêndulo: sempre que há uma ênfase em algo, no momento seguinte existe uma reação forte no sentido oposto. Assim, se o pêndulo foi para a esquerda, na fase seguinte as pessoas o lançarão com força para a direita. E assim por diante.

À idade das trevas se seguiu o escolasticismo. Aos abusos papais se seguiu a Reforma. À Reforma se seguiu à contrarreforma. Ao liberalismo teológico se seguiu a neo-ortodoxia. Etc. E, hoje, temos vivido um problema similar.

Em meio a esta época de extrema polarização em que vivemos, gigantesca parcela da Igreja está irada. Só sabe brigar. Acha que ser cristão é ficar metendo o malho nos outros. Aí surgiu uma geração de jovens pregadores teologicamente despreparados que falam enormes bobagens teológicas e também falam de amor. O resultado? A igreja irada reage aos erros teológicos dessa geração, lança o pêndulo com força para o outro lado e cai surrando em quem prega sobre amor. Enfatiza a ira e a justiça de Deus e passa a qualificar a pregação sobre amor como coisa de “pastor coach”. E aí está o perigo.

Dizer que o ser humano é o centro do coração de Deus e que tem o mesmo valor que Jesus é um erro assustador. Mas qualificar a pregação sobre amor como coisa de “pastor coach” é igualmente assombroso e perigoso. Como ignorar sobre o grande mandamento verdades como: “Um dia, profecia, línguas e conhecimento desaparecerão e cessarão, mas o amor durará para sempre” (1Co 13.8); “Três coisas, na verdade, permanecerão: a fé, a esperança e o amor, e a maior delas é o amor” (v. 13); “Acima de tudo, revistam-se do amor que une todos nós em perfeita harmonia” (Cl 3.14); “O alvo de minha instrução é o amor que vem de um coração puro, de uma consciência limpa e de uma fé sincera” (1Tm 1.5); “Acima de tudo, amem uns aos outros sinceramente, pois o amor cobre muitos pecados” (1Pe 4.8)?

Não se corrige um erro com outro. Deus é amor e a pregação do autêntico amor de Deus tem de ser onipresente. Cuidado com o pêndulo. E cuidado para que seu zelo não crie um falso evangelho – o “evangelho” de um Deus que só quer saber de brigar e que se esqueceu do que é amar.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
Facebook: facebook.com/mauriciozagariescritor
Instagram: instagram.com/mauriciozagari

Elogios são um perigo, uma ameaça real à saúde espiritual de qualquer um de nós. Porém, quando Deus usa uma pessoa para manifestar sua graça transformadora e curadora a outras, os elogios tornam-se inevitáveis, pois o ser humano é naturalmente inclinado a acreditar que existe um mérito qualquer em alguém que o Senhor usa para tocar seu coração. O resultado é que vemos constantemente um certo “carinho exagerado” das pessoas por outras, até mesmo no meio cristão. Surgem, assim, fãs de cantores gospel, admiradores de pregadores, defensores ferrenhos de teólogos, seguidores de escritores. Porém, como Deus ama as pessoas que usa e sabe que os elogios podem corromper o coração delas e torná-las arrogantes, vaidosas e egocêntricas, frequentemente permite que enfrentem situações difíceis.

O objetivo do Senhor com isso não é se deleitar no sofrimento de quem usa, mas estimular a humildade. É deixar quem ele usa sempre alerta ao fato de que é apenas um vaso de barro sem mérito, que carrega o tesouro divino em suas palavras; um cano enferrujado, por onde corre a água da vida. Meu irmão, minha irmã, Deus usa você de algum modo? Seja pregando, cantando, tocando, ensinando, aconselhando ou o que for? Então prepare-se: você será disciplinado por ele, a fim de preservar sua humildade. A questão é: como agir quando isso acontecer?

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Em uma situação de elogios, o maior perigo é você acreditar no que lhe dizem. No dia em que me dei conta da ameaça que são os elogios, com enorme potencial de envenenar nossa alma pecadora, passei a orar com frequência: “Pai, nunca me deixe esquecer de quem eu realmente sou. Que eu jamais tome como minha a excelência do teu Espírito”. E comecei a ver Deus atender essa oração – para minha felicidade e tristeza. Felicidade porque o Senhor me lembra com constância de que sou apenas um cano barrento e enferrujado por onde ele faz fluir para meus irmãos e irmãs a cristalina água da vida. E tristeza porque, em geral, ele me lembra disso por meios que doem muito. Isso acontece com você?

Deus permitiu o espinho na carne de Paulo para evitar que ele se tornasse arrogante (2Co 12.7). E ele continua fazendo o mesmo, em nossos dias, com aqueles que ama e decide usar para realizar seus propósitos. Canos enferrujados não matam a sede de ninguém. O que sacia o sedento é a água que passa pelo cano. E Deus não quer que nos esqueçamos dessa verdade fundamental da fé cristã. Por isso, temos de estar preparados para tomar uma chapuletada disciplinadora do Pai a cada elogio que recebemos a um texto, um livro, uma canção, uma pregação, uma aula, um trabalho bem feito. As pancadas vêm com todo amor do mundo, em uma disciplina fundamental e pela qual devemos ser gratos. Mas que dói, dói. E muito.

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Deus disciplina cada pessoa de um jeito personalizado. O que ele faz para me pôr diariamente em meu devido lugar não é o que ele faz a meu vizinho nem é o que fará a você. Nessas horas, temos de estar alertas e aceitar que as justiças ou injustiças que enfrentamos vêm mediante a permissão da soberana vontade de Deus. O que entristece você? O que o abate? O que faz você parar, baixar os olhos e pensar sobre a vida e seu papel nela? O que lhe lembra que você é barro, é pó, é cano enferrujado? Preste atenção, meu irmão, minha irmã, pois é exatamente isso que Deus permitirá que lhe suceda, a fim de que você traga constantemente à memória quem é e não seja vencido pelo próprio ego.

A grande questão é: o que fazer nessas horas?

O primordial é não murmurar e manter um coração constantemente grato. Você estará triste, sim, perderá o apetite, não entenderá nada, ficará confuso e passará por momentos melancólicos, mas nunca deixe que isso roube de seu coração a gratidão a Deus. Você é disciplinado? “Graças te dou, Senhor, por me lembrar do cisco que sou”. Pessoas apontam com justiça seus muitos erros e defeitos? “Graças te dou, Senhor, por nunca me deixar esquecer que sou somente um vaso de barro rachado, esfarelado e falível”. Pessoas o acusam injustamente de ser como você não é, de agir como não age e de ter intenções que não teve? “Graças te dou, Senhor, porque lhe aprouve me abater para que não me esqueça de que a excelência é tua e tão somente tua”.

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Meu irmão, minha irmã, quando a sofrida disciplina terapêutica vier, você precisa estar preparado para agir biblicamente, pois somente agindo segundo a vontade de Deus você atravessará os vales de maneira aprovada. E a sua atitude depende de o que você enfrentar ser justo ou injusto.

Se Deus permitir que você seja submetido a uma situação de disciplina justa, em decorrência de um mal que você de fato cometeu, ao receber o alerta quanto aos seus erros, apenas abaixe a cabeça e aceite a repreensão. É melhor ser corrigido em uma falta do que permanecer no erro. E, se você tem um coração em Deus, tenho certeza de que ser admoestado em seus pecados é algo que valoriza, pois permite que se arrependa e abandone o erro. Então, de forma prática, se você sofrer em decorrência de pecados que realmente cometeu, dê graças a Deus, confesse a ele os seus erros, os abandone em arrependimento sincero e mude de atitude. “Quem oculta seus pecados não prospera; quem os confessa e os abandona recebe misericórdia” (Pv 28.13).

Porém, se você for injustiçado em suas palavras, ações e intenções, deve tomar extremo cuidado com sua reação. Sofrer injustiças requer cuidado redobrado, pois, nessas horas, nossa tendência natural e humana é nos defendermos, bradando por justiça, restituição e, até mesmo, vingança. E aqui é que está o ponto. Pois Paulo nos diz que esse não é o caminho. Veja: “Abençoem aqueles que os perseguem. Não os amaldiçoem, mas orem para que Deus os abençoe. […] Nunca paguem o mal com o mal. Pensem sempre em fazer o que é melhor aos olhos de todos. No que depender de vocês, vivam em paz com todos. Amados, nunca se vinguem; deixem que a ira de Deus se encarregue disso, pois assim dizem as Escrituras: ‘A vingança cabe a mim, eu lhes darei o troco, diz o Senhor’. Pelo contrário: ‘Se seu inimigo estiver com fome, dê-lhe de comer; se estiver com sede, dê-lhe de beber. Ao fazer isso, amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele’. Não deixem que o mal os vença, mas vençam o mal praticando o bem” (Rm 12.14-21).

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O que isso significa na prática? Algo que você não vai gostar de ler: não revide. Não se defenda. Não fique gritando contra a injustiça feita contra você. Sim, eu sei como isso soa, pois maldades e injustiças fazem nossa alma gritar por esclarecimento e compensação. Mas, se tentamos fazer isso pela força do próprio braço, Deus não tomará a frente. Porém, se suportamos as humilhações com resignação, em silêncio e com gratidão a Deus pela disciplina que essa situação nos impõe, temos a certeza de que o Senhor conduzirá tudo a bom termo e de acordo com sua soberania e sua boa, agradável e perfeita vontade. Tudo o que ele quer é que você permaneça humilde.

Nessas horas, ore como orou o salmista: “O sofrimento foi bom para mim, pois me ensinou a dar atenção a teus decretos” (Sl 119.71). Seja grato. Seja fiel. Seja leal ao Senhor. Não murmure. A Bíblia é recheada de casos de pessoas que murmuraram ao serem submetidas ao sofrimento disciplinador e foram reprovadas por Deus. Jesus, por outro lado, nos deu o exemplo: como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não abriu a boca. E deixou o Pai conduzir tudo. Sigamos o exemplo do Mestre.

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Meu irmão, minha irmã, esteja sempre preparado, pois Deus te ama tanto que permitirá que seja lançado na sofrida fogueira da disciplina, de tempos e tempos, para, assim como Paulo, não se deixar vencer pela mentira da arrogância, da vaidade, do ego. Quando isso acontecer, seja agradecido e não murmure. Em tudo dê graças. Se a disciplina vier com justiça, arrependa-se e mude. Se ela vier com injustiça, silencie e aguarde no Senhor com resignação. Esse é o caminho bíblico.

Que Deus continue te usando, do modo que ele quiser, para cumprir seus divinos propósitos. E que ele siga te disciplinando, pelo amor que tem por você. Se passar pela poda do Senhor de maneira aprovada, com humildade e se comportando da forma correta, tenha a certeza de que o seu Pai de amor trará a paz. E que, em tudo o que você vier a fazer durante a sua provação, a Igreja seja edificada e o santo, maravilhoso, digníssimo e belo nome de Jesus Cristo seja glorificado.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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Eu já machuquei pessoas. Já menti. Cobicei coisas do meu próximo. Odiei muitas vezes. Tive pensamentos  impuros. Fui egoísta. Deixei a arrogância dominar meu coração. Tive sede de sangue. Pus lenha na fogueira em vez de pacificar. Desonrei meus pais. Fui preguiçoso. Agi de modo rebelde. Não amei meu próximo como a mim mesmo. Senti inveja. Fui ganancioso. Amei o dinheiro. Andei ansioso. Meu irmão, minha irmã, eu já fiz quase tudo o que de pior uma pessoa pode fazer, e isso após a minha conversão a Cristo. Sim, minha salvação não trouxe a reboque a perfeição. Será que você se identifica com isso?

Olho para minha jornada com Cristo e fica claro como, nesses 23 anos desde a minha justificação, eu errei, falhei, escorreguei, pisei na bola. Se eu posar de perfeito para que você me ache superespiritual, estaria apenas somando mais um pecado à lista: o da hipocrisia.

Gosto de ouvir minha esposa falar sobre mim. Sabe como são os cônjuges, não é? Ela me vê em meus momentos mais íntimos e tem liberdade de me criticar. Diariamente, denuncia minhas numerosas falhas. Isso dói. Mas é bom que doa. Nossos cônjuges são uma bênção, pois se sentem à vontade, como ninguém mais, para denunciar os pecados que testemunham na intimidade e, com isso, quando estão certos no que dizem se tornam canais de Deus para nos chamar ao arrependimento.

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Com frequência, minha esposa diz que eu não vivo algo que preguei em determinado sermão. E, às vezes, ela tem razão. Pois eu sou falho mesmo. Careço da graça. Mas, ainda assim, preciso pregar a verdade, pois ela está acima de mim e minhas falhas. Deus chamou seres impuros para pregar a pureza, pessoas erradas para pregar o que é certo, gente falha para pregar a perfeição. Pois o evangelho é sobre Cristo e não sobre nós e, quando pregamos, primeiro estamos falando para nós mesmos.

Não me orgulho do que estou lhe confessando. Nada disso. Conheço o evangelho. Sei diferenciar o certo do errado. Não estou conformado com meus erros; eles me amassam e me fazem sentir um lixo. Eu os vejo assim como Paulo via seus pecados: “O problema não está na lei, pois ela é espiritual e boa. O problema está em mim, pois sou humano, escravo do pecado. Não entendo a mim mesmo, pois quero fazer o que é certo, mas não o faço. Em vez disso, faço aquilo que odeio. Mas, se eu sei que o que faço é errado, isso mostra que concordo que a lei é boa. Portanto, não sou eu quem faz o que é errado, mas o pecado que habita em mim” (Rm 7.14‭-‬17, NVT).

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Sei que você está acostumado a ver os cristãos se apresentarem como perfeitos, megassantos, exemplares, principalmente pessoas públicas. Também estou. As redes sociais e os púlpitos estão cheios delas. E olho com bastante ceticismo quando leio textos de gente que só sabe apontar o dedo. Logo penso: “Deixe-me conversar com sua esposa por cinco minutos para saber quem você é por trás da máscara e, já, já, conversamos”. E rio. Rio de uma pretensa superioridade moral e espiritual com que muitos gostamos de nos apresentar. Eu não cometerei esse erro, meu irmão, minha irmã: saiba que este que vos fala é um cidadão bem ruinzinho, cheio de pecados e problemas, desesperadamente carente da graça de Deus. Ainda assim, sabe-se lá por que razão, aprouve a Deus fazer-me amá-lo e desejar servir a ele e ao meu próximo.

Todos nós, cristãos, vivemos um paradoxo: somos habitação do Espírito Santo e habitação do pecado. Que guerra! Ainda assim, em meio a todo esforço e toda dor da batalha, Deus continua sendo Deus, digno de toda honra e glorificação, sublime e perfeito, gentil e amoroso, perdoador e gracioso, bom e justo! Não há como não amar esse Deus, que olhou de sua habitação fora do tempo e acima de nossa compreensão de espaço-tempo, contemplou esses seres bizarros e confusos que somos nós… e nos amou. Ele nos amou, meu irmão, minha irmã! Consegue ver a sublimidade disso?

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Seja honesto. Seja transparente. Viver o evangelho não é posar de perfeito, quando você está longe, muito longe disso. Sei disso, porque vivo isso. Prego a Cristo, porque não poderia não pregar, mas sei quem sou. Conheço minhas podridões. E, se não assumi-las publicamente, seria apenas mais um hipócrita entre tantos que estão por aí, travestidos de perfeições mentirosas e armados de seus dedos apontados.

Minha salvação não me trouxe perfeição, trouxe o desejo de lutar. Se você sente esse mesmo desejo, junte-se a mim, em transparência e honestidade. Lute. Lute por ser perfeito, mas, enquanto não for, diga que não é. E proclame, dia e noite, nas montanhas e nos vales, aquele sobre quem dirão, naquele grande dia, os milhões de santos e seres celestiais:

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“Digno é o Cordeiro que foi sacrificado de receber poder e riqueza, sabedoria e força, honra, glória e louvor! Louvor e honra, glória e poder pertencem àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro para todo o sempre! Grandes e maravilhosas são as tuas obras, ó Senhor Deus, o Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não te temerá, Senhor? Quem não glorificará teu nome? Pois só tu és santo! Todas as nações virão e adorarão diante de ti, pois teus feitos de justiça foram revelados!”.

E, aí, meu irmão, minha irmã, finalmente, estaremos despidos dessa capa de pecados e imperfeições e habitaremos para sempre em uma realidade em que não haverá mais morte, nem dor, nem choro… nem imperfeição.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

 

“Quem é o seu teólogo favorito?”. Essa pergunta me foi feita recentemente por uma irmã que participou de um bate-papo ao vivo que organizei em meu facebook (uma “live”, como se costuma chamar), para falar sobre livros de ficção cristã, por conta do lançamento, mês passado, de meu mais recente livro, Sete enigmas e um tesouro (editora Mundo Cristão). Não tive dúvidas: na mesma hora, respondi: “Meu teólogo favorito é a dona Maria”. Diante das reações de espanto dos amigos que participavam do bate-papo virtual, que esperavam nomes como Tim Keller, Agostinho ou Dooyeweerd, expliquei quem é essa grande e profunda teóloga. Gostaria de lhe falar sobre isso também.

É muito comum, quando se fala de teologia, pensar-se que um “grande teólogo” é um acadêmico. Aquela pessoa que tem muitos livros escritos e que dá aula em seminário teológico, além de palestras em conferências e congressos. Sem desmerecer os queridos irmãos que se encaixam nessa descrição, não considero esse o perfil de um “grande teólogo”. O “grande teólogo” é, para mim, aquela pessoa que consegue viver tudo o que a teologia cristã abarca com real profundidade e intimidade com Deus.

Pobreza, ou pequenez, de conteúdo, em se tratando do evangelho, não é a ausência de parâmetros acadêmicos. Muitos teólogos transbordantes de conhecimento intelectual são pobres no conteúdo cristão e muitos irmãos e irmãs com pouca bagagem teológica formal são ricos no conteúdo do evangelho que propagam. Riqueza de conteúdo cristão não significa capacidade de decorar o que dezenas de pensadores e teólogos disseram ou escreveram. Isso é acúmulo de conhecimento, o que é excelente e deve ser feito, mas não é pré-requisito para uma mensagem cristã ser rica. Em Cristo, riqueza pode vir da simplicidade.

Uma mensagem rica em conteúdo cristão é qualquer uma, simples ou complexa, que enxergue o cerne do evangelho e consiga transmitir para o interlocutor os valores e conceitos vitais do reino, sobre os quais a boa-nova de Cristo está alicerçada. Mensagens notoriamente simples, coloquiais e acessíveis no conteúdo podem carregar enorme profundidade teológica cristã. Ou você crê que os extremamente simples Sermão do Monte e parábolas de Jesus são rasos, superficiais e pobres em sua mensagem?

A realidade é que ser simples não é ser pobre. E ser rebuscado não é ser rico. Há teólogos que carregam gigantesca bagagem intelectual mas que usam seus muitos conhecimentos a fim de menosprezar pessoas e grupos dos quais discordam. Falam com muito conhecimento acadêmico, mas o que suas palavras geram são dissensões, menosprezo, ódio e arrogância — tudo, vícios condenados biblicamente. Nesse sentido, sua mensagem é, apesar de rebuscada, paupérrima. Embora a ignorância acerca do conhecimento teológico acadêmico não seja em nada desejável, por definição bíblica um analfabeto pode ser muito mais rico em seu conteúdo espiritual do que um PhD em Teologia, desde que ele transborde em devoção, piedade e temor resultante de riquezas relacionais com Jesus.

As palavras de Paulo em Colossenses 3.12-16 nos mostram o que profundidade teológica significa: possuir conteúdo transbordante de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Compreensão. Perdão. Um diálogo teológico cristão rico e profundo em sua mensagem é o que ocorre entre pessoas que deixam a paz de Cristo governar seu coração, e não que recorrem à sua vasta bagagem intelectual a fim de esmagar o adversário debaixo dos pés de seus argumentos retóricos bem construídos. Derrotar, afinal, não é a meta – edificar é. Precisamos de menos machões briguentos e arrogantes nos diálogos teológicos e precisamos de mais pessoas que consigam dialogar com o diferente demonstrando as virtudes do fruto do Espírito. Não custa lembrar quais são elas: Mansidão. Amor. Paz. Amabilidade. Domínio próprio. Alegria. Fidelidade. Paciência. Bondade. Isso é riqueza no conteúdo da mensagem. É profundidade. E é grandeza.

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Dona Maria não é uma pessoa real. É uma personagem que criei para representar as muitas pessoas que cruzaram meu caminho e que são simples em seus conhecimentos acadêmicos sobre a teologia cristã, mas riquíssimas em sua aplicação da teologia cristã em sua relação com Deus e o próximo. Dona Maria é o irmão Tinoco, a irmã Célia, o pastor Luiz e tantos outros anônimos que me ensinaram com profundidade ímpar o que significam o cristianismo e o ser cristão.

Por outro lado, cruzaram minha vida ao longo dos anos pessoas dotadas de títulos extensos e pomposos; com fama entre os evangélicos; dotados de memórias prodigiosas para decorar nomes de autores, teólogos, filósofos, citações e trechos de livros, mas cujo impacto transformador na minha vida foram neutros ou, até, extremamente negativos. Esses, apesar de seus muitos predicados, não considero “grandes teólogos”. São apenas cristãos cheios de conhecimento, mas rasos e pequenos em seu temperamento, em sua piedade, em seu exemplo, em sua autopercepção e na manifestação do amor cristão.

Meu irmão, minha irmã, não se satisfaça com o pouco conhecimento da teologia acadêmica. Busque, sempre, adquirir mais e mais bagagem intelectual, penso que Deus se agrada disso. Porém, se esse conhecimento vier despido de piedade, intimidade com Cristo, amor visceral ao próximo, humildade (vivida e não fingida) e abnegação, tenha a certeza de que você jamais será um “grande teólogo”. Aliás, pensando bem, não procure ser um “grande teólogo”, mas, sim, um cristão humilde e que aplica a teologia na prática da vida, para edificar a Igreja e glorificar a Deus, assassinando a cada nova manhã o seu próprio ego. Se formos assim, aí sim, a nossa teologia terá valido para alguma coisa além de alimentar o nosso gordo ego teológico.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >
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Hoje gostaria de refletir com você sobre um mal que assola todos nós. Para tanto, preciso começar explicando que semana passada recebi um prêmio por um livro que escrevi. O Prêmio Areté é uma premiação anual da Associação dos Editores Cristãos do Brasil, uma espécie de “Oscar” da literatura cristã em nosso país. Meu livro “Confiança inabalável: Um livro para quem quer vencer o medo e a ansiedade” foi escolhido o melhor do ano na categoria “Melhor livro de meditação, oração e comunhão”. Você pode imaginar a avalanche de elogios e congratulações que recebi. E, com eles, começaram a brotar em meu coração alguns dos sentimentos mais destrutivos para um ser humano: vaidade e orgulho. Sim, é feio confessar isso, mas é a pura verdade e negar seria hipocrisia: por alguns instantes, eu cri que era digno de receber os louvores por esse feito. Felizmente, isso durou pouco tempo, pois, logo, o Espírito Santo soou o alarme. Quando me dei conta de que tais sentimentos estavam brotando em meu coração, parei. Silenciei. Afastei-me das vozes. E me pus em meu devido lugar. Sabe… absolutamente todos nós somos tentados na vaidade, na soberba, no orgulho. Todos! Eu, você e o resto da humanidade. A questão é: o que fazer quando essa erva daninha germina em nossa alma?

Como devemos lidar com as nossas qualidades? Quais são os pensamentos mais secretos que passam pela sua cabeça quando alguém diz que você é uma bênção, alguém maravilhoso, com capacidades extraordinárias? Como fica o seu coração quando dizem que a sua pregação foi sensacional, que você canta como ninguém, que o livro que escreveu mudou vidas, que seu conhecimento teológico é inigualável, que você é ótimo no que faz, que seus talentos o destacam dos demais? Essa é uma questão muito delicada e sempre presente na vida de um cristão, pois sabemos que a Bíblia nos ensina a humildade, enquanto nosso ego vive querendo nos exaltar. 

O grande problema da vaidade, do orgulho, da soberba, da altivez é que tais sentimentos fazem de nós idólatras e ladrões. Deus disse: “Não permitirei que meu nome seja manchado e não repartirei minha glória com outros” (Is 48.11, NVT). Toda glória e toda exaltação pertencem ao Criador e, se passamos a nos glorificar e a acreditar que devemos ser exaltados, nos tornamos ídolos no altar do nosso coração e roubamos a glória que pertence única e exclusivamente a Deus. Portanto, ao nos envaidecermos e nos ensoberbecermos, ferimos o primeiro e o sétimo mandamentos. Conclusão: vaidade e orgulho são cânceres para a alma. Se aceitamos isso em nossa vida, nos tornamos como Satanás, que, de modo prepotente, quis ser exaltado à revelia do Criador. 

Você poderia pensar: mas se eu tenho tais qualidades, qual seria o problema de aceitar os elogios, as bajulações, a exaltação? A resposta bíblica a essa questão veio de Tiago: “Toda dádiva que é boa e perfeita vem do alto, do Pai que criou as luzes no céu. Nele não há variação nem sombra de mudança” (Tg 1.17, NVT). O que isso quer dizer é que tudo o que temos de bom em nós não nos pertence, mas é concessão de Deus. Vou dar um exemplo. 

Você abre o filtro de água em sua casa num dia de calor escaldante e sacia a sua sede com aquele líquido maravilhoso, fresquinho e refrescante que sai da torneira. Então, vira-se para o cano que leva a água do rio até sua cozinha e começa a elogiá-lo: “Cano, como você é maravilhoso! Devo tanto a você, seu cano talentoso, que produz uma água tão gostosa! Bendito é você, cano, que gera a água que me dá vida!”. O cano vaidoso pode pensar: “Sim! Eu sou demais, veja como a MINHA água é inigualável!”. Já o cano humilde estranhará e responderá: “Mas, meu amigo, essa água não é minha, eu não tenho nenhum mérito na produção dela, tudo o que faço é ser um canal para que ela venha da fonte até você”. Meu irmão, minha irmã, eu e você somos o cano. Deus é quem tem o mérito por produzir a água, construir o cano e o instalar no lugar certo, a fim de que funcionasse corretamente. Nosso papel é apenas conduzir a água da vida do manancial até os sedentos. Nosso mérito nisso? Nenhum. Assim como o cano não tem mérito algum pela água que transporta. 

Receber orgulhosamente o mérito por isso é querer ser manancial quando somos apenas cano. Também é roubar de quem nos criou e criou a água toda a glória pela existência da água e por nos ter posto na posição certa para conduzi-la. Somos canos rachados e enferrujados. Toda honra e toda glória são da fonte de águas vivas. 

Meu irmão, minha irmã, você fará muitas coisas bem feitas ao longo da vida. E isso é ótimo! Prepare-se da melhor forma possível e esforce-se ao máximo para realizar tudo com excelência. E tenha a certeza de que ações bem realizadas receberão elogios. Prêmios. Troféus. Muitos “parabéns” e louvores. E, nessas horas,  a semente da vaidade vai germinar. O orgulho brotará. Isso é líquido e certo. E não adianta negar, porque esses sentimentos brotam queiramos nós ou não. A questão é: regamos e adubamos essa planta comedora de almas ou a arrancamos pela raiz? A Bíblia responde: “O orgulho leva à desgraça, mas com a humildade vem a sabedoria” (Pv 11.2, NVT); “A arrogância precede a destruição; a humildade precede a honra” (Pv 18.12, NVT); “O orgulho termina em humilhação, mas a humildade alcança a honra” (Pv 29.23, NVT); “Se vocês são sábios e inteligentes, demonstrem isso vivendo honradamente, realizando boas obras com a humildade que vem da sabedoria” (Tg 3.13, NVT). 

A tentação, esse broto recém-saído da semente, não é o problema. Nem novidade. É certo que imediatamente após o elogio virá a vaidade, pode ter certeza. Mas o grande xis da questão é que você não pode permitir que ela se instale em seu coração, pois, se permitir, o broto crescerá e se transformará na terrível árvore do pecado. E seus frutos são venenosos. Portanto, assim que você perceber a vaidade, o orgulho e a arrogância brotando dentro de si, esmague esses sentimentos antes que seja tarde. Sufoque-os. Mostre-lhes quem é que manda. E quem manda, lembre-se, não é você: é Deus. 

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O prêmio que recebi pelo “Confiança inabalável” não é meu. Foi Deus quem iluminou minha mente para que eu pusesse as ideias no papel. Uma equipe de 40 pessoas da editora Mundo Cristão trabalhou para que o livro existisse, da edição do texto à distribuição nas livrarias, eu não fiz o livro sozinho. Hernandes Dias Lopes escreveu o prefácio e William Douglas, a apresentação. E é o Espírito Santo quem usa as palavras do livro para tocar corações e transformar vidas. É uma obra cheia de contribuições e de dedos de outras pessoas, além de vir de Deus e ser usada por Deus no coração de cada leitor. Por que, então, eu deveria ter vaidade? O que justificaria eu ter orgulho? Sou cano! Deus é quem idealiza, distribui os dons e talentos, ilumina mentes, usa o resultado na edificação de vidas… Tudo vem dele, para ele. A Deus a honra, a glória, o louvor, a exaltação. Ele é digno, bom, justo, soberano, maravilhoso, inigualável. E eu? Eu sou indigno, mau, falho, imperfeito, pecador, desesperadamente carente da graça de Deus. 

Meu irmão, minha irmã, quando vier a vaidade, lembre-se de que você é cano. Quando muitos te elogiarem e te abraçarem com os olhinhos brilhando, lembre-se: cano. Quando te exaltarem, te seguirem aos milhares no facebook, te abraçarem emocionados por tirar uma foto com você, escreverem e falarem palavras de louvor às tuas grandes qualidades, sussurre baixinho para não se permitir esquecer: “CANO…”. 

Cano… 

Cano…

Cano. 

Só a Deus a glória. 

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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Acordei me sentindo mal. Febre, moleza, dor de garganta, tosse, rouquidão, dor no peito. A coisa não estava bonita. Decidi ir à emergência de um conceituado hospital do Rio de Janeiro e, após ser examinado pela jovem médica, o diagnóstico: vírus. Na receita, um corticoide, um xarope para a tosse, um antitérmico e a promessa de em cinco dias estar bem. Vida que segue. Só que não. 

Foram dez dias tomando os remédios e, adivinhe, não adiantou absolutamente nada. No décimo dia, eu estava inchado e todos os sintomas persistiam. Eu não aguentava mais tossir, estava exausto, molenga e frustrado. Decidi, então, ir a um otorrino. Para minha surpresa, o diagnóstico dele foi completamente  diferente do da primeira médica: não era vírus, era bactéria. O remédio receitado: antibiótico. E, dessa vez, já no primeiro dia de tratamento comecei a melhorar. Pela primeira vez em duas semanas, consegui dormir bem. E, em cinco dias, eu estava curado. 

A conclusão: se o diagnóstico está errado, o tratamento será errado – e não haverá cura. E, além disso, perderemos um tempo enorme, sofrendo, doentes, tratando uma coisa quando deveríamos estar tratando outra. 

Muito se fala hoje sobre os problemas da igreja, falhas cometidas por cristãos ou supostos cristãos que adoecem o Corpo de Cristo. Nós, naturalmente, devemos buscar corrigi-los, sempre, e da maneira bíblica: não brigando, mas instruindo com mansidão, na esperança de que Deus dê o arrependimento para quem está provocando esses problemas (2Tm 2.24-26). Mas, para tanto, precisamos diagnosticar corretamente aquilo que tem adoecido a igreja. Devemos mirar no que é prioritário e não secundário. A questão é que muitos estão travando combates com base em diagnósticos errados e, por isso, os problemas principais não estão sendo combatidos. Um desperdício de tempo, energia e intelecto. E, enquanto se investe tanto no que é secundário, os problemas prioritários continuam nos infectando, envenenando e afastando de Deus. 

O maior mandamento do cristianismo é amar a Deus e ao próximo. Portanto, isso é prioridade máxima na vida do cristão. Já ouvi muita gente boa dizer que o maior problema da Igreja em nossos dias é a superficialidade. Eu discordo. O maior problema da Igreja em nossos dias é a falta de amor ao próximo. Jesus nunca disse “Sede profundos”, mas disse muitas vezes “Amai”. Assim como Paulo. Assim como João. E, como eles, devemos também nós priorizar o que é prioritário. 

Não estou defendendo que devemos valorizar a superficialidade teológica, não é nada disso. O que defendo é que se priorize o que Jesus priorizou. E ele priorizou o amor. Dedicar sua vida a conduzir as pessoas à profundidade teológica mas fazer isso sem amor é uma postura completamente insana do ponto de vista cristão.

A realidade é que não temos amado as pessoas. Não as corrigimos com paciência e mansidão (como ordena a Bíblia), mas com fúria; não estendemos a mão aos necessitados, mas terceirizamos a caridade; não olhamos para quem discorda de nós com compaixão, mas com raiva e rancor; não buscamos desenvolver o fruto do Espírito, mas inventamos desculpas pseudobíblicas para continuar sendo pessoas desagradáveis, prepotentes e altivas sob um manto “evangélico”; não socorremos a pessoa diferente que está caída à beira da estrada, mas fingimos que não vemos ou pisamos em sua cabeça. Tudo isso, e muito mais, denuncia falta de amor ao próximo e um gigantesco amor ególatra por si mesmo. Esse é o maior câncer da Igreja em nossos dias. 

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É decepcionante ver tanta gente culta e muito mais bem preparada do que eu dedicar seu tempo a causas e bandeiras que visam a defender e propagar a sua visão de cristianismo, mas que o fazem abandonando completamente atitudes e conceitos que são pilares do cristianismo. Como amor. Paciência. Mansidão. Autocontrole. E, enquanto proliferam argumentos e debates feitos de forma totalmente anticristã no jeito de se posicionar, muitas vezes sobre velhas questões que nunca serão unanimidade no cristianismo, perde-se um tempo enorme e precioso que poderia ser investido naquilo com que todos os cristãos concordam que é fundamental. Um exemplo é a falta de perdão. 

Uma quantidade avassaladora de cristãos não entende o perdão bíblico e por isso não o pratica. De quem é a culpa? Nossa, os que ensinamos. Professores, teólogos e pastores que priorizam tantos assuntos secundários e periféricos em detrimento do que está no tutano do evangelho. Pouco se prega sobre perdão nos púlpitos, sendo que ele é uma das colunas centrais do cristianismo. Não se organizam conferências teológicas sobre o tema. O assunto é tão urgente que, para você ter ideia, meu livro Perdão total em menos de três anos de publicado já está na quinta tiragem, com 15 mil exemplares impressos. Perdão total no casamento, por sua vez, esgotou os 5 mil exemplares da primeira tiragem em apenas 40 dias. Isso quer dizer que sou um escritor maravilhoso? Claro que não. Eu apenas exponho o que a Bíblia diz, com simplicidade e de um jeito fácil de entender. O que essa vendagem expressiva diagnostica é que as pessoas estão precisando desesperadamente perdoar e ser perdoadas, mas não compreendem o perdão e, por isso, não o vivenciam. Estão sedentas de instrução sobre o assunto, mas quase não vejo ninguém falar sobre a urgência do perdão. Preferem ficar discutindo loooooongamente assuntos secundários da fé, coando mosquitos e engolindo camelos. 

Quem diagnostica problemas equivocados ou quem hipervaloriza assuntos que Jesus mesmo não valorizou está, sem perceber, afastando as pessoas da mensagem que Cristo priorizou. Com isso, ajuda a manter a Igreja doente. São parte do problema e não da solução. E não enxergam isso, lamentavelmente. 

Há tumores no seio da Igreja? Há, sem dúvida. Tristemente, os temos diagnosticado equivocadamente e, por isso, nosso tratamento mais adoece do que cura – ou, simplesmente, não faz efeito algum no que se refere aos reais problemas do Corpo. A dolorosa realidade é que, assim como há muitos falsos mestres e falsos profetas entre nós, há também muitos falsos médicos.

Não adianta combater heresias sendo herético na forma de agir. Não adianta querer mudar a soteriologia, a crença carismática ou a escatologia de outros cristãos de modo anticristão. Não adianta debater com os inimigos da fé de uma forma que fere os princípios da fé, pois a forma importa tanto quanto o conteúdo. Precisamos priorizar o que é prioritário, amando o próximo e levando outros a amar, perdoando e ensinando a perdoar, investindo na unidade do Corpo e não em dissensões e facções, convivendo com o diferente de forma pacífica e instruindo com mansidão, buscando viver o fruto do Espírito em tudo o que fazemos e falamos. Não fui eu quem ensinou isso, está num livro que você provavelmente tem em casa. 

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E, em tudo, devemos lembrar do mal maior: o pecado. O pecado é a célula original do câncer. É ele que nos leva a odiar os inimigos, a ser debochados nos debates, a tratar o diferente com raiva e rancor, a não perdoar, a nos acharmos superiores aos demais, a ser impacientes no diálogo com os equivocados, a formar patotas e desprezar os demais, a nos envaidecer diante dos elogios e a tantas outras formas de sermos problemas na igreja. 

Meu irmão, minha irmã, não existe nenhuma forma melhor de contribuir para a saúde do Corpo do que combater o pecado que ganha espaço no próprio coração. Sugiro que você pare um pouco de olhar para o lado, para o outro, e comece a olhar para dentro de si. Que pecados de estimação você identifica? Desamor? Vaidade? Egoísmo? Espírito faccioso? Inimizades? Você vira o rosto para quem não gosta e em vez de se reconciliar com ele finge que não o vê e se recusa a estender a mão? Sente ressentimentos? Sente alegria na derrota alheia? Tem o hábito de sempre se posicionar altivamente como o certo e considerar quem discorda de você como filho do diabo? Quais são, afinal, os pecados que se alimentam do seu ego e dos quais você não tem demonstrado vontade alguma de se livrar? Acredite, esses pecados são o mal maior da Igreja, pois você é Igreja e o seu e o meu pecado são o maior câncer do Corpo de Cristo. 

Proponho algumas reflexões: você tem feito parte da cura ou da doença? Quais têm sido os seus diagnósticos sobre os problemas principais da igreja? Você se preocupa com os problemas que a Bíblia de fato mostra que são problemas ou com o que está na moda e o que seus teólogos e pastores favoritos combatem nas redes sociais? E a pergunta principal: o que você fará a respeito dos seus próprios erros – os erros reais, aqueles que envenenam seu coração -, de forma a contribuir para a saúde da Igreja de Jesus?  

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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Ouvimos falar diariamente sobre diferentes “tipos” de igreja: igreja relevante, igreja reformada, igreja integral, igreja isso, igreja aquilo. Mas existe também outro “tipo” de igreja: a igreja ranheta. Quando eu era criança, ouvia minha avó falar muito essa palavra, “ranheta”: “Fulano é muito ranheta”, ela dizia. Se você não conhece o termo, preciso explicar que “ranheta” significa “rabugento”, “mal-humorado”. Sabe aquela pessoa que está sempre reclamando da vida, falando mal dos outros, criticando o tempo quando chove ou quando faz sol, constantemente com aquela nuvenzinha preta em cima da cabeça? Pois é, esse cidadão é o ranheta. Existe um tipo de cristão que é assim também. 

O cristão ranheta parece que não enxerga as coisas boas da Igreja. Ele só abre a boca para falar mal de algo. Fala mal dos pastores, fala mal do culto, fala mal das músicas, fala mal de livros, fala mal de pensamentos, fala mal de quem fala mal, fala mal de qualquer coisa que alimente sua sanha de ranhetice. Por sua natureza, o negócio dele é falar mal, só o que ele precisa é escolher a vítima do momento. Ele é um caçador de assuntos nos quais meter o malho. 

O cristão ranheta geralmente diz que é assim porque é profeta e está denunciando o pecado, porque é apologeta e está defendendo a sã doutrina, porque descobriu a verdade e precisa iluminar o entendimento dos ignorantes, algo assim. Na verdade, ele é assim porque é um ranheta incorrigível. Por natureza, é extremamente difícil para ele olhar a beleza da vida, as flores do campo, a poesia da Escritura, a riqueza da Igreja, o entardecer, o amor de Deus. Ele só enxerga as desgraças da vida, os espinhos do campo, o cajado das Escrituras, os erros da igreja, a ira de Deus. 

O cristão ranheta é um chato. Suas postagens na internet são sempre atacando alguém, se posicionando como o paladino da santidade, tecendo críticas mordazes a qualquer troço. Quando abre a boca para elogiar algo ou alguém geralmente é para valorizar algo que outro ranheta falou e que embasa o que ele ataca. O cristão ranheta em geral forma um séquito de seguidores, que enxergam nele um ícone a ser imitado e valorizado. Na verdade, ele é apenas um ranheta arrastando atras de si um bando de outros ranhetas que não agem em prol do reino, mas fazem o reino parecer o império da ranhetice.  

É importante frisar que existe uma diferença entre o ranheta e alguém que faz justas críticas, que tem dias maus ou posicionamentos pontuais sobre algo que está errado. Isso é natural, humano e todos fazemos isso. Mas o ranheta é um rabugento na essência. Não é alguém que está num dia ruim ou que se enfureceu com algo errado no momento. O ranheta é um irritadiço contumaz, que não conhece outro modo de ser. Por isso, quando se converteu, buscou no cristianismo alguma boa desculpa que lhe permitisse continuar sendo ranheta debaixo de alguma maquiagem “cristã”. 

Sim, o ranheta precisa urgentemente ser transformado por Cristo. Precisa ter seus olhos abertos para as coisas boas, para o que é belo e bom. Precisa passar pela renovação da mente. Ele ainda é um néscio quanto ao entendimento do amor, da gentileza, da compaixão, da tolerância, da beleza da diversidade, do trato manso com quem pensa diferente dele.

E, quando se fala sobre essas coisas, ele vem logo falando de “cristianismo água com açúcar” ou algo assim. Para ele, falar de amor e seus desdobramentos é coisa de “mulherzinha” ou de “poetinha”, o negócio é baixar o cajado e denunciar os miseráveis pecadores! Muitos cristãos ranhetas são cristãos há décadas, mas ainda permanecem mundanos nesse aspecto de sua vida.  

Existem ranhetas em todos os ramos do cristianismo. Há o ranheta pentecostal e o cessacionista, o ranheta calvinista e o arminiano, o ranheta desigrejado e o igrejeiro, o ranheta intelectual e o ignorante, o ranheta teólogo e o que acha que teologia é “letra que mata”, o ranheta santarrão e o que usa a graça como desculpa para o pecado, o ranheta que batiza crianças e o credobatista, o ranheta emergente e o de toga, o ranheta pastor e o membro… o ranheta não se prende a rótulos. Onde ele estiver, vai achar “boas desculpas” para exercer sua ranhetice de pessoa não transformada para tornar o mundo um lugar mais feio e para dar a entender que o evangelho é o universo da ranhetice. Nada mais distante da verdade.

Meu irmão, minha irmã, paro por aqui, pois este meu texto já está começando a ficar ranheta demais para o meu gosto. Deixo apenas uma reflexão, para que você reflita no seu íntimo: será que você não tem sido um cristão ranheta? Será que você não precisa levar à cruz esse seu modo desagradável de ser e de falar, para que possa tornar-se, finalmente, um cristão mais conformado à natureza do Cristo que é alegria, amor, paciência, paz, bondade, amabilidade, mansidão, autocontrole? Será que não está na hora de ver o lado bom das coisas, só um pouquinho, para variar? De ver o mundo mais colorido e menos cinzento, por compreender que há muita desgraça, sim, mas também muitas coisas boas a celebrar? Porque, afinal, ser um cristão ranheta não faz de você alguém mais santo, crente, elevado, intelectual, sábio, justo, transformado, renovado, avivado ou o que for. Ser um cristão ranheta só faz de você uma pessoa bem pouco cristã e incomodamente ranheta. 

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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va-carpir-um-lote-1O que está acontecendo com os cristãos? Quando é que muitos de nós nos tornamos tão insensíveis ao que é pacífico, gentil, amoroso, misericordioso e bom? Não é segredo a você, que me acompanha pelo APENAS, quanto tenho me posicionado contra a ideia antibíblica de que podemos ser cristãos e, ao mesmo tempo, pessoas brutas, agressivas, amantes de palavras ríspidas e iradas, achando que Deus aprecia esse tipo de postura. Às vezes, penso que tenho investido em uma causa perdida, pois, cada dia mais, vejo cristãos enfurecidos em sua forma de falar proliferarem de forma assustadora. Sábado passado, confesso, meu dia ficou mais cinzento quando li algo que me incomodou profundamente e me lançou em uma profunda reflexão sobre o perfil de enorme parcela dos cristãos de nossos dias.

Explico: ao dar uma espiada no Facebook, li uma postagem do diretor de um importante seminário teológico, na qual ele se posiciona contra uma afirmação feita por um dos preletores de certo congresso teológico. Até aí, nenhum problema, discordância de ideias é saudável e o diálogo que elas promovem contribui para o nosso crescimento. O que me deixou abismado foi ler um dos comentários a essa postagem. O irmão – pasme – simplesmente escreveu para o diretor do seminário: “Ah, vá carpir um lote, Fulano!”. Petrificado por esse nível de argumentação e mundanismo na maneira de discordar, fui olhar quem era essa pessoa em seu perfil pessoal. Para meu horror, descobri que ele trabalha na Primeira Igreja Batista de uma capital brasileira (talvez seja um dos pastores, não ficou claro) e é estudante de teologia de um conhecido seminário. 

Que loucura. É isso que líderes têm ensinado aos seus liderados? É essa a forma de discordar de ideias que muitos dos pastores e membros do rebanho de Jesus Cristo têm ensinado às ovelhas do Senhor? “Ah, vá carpir um lote!”? É esse nível de brutalidade e desrespeito que muitas lideranças têm demonstrado? Será que não se percebe quão distante de Cristo é essa postura e a lama que isso lança na imagem do evangelho? Será possível que não se perceba que, em grande parte, é exatamente esse tipo de postura que faz com que a sociedade não cristã nos enxergue como um grupo de pessoas intolerantes, desagradáveis e repulsivas? Pois, se eu fosse um descrente e lesse um cristão mandar um diretor de seminário “carpir um lote”, é exatamente o que eu pensaria. Você não? Ou ficaria encantado com a pureza dessa postura? Amaria abraçar a fé de quem age dessa maneira? 

Parte da Igreja tem ensinado que devemos combater os que se opõem à sã doutrina bíblica dessa maneira horrorosa. As palavras desse jovem não são um caso isolado, são reflexo do comportamento de um grande grupo de cristãos mal discipulados e malcriados, que cresce a cada dia e torna-se mais e mais visível – em especial pela Internet. Quantos cristãos estão se tornando seres humanos desagradáveis por seguir esses deprimentes formadores de opinião que dão um péssimo exemplo de conduta!

va-carpir-um-lote-2Meu irmão, minha irmã, você quer combater as heresias? Quer exortar quem está errado? Quer ser um instrumento de Deus para disseminar o evangelho verdadeiro? Quer ajudar a fazer “voltar ao evangelho” quem dele se desviou? Então, em nome de Deus, não siga aqueles que tratam de quem discordam com a delicadeza de um jihadista. Não são bons exemplos. São péssimos exemplos. Você quer saber verdadeiramente como deve agir no trato com quem acha que está errado? Então leia e assista não ao que pessoas amargas e arrogantes publicam por aí, mas o que as Escrituras Sagradas de Deus dizem:

“Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (2Tm 2.24-26).

Leu o texto com muita atenção? Se não, por favor, volte e releia com extrema atenção tudo o que é dito. Essa passagem nos oferece a regra de ouro bíblica para combater as heresias, discordar de quem você acha que está errado, corrigir quem crê estar agindo ou falando de modo equivocado na fé. Sendo assim, atente exatamente para o que Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, diz:

  1. O servo do Senhor não deve viver contendendo. “Contender” significa “dirigir provocações”, “competir”, “disputar a primazia”, “atacar”. A meu ver, escrever “Ah, vá carpir um lote!” numa divergência de ideias é, precisamente, o que contender significa. Portanto, é uma postura antibíblica e anticristã.
  2. O servo do Senhor deve ser brando, isto é, “aquele que se caracteriza pela docilidade; afável”. “Ah, vá carpir um lote!” soa a você como brandura?
  3. Com quem o servo do Senhor deve ser brando? Com quem concorda com ele? Com quem compartilha da mesma opinião? Não: “Todos”, diz a Escritura. Todos! Os que discordam, os que estão errados, os descrentes, os odiosos. Todos. Fora disso, é antibíblico e anticristão.
  4. O servo do Senhor deve ser paciente. Paciência é fruto do Espírito. Cada um de nós deve ser “pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg 1.19-20). E isso só é possível a quem é paciente – e não impulsivo – em suas reações. 
  5. O servo do Senhor deve disciplinar os que se opõem? Sim. Mas com agressividade? Não! Como o Espírito Santo nos diz que devemos corrigir quem se opõe? “Com mansidão”. Mansidão! Mansidão, meu irmão, minha irmã, uma das virtudes do fruto do Espírito que mais têm sido ignoradas pelos servos de Deus de nossos dias. “Vá carpir um lote!” soa como mansidão? Não. Portanto, é uma afirmação antibíblica e anticristã.
  6. Quem concede o arrependimento a quem está errado? “Deus”. Não eu. Não você. Não os nossos argumentos. Não a nossa ira. Não a agressividade na forma de falar. DeusDepende da ação do Senhor e, portanto, não é o uso de ofensas que nos levará a convencer qualquer pessoa.  Não é por força, não é por violência. 

va-carpir-um-lote-3Parece que muitos de nós, cristãos, nos esquecemos dessa regra de ouro. Queremos é ser “profetas” que bradam contra o erro  com fúria e furor. E, ao fazer isso, mandamos a instrução de Deus às favas. Ou 2Timóteo 2.24-26 não está na Bíblia? Perceba: ao dar as costas aos mandamentos do Senhor que listei acima, o que você está fazendo é preferir o que você quer do que o que Deus quer. Ou preferir fazer o que aprendeu com péssimos exemplos de líderes, blogueiros, vlogueiros, youtubers ou simplesmente irmãos em Cristo arrogantes e agressivos que contaminam as redes sociais, a televisão, a rádio, os corredores de muitas igrejas.

Em outras palavras, se dá mais ouvidos a essas pessoas equivocadas do que ao Senhor, você está dizendo: “Ah, vá carpir um lote, Deus!”. 

E não custa lembrar de que, entre outras coisas,  o servo do Senhor que está em cargos de liderança deve ser, segundo o Espírito de Deus: “temperante”, “sóbrio”, “não violento”, “cordato”, “inimigo de contendas” (1Tm 3.2-3); “não arrogante”, “não irascível”, “nem violento”, “amigo do bem”, “piedoso”, “que tenha domínio de si” (Tt 1.7-9). Meu irmão, minha irmã, responda sinceramente: em sua opinião, “Ah, vá carpir um lote!” é o posicionamento de alguém que tem essas características, indispensáveis a um líder cristão? Que tipo de pregação uma pessoa como essa fará no púlpito? Que conselhos dará às ovelhas que o Senhor lhe confiou? Que posturas ela disseminará em seus textos, vídeos e áudios? 

va-carpir-um-lote-4Meu irmão, minha irmã, quem você segue? Quem são seus modelos? Que pessoas são o seu exemplo? A postura de quem você imita? Em geral, você se comportará como aqueles que admira. Por amor à Igreja e ao evangelho, eu suplico: não siga pessoas que, numa divergência sobre assuntos da fé, mande o outro carpir um lote – ou qualquer outra coisa nesse mesmo nível de agressividade.  Não siga agressivos. Não imite brutos, que vivem uma brutalidade “em nome de Jesus” ou “em defesa da sã doutrina”. Não os admire, pois não são admiráveis. Se possível, não lhes dê ouvidos. Se os segue nas redes sociais, deixe de seguir. Pregue contra o que eles fazem – com mansidão, brandura e temperança -, na esperança de que Deus lhes conceda arrependimento. São poluição e contaminam as suas boas intenções. 

Busque o que é bom e do bem. Ouça quem prega a paz. Admire os mansos e humildes. Divulgue apenas quem age conforme 2Timóteo 2.24-26. Seja discípulo de pessoas misericordiosas, amorosas e compassivas. Aqueles que vivem e pregam um evangelho agressivo “em nome de Jesus” se perderam no meio do caminho e são guias cegos. Repito: não os siga! Não os admire! Não os imite! E isso, não importa se são famosos ou têm um milhão de seguidores. Pois, em termos de fidelidade às Escrituras, isso não quer dizer absolutamente nada. 

Seja dos que amam o evangelho da graça e não o da espada. Porque esse simplesmente não é o evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É um evangelho apócrifo e, portanto, diabólico. E, se você abraçar o evangelho da espada, o que na verdade estará fazendo é mandando Deus carpir um lote. 

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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humilhar-1Eu estava lendo a Bíblia quando um trecho que já li milhões de vezes estourou no meu peito com toda força como nunca antes. Diz assim o texto bíblico: “Em seguida, Jesus contou a seguinte parábola àqueles que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os demais: ‘Dois homens foram ao templo orar. Um deles era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu, em pé, fazia esta oração: ‘Eu te agradeço, Deus, porque não sou como as demais pessoas: desonestas, pecadoras, adúlteras. E, com certeza, não sou como aquele cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo que ganho’. Mas o cobrador de impostos ficou a distância e não tinha coragem nem de levantar os olhos para o céu enquanto orava. Em vez disso, batia no peito e dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, pois sou pecador’. Eu lhes digo que foi o cobrador de impostos, e não o fariseu, quem voltou para casa justificado diante de Deus. Pois aqueles que se exaltam serão humilhados, e aqueles que se humilham serão exaltados”.” (Lc 18.9-14, NVT). O que me impactou tanto nessa leitura foi me dar conta da enorme quantidade de pessoas que agem exatamente como esse fariseu em nossos dias. Gostaria de convidar você a refletir sobre isso. 

A primeira realidade dessa parábola é que todos os personagens citados eram gente temente a Deus mas que pecava muito. Todos. O fariseu e o cobrador de impostos eram igualmente transgressores da vontade de Deus. Nenhum deles era melhor que o outro. Cada um tinha suas desgraças, seus pecados, sua culpa. Meu irmão, minha irmã, nenhum de nós é melhor que o outro. “Pois quem obedece a todas as leis, exceto uma, torna-se culpado de desobedecer a todas as outras.” (Tg 2.10, NVT). Isso nos iguala implacavelmente. Se o outro é adúltero, você é mentiroso. Se o outro é assassino, você é arrogante. Se o outro desonra pai e mãe, você é invejoso. Ninguém está livre. Todos somos culpados. O pecado nos iguala sem distinção. 

humilhar-2Segundo, o fariseu se achava espiritualmente melhor do que os outros. Esse tipo de postura é uma epidemia na igreja. Multidões se consideram mais espirituais que os demais. Ou porque acham que apenas sua teologia é a inerrante e infalível. Ou porque acreditam que a sua denominação é a única correta. Ou porque não toleram o diferente. Ou porque têm um cargo eclesiástico. Ou porque escreveram livros. Ou porque cantam bem. Ou porque têm um pouco de fama. Ou porque as pessoas os ficam bajulando e elogiando. Ou porque têm certas práticas que outros não têm. Ou porque exibem montes de diplomas teológicos na parede. Ou porque não fizeram teologia e acham que quem fez é carnal, porque, afinal, “a letra mata”. Ou porque têm muitos “amigos” na sua fan page das redes sociais. Ou porque pregam bem. Ou porque se acham  expositores das Escrituras melhores que os outros. Ou porque foram convidados a pregar ou palestrar em um lugar de renome. Ou porque… ou porque… ou porque. As razões são inúmeras. E todas são “como correr atrás do vento” (Ec 1.14, NVT), pois simplesmente não existe mérito algum na pessoa, tudo vem de Deus e é dado por Deus. “Toda dádiva que é boa e perfeita vem do alto, do Pai que criou as luzes no céu” (Tg 1.17, NVT).

Meu irmão, minha irmã: tudo o que você é e tem foi concedido pelo Senhor, sem absolutamente nenhum mérito seu. Você e eu não somos melhores que os outros.  Não. Deus não te escolheu para receber certos dons e talentos porque você é mais especial, mas porque ele, em sua soberania, assim quis, a despeito de seu mérito pessoal. Não é porque você subiu o monte que o Senhor te dará algo, tampouco porque fez campanha de muitas semanas, porque se formou no doutorado de teologia ou porque ralou o joelho até ele ficar em carne viva. Não: é tudo por graça, misericórdia, compaixão, amor. Poderia ser qualquer outro em seu lugar. Suas qualidades pessoais não são a seu respeito, são a respeito de Deus. Se você acha que o Zágari te abençoa com o que escreve, saiba que o único a ser agradecido por isso é o Senhor, porque com uma palavra de sua boca eu posso perder toda inspiração e me tornar um inútil. Deus, só ele. Por ele, para ele. 

humilhar-3Terceiro, o fariseu baseou seu discurso no erro dos outros. Ah, como isso é comum! Esse tipo de comportamento  prolifera como erva daninha em nosso meio. Não é à toa que as redes sociais, os blogs e os congressos teológicos transbordam de “apologetas” que dedicam seu dia a dia a ficar atacando os outros. Não os amam. Os odeiam. Não entendem que evangelho é muito mais do que criticar o que você acha que está errado na outras pessoas. E ficam destilando ira “em nome de Jesus”. Acham que Deus os apoia porque, afinal, eles estão certos e os outros não. Triste. Entenda: eu posso estar errado ao lhe dizer tudo o que aqui estou dizendo. Mas você também pode estar errado – e muito errado. E essa percepção da possibilidade do nosso erro deve nos levar a uma postura de extrema humildade, mansidão, autocontrole e pacificação. Fora disso, o que sobra é vaidade e arrogância. 

Quarto e último, a postura do cobrador de impostos é nitidamente o padrão cristão de comportamento. Aquele publicano compreendia que ele era falho e pecador. Mas, importantíssimo: ele não apenas sabia disso, ele agia em função desse entendimento, olhando para si e tratando diretamente com Deus sobre as próprias falhas. O coletor de impostos conhecia a trave que tinha no olho, não fazia vista grossa a ela e não baseava seu senso de valor em ficar investigando o cisco no olho alheio. Sua relação com os demais pecadores era de humildade e com Deus era de humilhação. E aqui chegamos ao cerne desta reflexão. 

humilhar-4Humildade e humilhação. Essa é a postura que agrada a Deus. O Senhor odeia a arrogância. Até mesmo a arrogância espiritual, doutrinária, denominacional e teológica. Temos de ser humildes com relação ao próximo na práxis e na doxa, por saber que em nada somos superiores aos outros, que nada do que temos e somos é mérito nosso, e que somos tão desgraçadamente necessitados da graça de Deus e do seu perdão para nossos pecados quanto qualquer outro. Precisamos nos humilhar diante de Deus, por compreender nossa realidade absolutamente dependente dele e desprovida de valor próprio. Não somos nada. Deus é tudo. Se você é “a menina dos olhos de Deus”, como muitos dizem, é por graça divina e não por mérito humano. Obrigado, Senhor, porque, em meio à minha fraqueza e falibilidade, aprouve a ti fazer qualquer coisa de mim e por mim. 

Meu irmão, minha irmã, “Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará.” (Tg 4.10, NVT). “E todos vocês
vistam-se de humildade no relacionamento uns com os outros. Pois, ‘Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes’. Portanto, humilhem-se sob o grande poder de Deus e, no tempo certo, ele os exaltará” (1Pe 5.5-6, NVT). O contrário disso? É vaidade. É arrogância. É pecado. E é o caminho mais curto e certo para ser humilhado por Deus. Não queira passar por isso: arrependa-se, confesse o seu pecado ao Senhor e mude. 
Vá por mim, falo por experiência. A experiência de alguém que, desgraçadamente, já agiu igualzinho ao fariseu da parábola…

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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