Arquivo da categoria ‘Espiritualidade’

Minha mãe foi internada. Apêndice supurado, infecção generalizada, cirurgia de emergência, coma induzido, intubamento. Estado grave. A cada dia, uma tensão; uma expectativa; uma dor; uma, duas, três, muitas lágrimas; incontáveis orações.

O quadro melhora. A esperança vem. Vamos tirar do coma para tentar remover o tubo, diz o médico. Drogas suspensas, tubo tirado, orações esperançosas de gratidão.

Vou visitá-la no CTI. O médico informa que está sedada e não ouvirá nada. Teimoso, por amor, chego ao lado do leito, a mãe inerte como uma boneca de pano. Olhos fechados. Boca aberta. Inconsciente. Mas é quando vem aquela coceira estranha chamada…

fé.

Fé que me faz conversar com aquele corpo imóvel e desacordado.

Acaricio seus cabelos e seu rosto. Digo palavras de amor. Ponho para ela ouvir o áudio da netinha que mandou beijos e do irmão que mora no exterior.

Nenhuma resposta ou movimento.

Imponho a mão sobre sua cabeça e digo que vou orar por ela. Oro. Assim que a oração termina, a boneca de pano abre os olhos com muito esforço e olha para o céu.

“Mãe, você está consciente? Me ouve? Se está entendendo o que estou falando, pisca uma vez”. Ela pisca. Quase choro. Me derramo em palavras de amor, perdão, conexão. Ela responde com piscadelas. Uma para “sim”. Duas para “não”.

Falo tudo o que tinha de falar. Chega o fim da visita. Digo: “Mamãe, te amo. Se você quer me dar um beijo, pisca uma vez os olhos”. Ela pisca uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Incontáveis. Rajada de piscadas de olhos. Sou coberto de beijos pelo olhar de amor da mãe paralisada. Saio do hospital com a fé renovada na recuperação.

Ontem, a má notícia. Mamãe tem piora brutal. Precisa ser reintubada. Falência renal. Pressão descontrolada. Infecção hospitalar. A médica pergunta se queremos deixá-la inconsciente até o desfecho ou lutar. Optamos pela luta. Hemodiálise. Traqueostomia, os últimos recursos. Estado gravíssimo.

Não sei se voltarei a falar com minha mãe nesta vida. Mas, se não falar, levarei para sempre na memória o gentil gesto de Deus, que me permitiu ser coberto de beijos por uma mãe que não precisou falar nada para dizer tudo.

Meu irmão, minha irmã, se você não está ouvindo mais a voz de Deus, permita-me lhe dizer, com toda fé do mundo: creia, ele está piscando para você.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Você já ouviu falar de Gandhi, hindu pacifista que, utilizando a filosofia da não violência, liderou – e conquistou – a independência da Índia. Enquanto os exércitos ingleses vinham com porretes, ele revidava com jejuns, inteligência, bons argumentos e manifestações pacíficas. Gandhi disse: “A não violência nunca pode ser usada como um escudo para a covardia, é uma arma para os bravos”.

Em seus anos estudando na Inglaterra, ele teve contato com o cristianismo. Indagado sobre se a fé cristã não o atraía, ele respondeu que o Cristo sim, mas a incompatibilidade entre os ensinamentos de Jesus e a prática dos cristãos o mantinha afastado. Sobre certo cristão que conheceu, Gandhi disse: “Ele pecava com olhos abertos, e mostrava-me que isso nem ao menos o deixava angustiado”.

Vejo o exemplo e as palavras de Gandhi, um hindu pagão, e os comparo com muitos de meus irmãos e irmãs em Cristo de nossos dias. Por alguma razão bizarra, enorme quantidade de cristãos passou a acreditar que belicosidade é o caminho para as conquistas do evangelho.

Esse ramo da igreja se espelha no péssimo exemplo de líderes cristãos violentos, a quem consideram pessoas corajosas e destemidas. Quanto mais os tais líderes berram, cospem e batem na mesa, mais “ungidos” lhes parecem. Jogam no lixo as virtudes do fruto do Espírito e fazem malabarismos teológicos para justificar agressões e ataques aos “inimigos da fé” como se a agressividade e o ódio fossem virtudes. A Bíblia, para eles, não é centrada na cruz, mas no azorrague de Cristo.

Esquecem dos mártires do Coliseu. Esquecem das palavras de Jesus a Pedro após esse decepar a orelha de Malco. Esquecem do fiasco que foi o uso da violência por cristãos nas Cruzadas. Esquecem do Sermão do Monte. Esquecem de Romanos 12. Esquecem de 2Timóteo 2.24-26. E promovem a beligerância, a agressividade e o confronto como armas divinas contra o que é anticristão. Usam as armas do diabo “em nome de Jesus”.

Não tenho nenhuma esperança de que minhas palavras mudarão o coração desses. Eu não tenho esse poder. Como convencer adeptos da briga, do berro e do confronto de que amor, paz, amabilidade, bondade, mansidão e autocontrole são o DNA da fé cristã se já estão convencidos de que é pela força do muque e do grito que a fé cristã triunfará? Eu não tenho esse poder, só o Espírito Santo tem. Meu discurso, para eles, é piada e motivo de chacota. Sempre haverá argumentos na linha “se um ladrão entrar na sua casa, você vai vencê-lo com gentileza?”. Non sequitur, Gandhi que o diga.

Temo por aonde levará esse tipo de pensamento, que valida a violência e a agressividade “em nome de Jesus”. Virtudes como amabilidade, gentileza, mansidão e pacificação são vistas por esse setor da igrejas como “coisa de mulherzinha” ou de “cristãos afeminados”. Crente bom, para eles, é o que transpira testosterona, soca a mesa e demonstra coragem pelo embate.

Só que não foi isso que Jesus ensinou.

Gandhi, um hindu que pagou com a vida por seus ideais, compreendeu o cristianismo melhor do que muitos cristãos – e enxergou as contradições evidentes da prática que não se apoia no texto sagrado. Sem usar agressividade, derrotou o poderoso império britânico. Os mártires da Igreja primitiva entraram pelos portões da eternidade entregando o pescoço ao aço e às feras, sem revidar. Já os cruzados e inquisidores criaram capítulos vergonhosos da história da igreja porque preferiram a espada e o fogo. E, apesar de tudo isso, ainda precisamos falar dessas coisas em pleno século 21 como se fossem novidade.

Que Deus se apiede de sua noiva e perdoe aqueles que lançam lama sobre o belo evangelho do Príncipe da Paz, o Manso Cordeiro. O pseudoevangelho da brutalidade é escândalo para o mundo – não por sua mensagem confrontar os valores mundanos, mas por ser exatamente igual ao mundo. Por deixar patente que não há diferença no modo de agir desse setor da igreja e o modo de agir do mundo. Só o que muda são as causas defendidas. Os meios são os mesmos: violência, guerra, agressão, ofensas, dedo na cara, confronto.

E isso não é coragem. Isso é pecado. O que me faz lembrar das palavras de Gandhi: “Ele pecava com olhos abertos, e mostrava-me que isso nem ao menos o deixava angustiado”. A história se repete.

No fim, essa é uma questão individual. Só existiram Cruzadas porque, um a um, indivíduos se tornaram cruzados. E, hoje, só haverá guerras santas, “jihads gospel”, se indivíduos se juntarem às fileiras dos apoiadores da violência. No fim, essa será sempre uma decisão individual.

A pergunta que resta é: qual evangelho você apoiará? O dos fiéis mártires pacificadores ou o dos violentos cruzados do berro e do soco na mesa?

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Meus olhos correm pela Bíblia procurando passagens que sirvam de base para que cristãos vivam brigando. Não encontro. Comparo o comportamento de frequentadores de igrejas brigões (o que inclui muitos pastores) com a descrição que Jesus faz de gente bem-aventurada e não encontro compatibilidade. Isso me lança em reflexões.

É um fato: vivemos uma geração de cristãos esquisitíssimos, que acham que viver brigando é uma possibilidade bíblica aceitável. Fazem de brigas com o marido, a família, os “amigos” das redes sociais um hábito. E creem que é um comportamento bonito aos olhos do Deus que nos ordena: “O servo do Senhor não deve viver brigando, mas ser amável com todos, apto a ensinar e paciente” (2Tm.2.24).

Deixe-me repetir: “O servo do Senhor não deve viver brigando”.

Não é um pedido, é uma ordem de Deus.

De onde veio esse pensamento bizarro? Talvez de judaizantes que se baseiam no comportamento guerreiro da Israel do AT. Talvez da ideia alucinada de que, porque Jesus derrubou as mesas dos cambistas, nós podemos ser briguentos. Talvez porque é mais fácil arranjar desculpas bíblicas para continuar sendo tão bruto depois da conversão como antes dela, para não ter de lutar contra sua natureza. Seja a razão que for, justificativas são muitas para ser um adepto das brigas “em nome de Jesus”. Aceitáveis? Nenhuma.

A explicação é que somos, ao mesmo tempo, habitação do Espírito Santo e do pecado. Se vivermos pelo Espírito, seremos pacificadores, autocontrolados e mansos. Porém, se vivermos pela carne, seremos brigões, petulantes, escravos do pecado. Cada um de nós precisa fazer uma autoavaliação. Será que vivemos brigando? Preferimos ter razão a ter paz? Então, precisamos urgentemente tratar essa inclinação. Como? Buscando a face do Príncipe da Paz. Humilhando-se diante do Manso Cordeiro. Arrependendo-se.

E que aquele que nos “chamou para viver em paz” (1Co 7.15) mude nosso coração de pedra em um de carne, disposto a boas obras e a viver como, de fato, ele nos chamou para viver: em paz.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Quando eu era jovem, acreditava que viver era ter doses diárias de emoção. Fosse pelo beijo de uma mulher, pelos gritos da plateia da sua banda de rock, pela repercussão de sua reportagem, pela festança desregrada. Eu era tolo, eu sei. O fato é que por muitos anos acreditei que viver emoções era a meta da vida. Um dia sem emoções seria perdido, inútil.

Até que fui salvo.

Mas, talvez porque não ensinam essas coisas no seminário, achei que tinha de continuar caçando emoções – só que emoções “gospel” – e por isso cometi erros e perdi muito tempo. Tolo. Hoje, tenho cabelos grisalhos. Na rua, para minha estranheza, me tratam por “senhor”. Adolescentes me chamam de “tio”. E as bolsas sob os olhos, fruto de anos de noites mal dormidas lendo, escrevendo e meditando, me dão uma aparência envelhecida. Fato é que meus anos me fizeram passar por um interessante processo de maturação.

Não busco mais emoções. Descobri que uma vida bem vivida não é sinônimo de dias alucinados à caça da nova dose de emoção. O que os anos, as dores, os erros e as alegrias me ensinaram é que a verdadeira felicidade não vem de emoções, mas de algo extraordinário chamado… paz.

Ainda gosto de emoções. Não me furto de desejar um coração acelerado. É bom, quem não gosta? Mas percebi que elas não são o asfalto da estrada: a paz é. A paz de uma consciência tranquila, um jardim florido ao canto dos bem-te-vis, um dever cumprido, uma paisagem tocante, um cafuné, a certeza de uma boa chegada.

Paz não é um luxo, é essência da vida com o “Deus da paz” (Rm 16.20). Tanto que é fruto do Espírito (Gl 5.22-23). Paz era, para Cristo, foco (Lc 10.5; 24.36; Jo 20.19,21,26). Paulo repetidamente desejava paz às pessoas (Rm15.33; 2 Ts 3.16; Ef 6.23), assim como João (3 Jo 1.15) e Pedro (1 Pe 5.14).

Se você é jovem, eis o conselho de um velho: não construa sua vida sobre o alicerce gelatinoso da caça à emoção. Antes, faça da busca da paz a sua base. É possível que, hoje, você não compreenda, mas, quando seus cabelos ficarem brancos e sua pele enrugar, você entenderá. E aí olhará para trás e se dará conta de quanto tempo perdeu correndo atrás do vento.

Pois emoção é vento. Já paz é oxigênio.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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Deus nos poda diariamente. E, quanto mais eu vivo, mais percebo que a principal maneira de ele fazer isso é no campo dos relacionamentos humanos.

Peço para amar mais, ele insere em meu caminho pessoas que me fazem querer destilar cada gota de ódio, egoísmo e indiferença.

Peço para ter mais alegria, ele me põe em contato com gente que me entristece e deprime ferozmente.

Peço paz, ele põe em minha jornada pessoas que tornam as pequenas coisas da vida uma enorme tribulação.

Peço paciência, ele me faz conviver com gente insuportável.

Peço amabilidade, ele me junta com pessoas estúpidas, grosseiras e arrogantes.

Peço bondade, ele me faz conhecer maus que prosperam e se alegram.

Peço fidelidade, ele me permite conviver com quem provoque meus instintos mais pecadores e egoístas.

Peço mansidão, ele põe em meu caminho gente explosiva e briguenta.

Peço autocontrole, ele me faz viver situações que me instigam a deixar o velho e impulsivo homem assumir as rédeas da vida.

Paro. Suspiro. Oro. Leio. E tento vencer aquele momento, pois basta a cada segundo o seu mal. O segundo seguinte virá e, muitas vezes, vencerei. Outras tantas, perderei. Mas é na equação entre perdas e ganhos que ele vai me podando.

Poda-me, Senhor, para que eu me torne aquele que, depois de aperfeiçoado, leve amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e autocontrole ao meu próximo, o bom e o mau. Ainda estou longe, muito longe disso, imerso neste oceano de imperfeição que sou, mas sigo na jornada.

Meu irmão, minha irmã, agradeça a Deus pelas piores pessoas que atravessam seu caminho. Pois elas são a maior bênção que você poderia receber no processo de fazer de você alguém cada dia mais diferente delas e mais parecido com o único que é totalmente perfeito: Jesus de Nazaré.

Maurício Zágari
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A maioria das pessoas tem o mau hábito de caminhar pela vida tendo como foco os sonhos que deseja realizar. Confesso que não gosto de enfatizar meus sonhos, embora, é claro, eu os tenha.

Explico: sonhos são objetivos, metas, destinos, linhas de chegada. Se supervalorizo o sonho, isto é, aquilo que espero que aconteça lá na frente, deixo de valorizar tudo o que posso viver no decorrer da jornada. E a realidade é que nós não vivemos apenas para “chegar lá”, vivemos para experimentar a soma de todos os instantes que compõem o trajeto até atingirmos o alvo.

Ficar infeliz porque nossos sonhos não se realizaram é deixar de desfrutar da paisagem grandiosa da escalada só porque ainda não chegamos ao cume da montanha. Mas… o cume não é tudo! Cada etapa vencida é uma vitória, um deleite, uma gota de felicidade. Se o sonho é ter um filho, não despreze as alegrias dos nove meses de gravidez.

Se o sonho é ter o emprego, não despreze o aprendizado do processo de consegui-lo. Se o sonho é o casamento, não despreze tudo de bom que a solteirice proporciona antes de subir ao altar. Em suma: pare de dar tanta ênfase ao sonho e passe a valorizar a jornada que o leva até o sonho.

É saudável ter objetivos e desejar “chegar lá”. Nosso erro é achar que a alegria e o propósito da vida estão em ver os sonhos realizados. Nada disso. Jesus nos ensinou que basta a cada dia o seu mal, isto é, cada dia tem seu próprio foco, valor e propósito. A felicidade está na soma de todos os pequenos e aparentemente insignificantes momentos que, juntos, nos levam até a realização, ou não, dos nossos sonhos.

Afinal, essa soma de momentinhos tristes e felizes, vitórias e derrotas, lágrimas e sorrisos é aquilo que compõe este presente tão maravilhoso que Deus nos deu, chamado… vida.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari
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Já parou para pensar que planos para o futuro Moisés fazia aos 39 anos? Príncipe, morando no bem-bom do palácio, paparicado por servos, sem precisar trabalhar para viver, tendo do bom e do melhor. Imagino que ele fizesse planos como dar um pulinho no Nilo para se banhar, participar de um campeonato de corrida de bigas, comprar uma espada nova, casar com uma nobre egípcia, construir um palacete bacana.

Mas aí, aos 40 anos, seus planos foram destruídos, quando teve de fugir do Egito. Virou trabalhador braçal, casou com a filha de um pastor, passou a morar em tendas e a falar outro idioma. Tudo diferente.

Aí, aos 79 anos, quais seriam seus planos para o futuro? Creio que se aposentar do pastoreio e desfrutar de uma vida tranquila, sentado na cadeira de balanço com Zípora, brincando com os netinhos e vendo o pôr do sol. Mas, aí, vem Deus no ano seguinte e muda tudo. Libertador. Confronto com o Faraó. Deserto. Uau.

A história de Moisés é uma entre tantas na Bíblia que mostram como devemos estar preparados para ter nossos planos totalmente transformados por Deus do dia para a noite. José. Jó. Pedro. Paulo. E tantos outros, que tinham planos absolutamente diferentes e foram surpreendidos por futuros radicalmente transformados por Deus.

Jesus falou sobre isso (Lc 12.16-20), chamando de louco quem deposita as esperanças nos próprios planos. Eu mesmo aprendi isso na carne: não foi nem uma, nem duas vezes em que achei que tinha chegado ao local preparado para mim por Deus em seus propósitos e, quando vi, ele transformou absolutamente tudo, sem que eu pudesse fazer nada.

Faça planos. Trace metas. Planeje percursos. Mas nunca deixe de fora da equação o fator mais importante: o propósito de Deus para sua vida. Porque, se os seus planos forem diferentes dos de Deus (e, provavelmente, são), ele mudará tudo, de forma rápida e, por vezes, assustadora.

Esteja preparado para ser frustrado pelo Senhor. Porém, que isso não lhe faça mal. Afinal, saber que tudo mudou porque Deus quis fazer cumprir sua boa, agradável e perfeita vontade em sua vida não é motivo de frustração e tristeza, mas de alegria, realização e glória eterna.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari
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É fácil tomar a decisão de fugir para Társis quando se é Jonas. Afinal, embora cabeça dura, o profeta sabia exatamente o que Deus queria. Desobedeceu com clareza da situação. Mas… e quando você não sabe se o Senhor quer que vá para Nínive, Társis, Columbandê ou Paramaribo? Que rumo tomar?

Sabemos que caminhar segundo a vontade de Deus é o que nos conduzirá aos pastos verdejantes. A questão é que, falhos e pecadores, frequentemente erramos. Achamos que Deus quer que sigamos para oeste quando ele quer que rumemos para leste. E quebramos a cara.

Se você tem enfrentado dilemas sobre que rumo seguir, saiba que não é o único. Davi se viu nessa situação muitas vezes. E deixou para nós uma pista do que fazer: “Mostra-me por onde devo andar, pois me entrego a ti. […] Que o teu Espírito bondoso me conduza adiante por um caminho reto e seguro” (Sl 143.8-10).

Davi foi claro: se queremos seguir pelo caminho certo, precisamos deixar quem conhece o caminho nos guiar. Para isso, duas atitudes são necessárias: 1) Estar sempre junto do guia; 2) Seguir pelo caminho que ele aponta e não pelo que nossa teimosia determina. E isso só é possível se vencemos nosso ego.

Em linguagem bíblica, vencer o ego é “negar a si mesmo”. E Jesus deixou claro que, se alguém quisesse segui-lo (isto é, deixar que ele mostre o caminho), precisaria aniquilar o ego. Negar a si mesmo. Tomar a sua cruz. E, então, segui-lo.

Sim, o caminho para cumprir a vontade de Deus é sempre duvidar das próprias vontades e certezas. Pois é esse saudável questionamento do eu que abre espaço para o “e se…?”. E se eu estiver errado? E se o caminho for outro? E se Deus não quiser isto?

Quando você se pegar duvidando dos seus caminhos, só lhe restará ir até o guia. Buscar a face do condutor. Almejar a intimidade daquele que conhece o caminho. E, com isso, terá cumprido a vontade de Deus.

Por quê?

Porque o que Deus realmente quer é que você esteja junto a ele. E, uma vez na presença do Eterno, qualquer rumo que tomar será o certo. Estranho? Não se você entende o principal: mais importante do que saber que rumo seguir é caminhar junto a Deus em qualquer caminho em que estiver.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari, editor da GodBooks Editora
Instagram e Facebook: @editoragodbooks

Hoje quero abrir meu coração para você. Às vésperas de o blog Apenas completar 10 anos de existência, olho para o passado e vejo quanta coisa aconteceu nesse período. Criei o Apenas para pôr para fora meus pensamentos durante uma crise de estresse e ele acabou se tornando um meio de compartilhar reflexões com incontáveis irmãos e irmãs (hoje, o Apenas conta com 4,9 milhões de acessos), muitos dos quais se tornaram amigos pessoais. Aqui desabafei, exortei, chorei e sorri. Você deve perceber que estou bastante sumido daqui e quero explicar por quê – trazendo, claro, uma reflexão para a sua vida.

Tudo muda. Uma das maiores verdades da existência é que viver é transformar e ser transformado. E, hoje, acredito que este é, justamente, um dos segredos da felicidade: compreender que a nossa atual circunstância em breve será transformada em algo novo, diferente, frequentemente inesperado. Melhor ou pior? Só Deus sabe. Mas, certamente, diferente.

A Bíblia não diz, mas fico especulando o que se passava pela cabeça de Moisés em sua jornada desde o Egito até Midiã. Certamente, dois dias antes, ele imaginava que viveria o resto da vida no palácio de faraó, sendo servido por escravos, sem se preocupar em trabalhar, desfrutando do bom e do melhor. E, agora, 48 horas depois, por sua mente deviam estar passando questionamentos como estes: Como ganharei a vida? Onde morarei? Como serão meus dias? O que me reserva o futuro? Qual é minha real identidade? E, meses depois, o cara que vivia num palácio passou a viver em tendas, o reizinho que era servido passou a ter de trabalhar cuidando de animais, o homem que falava egípcio teve de aprender midianita, o príncipe que se vestia luxuosamente passou a usar túnicas rústicas de pastor… tudo mudou. Tudo!

Assim é a vida.

Pense em José. Hoje, filhinho de papai, usando a túnica talar, fazendo fofoca dos irmãos, sendo paparicado pelo pai, com a vida ganha. Amanhã, no fundo de uma cisterna. Depois de amanhã, escravo. Depois de depois de amanhã, servo na casa de Potifar. Dois dias depois, presidiário. Por fim, governador de toda uma nação. Quem imaginaria?! Que loucura!

Mas… assim é a vida.

Pense em Jó: hoje, rico, saudável, pai feliz, religioso, legalista e cheio de certezas. Amanhã, doente, acusado pelos amigos, amargurado pela esposa, pobre, cheio de dúvidas. Depois de amanhã, íntimo de Deus, rico novamente, com filhos que não imaginava mais ter… tudo novo e diferente.

Vida.

Sim, quando olhamos para a Bíblia, vemos que todas essas inesperadas reviravoltas na jornada dos homens e mulheres de Deus não aconteceram em vão: foram parte do grande plano divino e contribuíram para a realização de seus propósitos. O difícil é lidar com as mudanças, pois não enxergamos o que vem à frente e toda transformação gera questionamentos, dúvidas, angústias e incertezas. Para ser feliz, portanto, é preciso esperar o inesperado, saber que aquilo que hoje é… amanhã não será mais. Se entendermos que nossa atual realidade sem nenhuma sombra de dúvida vai mudar, quando mudar não seremos pegos de surpresa nem sofreremos a dor do inesperado; antes, teremos paz.

E felicidade.

Será que você está vivendo uma crise porque as coisas não são mais como eram antes? Será que está infeliz porque tudo mudou? Será que seu coração é assolado por questionamentos e ansiedade porque queria que as coisas se mantivessem como antes mas elas mudaram à revelia do que você queria? Saiba de uma coisa: a mudança que você viveu se chama, simplesmente, VIDA.

E o Autor da vida segue no comando.

Todas mudanças que você enfrenta, por mais dolorosas que sejam, contribuem para os bons, perfeitos e agradáveis propósitos de Deus. Você não sabia que seria do jeito que está sendo. Mas ele sempre soube.

Eu não estou sumido do Apenas à toa. De um ano e meio para cá, tudo em minha vida mudou. E essas mudanças exigiram de mim o tempo que eu dedicava para escrever as reflexões que aqui compartilho (pois nunca escrevi de qualquer maneira, cada post deste blog é fruto de meditação, reflexão, oração e tempo investido). Algumas mudanças são pessoais. Outras, eu gostaria de compartilhar com você, de forma bastante breve.

Depois de uma série de eventos inesperados, debaixo de intensa oração e muita reflexão decidi fundar uma nova editora cristã: a GodBooks <www.godbooks.com.br>. Foi um ano trabalhando intensamente para que ela existisse, de setembro de 2019 a setembro de 2020. Assim como Moisés, tive de aprender muitas coisas que não sabia, de contabilidade a distribuição de livros. Sempre fui funcionário, agora tive de aprender a ser empreendedor. E assim por diante.

Acredite: foram doze meses de muuuuuuito aprendizado, erros e dúvidas. Perguntei-me muitas vezes se era isso que Deus queria mesmo de mim. Assim como Jó, me lancei a diálogos dolorosos e humilhantes com Deus. Assim como José, chorei em noites escuras e inseguras da alma. E, nesse processo, tive de devotar todo meu tempo, energias e atenções para a criação da GodBooks.

E foi assim que, em 1º de setembro de 2020, a GodBooks lançou seus primeiros livros, “Sexo e santidade”, de Augustus Nicodemus, e “Um clamor por unidade e paz na igreja”, obra inédita no Brasil de John Bunyan (autor de “O peregrino”). Em outubro, saiu meu 12º livro, “A cura da solidão”, e um livro de Wilson Porte Jr., “O impacto da humildade”. E assim prosseguiremos, se Deus permitir.

Um ano e meio atrás, nem em sonho eu poderia supor que, hoje, seria fundador de uma editora que disponibiliza seus livros em todo o território brasileiro e em 190 países do mundo (em formato impresso e em e-book). E que teria no seu time de autores, já no segundo mês, 45 expoentes da Igreja, sendo dois estrangeiros. Que teria um selo para publicação de livros de autores iniciantes, que não encontram espaço em outras editoras, o selo Aprisco: https://godbooks.com.br/publique-seu-livro . E que minha vida seria o que hoje é. Acredite, meu irmão, minha irmã: jamais eu poderia acreditar nisso. Mas… Deus quis. Seja feita a sua vontade.

Por que lhe conto tudo isso? Primeiro, para justificar minha ausência do Apenas por esses muitos meses, visto que a GodBooks vem exigindo todas as minhas energias. Segundo, para dizer que a mudança inesperada que você vive eu também vivo – e que, em meio a todas as dúvidas e incertezas que vêm de ter de sair da zona de conforto, se confiarmos que Deus segue à frente de tudo e que todas as coisas contribuem para os seus propósitos e para o nosso bem, encontraremos a felicidade. Creia: o inesperado para você não pegou Deus de surpresa. Ele sabia. E estava preparado para o que aconteceu.

Meu irmão, minha irmã, se você tem sido abençoado pelo que compartilho no Apenas, quero convidá-lo a acompanhar a GodBooks no Instagram e no Facebook: @editoragodbooks. Também quero convidá-lo a visitar o site da GodBooks e, se desejar, assinar a newsletter, para receber apenas um e-mail por mês avisando sobre os lançamentos: http://www.godbooks.com.br. Minha oração diária tem sido que, se Deus abençoa sua vida por meio do que escrevo neste blog, que abençoe muito mais por meio do que será publicado pela GodBooks.

O Apenas é, a partir de agora, o blog oficial da editora GodBooks. Continua sendo meu espaço de reflexões, e desejo continuar escrevendo aqui. Somente ampliei seu escopo. O conteúdo das reflexões não mudará. Sou grato a você por ter sua companhia aqui. E peço a Deus que, seja pelo Apenas, seja pela GodBooks, eu continue sendo um cano enferrujado, torto e cheio de problemas, mas por onde o nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, siga transportando a água da vida até você. Ore por mim, por favor. Ore pelo Apenas. Ore pela GodBooks. Muito obrigado, meu irmão, minha irmã.

Tudo muda. Saber antecipadamente disso fará com que a mudança não nos pegue de surpresa. E, sem a dor do inesperado, conseguiremos seguir em paz, em tudo dando graças, em segurança e alegria.

E felicidade.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Maurício Zágari
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Pense em João 3.16.

O que me impressiona em Deus não é ele ter amado. Afinal, ele é amor e não se poderia esperar outra coisa dele. “Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4.8).

Também não me impressiona ele ter amado o mundo. Ele é misericórdia, compaixão, empatia, graça. O que esperar de alguém assim? Que ele amasse só quem é amável? Claro que não, senão ele estaria exercendo somente a justiça dos homens. “Se fizerem o bem aos que lhes fazem o bem, que recompensa terão? Até os pecadores fazem isso. […] ele é bondoso até para os ingratos e maus. Sejam misericordiosos, como também é misericordioso o Pai de vocês” (Lc 6.33‭-‬36).

Não me impressiona, também, Deus ter dado seu Filho unigênito. Pois junte o amor e a misericórdia já mencionados e fica claro que alguém assim jamais hesitaria em dar o seu melhor pelos necessitados de salvação. “Em tudo tenho mostrado a vocês que, trabalhando assim, é preciso socorrer os necessitados e lembrar das palavras do próprio Senhor Jesus: ‘Mais bem-aventurado é dar do que receber’.” (At 20.35)

Tampouco me surpreende Deus ter feito tudo isso para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Afinal, o Senhor nos criou para conviver com ele, não para vivermos distantes. Ele nos formou para vê-lo face a face, não para nos ser invisível. Ele criou cada um de nós para a eternidade ao seu lado, sem sofrimento nem dor, e não para o fogo eterno, que não foi idealizado para nós, mas foi “preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).

Agora… sabe o que me emociona? O “de tal maneira”. Isso me impacta. Deus poderia nos amar. Poderia exercer misericórdia. Poderia dar seu melhor por nós. Poderia restabelecer nossa comunhão. Mas poderia ter feito isso de modo tranquilo, morno, manso, calmo, blasé. Mas, não. Ele amou “de tal maneira”. Em outras traduções da Bíblia, ele amou “tanto”.

Isso fala de intensidade. De um amor explosivo, transbordante, infinito, que é mais amplo do que todas as galáxias conhecidas e desconhecidas pelo homem. Um amor cuja dimensão é incompreensível e inalcançável pela nossa razão limitada. Um amor único, exclusivo, exemplar. Eu e você estávamos mortos em nossos delitos e pecados quando Deus nos amou de tal maneira, isto é, estávamos mortos, putrefactos, em decomposição, exalando um cheiro espiritual insuportável. E, ainda assim, ele nos abraçou, beijou e amou de tal maneira.

Inacreditável. Embora seja absolutamente impossível a um ser humano amar como Deus ama, é perfeitamente possível esforçar-se ao máximo para levar nosso amor à última consequência. Amar no limite de nossas capacidades. Mas saiba de algo: isso vai te custar muito caro, como custou a Deus. Amar às últimas consequências exigirá de mim e de você negar-se. Tomar a própria cruz. Chorar amargamente, por ter de suportar injustiças, maldades e não devolver mal com mal, abençoando quem nos persegue e orando por eles, “Porque, se vocês amam aqueles que os amam, que recompensa terão?” (Mt 5.46).

Que Deus nos ajude. Que Deus nos ajude a amar quem não é amável com um trilionésimo do amor com que ele nos amou – e ama. De tal maneira. Que impressionante. Que extraordinário. De tal maneira. Diante disso, só me restam duas orações: “Obrigado!” e “Ajuda-me a amar!”.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari
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