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Paz1Treze quilos. Esse é o peso da paz.

Calma. Antes que você ache que perdi o juízo ou algo do gênero, deixe-me explicar. Passei tempos atrás por um período muito difícil, com uma crise de estresse e outros problemas. Sempre ouvi falar de pessoas que perdem o apetite e achava aquilo estranho, pois sou um bom garfo, que come bem faça sol ou chuva. Então foi bizarro quando, no meio daquela crise de estresse, ansiedade e tristeza, percebi que o apetite simplesmente desapareceu. Meus almoços se restringiam a três garfadas. Jantar? Uma fruta. A verdade é que a falta de paz me roubou a fome, cuja ausência levou embora 13 quilos. De 82 passei para 69 sem fazer nenhum esforço, nenhuma dieta e sem praticar nenhum exercício físico. Impressionante. Foi quando cheguei à conclusão de que a paz pesa 13 quilos: quando ela foi embora esse é o peso que levou consigo.

O tempo passou, a vida prosseguiu e a paz de espírito voltou. Demorou meses, é verdade, mas aos poucos Deus agiu e a restaurou. O resultado é que hoje estou com 76 quilos. Sumiram os sulcos da face, voltou o sorriso com maçãs do rosto e ainda saí com um bônus: minha barriga nada elegante hoje está dentro de proporções aceitáveis. Em tudo isso posso dizer que senti literalmente na pele o que acontece quando uma pessoa perde a paz em sua vida.

Paz não é um artigo supérfluo nem um luxo. Tanto que é fruto do Espírito (Gl 5.22), o que demonstra sua importância como parte da natureza divina. Isso se confirma em Romanos 16.20 quando Paulo refere-se ao Senhor como “o Deus da paz”. A paz de Jesus é um elemento tão fundamental que serve para nós inclusive como juiz. Colossenses 3.15 deixa isso claro: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo”.

Paz2Os evangelhos nos mostram que quando Jesus chegava em algum lugar, ele não desejava às pessoas prosperidade, amor, vida longa, bons ventos, um bom dia ou saúde pra dar e vender: desejava paz. Esse fato revela de maneira inequívoca como paz está entre as prioridades de Cristo. Podemos ver esse fato em muitas passagens, como Lucas 10.5 (“Ao entrardes numa casa, dizei antes de tudo: Paz seja nesta casa!”), Lucas 24.36 (“Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco!”), João 20.21 (“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco!”), João 20.19 (“Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!”) e João 20.26 (“Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!”).

O mesmo se repete com os apóstolos. Paulo repetidamente deseja paz às pessoas a quem saúda, como em Romanos 15.33 (“E o Deus da paz seja com todos vós”), em 2 Tessalonicenses 3.16 (“Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê continuamente a paz em todas as circunstâncias”) e Efésios 6.23 (“Paz seja com os irmãos e amor com fé, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.”). O discípulo amado João também replica a seus conhecidos o desejo do Senhor:  “A paz seja contigo. Os amigos te saúdam” (3 Jo 1.15). E o apóstolo Pedro termina sua primeira epístola desejando aos seus destinatários o mesmo que sempre desejo a quem me lê pelo APENAS: “Paz a todos vocês que estão em Cristo” (1 Pe 5.14).

No Antigo Testamento encontramos numerosas passagens em que vemos pessoas que se saudavam desejando que tivessem paz. Encontramos isso, por exemplo, em 1 Samuel 25.6, Juízes 6.23, Juízes 19.20, Daniel 4.1, Daniel 6.25, Daniel 10.19 e outras passagens.

Paz3O desejo de que tenhamos paz é recorrente no coração de Deus. Já vimos que o Filho se dirige aos seus amados sempre desejando paz. Descobrimos que esse também é o desejo do Pai, em passagens como Daniel 10.19, quando Ele fala ao profeta: “Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo! Sê forte, sê forte”. E, em 1 Crônicas 12.18 podemos ver que o Espírito Santo também se manifesta dessa forma: “Então, entrou o Espírito em Amasai, cabeça de trinta, e disse: Nós somos teus, ó Davi, e contigo estamos, ó filho de Jessé! Paz, paz seja contigo! E paz com os que te ajudam!”.

Bem… qual é a conclusão de tudo isso? Essencialmente que Deus tem um desejo sincero de que vivamos em paz. Portanto, se você está sem paz no seu coração, deve recorrer ao Senhor em busca dela. Pois seria absolutamente incoerente que aquilo que o Pai, o Filho e o Espírito desejam aos homens seja contrário a sua soberana vontade. O Senhor sabe que nem sempre teremos paz, mas tê-la em nós é o estado ideal que o Senhor almeja para seus filhos.

Perdi a paz por um tempo e com ela se foram 13 quilos. Mas o Pai me dá por herança uma “paz que excede todo o entendimento” (Fp 4.7). o Filho está comigo todos os dias, até a consumação do século (Mt 28.20). E o Espírito Santo que habita em mim tem como uma das virtudes de seu fruto justamente a paz (Gl 5.22). Com tudo isso, tenho certeza que a paz é o estado desejável daquele que é salvo.

E, se você está sem paz neste momento de sua vida, lembre-se sempre que, se o peso terreno da paz são 13 quilos, a Bíblia também nos revela, em 2 Coríntios 4.17, o peso da paz eterna. E ele é exatamente aquele que nossa leve e momentânea tribulação produz para nós: um peso eterno de glória, acima de toda comparação.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Mauricio

Perdao1Há alguns dias uma pessoa me pediu perdão. Foi alguém que me causou mal meses atrás ao fazer afirmações a meu respeito que foram muito além de quem eu sou, de minhas atitudes e das verdadeiras intenções de meu coração. Confesso que eu jamais esperaria que, passado tanto tempo, chegasse aquele e-mail, com palavras tão cristãs: “Por ser essa vil pecadora, peço-lhe humildemente perdão por tudo o que lhe fiz, por ter deixado o mal exercer o domínio da minha vida, quando permiti que o pecado entrasse em meu coração (…) A vida não para pra gente consertar os erros, porque erros não se consertam, apenas os confessamos e esperamos que pela misericórdia sejamos perdoados”. Admito que fiquei muito comovido.  Muito, muito, muito. Chorei uma manhã inteira. Pois, embora o perdão seja um dos alicerces do Evangelho, poucos são os que têm a grandeza de realmente superar seu orgulho e reconhecer os erros. Mesmo que no passado aquela pessoa tenha apresentado para pessoas importantes em minha vida uma imagem distorcida de mim e de meus atos, no presente seu gesto tornou-a admirável aos meus olhos. E tenho certeza que muito mais aos olhos de Deus.

Existe uma ideia de que admitir um erro e pedir perdão seria “se rebaixar”. Mas é exatamente o contrário: é um gesto de bravura, humildade bem-aventurada e que prova crescimento espiritual de um servo de Deus. Quando li o email eu não perdoei tal pessoa – pois já a tinha perdoado meses antes em meu coração e em oração. Mas a fiz saber que estava perdoada e aproveitei para também lhe pedir perdão por todo mal que porventura lhe tivesse feito. Quer saber? Foi um dos sentimentos mais maravilhosos que tive em toda a minha vida. Pois, ao perdoar e pedir perdão, o Reino de Deus se fez presente, o Evangelho genuíno se manifestou e eu creio piamente que os anjos no Céu sorriram e festejaram.

Perdao2É certo e seguro, meu irmão, minha irmã, que há alguém a quem você deve pedir perdão. Eu mesmo creio que tenho no mínimo umas 50 pessoas de quem preciso lavar os pés. Dificilmente existe um ser humano que não tenha de humilhar-se por algum mal feito ao próximo, alguma injustiça cometida, algo que disse e provocou feridas. O que é bom, entenda, pois a humilhação aos olhos de Deus é totalmente diferente da humilhação aos olhos dos homens, não é um ato de inferiorizar-se, é um ato sublime. Você pode ter julgado alguém erradamente. Ou difamado essa pessoa. Pode ter tirado dela algo que não lhe pertence. Pode ter magoado seu coração. Pode ter mentido. Pode ter machucado fisicamente. Pode ter prejudicado financeiramente. Pode tê-la passado para trás no trabalho. Pode ter sido injusto em alguma situação. Pode ter feito fofoca sobre ela. Pode ter tomado seu cargo na igreja. Pode ter agido contra ela por inveja ou interesses materiais. Pode ter feito milhões e milhões de coisas que prejudicaram ou magoaram alguém.

A boa notícia é que pedir perdão está ao seu alcance.

Perdao3Em sua carta aos colossenses (3.13,14), Paulo descreve o caminho da grandeza: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós”. O apóstolo não diz que conviver com pessoas pecadoras é fácil. Conviver comigo, que sou um tremendo pecador, é muito difícil, eu sei. Admiro quem me suporta. Mas quem o faz está cumprindo esse mandamento divino. Temos de suportar-nos e não segregarmos. Esse é o primeiro passo. Em seguida, vem o xeque-mate: temos de nos perdoar mutuamente. Não somente ficar esperando que nos peçam perdão: devemos tomar a iniciativa. Nesse sentido, essa pessoa que me pediu perdão foi muito mais grandiosa do que eu, pois deu o primeiro passo, ainda mais sem saber que já tinha sido perdoada e submetendo-se a possíveis reações hostis que eu poderia ter.

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E isso é algo que precisamos ter em mente: nunca esperar o outro vir até nós, importa que façamos a nossa parte. Peça perdão sem esperar ser perdoado ou sem esperar uma boa reação. Faça o que tem de fazer. Faça o que é certo. Faça Jesus se orgulhar de você. Mas se alguém vier primeiro até você e pedir perdão de coração contrito… perdoe. Não importa a dimensão do mal cometido. Importa, isso sim, a dimensão da graça de Deus. Você não faz ideia do bem que perdoar promove em nosso coração. Pedir perdão, então, é algo libertador. Magnânimo. Engrandecedor. Não perca uma oportunidade sequer de fazê-lo, é um dos maiores prazeres e das maiores alegrias que um cristão pode sentir. É, literalmente, divino.

Tudo isso caminha na contramão da nossa cultura. A sociedade prega que devemos estar sempre por cima e manter nosso orgulho. Só que, para o Senhor, é o contrário: “Os insensatos zombam da ideia de reparar o pecado cometido, mas a boa vontade está entre os justos” (Provérbios 14.9). No Reino de Deus, o que te faz grande é se pôr por baixo. Preferir os outros em honra. Humilhar-se para ser exaltado. Tomar na cara sem revidar. Em tudo isso Deus agirá em favor de Seus filhos que procederem conforme o padrão do Reino e não o deste mundo.

Perdao4Quando tais falácias foram ditas a meu respeito tempos atrás, eu poderia ter revidado, retaliado, me defendido, posto a boca no trombone – ou seja, ter agido conforme a raiva e o ódio do mundo. Mas já tinham me ensinado àquela altura que o caminho da Cruz é o de não devolver mal com mal, fazer o bem a quem nos faz mal, orar e abençoar quem nos persegue. E, o mais difícil de tudo: não se defender. Mesmo que rangendo os dentes, suportar tudo calado. Não ficar tentando desmentir exageros ditos a seu respeito e que não condizem com a realidade. E por quê? Simplesmente porque foi o que Jesus fez. É a atitude bíblica, como Paulo deixa claro em Romanos 12. Tenho certeza de que a opção de suportar em silêncio, sem me defender ou dar o troco, pesou no mundo espiritual para o bem de todos e, enfim, para esse pedido de perdão. Que me permitiu levar a essa pessoa a paz de saber que já estava perdoada e também lhe pedir perdão por qualquer mal que lhe tenha feito. Em resumo: para fazer o Evangelho entrar em ação e ter consequência.

Deus criou mecanismos perfeitos de funcionamento das coisas: quando não revidamos Ele nos abençoa. Quando não devolvemos mal com mal Ele nos abençoa. Quando aguentamos o vitupério em silêncio sem nos defendermos Ele nos abençoa. Quando temos a grandeza de pedir perdão Ele nos abençoa. Quando concedemos perdão Ele nos abençoa. O modo de ser e agir do Reino é maravilhoso. É lindo. Nunca será defendido nos filmes de Hollywood ou nas novelas da televisão, somente nas páginas das Escrituras. As atitudes cristãs fazem as pessoas se aproximarem entre si. Fazem as pessoas se aproximarem de Deus. Dá a elas a aparência de Cristo. Se agirmos sempre como Jesus agiu estaremos pondo no rosto do manso Cordeiro um largo sorriso.

Perdao5Você fez mal a alguém, meu irmão, minha irmã, mesmo que tenha sido sem querer ou num momento impulsivo ou de raiva? Não perca tempo: peça perdão ainda hoje. Alguém te feriu muito? Não perca tempo: perdoe-o antes mesmo que ele lhe peça perdão. Disseram que você fez muito mais do que fez – ou mesmo o que não fez? Ou mesmo acreditaram no que foi dito sem ao menos lhe perguntar se tudo condiz com a realidade? Entregue nas mãos do Pai de amor, como o Filho de amor fez. E, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, não abra a boca. Entregue a situação para Deus e espere. É difícil? Pode ser, mas é cristão.

O Natal está chegando. Esse pedido de perdão chegou em boa hora, pois me lembrou enfaticamente do significado primordial dessa celebração cristã. A vinda do Verbo para reconciliar, perdoar, unir, restaurar. Domingo passado estive em um culto na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro e, ao som do belíssimo “Gloria”  de Vivaldi, entoado por um grande coral e um lindo órgão, chorei novamente, emocionado, lembrando-me do real sentido do Natal. Ali agradeci a Deus por ter-se dado por nós e nos ensinado a ser como Ele é. Perdoador. Manso. Humilde. Amoroso. Contrito. Um embaixador da paz.

Gostaria de terminar com a letra desse hino de Vivaldi, que resume bem a gratidão que sinto neste momento e o que todos devemos dizer ao Senhor – palavras que o coral de anjos cantou ao anunciar o nascimento de Jesus aos pastores no campo próximo a Belém (Lucas 2.14):

Perdao6Gloria, gloria! Gloria, gloria in excelsis Deo!
(Glória, glória! Glória, glória a Deus nas alturas!)

Peça perdão a quem precisa pedir. Hoje. Agora. Já. Não espere. Não perca tempo. Não condicione isso a qualquer coisa: nunca diga “só pedirei perdão se…”. Não! Passe a mão num telefone, escreva um email, vá até a outra pessoa… e aja conforme o coração de Jesus. Não espere um segundo mais. Eu te asseguro que isso te fará admirável aos olhos dos homens. E, muito mais, de Deus.

[Mais sobre perdão, no post A dieta do perdão]

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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Tenho aprendido muitas coisas sobre Deus com a paternidade. Uma delas são os benefícios proporcionados pelas dificuldades da vida. É muito comum em nosso meio ouvirmos dos irmãos que, se estão passando “pela prova”, é porque Deus está descontente, castigando por algum pecado cometido ou algo assim. Uma das correntes mais fortes é a que atribui as dificuldades ao diabo. “O inimigo está furioso”, “o diabo se levantou contra minha vida”, “estou na luta contra os demônios”, “o devorador não está me dando descanso”… são muitas variações do mesmo tema. Mas, quanto mais eu vivo, menos acredito que as dificuldades da vida são fruto do ódio de Satanás e cada vez mais me convenço de que são fruto do amor de Deus.

Minha filha completa dois anos esta semana. A cada dia que passa vejo o quanto facilitar as coisas para ela a prejudica. Um exemplo que considero clássico, e que vou usar aqui para exemplificar minha reflexão, é quando ela deixa escapulir algum brinquedo para baixo da mesa de nossa sala – o que é algo muito frequente, pois a mesa fica ao lado da área onde mais brinca. É difícil resgatar o brinquedo, pois a mesa acaba formando um labirinto de pernas de cadeiras e as laterais são limitadas por uma parede. É realmente complicado pegar algo que caia ali embaixo. Por isso, no início a tendência imediata dela era me olhar com aquela cara de gato de botas do Shrek e, sem se mexer, pedir com voz melosa: “Pa-paaaai…”, já esperando que eu me levantasse, tirasse todas as barreiras da frente, pegasse o brinquedinho e desse de bandeja na mãozinha dela.

Confesso: no princípio minha ignorância me levava a fazer exatamente isso. Mas, lendo livros especializados e observando, comecei a notar que ela tornava-se cada dia mais dependente de mim em montes de coisas e, sempre que podia, em vez de se esforçar soltava aquele “pa-paaaai…”, tentando me comover para conseguir o que queria sem muito esforço. Foi quando percebi que ajudá-la não a estava ajudando. E muito menos a preparando para a vida. Pois a vida não nos dá as coisas de mão beijada. Mudei então de estratégia. Em vez de levantar e sempre tratar minha filha como uma bonequinha de cristal, tentando protegê-la das próprias gotas de suor, passei a incentivá-la. Frases de encorajamento como “vai lá, filha, eu sei que você consegue”, “tenho certeza de que você é capaz de pegar sozinha” e outras similares passaram a ser a tônica.

E a dificuldade passou a fazê-la crescer como pessoa. Comecei a reparar que aquela bebezinha que estava se tornando uma pequena preguiçosa agora punha os neurônios para funcionar, por vezes engatinhando pelas cadeiras e descobrindo itinerários e formas de chegar onde queria, por vezes arrastando as cadeiras do lugar para abrir caminho, em outras vezes dando a volta na mesa para se aproximar pelo outro lado. Sua mudança foi incrível – como consequência da mudança na forma como papai lidava com ela. De repente parece que  deslanchou como pessoa. Tornou-se mais confiante e independente. Passou a ter mais proatividade e a solucionar suas dificuldades sem ficar dependendo dos outros. Vi que até seu relacionamento com as pessoas mudou para melhor: a timidez diminuiu, parou de agarrar-se tanto ao meu pescoço quando chegava perto de um estranho, tornou-se mais sociável e até mais generosa. Parou de pensar tanto em si e começou a compartilhar mais as suas coisas com os outros, de seus brinquedos a sua comida. Em resumo, começou a se formar diante de meus olhos um ser humano que merece muito mais a minha admiração do que quem ela estava a caminho de se tornar caso eu ficasse facilitando demais a sua vida.

Quando via que ela empacava, eu procurava levá-la a achar soluções sem oferecer respostas prontas. Em vez de dizer “vá por ali” eu perguntava “será que não tem um caminho melhor?”. E deixava que ela raciocinasse e encontrasse seus próprios caminhos. E, lógico, se em algum momento ela ficava presa ou algo assim, de um salto eu a tomava nos braços e a confortava. Conversava com ela, tentava perguntar se ela sabia por que razão tinha se metido naquela situação e tentava mostrar outras possibilidades. Nunca de mão beijada. Sempre conduzindo-a e encorajando-a para, por méritos próprios, ela obter êxito, ganhar confiança, crescer, amadurecer. Encorajamento e elogios todas as vezes, com muita ênfase e festa.

Naturalmente eu fico sempre de olho.  Sempre zelei por sua segurança, não deixava que pegasse em facas ou chegasse perto do fogo aceso. Mas passei a procurar torná-la participante das atividades, a desafiando a encontrar as soluções que eu já conheço e poderia dar mastigado a ela. E sempre – sempre – respeitando o fato de que ela não sou eu e que tem que seguir por seus próprios passos e não necessariamente pelos que eu creio serem os melhores. Notei que às vezes eu dizia “e se você der a volta, filha?” e ela parava, pensava e tomava outro caminho para chegar aonde queria. Claro que ainda é uma criança. Mas se eu continuar a tratá-la como criança para sempre é uma criança que ela sempre será.

Com um ano e meio de vida, eu já não lavava mais as suas mãos. Comprei um banquinho e a ensinei a subir, enxaguar, ensaboar, secar, descer, dobrar o banco e o guardar no lugar. Faço meu café a quatro mãos, pois é ela quem apertava todos os botões da máquina – extremamente sorridente por ter ajudado a fazer o café do papai com seus próprios talentos e suas ações. Ela não faz ideia do que seja medo do escuro, entra e sai de lugares com a luz apagada com a maior tranquilidade, tateando paredes e móveis para cumprir sua meta, pois desenvolveu segurança suficiente para isso.

Da primeira vez que me pediu um suco eu, em vez de lhe entregar o copo pronto, a sentei ao meu lado e mostrei como se espreme uma laranja (na mão, sem ser no espremedor elétrico). E ela adorou! Como, aliás, adora descobrir que é capaz de realizar as coisas. Superar as dificuldades tornou-se, literalmente, um prazer para ela, uma aventura. Se sobe em algum lugar alto e depois não consegue descer, eu pergunto “e agora?” e ela fica pensando por um longo tempo, arrisca algumas tentativas, vira de costas, estica a perna e… consegue. Fico ali, ao lado, as mãos a um palmo dela para que não caia, mas só lhe dou segurança, procuro ao máximo não interferir. Caso contrário ela vai crescer pensando que o papai vai estar sempre ali pra resolver tudo. E, em vez de ajudar, eu estaria estragando a futura adulta que um dia ela se tornará.

Não sou um daqueles pais corujas que acham seus filhos perfeitos. Não: meus pés estão no chão, conheço as falhas de minha filha e sei que ela não é nenhuma criança prodígio, é normal como qualquer outra. Mas consigo enxergar sua evolução como pessoa. Noto que hoje ela não se deixa abater com facilidade ante os becos sem saída, não tem nenhuma preguiça (eu sou muito mais preguiçoso do que ela) e é capaz de, com confiança em si e uma segurança sólida, realizar as tarefas mais complicadas para alguém da sua idade – com intensa vontade de não desistir na primeira ou na segunda dificuldades. Nem sempre ela consegue – e nem eu espero isso. Mas o que me alegra é que ela sempre tenta, tem iniciativa e corre atrás. Não senta no chão e chora. Dá o seu melhor. E, quando consegue… seus olhos brilham e o sorriso de felicidade contagia. Naturalmente, sou o primeiro a ser contagiado.

Ela também é muito edificada pelo “não”. Quando quer que papai compre uma guloseima, um brinquedo ou qualquer outra coisa, na maioria das vezes sou obrigado a me recusar. “Desculpe, filhinha, papai está sem dinheiro”. Ela fica triste, por vezes insiste ou até chora, mas sou obrigado a manter o meu “não”. Isso tem mostrado a ela que a vida muitas e muitas vezes não nos dará o que queremos. É simples assim e temos de nos conformar com os dissabores que virão pela frente.

Hoje, quando ela fala “pa-paaaai…” não é mais para pedir facilidades. É sempre para pedir um abraço, um beijo, uma demonstração de afeto. Pois em seu curto tempo sobre a terra já descobriu que um pai não é uma mina de bênçãos, mas alguém que mostra caminhos, está presente nas emergências e, acima de tudo, é uma fonte inesgotável de amor. Aliás, deixe-me consertar: nem sempre é para pedir um abraço, um beijo, uma demonstração de afeto. Muitas vezes, é para oferecer um abraço, um beijo, uma demonstração de afeto. Pois ela já aprendeu que um pai que orienta, ampara e está sempre junto nas dificuldades – em vez de fazer as coisas por ela – toma essa atitude por amor. E ela se sente amada em toda e qualquer dificuldade.

Mais do que nunca, hoje acredito que o mesmo se dá com o Pai celestial.

Quando olho para as dificuldades da vida tenho a nítida sensação de que Deus faz o mesmo conosco. Ele não nos dá as coisas de bandeja. Permite que cadeiras e pianos fiquem no caminho e pergunta “e agora? Como você vai resolver isso?”. Pois creio que o Senhor quer que cresçamos, amadureçamos, nos solidifiquemos. Moleza não nos ajuda em nada. Tenho primos cujos pais eram os mais ricos da família, foram mimados a vida inteira e ouvi mais de uma vez meus tios dizerem que “queriam dar a eles aquilo que eles próprios não tiveram”. Hoje meus tios não estão mais entre nós. E de todos os primos da familia logo esses são os mais desajustados, sem rumo na vida, perdidos. Pois não passaram pela escola da dificuldade.

Não, não creio que o diabo nos infernize tanto quanto imaginamos. Pois ele não é bobo e sabe como as dificuldades nos fazem crescer e nos aproximam de Deus. O que é tudo o que Satanás não quer. O objetivo do diabo é que nossas almas vão para o inferno e não que nosso carro quebre ou percamos o emprego. Acredito muito mais que o inimigo quer nos dar boa vida aqui para perecermos mais adiante do que criar mil dificuldades que nos façam crescer. Simplesmente não faz sentido. Se tudo está calmo demais nos meus dias… começo a desconfiar. Quando Satanás fustigou Jó foi para que blasfemasse contra Deus e não porque queria sadicamente ver aquele homem sofrer. Satanás, acredite, não é tão raso assim. Ele pensa grande, pensa lá na frente e age sempre preocupado com a eternidade. Deus também.

Deus permite que no mundo tenhamos aflições. Mas ele está sempre ao nosso lado, para nos dizer “mas tende bom ânimo…”. Deus permite a dor e o sofrimento, mas está com as mãos sempre a um palmo de nós, para nos dizer “a minha graça te basta”. Deus permite que passemos por situações em que nos sentimos perdidos num labirinto, sem saber para onde ir ou o que fazer, mas Ele está conosco todos os dias, até a consumação do século, para nos dizer “entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele…”. Deus permite grandes apertos, para que nos tornemos cristãos maduros na fé o suficiente a ponto de dizer  “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!”

O título deste post é “Superando as dificuldades da vida”. Mas, pensando bem… não tenho muita certeza se superá-las é o que Deus deseja de nós. Creio que aprender com elas seja algo muito mais produtivo para a eternidade.

As dificuldades da vida não são prova de que Deus nos abandonou. As dificuldades da vida não são prova de que Deus é mau. As dificuldades da vida não são prova de que Deus abriu mão de sua soberania. As dificuldades da vida não são prova de que Deus não existe. As dificuldades da vida não são prova de que Deus quer nos castigar.

Por tudo o que já vivi como pai, hoje creio firmemente que as dificuldades da vida são, isso sim, uma das maiores provas do amor de Deus por nós.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Lembro do primeiro dia de vida de minha filha, quando uma enfermeira entrou no quarto da maternidade para ensinar a dar banho nela. Na verdade a mulher conduziu uma sessão de  tortura naquele serzinho que por nove meses ficou quentinho e protegido no ventre da mãe: num quarto frio pelo ar condicionado a tal senhora trouxe dois dedos de água quente numa banheira e saiu arremessando a pequena como um pedaço de pano para dentro e fora da água, para cima e para baixo, virando-a e revirando-a, enquanto a pobrezinha berrava, roxa, os bracinhos estendidos e rijos de agonia, os dedos encrispados, urrando de sofrimento. Pode parecer bobagem para nós, adultos, mas para ela era visivelmente uma experiência terrível. Nunca vou me esquecer daquele momento, pois foi a primeira vez que entendi o que é o amor de um pai por um filho.

Minha vontade instintiva foi jogar aquela mulher na parede, não nego. Mas me segurei o quanto pude e, quando ela acabou aquela sessão de tortura medieval, entregou-me minha filhinha de menos de um dia de idade – que soluçava e tremia em meus braços, transtornada, amedrontada e com frio. Não sei descrever o que senti. Quando me dei conta, estava eu de olhos fechados para não olhar para a enfermeira, as lágrimas escorrendo por meu rosto, a garganta travada por um sentimento que não me deixava respirar e o corpinho de poucos centímetros de minha filha apertado contra meu peito. Compartilhei com ela, literalmente, uma dor indescritível.

Nos primeiros três meses de vida minha filha sofreu de cólicas horripilantes. Gritava sem parar às vezes por duas, três horas seguidas. Nada aliviava: remédio, massagem, bolsa de água quente, apoiar contra a barriga. E, novamente, impossível descrever o que aquilo fazia comigo. Lembro de um dia em que minha esposa chegou em casa e me encontrou choramingando o hino 4 da Harpa Cristã pateticamente agarrado à pequena, a camisa encharcada por lágrimas de um pai impotente que ficou uma manhã inteira com ela aos berros de dor nos braços. Simplesmente porque em mim doía uma dor indescritível.

Dos três aos seis meses a cólica sumiu e foi substituída por uma prisão de ventre que durou mais três meses. Era dor, grito e sofrimento todo dia, enquanto fazia de tudo para aliviá-la, de supositórios de glicerina a massagens na barriga. Em tudo, eram urros, lágrimas e tremores: Dela, antes de tudo, mas também meus. Uma dor indescritível.

Aos seis meses seu intestino se regularizou e aí começou a fase do nascimento dos dentes. Não queira saber o quanto isso machuca um bebê. As gengivas inchadas, vermelhas, a criança se contorcendo por uma agonia que nem Novalgina faz passar. Vem a febre. Vômitos. Isso dura ainda hoje, quando os quatro caninos estão nascendo ao mesmo tempo. A pediatra na última consulta chegou a dizer que tinha pena da pobrezinha, pois não há o que fazer  a não ser dar analgésicos e esperar os dentes rasgarem a carne e eclodirem. Até lá é acordar quatro, cinco vezes por noite com ela chorando, pegá-la no colo para dar um mínimo de conforto e carinho e senti-la ranger os dentinhos enquanto a saliva escorre por nossas costas, a cabecinha apoiada em nosso ombro, sem forças. Uma dor indescritível.

Já maiorzinha, entrou na escola. Começou a fase de pegar todas as doenças dos amiguinhos. A febre parece que é dia sim, dia não. A tosse já dura dois meses sem parar. Hoje teve diarréia. Tem dias em que, de tanto mal-estar, chega em casa e só o que faz é sentar em meu colo, encostar a cabecinha no meu peito e ficar ali, parada, sem disposição para nada. E a dor? Nela e em mim, uma dor indescritível.

Esta semana ela chegou em casa com um hematoma roxo e dois cortes em uma das mãos. Coisa de criança: disputando um brinquedo na escola com uma coleguinha ganhou uma dentada daquelas aplicadas com fúria. Minha sensação enquanto ela me descrevia o ocorrido, com olhar triste, em seu tatibitate infantil –  e emitia um “ai” miado e choramigado após o outro – era uma pontada que ia fundo no meu peito. Após passar remédios e pomada no local, a abracei e disse-lhe que perdoasse a amiguinha, que a “Tita” não tinha feito por mal – enquanto eu mesmo queria mandar exilar nas profundezas do Camboja a doce e inocente “Tita”. Mas em tudo isso sentia, sem conseguir racionalizar ou controlar, a dor de minha filha: uma dor indescritível.

Esta semana reli nos quatro evangelhos o relato da paixão de Cristo. E lembrei-me de uma frase que meu próprio pai me disse inúmeras vezes ao longo da minha vida: “Você só vai me entender quando for pai”, ele dizia. E estava certo. Pois quando não se é pai, ler que Deus deu voluntariamente o próprio Filho para ser moído pelos pecados de outros parece bastante razoável. Afinal, é um se sacrificando por milhões, faz sentido. Bacana. Legal que ele fez isso por mim. Ufa, valeu a pena. Toca aqui, Deus, tou contigo e não abro. Mas quando você se torna pai e já viu a filha sofrer tanto, por menor que pareça a um adulto o sofrimento… o sentido de fazer um filho passar por tudo isso por sua própria vontade sai voando pela janela. Não, não faz sentido. Pois a dor é indescritível.

Eu jamais conseguiria pedir que minha filha passasse voluntariamente por tudo o que ela já passou, em termos de dor, em menos de dois anos de vida. Eu simplesmente não suportaria. E tem um detalhe: eu sou mau. Sou pecador, egoísta, maquiavélico e cheio de defeitos. Ainda assim consigo sentir toda essa agonia e empatia pelo sofrimento da carne da minha carne e do sangue do meu sangue. Imagino então Deus Pai, que é a essência puríssima da santidade, abnegado, bondoso e reto em tudo, puro e sem mácula… o que não sentiu diante do sofrimento de seu Filho – do Getsêmani ao momento em que entregou seu Espírito. Uma dor indescritível.

E, pondo a minha experiência pessoal com minha filha à luz da experiência do Pai Celestial com Seu Filho, confesso que finalmente consigo entender melhor o que a Cruz significou para Deus. E o que vejo nesse gesto do Abba é o amor maior do mundo.

Um amor… indescritível.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício
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Ontem foi dia 11 de setembro. Há exatos 11 anos os famosos atentados contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, fizeram enormes prédios virarem cinza, pó e ruínas num piscar de olhos. É uma data para refletir, repensar, chorar. Lembro que as igrejas, as sinagogas e demais templos religiosos da cidade tiveram um aumento significativo de frequência depois do que aconteceu. Pois em épocas de catástrofe é natural ao ser humano voltar-se para Deus. Refletir. Repensar. Chorar. Buscar o Senhor. E, depois, deixar que o Pai de amor aja em sua reconstrução.

Refletindo sobre a data acabei vendo que ela é emblemática. Pois apraz a Deus que muitos atravessem situações semelhantes. Passei por isso nos últimos meses. Por razões diversas, o Senhor – que está no controle de todas as coisas – quis que eu parasse, repensasse minha vida, minhas ideias, meus conceitos, o que vinha fazendo, o que não vinha fazendo. Foi um período de ouvir e não de falar. Ao fazer isso, você percebe que errou em muitas coisas. Acertou em outras tantas. Por paradoxal que soe, para ter clareza sobre nossa caminhada muitas vezes é preciso que venham os escombros, as nuvens escuras, a desolação. E, como consequência deles, a reflexão, a oração, a imersão nas Escrituras, a reconstrução. Tinha decidido parar de escrever no blog, faltava-me ânimo e vontade por uma série de motivos. Se volto a escrever aqui é principalmente por estímulo de meu pastor e de algumas outras pessoas.

Se você já atravessou momentos de grande sofrimento e fragilidade em sua vida sabe do que estou falando. É como se entrasse numa espécie de estado de choque, como se ficasse numa bolha e todo o ruído cessasse, sobrando apenas aquela voz dentro do peito. Como alguém imerso em silêncio dentro de uma piscina vazia, em que somente ouve-se ruídos vindos de dentro de si, a assolação traz a voz do Espírito Santo ao primeiro plano.

Hoje, no local onde ficava o World Trade Center existe um monumento. O chamado Marco Zero é uma lembrança da tragédia e uma prova da reconstrução. Pois sim, Deus usa as tragédias para reconstruir – e usa muito. Usou o Dilúvio. Usou a destruição de Jerusalém por Babilônia. Usou a depressão em que Paulo mergulhou após seu encontro com Jesus. Repare que as Torres Gêmeas não foram reerguidas. Algo diferente foi erigido em seu lugar. Aprendi que, quando somos postos abaixo, nada é reconstruído como antes. E, quando Deus permite a destruição, o que virá no lugar possivelmente será algo menor, porém com mais significado. Quem já foi reconstruído pelo Criador sabe do que estou falando.

Algo que a tragédia do 11 de setembro despertou enormemente foi a solidariedade. O afeto humano. O amor pelo próximo. O perdão. Que são o cerne do Evangelho, pois Jesus encarnou em solidariedade à humanidade caída para perdoar-nos por amor e nos reconciliar com Deus. Lembro de imagens de judeus ajudando cristãos, sikhs dando água a quem precisasse, muçulmanos chorando junto com católicos. Hoje creio que a renovação do coração é uma das principais causas da tragédia, uma oportunidade em que o Senhor nos propõe mudar ódio em amor. Podemos optar – e a Bíblia diz que seremos cobrados por isso (Rm 12.14-21). Na parábola do Senhor, o samaritano piedoso foi quem cuidou das feridas do judeu, alguém que normalmente nem olharia em sua cara. Hoje sei o que desejo fazer: amar o próximo, esquecer as diferenças, estender afeto ao diferente. Me concentrar no que realmente importa para o Reino de Deus. Pois, em épocas como essa, a consciência da transitoriedade da vida aumenta, o que parecia tão grave e nefasto no outro torna-se motivo de oração e graça e não de rancor. Depois que você atravessa o vale da sombra da morte, as diferenças não importam – importa o que você faz com relação ao próximo, em especial os que precisam de uma mão estendida. Muitos correram por suas próprias vidas quando as Torres caíram. Mas muitos ficaram para ajudar quem precisava, sem pensar no próprio bem-estar. Hoje peço a Deus que me dê uma força que não tenho em mim mesmo para ficar e ser alguém de quem Ele se orgulhe.

Lembro que em 1999 estive no topo do World Trade Center. Lembro que os helicópteros passavam abaixo de onde estava, tamanha era a altura. Lembro do que senti ali. E comparo com o que sinto hoje ao pensar naquele dia e no que aconteceria dois anos depois. São sentimentos diferentes. Juntos, formam em meu coração o legado daquele terrível evento.

Em nossa vida, é preciso lembrar dos momentos antes dos desastres e compará-los com os momentos posteriores. Fazer uma dialética e tentar entender quem somos. Se Deus permitiu que viessem desgraças sobre sua vida, meu irmão, minha irmã, haverá tempo para tudo. Virá o tempo de chorar, o de se prostrar, o de se cobrir de cinza e pó, o de se vestir de saco e o de se apavorar com o silêncio que vem com as ruínas. Mas depois virão períodos de grande diálogo com Ele, de aproximação, devoção, aprendizado. É quando Deus atende a oração que fazemos ao cantar “eu quero ser, Senhor amado, como um vaso na mão do oleiro. Pega a minha vida e a faça de novo. Eu quero ser, eu quero ser, Senhor, um vaso novo”. Que cântico terrível e extremamente necessário! Ele te refará. Reconstruirá. E nada será como antes.

Dos escombros brotará algo que nunca permitirá que você se esqueça da assolação. O que o Pai amoroso fará de você? Não tenho a mínima ideia. Mas Ele tem. E que seja algo melhor.

“Eu disse: Guardarei os meus caminhos para não pecar com a minha língua; guardarei a boca com um freio, enquanto o ímpio estiver diante de mim. Com o silêncio fiquei mudo; calava-me mesmo acerca do bem, e a minha dor se agravou. Esquentou-se-me o coração dentro de mim; enquanto eu meditava se acendeu um fogo; então falei com a minha língua: Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil. Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade. Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará. Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti. Livra-me de todas as minhas transgressões; não me faças o opróbrio dos loucos. Emudeci; não abro a minha boca, porquanto tu o fizeste. Tira de sobre mim a tua praga; estou desfalecido pelo golpe da tua mão. Quando castigas o homem, com repreensões por causa da iniquidade, fazes com que a sua beleza se consuma como a traça; assim todo homem é vaidade. Ouve, Senhor, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor; não te cales perante as minhas lágrimas, porque sou um estrangeiro contigo e peregrino, como todos os meus pais. Poupa-me, até que tome alento, antes que me vá, e não seja mais.”

“Antes que me vá, e não seja mais”: esse é o momento-chave de nossa caminhada, para onde tudo converge. Meditando neste 11 de setembro sobre as tragédias que ocorrem de um segundo para outro, nos levando à ruína e à reconstrução, me fixei nessas palavras do rei Davi, eternizadas no Salmo 39. Pensei nas vítimas dos atentados com um sentimento que em onze anos não sentira. E percebi que só sentir isso é uma prova de que algo Deus já mudou. O quê? Ainda não sei. O tempo dirá. Como meu amigo Pastor Marcos Filho me disse ontem pela manhã, “meus anos me ensinaram que bem-aventurado é o homem que recebe a graça de ser transformado naquilo que é necessário enquanto ainda é tempo”. Peça ao Senhor que você seja um desses bem-aventurados. Pode doer até seus dentes rangerem, pode ser fruto de ruína e assolação. Mas você agradecerá a Deus por toda a eternidade.

Dedico este texto a todas as pessoas que deram um passo à frente e entraram nos escombros para se deixar usar por Deus e ajudar a reconstruir. Vocês sabem quem são.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício
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Alguns irmãos queridos vieram me perguntar por que não divulguei meus últimos posts aqui do APENAS pelo twitter e pelo Facebook, como tenho feito nesses quase 14 meses de existência do blog. Senti que precisava dar uma satisfação a quem me acompanha e se identifica com o que escrevo. Fato é que abandonei as redes sociais. Mas, antes de chegar nessa questão específica e de menor importância, gostaria de refletir um pouco sobre algo bem mais relevante no que tange a esse assunto e que está relacionado a ele: aquilo que chamo de Religião Internet.  É inegável que o surgimento da rede mundial de computadores mudou muito a vida da Igreja, em especial no Brasil. A primeira vez que surfei (sim, usávamos esse termo no século passado em vez de “naveguei”) na web foi ainda num browser Netscape Beta, por volta de 1995. Para alguém de até uns 20 anos pode ser engraçado ler isso, já que deve pensar “como era possível viver sem Internet”? Pois acredite: era. E éramos felizes sem ela. Hoje achamos que a vida sem Internet é impossível. Só que não é. Sei que meu comentário vai na contramão do que muitos advogam, mas creio que a inclusão digital não é tudo isso que dizem – tanto que a humanidade viveu milênios antes que Bill Gates ou Steve Jobs existissem. E, no caso da Igreja, quando falamos de redes sociais torna-se ainda mais irrelevante e até problemática.

Como disse John Piper, “uma das maiores utilidades do twitter e do Facebook será provar no último dia que a falta de oração não era por falta de tempo”. O que é absolutamente irônico é que li essa frase no Facebook. E sou obrigado a concordar com Piper, simplesmente porque ele tem razão. Mas concordar com isso e compartilhar essa frase no Facebook… é a contradição das contradições! A verdade é que, se acredito nessa afirmação, não adianta compartilhar a fotinho ao lado: preciso agir com a coerência que essa frase me exige. E só Deus sabe o quanto eu preciso orar mais, buscar mais intimidade com o Pai, me santificar e ser um homem a quem Jesus diga naquele dia: “Bem-vindo, servo bom e fiel”. E as redes sociais não estão me ajudando em nada nesse sentido. Mas daqui a pouco falo mais sobre isso.

Entenda, não demonizo a web. Sei todas as coisas boas que ela pode proporcionar. Cá estou eu, por exemplo, sendo lido por você via Internet. Há muitas coisas positivas, quando o seu uso e seu propósito são benignos. No entanto, o que quero abordar hoje não são as inúmeras vantagens que a rede mundial de computadores trouxe para nós, mas os males que gerou para o Corpo de Cristo.

O maior deles é a ideia de que é possível substituir a igreja local e a comunhão dos santos por uma pseudoprática de fé via web. Multidões têm se protegido misantropicamente das decepções com pastores e membros se entrincheirando na segurança de seus notebooks. Formam “igrejas” (embora se recusem, irritados, que usemos essa palavra) com indivíduos reduzidos a avatares que acham que conhecem e com quem trocam meia dúzia de palavras pela rede. Talvez bate-papos via MSN, frases curtas via twitter ou alguns textinhos pelo Facebook. Formam seu aprendizado de fé assistindo a cultos on-line, acompanhando vlogs de 5 minutos de pregadores famosos, lendo blogs como o APENAS e ouvindo bate-papos em podcasts muitas vezes – me perdoem – teologicamente ridículos. Mas meu blog, por exemplo, não substitui a igreja. Meu blog não substitui uma pregação. Meu blog não substitui a adoração. Meu blog não substitui a oração de uns pelos outros. Meu blog não substitui o aconselhamento pastoral. E quando falo do APENAS, o estou usando como arquétipo de todas as mídias que mencionei acima – e muitas outras. A Internet é a cerejinha do bolo da fé, mas há muitos que estão pondo o bolo em cima da cereja.

Há também o problema da enorme mistura de teologias, doutrinas, ensinamentos e doideiras que o internauta que substitui a vida em comunidade pela Religião Internet absorve. Lembro quando dava aula em seminário teológico, passava trabalhos para os alunos e, em vez de uma pesquisa, recebia de volta páginas impressas da Wikipédia. Que, aliás, é uma bênção e uma desgraça ao mesmo tempo, visto que pode esclarecer muitas coisas mas qualquer um pode postar o que quiser ali – o que torna essa ferramenta altamente desconfiável. Mas damos mais atenção à Wikipédia e a sites correlatos do que a livros que exigiram pesquisa, revisão, o crivo dos editores e são, eles sim, fontes confiáveis. Mas nossa preguiça e nosso imediatismo tornam mais fácil escrever uma palavrinha no Google e ver o que a loteria da pesquisa vai jogar em nosso colo como primeiras opções do search. E é nelas que confiaremos – sem ter conhecimento sobre quem escreveu, que linha segue, que teologia ou crenças nortearam aquela fonte de dados. Como ouvi certa vez, não me recordo de quem, substituímos o saber pela informação. E informação não forma ninguém, conhecimento adquirido com muito estudo e suor sim.

A Bíblia Sagrada foi trocada por versículos tuitados e frasezinhas descontextualizadas de Spurgeon, Paul Washer e outros homens de Deus. Ou então de pregadores da moda – muitos deles hereges. Na vida de muitos, o texto bíblico foi substituído por citações de pessoas que ensinam doutrinas diabólicas, como a que afirma que o que você disser com fé vai acontecer, ou que a Bíblia é um livro de homens e não de Deus, ou que Deus não exerce sua soberania nas tragédias, ou que o cristão autêntico tem que ter prosperidade material. Tudo absurdos bíblicos – mas muitos não sabem discernir, pois valorizam mais a beleza poética do que é dito do que a correção bíblica. Sejamos francos e não vamos esconder o problema sob o tapete: se não têm intimidade com as Escrituras, como discernirão o erro? Cairão fácil nos engodos.

Conheço um “pastor” que escreve frases lindas no twitter. Poderia jurar que ele é um conservador, até, não fosse o corte de cabelo modernoso. Mas, quando você vai ao blog dele, descobre que é um esotérico que acha que Jesus é um extraterrestre e que vai voltar num disco voador. Não ria, isso não é piada, é um fato. Possivelmente você o segue, visto que ele tem mais de 5.600 seguidores. O lê, o retuita, acha lindo o que ele fala e nem ao menos sabe que seus ensinamentos são tresloucados. Ou o pastor garotão que fica falando sobre a “contextualização” do Evangelho, ensinando montes de mundanismos – e a turma adora. Ou o pastor herege que joga a Bíblia no lixo. Ou o professor de pós-graduação que ensina a demoníaca Teologia Liberal e fala que o Cristo do cristianismo clássico é invenção grega – mas como ele fala tão bonito e tem uma carinha tão simpática muitos o amam, sem saber o perigo que ele representa para milhares de almas humanas por ensinar um Jesus que não é o da Bíblia.

Muita gente já me deu #FF no twitter junto com algumas dessas pessoas. E quando vejo isso me pergunto como um irmão pode dar #FF no mesmo tuíte para alguém como eu, que crê no conservadorismo bíblico, e para alguém que prega o liberalismo teológico, crença extremamente oposta à minha e que considero uma heresia. Não consigo compreender tamanho contrassenso. Sim, a Religião Internet é um perigo. Quem substitui a sólida doutrina de suas igrejas pela babel da www corre sérios riscos de absorver ensinamentos terríveis mas que têm aparência de piedade.

E aí chegamos às redes sociais. Tinham tudo para ser uma incrível ferramenta a serviço do Reino de Deus. Mas do jeito que têm sido usadas se tornaram em esmagadora parte uma perda de tempo precioso que poderia ser investido numa devocionalidade real – e que, essa sim, nos tornaria pessoas mais próximas de Deus. Posso falar por mim: as redes sociais me afastaram muito de Cristo e dou a mão à palmatória quanto a isso. Analisemos friamente e sem olhar apaixonado: o Facebook é o universo da irrelevância. Se você peneirar ali o que realmente tem utilidade verá que se resume talvez a 1% do que entra na sua tela. O twitter, com seus 140 caracteres, já é, por sua vez, o universo da superficialidade. Como é possível achar que um complexo pensamento teológico pode ser destrinchado nesse microespaço? Impossível. O Orkut? Ah, é verdade, o Orkut morreu, graças a Deus.

É por tudo isso e outros fatores pessoais que decidi me retirar, pelo menos por um longo e indefinido período sabático, das redes sociais. Minhas poucas entradas serão por exigência de meu trabalho. Na web só continuarei escrevendo no APENAS e nas minhas colunas em sites e revistas – artigos que alguns acham enormes, tão viciada a Igreja está em textos minúsculos e tão desacostumada está de ler livros (e me pergunto se alguém que reclama do tamanho de meus textos leria os 28 capítulos do evangelho segundo Mateus ou os 50 de Gênesis…).

Fato é que as redes sociais não têm feito bem à minha vida espiritual, além de me tomarem um tempo precioso, que preciso dedicar mais à leitura, à oração, a relacionamentos com pessoas tridimensionais a quem eu possa aconselhar e que possam me aconselhar e ouvir a confissão de meus pecados, gente com quem eu possa comungar sem a falta de prosódia que relacionamentos virtuais geram. Pela tela do computador ninguém consegue enxugar minhas lágrimas, nem eu consigo estender o ombro a quem precisa. Quero me recolher a minha vida real e resgatar a devocionalidade que vivia antes de entrar nas redes sociais. Quero que a frase de John Piper ganhe consequência em minha vida. Tenho sentido a imperativa  necessidade de me aproximar mais de Deus e me afastar desse universo paralelo, que me conduz a pecados que passam pela ira, o rancor e muitos outros que a irrealidade virtual gera – o que tem atrapalhado minha saúde física (num momento em que me trato de estresse) e espiritual. Sem falar de tristezas, decepções, chateações e similares que pulam dentro de minha casa pela tela do notebook.

Já tem cerca de dois anos que praticamente parei de assistir a televisão. Não tem nada a ver com crer que TV seja pecado. Simplesmente perdi o interesse pelos telejornais mentirosos, os seriados que não edificam, os documentários falaciosos. Não serei hipócrita de dizer que aboli a TV da minha vida, eventualmente assisto a uma ou outra coisa que penso que será interessante. Mas talvez não chegue a 3 horas por semana, no total. E posso afirmar a monstruosa diferença que afastar-se do vício por TV faz. Não tenho absolutamente nenhuma vontade de voltar a consumir essa mídia como fazia antes, e por uma simples constatação: depois que você se desintoxica ela não faz a mínima falta.

Agora quero fazer a mesma coisa com as redes sociais. Quando as descobri achei que seriam edificantes. Experimentei. Hoje, fazendo um balanço, vejo que não foram, pois mais me afastaram de Deus do que me aproximaram. Tirei muitas coisas positivas delas, creio ter contribuído um pouco, mas chegou a hora de parar. Preciso respirar mais do ar puro da vida real e retornar a 1995, quando os amigos marcavam um café para se encontrar, nos telefonávamos, mandávamos cartões de Natal escritos a mão. Hoje as pessoas mandam scraps impessoais no Facebook nos aniversários, trocam farpas pelo twitter, vivem relacionamentos bidimensionais. Não tem me feito bem. Creio que eu também não tenha feito bem a muitos, reconheço as críticas, aceito as que são justas e prefiro esquecer as injustas – pois na minha luta para me aproximar de Cristo me esforço para não devolver mal com mal. Quero avançar para trás e viver a vida que existe fora das telas.

Por isso, desde o dia 29 de junho parei de usar minhas redes. Não entro, não olho, não escrevo nelas, salvo uma ou outra coisa feita por questões de trabalho. Vou deixá-las congeladas – possivelmente abandonadas – por período indeterminado. Usava-as muito para divulgar posts novos do blog, o que de fato foi proveitoso, pois o APENAS acabou de completar 350.000 acessos em pouco mais de 13 meses no ar. Se você tem interesse em continuar lendo as reflexões que aqui são postadas, pode juntar-se aos 1.027 irmãos e irmãs que até a data de hoje gentilmente assinaram o blog e recebem os posts novos por e-mail. Ou, se lembrar, dar uma passadinha por aqui de vez em quando ou nas colunas que escrevo em outros sites e revistas. Mas não vou mais divulgar as postagens novas pelo twitter ou o Facebook.

Sei que o número de acessos vai diminuir (percebi que sair das redes reduz em cerca de 250 acessos por dia, em média), mas,  honestamente, não me importo, pois minha oração a Deus hoje é que conduza até o APENAS somente aqueles que Ele entende que precisam ler as palavras de edificação, consolo e exortação que aqui são publicadas. A partir de agora, é o Espírito de Deus quem fará a divulgação de novos posts.

Quero agradecer a você que teve a paciência de me aturar esses cerca de dois anos em que estive no twitter e poucos meses no Facebook. Mas a Religião Internet tem, na verdade, me afastado de Deus. Quero retomar essa proximidade. E, como disse, para isso é fundamental retroceder. Lembrar-me de como era antes de entrar em redes sociais. Creio que será melhor para mim e, acredito, para muitos que não coadunam comigo. Que Deus abençoe você, meu irmão, minha irmã, e que possa viver a sua fé no mundo real, sem as ilusões que as redes sociais, com todos os benefícios que proporcionam, oferecem – e que ameaçam a intimidade com Deus, a santidade e a comunhão com os irmãos que nós, cristãos, precisamos ter. Deixo um beijo e um abraço aos manos e manas com quem me relacionei em edificação pelas redes.

Seguirei aqui pelo blog, este meu mosteiro virtual, onde vou me enclausurar para continuar compartilhando como vaso de barro que sou o tesouro do Evangelho em que creio, o poder da graça, a denúncia de heresias, o amor de Cristo e a promessa de restauração a todo aquele que se arrepende e vai viver a eternidade ao lado do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Pois redes sociais são irrealidade. Já o Céu e o Inferno são o que há de mais real.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Se você deseja aconselhamento, recomendo que procure seu pastor e não um blogueiro.

As reflexões expressas neste blog são pessoais e não representam necessariamente a posição oficial de nenhuma igreja, denominação ou grupo religioso.