Arquivo de janeiro, 2012

Para você que acredita ou professa a Teologia da Prosperidade, este post será esclarecedor, pois aqui vou explicar como surgiu essa filosofia, articulada habilmente pelas forças do mal para escravizar cristãos sérios com argumentos que, de tão bem engendrados, parecem fazer sentido bíblico. Mas que na verdade não passam de doutrina de demônios – e eu provo. Se você não gosta de ler textos mais longos, sugiro que segure um pouquinho e vá até o final deste. Tome posse do que está lendo, decrete a vitória, declare em nome de Jesus que “conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” e vá adiante. É o destino de tua alma que está em jogo. Então penso que vale a pena. Vem comigo ao longo dos próximos parágrafos e vamos falar um pouco sobre Teologia da Prosperidade.

Tem havido muito ti-ti-ti ultimamente sobre a herética, antibíblica e demoníaca Teologia da Prosperidade. Não por ela ser herética, antibíblica e demoníaca, como sempre foi e sempre continuará sendo. Não também por ela ser alguma novidade: desde os anos 1970 algumas denominações neopentecostais abraçaram esse monte de mentiras “bíblicas” e enriqueceram às custas de pessoas desesperadas, dispostas a dar o que não têm a igrejas e falsos pastores para que Deus supostamente as abençoe. Foi assim com muitas denominações que, enganando seus membros com essa doutrina de demônios, encheram o bolso de dinheiro, compraram canais de TV e estações de rádio, viraram impérios empresariais mundanos cuja única finalidade é o lucro. Seus líderes são tão despreparados biblicamente que alguns defendem o aborto e a masturbação e acusam irmãos em Cristo de estarem possessos. Tá me entendendo, sim ou não?

Mas nada disso é novidade. Programas seculares de TV nos anos 80 já denunciavam as práticas dessas “igrejas”. Só que um fato inesperado trouxe de novo essa teologia vinda do mais profundo do inferno novamente à boca dos cristãos. Aliás, dada a sua origem em religiões satânicas (mais à frente eu conto como surgiu essa “teologia”) tenho certa dificuldade de chamá-la de Teo (Deus) Logia (Estudo), costumo denominar mais de “demonologia” da prosperidade.

De certo modo  nós, que acreditamos professar o Cristianismo bíblico, já olhávamos para esses neopentecostais com um olhar meio “ah, eles são assim mesmo, deixe-os pra lá enganando o povo, vamos tocar aqui a nossa espiritualidade e largar esse turma, depois Deus acertará as contas com eles”. Ocorre que um fato estarrecedor e inesperado trouxe a Demonologia da Prosperidade de volta à luz do dia e das nossas conversas: um telepastor de uma denominação séria, da chamada primeira onda no pentecostalismo brasileiro, a Assembleia de Deus (onde aliás Jesus me converteu, que em sua maioria professa um Cristianismo barulhento mas totalmente bíblico e pela qual tenho um carinho enorme) parou de pregar a verdade e começou a proclamar essa doutrina espúria. E em vez de ficar no seu canto, enganando as ovelhinhas que suicidam-se espiritualmente ao acreditar em suas palavras, lançou-se numa cruzada para promover essa demonologia.

Anos atrás, como comprovam videos do youtube, esse senhor biblicamente desqualificava essa doutrina. Metia o sarrafo nela e a acusava de ser fruto de más intenções. Mas aí os anos foram se passando, sabe-se  lá o quê dentro do coração desse homem foi mudando e aos poucos Mamom foi empurrando Jesus para fora de seu programa de TV, de suas pregações, dos livros que publica… e a coisa foi ficando sombria. Herdou a igreja onde prega e criou uma denominação que está ganhando pelas posturas de seu líder ares de seita.

Quando menos se esperava sua editora lançou uma inacreditável Bíblia que tem como foco a “vitória financeira” – como se Jesus estivesse muito preocupado com esse assunto. Em seguida, importou dos Estados Unidos um pregador da Prosperidade, acusado de estelionato em seu país, mas que chamou de “profeta de Deus”. O cidadão prometeu a satânica “unção dos R$ 900”: quem doasse  esse montante ao dono do programa receberia, ele garantia – avalizado pelo próprio Criador do universo – uma grana do Alto. Consta que com o dinheiro dos que caíram nessa história o apresentador desse programa comprou um jato particular. Já os pobres coitados que deram seu suado dinheirinho para ele até hoje estão olhando para o céu esperando a tal unção descer – e vão continuar esperando até Jesus voltar e explicar a essas inocentes e crédulas almas que Ele não tinha nada a ver com aquilo.

Depois esse telepastor importou outro papa da Demonologia da Prosperidade (dono de uma bela voz, sejamos justos com o homem), que em seu programa de TV novamente lançou uma campanha para arrancar dos inocentes que acreditam no empresário que comanda o show… adivinha? Mais dinheiro. Só o que eu vi foi um pastor americano pedir dinheiro “para a obra do Evangelho”. Em português claro, isso significa dar um montante para a organização do dono daquele programa, o que ele chamou de “a causa de Cristo”. Em troca, o americano garantiu que os que “plantassem essa semente” teriam 12 meses de vida espetacular, que o filho desviado do doador voltaria a Jesus, que cada decisão que o doador tomasse seria vinda direta de Deus e que o doador não tomaria uma decisão errada sequer por 12 meses. Nessa linha.

Durante uma hora inteira não se falou absolutamente nada de vida eterna, de arrependimento de pecados, de discipulado, de crescimento espiritual, de regeneração, de justificação, de ser sal da terra e luz do mundo, da Cruz de Cristo, da ressurreição do Senhor, da glória de Deus, nada, nada, nada edificante. Incrível. Um programa que se apresenta como sendo “evangelístico”. E eu só pensava naqueles que vão tirar do seu suado dinheirinho, mandar para o já abastado dono do programa e… nada disso vai acontecer.

Claro que, como o empresário que comanda o programa sabe que pessoas que pensam e leem a Bíblia criticariam mais essa loucura, voltou a tentar desqualificar os críticos de promessas como essas repetindo seu mantra “criticos nao fazem nada por ninguém”, o que absolutamente não é verdade (leia o post Cristãos críticos que criticam cristãos críticos). Essa frase é um tremendo absurdo. Mesmo se não fosse, olha o contrassenso: o senhor que diz isso vive criticando outras pessoas (inclusive quem o critica). Chamando-as de “trouxa” e outras ofensas, como se pode conferir em vídeos que estão no Youtube. Recentemente criticou um sacerdote para quem quisesse ouvir. Ou seja: ele próprio é o maior dos críticos. A última desse telepastor foi chamar de “idiotas” os que são contra a Demonologia da Prosperidade. “Idiotas e trouxas”. Uau. Que belo exemplo de linguajar cristão.

As origens da Demonologia da Prosperidade

Mas deixe-me te contar como surgiu a Demonologia da Prosperidade. E o que você lerá aqui são fatos. E aqui estão as origens da doutrina que esse líder assembleiano vem pregando e ensinando:

Não sei se você sabe, mas na verdade a Teologia da Prosperidade teria tudo para ser muito mais ligada às religiões não-cristãs do que ao Cristianismo. Simplesmente porque suas raízes estão na Nova Era. Uso como base estudo feito pelo respeitado Pastor Elinaldo Renovato de Lima, da Assembleia de Deus de Parnamirim e escritor de comentários e lições bíblicas – que cita outros autores em seu artigo, publicado em detalhes AQUI, mas vou procurar resumir ao máximo.

Tudo começou com uma mulher chamada Mary Baker Eddy (foto à esquerda), fundadora do movimento herético de Nova Era chamado Ciência Cristã, que afirma que “a matéria e a doença não existem e que tudo depende da nossa mente”. Foi quando, nas décadas de 1930 e 1940, um pastor chamado Essek William Kenyon (foto à direita) passou a admirar os ensinamentos heréticos de Mary Baker Eddy, sabe-se lá por quê. Ele acabou fazendo uma grande salada religiosa, em que misturava as heresias de movimentos não-cristãos (como Ciência da Mente, Ciência Cristã e Novo Pensamento) com partes do Cristianismo, tornando-se assim pai do chamado “Movimento da Fé”.  Todas essas religiões afirmavam que, graças ao poder da mente, “tudo o que você pensar e disser se transformará em realidade”.É quando entra na história o homem que disseminou isso entre as igrejas cristãs: Kenneth Hagin.

Kenneth Hagin (foto à direita) conseguiu dar uma maquiagem cristã convincente às ideias satânicas de Kenyon. Discípulo dele, nasceu em 1918, nos Estados Unidos. Depois de ter sofrido com muitas doenças e de ter sido muito pobre, diz que se converteu “após ter ido três vezes ao inferno”. Aos 16 anos Kenneth Hagin afirmou ter recebido uma revelação e aí descobriu “que tudo se pode obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca duvidando da obtenção da resposta, mesmo que as evidências indiquem o contrário”. Pronto. Com isso ele inventou a heresia da “Confissão Positiva” – aquela coisa de “eu declaro isso em nome de Jesus”, “eu tomo posse daquilo em nome de Jesus”, “eu decreto isso em nome de Jesus” etc que até hoje é um modismo disseminado como um câncer entre grande parte da Igreja.

O próximo ensinamento que Hagin herdou de Kenyon, que por sua vez herdou das religiões de Nova Era, é o das “promessas da doutrina da prosperidade”. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza, o que tornaria doença e pobreza “maldições da lei”.  Usando Gl 3.13,14, Kenneth Hagin diz que fomos libertos da maldição da lei, que seriam: pobreza, doença e morte espiritual. Ele tomou emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que pecassem. Citando Pr. Elinaldo, “Hagin diz que os cristão sofrem doenças por causa da lei de Moisés”.

Depois que inventou seus absurdos, Hagin foi pastor de igrejas de diversas denominações até que fundou sua própria organização, o Instituto Bíblico Rhema. Uma curiosidade é que o inventor da Teologia da Prosperidade foi inclusive acusado de plágio, por ter escrito livros com total semelhança aos de seu mentor, Essek Kenyon. Sua explicação? “Não é plágio, recebi diretamente de Deus”. Tá me entendendo, sim ou não?

Pois é. Aí Kenneth Hagin começou a escrever um monte de livros, onde afirma, entre outras coisas, que “recebe revelações diretamente do Senhor” (Hagin, Compreendendo a Unção, p. 7).  E esse lixo teológico passou a ser devorado por legiões de pessoas, que começaram a propagar a Teologia da Prosperidade. Como seus argumentos trazem soluções imediatas aos problemas da vida, foi fácil arrebanhar multidões. Mas, se você analisar bem, a Confissão Positiva e a Teologia da Prosperidade tentam com suas práticas fazer Deus de escravo – afinal, por esse pensamento, se as pessoas “declaram pela fé”, “decretam em nome de Jesus” e coisa que o valha, o Onipotente e Soberano Criador do Universo não tem o que fazer a não ser obedecer suas criaturas como uma vaquinha de presépio. É só ter fé e vai chover dinheiro.

A coisa está feia

Essa é a verdade, meu irmão, minha irmã. Se você acredita nessa doutrina de demônios, pare hoje. Abandone essas práticas agora. E volte a professar o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo. Enquanto essas mentiras invadiam apenas rincões reconhecidamente neopentecostais, onde quem entra já sabe o que esperar, a gente até entende. Mas quando um representante de uma das mais tradicionais e bíblicas denominações do país, como a Assembleia de Deus, abraça esse pensamento de Nova Era, satânico, elaborado nas profundezas do inferno e começa a pregar aos quatro ventos, chamando de “trouxa” quem oferta por amor e de “idiota” quem se opõe a essa doutrina de demônios… é hora de levantar a bandeira vermelha. É sinal de que a coisa está feia. Feia e cheirando mal.

Mamom – que, em primeira análise, é Satanás – está conquistando adeptos. E eles seguem, achando que estão a serviço de Jesus. É hora de despertar e dizer NÃO a essas Demonologias infiltradas nas pregações e nos programas daqueles que, um dia, já serviram o Deus Altíssimo. Não assista a esses programas, meu irmão. Não doe dinheiro a essas organizações. Mantenha suas ofertas na sua igreja local. Quer doar? Apadrinhe uma criança pela Visão Mundial, uma organização cristã séria. E pare de acreditar em absurdos teológicos e bíblicos que são pregados em nome de Jesus. Por amor a Cristo e a sua própria alma. Afinal, o Jesus da Teologia da Prosperidade não é o Jesus da Bíblia. É um ídolo. E quem deposita sua fé em ídolos não tem a fé que salva. Então o que está em jogo aqui é mais do que o seu dinheiro: é o destino eterno da sua alma.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Recentemente, na entrevista coletiva que deu para justificar a troca de Fátima Bernardes por Patricia Poeta na apresentação do Jornal Nacional, o jornalista William Bonner afirmou: “A informalidade é uma obsessão minha”. Todos sabem que esse telejornal é o mais influente do país. Certamente influencia as mentes de milhões de brasileiros que acreditam piamente naquilo que é transmitido por esse programa. Não sou um deles. Eu, como jornalista que trabalhei 11 anos nas Organizações Globo (2 no jornal e 9 na TV) sei o quanto de ficção existe na telinha. Como me disse um redator do Jornal do Brasil em 1994, “se o leitor soubesse como fazemos o jornal, ele não leria”. Vivenciei situações nas redações que se você soubesse faria como eu, que há cerca de 7 anos parei de assistir a telejornais, ler revistas como a Veja e similares, simplesmente porque sei com absoluta certeza que grande parte do que vejo ali é balela. Sei como é feito. Vá por mim: ler um bom livro me acrescenta muito mais. Mas isso é assunto para outro post. O que quero tratar aqui é do que o Bonner disse: “A informalidade é uma obsessão minha”.

Como um dos principais formadores de opinião do país, Bonner tem conseguido contaminar o país com sua obsessão. Não que ele seja o único responsável, certamente sua postura é apenas um reflexo dos tempos em que vivemos. Vivemos na era da informalidade e ele tenta mimetizar isso. Aparentemente o abandono do formal pode não soar como algo ruim, mas é preciso botarmos as coisas em perspectiva. Há muita coisa boa na informalidade, mas também há muito a se aprender com a formalidade. Temo por uma sociedade em que se abandona o equilíbrio.

Ao pé da letra, pelo dicionário, “formalidade” significa “1. Condição necessária para certos atos ou documentos se poderem executar ou serem válidos. 2. Praxe; cerimônia; etiqueta. 3. Seriedade. 4. Substancialidade“. Não me parecem ser coisas ruins. Para tudo na vida existem condições para validar atos. A praxe, ou seja, o hábito, também importa em nossas vidas – sem eles ficamos perdidos no caos. Cerimônias falam de reuniões humanas que seguem determinadas regras fundamentais para o bom funcionamento das coisas. Etiqueta, então, é o que determina a boa convivência, é a educação, o bom trato, formas de se relacionar bem com o próximo. E, por fim, seriedade e substancialidade são aquilo que valida e dá solidez a algo. É algo feito com integridade, sem banalidades ou puerilidades e que carrega em si substância, isto é, sentido, propósito.

Logo, “formalidade” fala de validade, equilíbrio, harmonia, paz, educação, polidez, integridade, objetividade, conteúdo. O que, a meu ver, são todos valores bíblicos e cristãos. No entanto, a sociedade pós-moderna do século 21 tem considerado esse conceito, “formalidade”, como um mal. Coisa ultrapassada. Desnecessária. Velha. Antiquada. Castradora. O legal é ser informal, é a linguagem “Casseta & Planeta”, é fazer o que “Pânico na TV” e “CQC” fazem: tratam todos em suas entrevistas e quadros como se fossem bobos da corte.

Na sociedade informal, perdemos o respeito. Abandonamos a delicadeza. Esquecemos dos padrões. Achamos o máximo um repórter-humorista esculhambar uma autoridade como o Presidente da República. Na era pós-cara-pintada (e eu sou daquela geração), o garotão de 18 anos se põe no mesmo patamar do senhor de 70 anos. Fala com ele sem respeito. Trata como um qualquer. No twitter ou no facebook, molecotes cheios de espinhas que não sabem nem mesmo o nome dos doze apóstolos entram em debates e às vezes até ofendem sacerdotes e teólogos que têm décadas de vivência com Deus, com a igreja, com a Bíblia, com as coisas do Alto. Entram em debates como se estivessem no mesmo nível, afinal, informalidade pressupõe isso. É aqui que está o erro principal: as pessoas, queira-se ou não, têm patamares diferentes te sabedoria, conhecimento, maturidade. Mas a era da informalidade quer pôr todos em pé de igualdade. Errado.

Estudei japonês por dois anos. Tornei-me um profundo admirador da cultura japonesa. Lá a formalidade, o respeito pelo próximo, é tão grande que existem palavras diferentes para designar a mesma coisa. Por exemplo: a minha mãe chamo de “Haha”. A sua mãe eu chamaria de “Okaasan” por respeito. Há equilíbrio. Cada um entende o seu papel e, principalmente, suas limitações. No Japão, um jovem sabe que viveu muito menos do que um ancião e que por isso lhe deve respeito. No mínimo porque o ancião que viveu muito mais do que ele obviamente sabe mais, tem mais sabedoria, mais vivência, já cometeu os erros que ele ainda cometerá e por isso seus conselhos são bem mais válidos que os de um colega de escola. E esse respeito é acompanhado de formalidade: equilíbrio, harmonia, paz, educação, polidez, integridade, objetividade, conteúdo.

Aí chegamos à igreja. Pronto. Vai começar a chiadeira. Pois as novas gerações (e muitos das antigas) não querem saber de formalidade. Acham, sabe-se lá por quê, que a formalidade no Cristianismo impede uma intimidade real com o Criador, uma vida plena de comunhão com os irmãos. Aí o que acontece? O Pastor deixa de ser uma pessoa com autoridade espiritual para ser “o cara”. Na minha igreja, muitos jovens chamam um Pastor de “Vandinho”. Não vejo isso com bons olhos. Põe um líder, alguém que é detentor de mais conhecimento, mais vivência e que terá de exortar e disciplinar muitos, num patamar de igualdade hierárquica que desvaloriza seu papel. Quem vai querer ouvir de um igual que está fazendo a coisa errada? “Sai pra lá, cara, não se mete na minha vida”. Já a uma autoridade formal nós damos ouvidos. Acredite: hierarquia importa. Respeito importa. Formalidade importa.

Na época em que minha mãe frequentava a escola (lá pelos anos 1940), os alunos ficavam de pé quando o professor entrava em sala. Sinal de respeito e admiração pelo detentor de conhecimento que fará com que cresçam na vida. Os bons Pastores – aqueles que de fato são homens de Deus, tementes ao Senhor e que choram por suas ovelhas – são dignos de dupla honra. Mas em nossos dias o respeito e a formalidade necessários no trato com aqueles que detém o conhecimento bíblico e espiritual e foram postos em nossa vida para nos guiar espiritualmente são vistos como algo desnecessário e ultrapassado. E, assim, a igreja vai afundando no mundanismo.

Nos cultos, a formalidade também virou sinônimo de chatice. A palavra “liturgia” é ouvida com caretas. Hoje você vai numa formatura de alguma universidade e parece uma festa de criancinhas alcoolizadas, com gritos de “uhu”, cartazes, músicas bobas, os jovens gritam, os professores são ovacionados. E essa galera acha que os cultos devem ser assim também: muita música animada, muito pula-pula, uma rave gospel, com todo mundo cheio de endorfinas, suados e salgados. Os jovens querem cultos o mais informais possível, com pastores pregando de jeans, usando gírias (e uns palavrões também nao seriam nada mal), muito suor, quase um carnaval. A pregação tem que ser sobre coisas maneiras: exortação, falar sobre pecado e arrependimento são coisas formais demais, a galera quer saber é que Deus é dez, que o cara lá de cima é superbacana, que o Paizão vai ajudar a passar no vestibular, que… que… que… uhuuuuuuuuuuuuuu!!! Oração? Leitura da Bíblia? Jejum? Discipulado? Evangelismo? Cantar hinos solenemente e com reverência ao Rei dos Reis? Fala sério… O NEGÓCIO É TIRAR O PÉ DO CHÃO!!!!!

Desculpem, mas não é por aí. Mesmo tendo Jesus mudado aos olhos da humanidade o conceito da primeira pessoa da Trindade de “o Altíssimo Senhor dos Exércitos” para “Pai”, no Reino dos Céus há muita formalidade. Não é o Reino do CQC. Marcelo Tas não é arcanjo e o repórter Vesgo não ladeia o trono de Deus. Faço questão de reproduzir aqui o que o apóstolo João diz ter visto em sua visão de Apocalipse acerca de como as coisas funcionam no Céu, descrito em Ap 5.6-14. Mesmo que certos aspectos sejam metafóricos, o que importa é o clima existente na presença do Soberano Deus. Leia com atenção:

“Depois vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, em pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos. (…) Ele se aproximou e recebeu o livro da mão direita daquele que estava assentado no trono. Ao recebê-lo, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos; e eles cantavam um cântico novo: ‘Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra’.  Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, e cantavam em alta voz: ‘Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!’ Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: ‘Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre!’ Os quatro seres viventes disseram: ‘Amém’, e os anciãos prostraram-se e o adoraram”.

Isso lhe parece formal ou informal? Litúrgico ou uhu? Hierárquico ou todo mundo no mesmo nível?

Então, numa era em que a informalidade reina absoluta no mundo, a formalidade – ou seja, a validade, o equilíbrio, a harmonia, a paz, a educação, a polidez, a integridade, a objetividade e o conteúdo que existem nas esferas celestiais – perde seu espaço, quando em certos ambientes – como a igreja – deveriam se manter. “A informalidade é uma obsessão minha”, disse William Bonner. Em contrapartida, o apóstolo João diz em Ap 7.11,12: “Todos os anjos estavam em pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes. Eles se prostraram com o rosto em terra diante do trono e adoraram a Deus, dizendo: ‘Amém! Louvor e glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força sejam ao nosso Deus para todo o sempre. Amém!”.

Isso lhe parece formal ou informal?

Oro a Deus que a obsessão de William Bonner e da nossa era não contamine ainda mais nossas igrejas e nossos irmãos. Em outras palavras: que o espírito mundano dos nossos dias permaneça fora das paredes dos lugares sagrados. Que saibamos que existe hora e lugar para tudo. E que, em nossas igrejas, nos comportemos com toda a formalidade que os anjos demonstram ter diante do trono de Deus.

Afinal, céus e terra passarão. William Bonner passará. Esta vida passará. Mas é bom estarmos acostumados à formalidade, pois ao chegarmos à presença de Deus teremos que demonstrá-la em toda a sua magnitude. Então, sugiro que você comece a treinar. Em vez de “Qualé, Paizão do Céu, tu é um cara maneiro pacas. Bora louvar aí, Jesus, canta um corinho animado!”, comece a dizer “Louvor e glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força sejam ao nosso Deus para todo o sempre. Amém!”

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Apenas um video que fala do amor que dura por toda uma vida. Que cada um o assista e seja tocado conforme sua trajetória pessoal e sua fé.

Obrigado, Lelê Figueredo, por enviar o vídeo. Você me deve um lenço.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Uma das grandes vantagens de escrever num blog que é lido diariamente por uma média de 2.100 pessoas é poder trocar experiências com tantos irmãos e irmãs. Gosto de ler os comentários, mesmo os discordantes (como não haveria? Não sou uma unanimidade), desde que discordem com educação cristã e argumentos bem alicerçados bíblica e historicamente. É normal. Por isso sempre recomendo a todos que leiam não só os posts, mas os diálogos que eles originam. Por vezes são mais produtivos que o texto inicial. Mas em meio a tudo isso surge a motivação para eu escrever este texto: meu contato pelo blog com tantas centenas de pessoas me permite o privilégio de ouvir vozes geograficamente distantes mas que se aproximam pela tecnologia. E uma coisa que me move e me toca é ver a quantidade de irmãos e irmãs que estão tristes pelos quatro cantos do país.

Muitos são os que desabafam pelo blog, me contam suas histórias de vida, seus dramas, suas lágrimas e seus lutos. Suas guerras pessoais. E com isso consigo ver quantas e quantas almas das que servem ao Principe da Paz vivem sem paz em suas almas. Tristes. Gente traída, doente, angustiada, com desafios, com dores, com mágoas… Não foram poucas as vezes em que lágrimas desceram por meu rosto ao ler relatos de irmãos com angústia na alma nos comentários de um ou outro post do APENAS.

A Biblia nos mostra muitos tipos diferentes de tristeza. A tristeza movida por amor que levou Jesus a chorar por Jerusalém, a tristeza de Judas mediante seu remorso, a tristeza de Jó por sua calamidade pessoal, a tristeza da adúltera por seu arrependimento, a tristeza de Pedro por ter negado o Mestre. a tristeza de Davi ao ser confrontado por seu pecado… Sim, a tristeza é uma constante na vida de homens e mulheres de Deus. Paulo confessa em Romanos 9: “Tenho grande tristeza e incessante dor no coração“.

Mas me parece que em nossos dias isso virou uma epidemia e, pior, repudiada nas igrejas. Como se ficar triste fosse pecado dos fracos. Pois, em época de evangelho triunfalista, o cristão está terminantemente proibido de se entristecer. Em meu novo livro, “A Verdadeira Vitória do Cristão”, que sai em março pela editora Anno Domini, abordo entre outros aspectos como a tristeza virou um tabu em certos setores da igreja (desculpe, não é propaganda, mas naturalmente é um assunto que tem rondado a minha mente). Como ficar triste se a Biblia diz que somos mais do que vencedores? Como ficar triste se Jesus nos garante a vitória? Como entender essa aparente contradição? Essas são algumas das questões que abordo no livro. Porque vejo legiões de cristãos tristes e que, em vez de ter quem chore consigo, são obrigados a ouvir aquela frase canalha: “Que tristeza é essa, varão, a vitória é nossa!”. E tchau. No máximo ouve um “Vou orar por você”… e não ora. Mas a tristeza teima em não sair do coração, apesar de ouvirmos repetidas vezes esses clichês gospel!

A verdade é que nós, cristãos, não estamos preparados nem somos preparados para lidar com a tristeza alheia. Em vez de dizermos “chora, irmão, que te faz bem” dizemos despreparadamemte: “Para de chorar irmão, que falta de fé é essa?”. Assim, muitos, além de tristes, ficam espiritualmente esgotados, uma vez que passam a ser vistos como crentes de segunda categoria. Não “tomaram posse” da vitória que traz alegria. Não tiveram fé suficiente. Estão tristes e são oprimidos porque estão tristes. E aí ficam mais tristes ainda.

Jesus passou por isso

Meu irmão, minha irmã, se você está triste, alegre-se. Calma. Não vou dizer para você “tomar posse da alegria”. Mas para lembrar-se que ao teu lado está um homem de dores que nos prometeu que estaria conosco até a consumação dos séculos. Ele transpirou sangue e pediu ao Pai que, se possível, afastasse dele o cálice da dor e da tristeza que estava prestes a beber. Nossa esperança quando estamos tristes não está em que “a vitória é nossa”, pois essa é a falsa vitória do cristão. Nossa esperança quando estamos tristes está em que Jesus sabe exatamente onde dói o calo. Ele passou por isso. Sentiu isso. Sua alma foi abatida. Jesus ficou triste. E Ele está entre nós.

Se você está triste, não vou fazer falsas promessas. Dizer “pela fé” que tudo vai ficar bem. Às vezes não vai. Não vai, fazer o quê?! Pergunte a Jó se os filhos dele mortos na tragédia do desmoronamento da casa ressuscitaram. Não ressuscitaram. Por mais que depois ele tenha tido filhas lindas aqueles foram perdidos para sempre. Não, não vou fazer falsas promessas Mas vou te abraçar, chorar contigo e esperar no Senhor. Cumprir o Salmo 37.5: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará”.

O mais ELE fará, querido, querida.

Nosso papel, biblicamente, não é tomar posse de nada. É fazer justamente o contrário: abrir mão, ceder a posse e deixar que Aquele que tudo pode tome a escritura em suas mãos. Assuma o leme e toque o barco ao seu modo. Que Ele tenha a posse de tudo em nossas vidas – é o único  caminho para que o motivo da tua tristeza cesse.

Se você está triste há muito tempo possivelmente está exausto também. Cansado. Sobrecarregado. Mas Jesus está aqui dizendo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma”. Não há fórmulas. Não há magica. Não há abracadabra gospel que aplaque sua dor e diminua tua tristeza.

Mas há Jesus.

E esse, eu posso garantir, nunca nos abandona. Intercede junto ao Pai. Chora nossas lágrimas. É solidário e nos entende. Então, querido, querida, se você está triste, lembre-se sempre que Aquele que está com você até a consumação dos séculos um dia esteve pregado numa cruz. Nu. Cuspido. Esbofeteado. Açoitado. Escarnecido. Humilhado. Sentindo-se abandonado até pelo Pai. Era a representação máxima da tristeza. Logo, Ele te entende. A boa noticia? Após toda a tristeza, Jesus ressuscitou. Vitorioso. Glorificado. Maravilhoso. E foi sentar-se à destra do Pai. Mas de sua memória onisciente nunca até hoje foi apagado o que um ser humano sente e precisa quando está triste.

Então fale com Ele. Ninguém no mundo entende tão bem você como Aquele que um dia exclamou: “A minha alma está profundamente triste até à morte”. A boa notícia? Ele tem todo o poder nos céus e na terra para transformar teu pranto em riso e tua tristeza em alegria sem medida. Está triste? Acontece. O que você não pode é se esquecer que há um Deus que ama você, que entende você e que cuida de você. Basta chegar-se a ele e lembrar do que Ele mesmo falou: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. Está chorando? Não se preocupe. O consolo está a caminho. Talvez não aquilo que seria a solução da tua tristeza.  Mas o alívio, o consolo? Ah… esses certamente Jesus te dará.

E quanto à tristeza? É o proprio apóstolo Paulo quem responde isso em sua segunda carta aos coríntios: “A tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte”. Resta a você avaliar se a tristeza que espreme seu coração está te trazendo mais para perto de Deus. Pois, se estiver, pode ter certeza que você é amado pelo Todo-Poderoso e que ela tem como único objetivo te fazer passar o resto da eternidade ao lado do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, vivendo Seu amor e cantando junto com os anjos que “Santo, Santo, Santo é o Senhor, Deus do Universo. Céus e terra estão cheios de sua glória. Hosana nas alturas!”

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Sou megaultrahiper a favor do estudo Teológico. Já fiz dois seminários e defendo com unhas e dentes o estudo da Teologia. Mas estou preocupadíssimo. Tenho visto instituições de ensino e certos professores falarem cada absurdo que minha vontade é começar a concordar com os irmãos que dizem que basta ter Jesus no coração e cantar umas músicas num festival gospel que tá tudo certo. Pois a verdade é que há muitas instituições ditas evangélicas de ensino teológico cujos desensinos têm me arrepiado todo. Por mais que seja uma contradição em termos, parecem teologias do inferno.

A última foi um professor de pós-graduação de uma universidade Metodista de São Paulo que tem quase 9 mil seguidores no twitter e que soltou a seguinte pérola na rede social: “Eu não falei nada em ganhar almas, eu nem acredito que há almas imortais“. Depois de alguns segundos de catatonia, fiquei pensando nas pobres criaturas que têm aulas com esse cavalheiro. Que matriculam-se numa universidade, pagam mensalidades, gastam horas em salas de aula… para desaprender a Bíblia. Minutos depois, mandou-me outro tweet: “biblia fala na ressureição da pessoa por parte d Deus, alma imortal é conceito grego e ñ necessita de ressurreição“.

Ou seja, o que esse teólogo disse (se não é isso, por favor, que me corrijam) é que a alma morre e depois ressuscita com o corpo (pessoa = parte corpórea + parte espiritual). Bem, aí eu fiz o que todos deveriam fazer ao ler coisas estranhas assim: fui checar na Bíblia. E não é que descobri que em Mateus 10.28 Jesus diz que a alma não pode ser morta?! “Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno“. Pois é, biblicamente apenas as almas que vão para o inferno podem ser destruidas. As demais não – e, portanto, permanecem existindo em sua imortalidade. Ou Jesus estava equivocado?

Ou Mateus 16.26: “Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?“. Como se perderia uma alma se ela não fosse imortal? Ah, já sei, é conceito grego…

Ou Ap 6.9: “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram“. Peraí. no Céu João viu almas cujos corpos morreram mas elas continuavam vivas? Então temos: “eu nem acredito que há almas imortais” versus “vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos”. Hmmm… começo a sentir cheiro de ensinos teológicos errados no ar. E teologias erradas não vêm de Deus. E se não vêm de Deus… vêm de quem então? Talvez de 1 Timóteo 4.1, “O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios”.

Foi quando lembrei-me que esse mesmo senhor, meses atrás, por ocasião do tsunami no Japão,  apoiou as opiniões de um certo pastor (autointitulado “o herege da vez”) que disse que “Um deus q tem propósito pra tudo, inclusive pra o mal, é réu confesso! E a pena deveria ser a morte!“. Ao que esse professor que não crê em almas imortais afirmou no twitter: “Quem se pergunta c/ Deus pode permitir terremoto-tsunami ñ entendeu q Deus,por ser Amor, abdicou d controle sobre o mundo“.

Calma. Para tudo. Vou repetir o que ele escreveu, atenção por favor: “…Deus, por ser Amor, abdicou d controle sobre o mundo“. Isso dito por um professor de uma universidade metodista e que tem quase 9 mil seguidores no twitter. Imagina quantos corações e mentes ele não influencia com esses pensamentos. Que vêm de onde mesmo? Uma teologia como essa, que tira de Deus o controle do mundo é um beijo de Judas: tem aparência de amor mas por trás só traz destruição.

Eu confesso: diante dessa última resposta não aguentei e lhe pedi uma explicação mais a fundo (sei lá, vai que entendi errado, que peguei a frase fora de contexto ou que a validade de meus óculos venceu). E não é que ele meteu os gregos de novo na história? Defendeu a mesma ideia de que o Deus da Bíblia controlar as forças da natureza é uma herança pagã dos gregos, que o Deus da Bíblia é relacional e não interfere nas forças da natureza. Agostinho cristianizou Platão e Tomás de Aquino, Aristóteles e por isso agora os teólogos pós-modernos do século 21 helenizaram 2 mil anos de teologia cristã. Jesus…

Aí eu me lembrei do Dilúvio, da abertura do Mar Vermelho,  da abertura do Rio Jordão para os israelitas entrarem em Canaã, do “sol que parou”, das pragas do Egito, de Cristo acalmando a tempestade, do terremoto no momento da morte de Jesus e outras forças da natureza sobre as quais a Bíblia – e não os gregos – é clara sobre terem sido provocadas pelo controle de Deus sobre o mundo, suspirei e simplesmente ignorei os devaneios desse senhor. Dei unfollow nele e toquei a vida sem que suas frasezinhas bonitinhas pontuadas por absurdos teológicos incomodassem minha vista. Mas agora ele volta à minha vida ao afirmar que não há almas imortais. Então tá.

Peraí. “Então tá” coisa nenhuma. A coisa é séria. Pois são senhores como esse que assumem a direção de cursos de Teologia e ensinam multidões de pobres almas imortais que elas não são almas imortais!

Isso me faz lembrar de um amigo que depois de 6 anos na igreja matriculou-se num seminário dominado pelo Liberalismo Teológico e ouviu tanta bobagem antibíblica que apostatou da fé. Hoje segue a religião de um guru chamado Osho (que assim como esse professor, tem umas frases lindíssimas e que fisgam milhares de simpatizantes nas redes sociais, mas que prega pesado contra o Cristianismo). Então não posso simplesmente falar “então tá”, pois, com todo respeito à opinião do nobre colega, levar pessoas a crer em heresias pode levar almas imortais a irem para o inferno.

Quer dizer, isso se esse senhor acreditar em inferno, talvez ele creia que seja apenas “uma metáfora”, como afirmam os teólogos liberais. Ou uma invenção dos gregos. Em dias maus como os nossos, se até pastores emergentes estão tirando Gandhi do inferno… tudo é possível.

Um Jesus caótico e descontrolado

Segundo artigo intitulado A soberania de Deus e a contingência do mundo, do blog de um pastor chamado Ed René Kivitz, o referido professor é mencionado como tendo dito que “o Deus da Bíblia não é o Deus da ordem e do controle, pois o amor instala, ou, no mínimo, abre espaço e a possibilidade do caos“. Se você leu rápido demais, deixe-me repetir: “o Deus da Bíblia não é o Deus da ordem e do controle“. Fico me perguntando de que Bíblia ele está falando. Será a mesma Bíblia que afirma que Deus fez certos preparativos “desde antes da fundação do mundo”? Como, p.ex., em Ef 1.4: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor“. Suponho eu que organizar e preparar ocorrências antes da fundação do mundo para acontecerem dali a milênios exija um pouco de ordem e controle, não? Ou é possível planejar algo com tanta antecedência cruzando os dedos para que o caos faça as coisas acontecerem como se desejou?

Vai ver que Deus criou o mundo cantando “o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído…”.

Mas essa praga de pensamentos apócrifos que contradizem dois mil anos de Cristianismo como se fossem uma grande descoberta teológica revelada a essas poucas mentes privilegiadas não é exclusividade desse cavalheiro, a quem um grupo de irmãos sérios na teologia que conheço apelidou carinhosamente de “Senhor Miyagi” (não só por sua aparência oriental, mas por ficar se preocupando em inventar teologias bizarras tão úteis ao Reino de Deus como catar moscas no ar, um hábito desse personagem do filme Karatê Kid). No seminário teológico Presbiteriano onde meu sogro estudou antes de ser ordenado Pastor, as heresias do Liberalismo Teológico comiam soltas. Schleiermacher, Ritschl, Troeschl e Bultmann reinavam absolutos. Graças a Deus (e põe Deus nisso), a direção do seminário mudou e um ortodoxo assumiu, demitindo os professores que ensinavam o falso cristianismo do Deus que não faz milagres e voltando às bases da fé. Que alívio e que sorte para os futuros alunos. Oro para que os alunos da universidade metodista paulistana onde esse cavalheiro das almas mortais e do Deus sem controle leciona venham a ter a mesma sorte.

Eu mesmo ministrei por nove anos em um seminário teológico onde os alunos me relatavam ensinos de outros professores, como um querido que ensinava que almas penadas caminham entre nós após a morte – e outras sandices do gênero.

Considerações finais

Enfim…volto a dizer: sou a favor do estudo teológico. O considero imprescindível. Recomendo enfaticamente a quem não cursou um seminário que o faça, para aprender as verdades bíblicas e não ficar achando, por exemplo, que um programa de música “gospel”  na televisão secular é um grande avanço do Evangelho. Mas meu irmão, minha irmã, aqui vai o ponto-chave do que eu quero dizer com todo este post: informe-se muito bem sobre o lugar onde você pretende estudar. Não matricule-se apenas. O que você aprenderá ali vai mexer a tal ponto com sua mente que você poderá crescer enormemente no conhecimento de Cristo ou poderá se tornar um herege ou mesmo um apóstata.

Ser cristão sem compreender e saber explicar as razões da nossa fé é manter-se na tensão superficial do oceano do Espírito. Faço minhas as palavras de Anselmo de Cantuária, teólogo e filósofo cristão do século XII, que disse que Teologia é “fides quaerens intellectum” – fé em busca de entendimento. Mas é fundamental que seja um entendimento baseado na Verdade que Pedro afirmou em 2 Pe 1.15,16: “Eu me empenharei para que, também depois da minha partida, vocês sejam sempre capazes de lembrar-se destas coisas. De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; ao contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade“.

Portanto, querido irmão, querida irmã, fuja das fábulas engenhosamente inventadas por aqueles que querem garantir seu lugar na História inventando uma nova teologia (falar o que todo mundo já fala não dá muito ibope, afinal, não é?).
Fuja da Teologia Relacional.
Fuja do Teísmo Aberto.
Fuja do Universalismo.
Fuja da Teologia Liberal.
Fuja da Ética Transacional Ascendente.
Fuja da Teologia da Prosperidade.
Fuja da Confissão Positiva.
Fuja de tudo aquilo que contraria 2 mil anos de conhecimento e traz novas invenções doutrinárias que servem tão somente para dar notoriedade aos seus proponentes mas que não fazem absolutamente nada pela causa do Evangelho. Porque entre me associar a uma dessas heresias ou ficar tocando pandeirinho e cantando “Desce fogo, desce poder, quem estiver ligado vai receber…” eu fico com a segunda opção. Causa menos dano espiritual. E os pandeiros, tenho certeza, não foram inventados pelos gregos.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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É belíssimo o conceito de fé. Talvez o mais belo que exista, por seu poder de contradizer tudo. Simplesmente um dos conceitos presentes na raça humana que mais encantam aqueles que conseguem alcançar seu significado não no raso de suas definições frias e pragmáticas, mas aqueles que conseguem ir fundo na sua essência profunda. Pare para pensar: desde que nascemos somos condicionados a mover-nos segundo a ideia de que tudo tem uma explicação racional e que tudo o que devemos fazer precisa necessariamente ser baseado em provas iluministicamente estabelecidas. E de repente desponta diante de nossos olhos duas letras subversivas, revolucionárias, capazes de mudar o destino de pessoas, de transmutar realidades, de provocar guinadas em caminhos, de nos fazer saltar no vazio… de fazer tudo novo: FÉ.

Fé é simplesmente admitir como total possibilidade o impossível. Aliás, deixe-me aperfeiçoar o pensamento: fé é simplesmente admitir como total realidade o impossível. Fé é assumir que é impossível o impossível ser impossível.

Não há nenhuma prova concreta. Não há certezas. Não há documentos assinados, não há notas promissórias ou cheques endossados. O que há é uma indubitabilidade que nenhum argumento racional consegue destruir. Eu tenho fé, por exemplo, que há um Deus e desafio quem quer que seja a destrui-la. Não há como, uma vez que essa certeza tenha sido plantada no nosso coração e na nossa mente pelo Espírito do Onisciente. Que venham os Richard Dawkins, os Charles Darwins e os Joseph Campbells da vida com seus milhares de argumentos e suas provas, seus estudos e seus documentários e livros. Mas você, se tem fé, simplesmente vira-se para eles com uma certa pena no coração e diz: “Desculpe, mas você não entende. Você não entende. Pois é fé, simplesmente”.

Não é racional. Fé é um milagre. Fé é a inabalável confiança de que um pedacinho vegetal que cabe na palma da minha mão é capaz de se transformar em uma das maiores sequóias do planeta se eu tão somente puser essa muda no solo e esperar o Pai regar e o Espírito lançar luz sobre ela. Nossa alma é como esse solo, onde Deus planta a semente da fé. Quem está fora olha e diz: essa semente não é racional! Contraria o que minha mente pavlovianamente condicionada a crer apenas no que está ao alcance da mão e no que posso segurar é algo plausível. E contraria mesmo.

Fé é lançar-se no abismo não na esperança de que Deus vai nos segurar em sua mão. Fé é lançar-se no abismo tendo a absoluta certeza de que Deus vai nos segurar em sua mão.

Tenho meditado muito no livro de Hebreus. Seu autor, infelizmente desconhecido, relata as maravilhas da fé. E a fé como maravilha. “Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.” (Hb 4.16). Com toda confiança, friso. Ou seja, confiando. Crendo. Entregando-se. E, ao fazermos isso, vamos receber misericórdia e encontrar graça que nos ajude no momento da necessidade. Ou seja, chegar-se a Deus com fé é o caminho para recebermos aquilo que é imerecido mas que precisamos. Fascinante.

“E foi assim que, depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa” (Hb 6.15). Repare nos detalhes: a fé de Abraão exigiu dele que ele recebesse a promessa depois. Ou seja: não era algo que estava ao alcance dos olhos. Pois depois pressupõe algo que temporalmente não se enxerga, está além do horizonte. Segundo, Abraão teve de esperar. Novamente, Deus liga a fé a não receber de imediato o que se anela. “Será teu, só não agora”, parece dizer o Senhor. “Mas tens fé? Receberás. Será teu”. E, por fim, fé está instrinsecamente ligada ao fruto do Espírito. Ou seja: quem tem comunhão e intimidade com o Espírito de Deus manifesta naturalmente uma virtude que está arraigada, enroscada e fundida com o conceito de fé: a paciência (Gl 5.22,23) – pois Abraão esperou pa-ci-en-te-men-te. Não é somente o esperar, é o saber esperar. Com paz. Sem duvidar. Pois paciência é isso: aguardar sem perder as estribeiras ou a total certeza. É esperar sem nenhuma dúvida de que “Tens fé? Receberás. Será teu”. Basta ter… paciência. E quem tem o Espírito manifesta seu fruto e, logo, não teme o depois, o esperar, o ter paciência.

Falta de fé é um defeito mundano. Veja o que Tiago abre sua epístola dizendo: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança” (Tiago 1.2,3). Primeira lição: as provações, as dificuldades, os impedimentos para alcançarmos nossa meta são formas de provar nossa fé. E quem nos prova senão o próprio Deus, para ver se confiamos nele ou não? Se confiamos mais nele ou em nós mesmos? E mais: são provas que pedem de nós perseverança – que é a insistência, a não-desistência, o continuar apesar de tudo, o prosseguir apesar de distâncias, de tempo, do que é aparente.

Mas Tiago vai além: “Aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá coisa alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é instável em tudo o que faz” (Tg 1.6b-8). Isso é sério. A fé entrega aquilo que se deseja àqueles que perseveram, que não desistem porque não veem o depois, que aguardam o que almejam com paciência, que têm certeza. E aqui Tiago afirma que os que duvidam não receberão coisa alguma do Senhor. Grave. Problemático. A falta de fé retira das mãos dos instáveis as bênçãos que Deus tem reservado para os tais se tão somente tivessem aguardado com paciência o que viria depois. Pois, como resume Hebreus 11.6: “Sem fé é impossível agradar a Deus”. E, ao se desagradar Deus, o castelo de cartas desmorona e tudo o que Ele tinha para nós se tão somente tivéssemos mantido a fé… escorre ralo abaixo.

Fé, simplesmente. É o que Deus espera de nós. O fenômeno é tão importante que foi o mecanismo criado pelo Senhor para a salvação de nossas almas. Se por alguma razão te falta fé, meu irmão, minha irmã, ore e clame por misericórdia ao Senhor. Pois um cristão sem fé… é um cristão sem Cristo.

Paz a todos vocês que estão em Cristo (e que nunca perdem a fé no que Ele é capaz de fazer).

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Vivemos na era da opinião. Todo mundo tem sempre que ter algo a dizer sobre tudo. A consequência é que, como eu e você não sabemos tudo sobre tudo, acabamos expressando visões a respeito dos mais variados assuntos sem nenhuma base, nenhum conhecimento real. E, com isso, influenciamos montes de pessoas com opiniões que não passam de mero achismo e que só vão prejudicar os demais. Todavia, existe um ato de bravura ligado a isso de que parece que a humanidade se esqueceu, que é confessar abertamente: EU NÃO SEI.

Querido, querida, você não tem a obrigação de saber tudo. Eu não entendo de montes de coisas. Quando dava aula em seminário teológico, meus alunos ficavam espantadíssimos porque às vezes me perguntavam coisas e eu respondia: “Eu não sei”, pois todos os demais professores da escola davam respostas sobre tudo o que eles perguntavam. Obviamente, porque, quando não sabiam, para não passarem por ignorantes, inventavam ou davam opiniões, mas não SABIAM de fato. “Professor, Adão tinha umbigo?”. “Ah, claro, porque, veja bem, eu acho que…”. E esse achismo é que mata. Já eu não cometia esse tipo de atrocidade à honestidade: “Professor, os loucos vão pro Céu?”. “Eu não sei”. “Professor, por que Deus cria pessoas que Ele já sabe que vão pro inferno?”.  “Eu não sei”. “Professor, se o diabo não é onisciente e onipresente como ele tenta 7 bilhões de habitantes do planeta ao mesmo tempo”. “Eu não sei”!!!

Existem mais coisas que não sei, ou seja, para as quais não tenho respostas, do que as que eu sei explicar. Falta-me conhecimento em muitas áreas. O mesmo ocorre com você. O mesmo ocorre com pastores e teólogos famosos. E aí começa o problema.

Pega mal para uma suposta autoridade não ter respostas na nossa cultura atual. Então o que ela faz? Inventa aquilo que mais lhe parece fazer sentido. No popular: entra pelo chutômetro. Só que as bases de suas afirmações em enorme parte das vezes são mero achismo, mera especulação. Mas como são pastores, teólogos e cantores gospel FAMOSOS, a palavra deles vira o 67o livro da Biblia. Por que eu destaquei “famosos”? Porque a fama é uma desgraça que te obriga a ter opiniões sobre tudo e converge os olhares para você. Pior: se você é famoso, os outros acreditam no que você diz. E tem muita gente famosa causando grandes estragos nos crédulos.

Ano passado fui a uma conferência teológica e lá encontrei a esposa de um pastor que por sua vez é muito amigo de outro pastor que tem pregado que Deus não tem controle sobre as tragédias do mundo, a tal Teologia Relacional (versão brasileira do Teísmo Aberto americano). O inventor dessa heresia é muito famoso, tem milhares de seguidores nas mídias sociais e até tinha uma coluna numa respeitada revista cristã (que justamente por ser séria teve a hombridade de demiti-lo) e vive tuitando muito sobre os valores dessa teologia, entre um verso e outro de poesias. Almocei com essa senhora e por saber que ela era próxima do “herege da vez” (como ele mesmo se autointitulou) com muita curiosidade lhe perguntei afinal de contas qual era a dele com esse pensamento novo – um pensador que eu admirara tanto no passado mas que tinha criado uma teologia antagônica à Bíblia. Ao que ela me respondeu: “Zágari, ele tem muito mais perguntas do que conclusões”. Diante disso, eu passei a me questionar: se ele tem perguntas sem conclusão, por que não diz EU NÃO SEI em vez de começar a lançar aos quatro ventos suas meras elocubrações como se fossem afirmações e verdades descidas do Céu trazidas por anjos em bandejas de prata? Pois ao fazer isso ele está irresponsavelmente contaminando milhares de pessoas com suas dúvidas sem apresentar respostas biblicamente embasadas.

Esse mal corrói nossas celebridades gospel. Afirmam muito, quando sabem pouco. Já participei diversas vezes de um programa de rádio de debates cristãos numa famosa rádio do Rio de Janeiro. E tive a oportunidade de ouvir, por exemplo, um pastor famoso de uma igreja famosa por lançar músicas que se tornam hits nacionais dizer absurdos homéricos do ponto de vista bíblico. “Se eu entrar numa boate o Espirito Santo fica na porta”, rompeu em fé o tal, que provavelmente nunca viu na Biblia que o Espirito habita em nós e que onde a luz brilha as trevas se dissipam e não o contrário. Eu, uma humilde ovelhinha, tive de lhe ensinar: “Pastor, acho que o senhor está falando de algo que NÃO SABE. Pois a Biblia não diz isso”. Ele passou o resto do programa de cara feia para mim e nem se despediu na hora de ir embora. Talvez ele não saiba divergir em ideias como um bom cristão.

Na faculdade de Jornalismo ouvi certa vez de um professor o seguinte: “Vergonha não é não saber, é se conformar em não saber e não buscar saber”. Creio que esse é o caminho. Pois hoje quem mais forma opiniões no Brasil (em especial no meio cristão) são a televisão, a rádio e a internet, não são mais os púlpitos. E a quantidade de gente que está nesses lugares dizendo absurdos, heresias, bobagens teológicas, erros bíblicos, opiniões desembasadas e coisas similares beira a maioria. Pessoas que não procuram o conhecimento. Que só querem informação e que cansam de repetir o que ouviram de alguém: não investigaram, não estudaram, não conferiram. Ouviram por aí. Mas afirmam com uma certeza acadêmica! O resultado disso é que daqui a pouco vemos pastores defendendo lutas de UFC, celebridades defendendo a participação de cantores gospel em programas de TV onde se oferecem oferendas a Iemanjá, cristãos anônimos defendendo loucuras do ponto de vista bíblico e outras insanidades teológicas. Não tem certeza se a Biblia aprova aquilo? Diga “eu não sei”. Não saia defendendo uma ideia se você não sabe se Deus aprova.

A igreja visível no Brasil transborda de opiniões. Todo mundo tem opiniões. Pouquíssimos sabem dar argumentos sólidos, bíblicos e teológicos para justificar seus pensamentos. E os que o fazem não estão na grande mídia. Geralmente, para ganhar dinheiro, poder e fama, quem está na grande mídia maipula as massas cristãs que simplesmente… não sabem. É por isso que chega um pregador fanfarrão na TV pedindo dinheiro em troca de “unção financeira” e milhares dão seu suado dinheirinho porque NÃO SABEM que aquilo é um pecado chamado simonia e uma inacreditável heresia. Ou que uma cantora gospel diz que o povo atravessou o Mar Vermelho saltando, cantando e dançando e a igreja termina os cultos aos saltos achando aquilo o máximo, porque NÃO SABE o desacordo bíblico que é aquilo – o povo estava apavorado pela aproximação de faraó e não feliz da vida.

Chega de opiniões. Chega de achismos. Não me interessa o que as celebridades pensam. Não me interessa o que um famoso gospel acredita ser fato. E sugiro que você faça o mesmo. Ele ou ela é apenas mais um na multidão de pessoas que têm uma opinião, com a diferença que alguém lhe deu um microfone na mão. Eu quero buscar a verdade. Quero ir atrás dos que sabem. Dos que gastaram horas e horas e horas não assistindo a lutas de UFC ou vendo programas de TV com cantores gospel, mas estudando a Palavra, lendo bons livros dos melhores autores cristãos, frequentando seminários teológicos sérios, dedicando seu tempo ao saber. Para que cada vez mais eu possa substituir a honra de dizer EU NÃO SEI pela honra de dizer AGORA EU APRENDI.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Eu estava calmamente lendo a Bíblia de madrugada quanto cometi o erro de entrar no twitter no exato momento em que um canal de TV estava transmitindo lutas de Ultimate Fighting (UFC). Montes e montes de cristãos estavam tuitando e vibrando com as lutas. Eu li aquilo e postei um comentário dizendo que não conseguia compreender como pessoas que seguem Jesus são capazes de se divertir vendo gente bater uma na outra, como servos do Cordeiro de Deus podem vibrar com tanta pancadaria e violência. Jesus… para que eu fui fazer aquilo?! Comecei a ser espancado verbalmente por uma legião de fãs das lutas. Alguns foram educados e argumentaram como cavalheiros. Mas os demais me jogaram no chão e começaram a dar chutes e pontapés verbais que me deixaram estarrecido. Fui nocauteado moralmente.  E isso me fez refletir mais uma vez sobre um dos problemas que considero um dos mais graves da igreja visível no Brasil: como aqueles que se chamam pelo nome de Jesus passaram a achar nos nossos dias que agressão, ofensas, verborragia e ataques pessoais é uma atitude absolutamente aceitável do ponto de vista bíblico O que é um sinal de que não foram muito bem discipulados na fé cristã.

Um cavalheiro chamado Renato desferiu de cara quatro tuites que parecem ter saído de dentro do ringue: “Gosto é como nariz, cada um tem o seu… então pegue sua hipocrisia e vai ler a bíblia”, me disse esse suposto cristão. E, não satisfeito, continuou: “Aposto que não está lendo a bíblia as 3:30h. Com certeza em algum site pornô ou coisa parecida… isso sim é coisa de quem julga os irmãos… Farizeu.” Tenho de confessar: fiquei pasmo. Nem adiantava dizer que ler a Biblia era exatamente o que eu estava fazendo. Simplesmente, pela primeira vez na vida, dei block no “irmão” (meu Deus, quem discipula um homem desses?) Dois “cristãos” me chamaram de hipócrita. Mais um de fariseu. Outros usaram termos que eu prefiro não repetir aqui porque este é um blog para pessoas cristãs, ou seja, que não apreciam linguajar torpe. E, depois de falar assim com um irmão, vão às suas igrejas, louvam de mãos levantadas, tomam a Ceia do Senhor e creem que estão agindo como filhos de Deus.

Vi até pastores vibrando! Um deles tuitou coisas como “Uhuuu Vitor quebrou tudo!!!”, “Que joelhada linda” e “Vitor Belfort entrou falando em línguas que emoção vai sacudir tudo #Torcendo”. Eu mal conseguia acreditar: Um pastor realmente escreveu para milhares de pessoas “Que joelhada linda”???

Outro pastor, conferencista que vive pregando pelo Brasil, escreveu: “Quebra tudo Zé Aldo…”. Isso então é o que muitos de nossos pastores estão ensinando por aí: não o arrependimento de pecados, a paz, a paciência, o amor ao próximo, dar a outra face, pagar mal com bem. Estão ensinando: “quebra tudo” e “que joelhada linda”. Para pra pensar com calma: um sacerdote do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo elogiando uma joelhada, um gesto de extrema violência! Que dias de profundas trevas nós – a igreja do manso Cordeiro de Deus – estamos vivendo…

Bem, eu não entro no mérito do gosto pessoal de cada um. Tem gente que gosta de briga de galos. Na antiguidade, as hordas se divertiam com os gladiadores do Coliseu. O ser humano sempre foi atraído por violência, gosta de filmes como os de Charles Bronson e tudo isso naturalmente é consequência da entrada do pecado no gênero humano – ou você consegue imaginar Adão antes da queda ou mesmo Jesus na primeira fileira de um estádio (ou o correto é falar ginásio, não sei), vibrando e gritando: “Vai, Belfort, arrebenta ele! Quebra esse jumento!” – palavras verídicas que reproduzo do tuiter de um homem que se diz cristão e estava assistindo ao massacre. Pode me chamar de hipócrita, fariseu ou careta, mas eu não consigo imaginar isso.

Claro que muitos concordaram comigo. Me alegrou em especial um jovem que postou diretamente para mim: “Confesso que vibrei e até me alegrei em alguns momentos. Mas suas palavras foram um despertar para uma reflexão sobre isso. Só posso agradecer”. Essa parcela da Igreja não me preocupa, pois o Espírito Santo já cuida dela e convence do pecado, da justiça e do juízo. O que me preocupa é a parte da igreja que está sanguinária, violenta… tão distante do que Jesus ensinou!

Muito disso tem a ver com nossos modelos. Hoje em dia muitos líderes evangélicos que estão na TV e na Internet são homens agressivos, verborrágicos e ofensivos, que usam termos como “trouxa” e “bundão” para se referir a irmãos na fé. Por outro lado há grupos de religiosos que incentivam esportes de contato e que defendem esse tipo de prática e comportamento. Pronto: junta isso tudo e temos uma legião de “cristãos” que serão ensinados a cada culto ou programa na Internet ou na televisão que ofender, agredir, atacar, revidar e coisas similares é algo aceitável dentro do verdadeiro Cristianismo. E isso, naturalmente, em especial é algo atraente para os jovens, cheios de testosterona.

Só tem um problema: isso está biblicamente muito errado.

O Cristianismo é a religião da não violência. Quando Jesus foi preso no Getsêmani e Pedro cortou a orelha do soldado Malco, o Senhor repreendeu o agressor e restaurou o homem ferido. Cristo era o Cordeiro Manso e humilde de coração, que deixou-se voluntariamente apanhar, ser cuspido, xingado, ofendido, açoitado, vilipendiado, crucificado… e como ovelha muda perante seus tosquiadores não abriu a boca. Ele deu o exemplo. Ajudava os necessitados e elogiou a atitude do samaritano que auxiliou o homem que tinha sido espancado pelos ladrões. Jesus visava sempre à cura, nunca a provocar a violência e a dor.

No Sermão do Monte, Jesus ensina a dar a outra face, a andar a segunda milha. Diz que os pacificadores e os mansos são bem-aventurados. Em momento algum você vê nos discursos do Mestre incentivo à violência. Pelo contrário, quando ele diz aos seus discípulos que eles seriam perseguidos pela fé, a sua ordem é que fujam e não que revidem. Olhe esta foto à esquerda: você consegue encaixá-la nas bem-aventuranças ou consegue imaginar que isso seja algo que deixe Jesus de Nazaré feliz? E se alguém vier com a história da derrubada das mesas dos cambistas no templo eu nem entro por esse mérito, apenas sugiro que pegue um bom livro que explicará que aquilo não foi um ato de violência, mas de limpeza e purificação motivado por desonestidade e exploração na hora das negociações que aqueles homens faziam.

Nas epístolas você não encontra linguagem ofensiva. Mesmo quando o apostolado de Paulo é questionado ele o defende com veemência, mas jamais alguém é ofendido ou agredido. Se não pela sua pessoa, muito menos pelas ideias que expressa. Pecados são confrontados mas nunca se veem retaliações verborrágicas ou de incentivo à agressão física. Pelo contrário, quando os judeus levam a mulher adúltera até Jesus, Ele estaria coberto de razão pela Lei Mosaica se dissesse: “Podem baixar o sarrafo nela, arrebentem com essa desgraçada”. Mas não. Calmamente, sem erguer a voz ou mesmo o rosto o Mestre preserva a integridade física daquela senhora e corta toda e qualquer possibilidade de um ato de violência.

A verdade é que grande parcela da igreja visível no Brasil está doente, muito doente. Cega, não enxerga o que a Bíblia diz. Sem estudo teológico, não compreende as realidades das Escrituras. Carnal, não vive as disciplinas espirituais e por isso não tem intimidade com o Deus vivo. E, com isso, nós criamos os nossos gladiadores cristãos: homens e mulheres que vibram com a violência (mascarada sob alcunhas simpáticas, como “esporte”, “competição”, “profissão”, “artes marciais” ou o que for – mas que não passam de nomes socialmente aceitáveis para definir a mesma coisa: pancadaria). Que exultam com seres humanos aos chutes, socos, murros, pancadas, joelhadas e outras atitudes que, digo novamente, não consigo imaginar Jesus fazendo ou mesmo se alegrando por ver.

Pior: trazem a violência para fora dos ringues. Estão tão transtornados (ou você acha que assistir a esses gladiadores em ação não mexe com o instinto violento de quem vê as lutas?) e salivando com os golpes e as agressões que exportam toda essa testosterona para o mundo das palavras. Intolerantes, agridem quem discorda deles. Não sabem argumentar ou dialogar: partem pro braço. “Te pego lá fora, seu cristão que é contra a violência!’, parecem dizer. E com isso a igreja visível segue crescendo como opróbrio dentro da sociedade secular; nós, cristãos, continuamos sendo vistos como tão mundanos como qualquer outro segmento da sociedade e os valores do mundo continuam se alastrando descontrolados entre o povo de Deus. Ou seja: não nos tornamos em nada diferentes do mundo. Somos tão violentos, agressivos, espancadores, humilhadores, “trouxas” e “bundões” como qualquer não-cristão.

O tal pastor disse em maiúsculas no tuiter que “UFC É PAIXÃO NACIONAL”. Certamente não é a paixão da nação celestial nem motivo de admiração para os verdadeiros peregrinos que caminham por esta terra estranha vendo esses espetáculos grotescos e animalescos sendo aceitos por aqueles que deveriam pregar a mansidão, a humildade de espírito, o amor. Jesus disse que deveríamos ser sal da terra e luz do mundo e que, se não fôssemos, só serviríamos para sermos “lançados fora e pisados pelos homens”. Aí eu leio coisas como…

Aposto que não está lendo a bíblia as 3:30h. Com certeza em algum site pornô ou coisa parecida… isso sim é coisa de quem julga os irmãos… Farizeu

… e vejo que já estamos sendo pisados pelos homens há muito tempo. E pior: gostamos disso. Afinal, ser pisado faz parte do esporte de contato, né?

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Sem meias-palavras: é.

E não só é como as igrejas estã abarrotadas de cristãos infelizes. “Que é isso, Zágari, tá maluco? Crente vive feliz da vida com Jesus!” Ok, ok, mas agora vamos deixar de lado os slogans de rádios evangélicas, pôr os pés no chão e refletir um pouco sobre a realidade.

Isso é um fato. Seguir o Evangelho não é garantia de felicidade nesta vida. Na vida eterna sim, mas nesta? Pode esperar sentado. Sim, as igrejas estão lotadas de indivíduos infelizes. Pessoas que fizeram más escolhas e agora precisam conviver com elas, gente doente, solitária, deprimida… ouvem as pregações mas parece que aquilo não faz efeito nenhum. Palavras ao vento. E é aí que entramos nós, eu e você – o Corpo, os instrumentos e os canais do amor de Deus.

Infelicidade em geral se cura ou pelo menos amaina com essa arma secreta que Deus deu a cada um de nós: amor. Traduzido em calor humano. Não adianta eu dizer a alguém que sofre de câncer que Jesus o ama e mandá-lo para casa. Eu preciso abraçá-lo. Chorar com ele. Orar com ele. Amar essa pessoa. Sentir sua dor. Não adianta eu dizer para alguém que se casou pelas razões erradas que agora ele tem de engolir o choro  todas as noites e “ter fé em Deus”: eu tenho de emprestar-lhe meu ombro, meus ouvidos, meus conselhos.

Erros que cometemos e são irreversíveis aos olhos do Senhor precisam ser tratados com carinho pela Igreja, com amparo, com oração, com… amor. Não com julgamentos. Com amor. Todos erramos. Eu erro, você erra, o pastor erra. A exortação vem antes de o erro ser cometido. Se dá tempo de se consertar, é o que devemos incentivar. Mas, se ele é irreversível, já era, o que precisamos é dar colo, carinho, afeto, amor e muita, mas muita paciência.

Um homem que matou outro, passou anos na prisão e agora foi tocado por Cristo e se arrepende do crime que cometeu não precisa de dedos na cara. Não precisa de desconfiança. Ele não pode devolver a vida que tomou. Mas se está arrependido e se foi convertido, temos de amá-lo e mostrar-lhe que se ele se arrependeu de fato Deus já o perdoou e ele é bem-vindo em nosso meio. Só falta ele se perdoar. O mesmo com o ladrão. O adúltero. O mentiroso. O canalha. Todos infelizes. Todos já cometeram seus erros – mas podem ser restaurados. Ou pelo menos acalmados. E adivinha só? Por seu intermédio.

Por isso que o desigrejar-se é um erro grave, pois o desigrejado não tem o apoio da congregação. Sofre sozinho. Definha. Morre só e infeliz.

Deus não criou a Igreja à toa. Ele sabia que por trás dos muitos sorrisos na hora do culto haveria corações sangrando. Gente precisando de consolo, com o pensamento distante da mensagem pregada. Homens e mulheres que tomaram decisões erradas e agora colhem os frutos da infelicidade. Casamentos em crise. Famílias destruídas. Mães que choram pelos filhos drogados. Pacientes terminais. Doentes de moléstias crônicas. Seres humanos assombrados  pelo passado. Outros, pelo presente. Dor. Dor. E mais dor.

Uma sugestão

Quando o culto acabar, meu irmão, minha irmã, não vá embora da igreja como quem sai de um teatro. Em minha opinião, esse é o momento mais importante do culto. Deus manda amá-lo sobre todas as coisas (o que exprimimos durante o culto na adoração, na oração, na Ceia) e ao próximo como a nós mesmos. E é na hora em que o culto acaba que pomos essa parte do mandamento em prática. Olhe em  volta. Enxergue as pessoas. Repare que há algumas que permanecem sentadas, sem forças de levantar. Vá até aquela que tem a infelicidade estampada no olhar e converse com ela. Pergunte se está tudo bem. Se pode ajudá-la. Doe seu tempo. Seja o Cristo que ela não vê. Procure em especial aqueles que se  sentam nas ultimas fileiras do santuário. Dê-lhes amor. Dê-lhes amor! Espere, talvez você esteja lendo com pressa, então escrevo de novo:

Dê-lhes… amor.

Amor em forma de ouvir com paciência e interesse suas histórias de vida. De saber o nome do filho que morreu no acidente de moto. De ouvir o desabafo da mulher que chega em casa e tem que dormir com o marido que não ama. De chorar com o portador de HIV que está com falta de ar. De abraçar o solitário. Conte histórias de restauração promovidas por Jesus. Fortaleça a fé do desesperançado. Faça algo!

Faça algo!

Pois tenha a certeza: as igrejas estão cheias de pessoas infelizes. E sim, Deus faz milagres. Mas o maior milagre que Deus pode fazer para ajudar uma pessoa infeliz é tocar no teu coração, meu irmão, minha irmã, para que você não se preocupe apenas com a tua vida, mas ajude a diminuir a infelicidade alheia. E aí, quando a Igreja começar a amar a Igreja, estaremos começando a ser Igreja.

Paz a todos vocês que estão em Cristo

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