Arquivo de novembro, 2011

Se tem uma coisa que eu admiro nos japoneses é o respeito e a honra que eles dão aos idosos. São vistos como pessoas sábias, vividas, experientes, que já passaram por todo tipo de dor e sofrimento, que já erraram e acertaram muito, que entendem que a testosterona da juventude nos leva a cometer erros muitas vezes irreparáveis. No Japão, velho é bom. Paradoxalmente, no Brasil velho é ruim. É sinônimo de coisa ultrapassada, defasada, que não serve mais, que não entende os nossos tempos, que está apegada a tradicionalismos e coisas de uma época que não se aplica mais aos nossos dias.

Com o perdão da palavra, mas, nesse sentido, como nós, brasileiros, somos ignorantes!

Jovens têm, é lógico, o seu valor. São cheios de garra, têm disposição, ímpeto e vontade de mudar o mundo. O problema surge quando queremos mudar o que não precisa ser mudado. Pois, queira você ou não, jovem, você é inexperiente. Ainda tem muito feijão para comer. Um rapaz de 20 anos nunca vai se comparar a um senhor de 60, por exemplo, em número de cicatrizes na alma. Cara, são 40 anos a mais de vivência! Você acha isso pouco? Comparar chega a ser patético. Uma sociedade formada sobre a inexperiência dos jovens é uma sociedade que vai cometer todos os erros que os velhos já cometeram – sem necessidade alguma de que eles fossem repetidos  Infelizmente, é o que tem ocorrido em muitas igrejas.

Fico lendo no twitter alguns pastores garotões querendo dizer aos mais velhos como se deve fazer igreja e o que leio muitas vezes me dá um desânimo atroz, pra não dizer assombro. É patente que são uns meninos cheios de boa vontade, mas também lotados até a boca de equívocos, inexperiência, ignorância teológica e falta de traquejo. Outro dia li um jovem pastor ligado a uma organização de mocidade para cristãos defender que masturbação não é pecado se você o faz pensando na sua esposa. Depois, o mesmo garotão comparou roupa de pastores com roupa de políticos numa analogia tão sem fundamento que me deu até pena. E basta ler os tuites dele que você percebe até coisas menores, como montes de erros de gramática e ortografia. E são esses que estão discipulando nossos jovens??? Deus tenha misericórdia de Sua Igreja…

Jovem, lembre-se que Israel foi dividido porque o rei jovem deu mais ouvidos aos conselheiros garotões do que aos anciãos. Você quer um conselheiro nas coisas de Deus e da vida? Busque alguém que tenha fios brancos na cabeça. Barba preta não faz de ninguém um bom pastor.  Cabelos grisalhos também não, mas ajudam muito. Se eu vou a um médico, não procuro um recém-formado, vou aos que têm diplomas  amarelados na parede e uma estrada longa percorrida. Por que não faria o mesmo com os médicos de alma?

Fui certa vez a uma conferência teológica acompanhado de um sacerdote que está na casa dos 50 anos. Eu tenho 39. Assistimos a uma palestra de um jovem e brilhante teólogo. A exposição dele foi excelente. Na saída comecei a elogiar o rapaz para esse sacerdote que estava comigo. Ele ouviu-me pacientemente. Ao final me disse uma frase que eu não esqueci: “Mauricio, ele pode ser muito bom, mas ainda não sofreu. Deixa ele sofrer mais e depois a gente conversa”.  Refletindo sobre aquela frase, vi que ele estava coberto de razão: ninguém se torna um general sem carregar em si muitos ferimentos de batalhas passadas.

Os jovens cristãos chegam cheios de vontade de fazer e acontecer. Ótimo. Mas muitos, em especial pastores, enfiam os pés pelas mãos, porque ignoram o conselho dos mais velhos. Acham que sacerdotes com mais de 50 anos são velhos corocos presos a tradicionalismos inúteis, a pensamentos velhos e estruturas que não funcionam mais. Tadinhos. A Igreja tem de conversar com a sua época? Lógico! Mas a Igreja não tem que alterar a mensagem da Cruz para isso. Não precisa falar palavrões. Não precisa falar “quaé, mermão”. Muito menos reinventar a roda. O que funciona há 2 mil anos funciona há 2 mil anos!!! Que continue funcionando!!! Mas não: templos são coisas velhas, então temos de nos reunir em tendas ou outros ambientes alternativos. De preferência com cestas de basquete na parede pra mostrar como a gente é cool, tá ligado? Terno e gravata são coisas velhas? Então temos de pregar com camisas de malha com dizeres grafitados, como “Jesus rules!“. Ritos e cerimônias são coisas velhas? Então temos de abolir qualquer forma de liturgia. As teologias pregadas não mudam desde a época de Lutero e Calvino? Então temos de inventar bobagens novas como a Teologia Relacional porque, afinal de contas, como teólogos do século 16 poderiam estar certos? Nada disso, certos somos nós, para quem love wins. E fico imaginando Jesus vendo tudo isso e lembrando: “Eu sou o mesmo ontem, hoje e serei para sempre”. As pessoas e os tempos mudam? Claro! Mas a essência humana é igual desde Adão e é na essência do homem que o Evangelho age, não na sua cultura temporal.

Jovem, você não tem de reinventar o Evangelho. Ele está aí, prontinho, há 2 mil anos, num livro chamado Bíblia. O conteúdo desse livro não mudou em nada, nem seus ensinamentos. Ele é um presente de Deus para você. Se um pastor valorizar mais o papel de presente (ou seja, a forma como é apresentado) do que o presente em si, fuja dele. Busque uma igreja onde o velho é ensinado. Onde Deus continua sendo amor, mas também ira e justiça. Onde o cristão não tem que ter a cara de um skatista da moda para viver a fé.

Não tenha vergonha de ser diferente. A mensagem do Cristianismo é e sempre foi contracultura, ela nada na contramão, na direção oposta do mundo. Se alguém, mesmo um pastor maneirão da moda diz a você que você tem que participar das coisas do mundo como shows do Ozzy Osbourne… Ignore-o. Jesus disse em sua oração ao Pai em favor dos Seus: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou“. Você está  no mundo. Mas não é do mundo. Não se misture. Se o novo diz para  você se misturar, corra para o velho. Para aquilo que já foi testado e aprovado pelo teste dos séculos e não para aquilo que tenta fazer de você uma cobaia de laboratório para novas experiências teológicas.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Um dos predicados que Jesus mais usou para (des)qualificar as pessoas durante seu ministério terreno foi “hipócrita”. Era o adjetivo principal que Ele utilizava para se referir aos escribas e fariseus, por exemplo. Nas minhas leituras da Bíblia acabei atentando para essa palavra e acabei me entreguando à reflexão acerca da hipocrisia. Aliás, tenho pensado bastante sobre o tema, a ponto de decidir devotar essa semana aqui no APENAS a posts sobre hipocrisia. E tenho pensado tanto sobre a minha hipocrisia quanto a das pessoas que me cercam. Não se espante de eu dizer “a minha”, porque quando se é honesto consigo mesmo é impossível não reconhecer que todos temos um pouco (ou muito) dela. Uns mais, outros menos, mas todos temos nossa dose desse mal, nem que seja em nome do bom convívio social. Não virar a mão na cara de uma pessoa que você sabe que está mentindo para você e ficar sorrindo para ela não deixa de ser um ato hipócrita, se você parar para pensar. Então, eu e você temos nossa cota de hipocrisia, admitamos. Afinal, não admitir isso seria… hipocrisia.

“Hipocrisia” vem do grego hupokrisía, vocábulo que tem o sentido de “alguém que desempenha um papel”. Ou seja, em resumo, hipocrisia tem a ver com fingimento. É uma coisa meio teatral, quando você finge ser, sentir ou pensar algo que não condiz com a realidade. Mas, mesmo sendo uma característica tão presente no ser humano como qualquer outro pecado, preciso reconhecer que ultimamente tenho visto tanta hipocrisia que chega a gerar em mim uma certa repulsa.

Algo que detectei no trato com pessoas que têm agido de forma hipócrita é que há quatro estágios de reação da sua parte quando você se depara com um ato de hipocrisia perpetrado por alguém que você conhece e com quem se preocupa:

1. Revolta
2. Exortação
3. Conformismo
4. Anestesia (esta geralmente vem acompanhada de um consequente afastamento).

É mais ou menos assim que ocorre quando alguém por quem você se importa embarca num comportamento hipócrita perene: primeiro você se revolta, acha um absurdo. “Como fulano consegue ser tão fingidor?! Como ele aguenta viver assim?!”. Depois vem a fase da exortação, quando você tenta chamar a pessoa à responsabilidade, faz o que está ao seu alcance para que ela abandone seus atos hipócritas e que vão acabar por machucá-la ou machucar terceiros, aconselha, fala, adverte, alerta para os problemas que aquilo causará. Mas, no instante em que você percebe que de nada adiantou admoestar e que a pessoa persiste em sua trajetória de hipocrisia, começa a etapa do conformismo. “É… fulano escolheu ser hipócrita mesmo, fazer o que, né?! Deixa estar”. Por fim, chega a anestesia. É quando você já se esforçou tanto e fez tudo o que estava ao seu alcance para libertar a pessoa com quem você se importa dos grilhões de seu fingimento que literalmente fica exausto. E percebe, enfim, que a pessoa tomou a decisão definitiva: viver a hipocrisia até o fim. É quando você desiste.

Infelizmente, isso acaba despertando em você uma boa dose de asco por tamanho fingimento, a ponto de te deixar meio anestesiado ao fato – talvez como uma casca protetora para proteger você de sentir o sentimento ruim que está sentindo. Se você assistiu ao filme Pink Floyd – The Wall vai entender um pouco do que estou falando: você se torna Comfortably Numb. É nessa hora que você larga a mão de quem insiste em pular no abismo e deixa pra lá. Como se dissesse: “Você persiste nessa atitude? Então quer saber? Azar o seu, colha os frutos amargos das suas ações”. Nesse ponto se dá a ruptura e a gente simplesmente sai de cena, entregando o ente querido à propria sorte. “Que Deus o ajude”, é o que resta dizer. E vamos cuidar da vida, esperando só o dia em que chegarão as inevitáveis notícias dos desastres ocorridos por causa daqueles persistentes atos hipócritas (é claro que oramos muito pedindo a Deus que isso não ocorra, mas é como a Bíblia diz: “Quem semeia corrupção na carne colhe corrupção na carne”. É inevitável.). Ou você acha que uma hipocrisia perene não traz infelicidade ao hipócrita? Ou você acha que hipocrisia passa impune?

Todos somos hipócritas, logo, não serei eu a atirar a primeira pedra. Mas há uma grande diferença entre os tipos de pessoas que praticam a hipocrisia: há o hipócrita que percebe suas escorregadas e se corrige e o hipócrita que, por mais que você advirta, persiste em levar adiante seu erro. Só que Deus não nos chamou para sermos hipócritas. E se você percebe que está vivendo atrás de máscaras, sorrindo quando queria chorar, dizendo “sim” quando deveria dizer “não”, fingindo ser quem você não é… meu irmão, tome uma atitude. Por quê?

Porque senão o seu modo de proceder em nada será diferente do modo dos escribas e fariseus que Jesus tanto condenou. E a quem chamou de sepulcros caiados.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.
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Desde o surgimento da igreja neopentecostal, a frase ” Pare de sofrer” causa arrepios em qualquer cristão ortodoxo, que leve a Biblia a sério. Pois nós sabemos que uma igreja que pregue o Cristo que diz “aquele que quiser vir após mim tome sua cruz e siga-me” nunca diria que Jesus promete que você vai “parar de sofrer” nesta vida. Isso porque o Evangelho autêntico não nos promete apenas beneficios, mas sabe que seremos afligidos e exige de nós muitos sacrifícios. Afinal, dar a outra face, andar a segunda milha, orar pelos inimigos e perdoar quem nos faz mal não é pra qualquer um não, são exigências sacrificiais de um Deus que se sacrificou por nós. Diante disso, o que você, que busca a ortodoxia bíblica, falaria se eu dissesse que o lema da mais famosa igreja (?) neopentecostal,  “Pare de Sofrer”, é uma frase 100% canônica?

Calma, calma.  Antes que você ache que eu aderi a essa “igreja” neopentecostal e agora faço campanhas do óleo santo de Israel ou que frequento “cultos de milagres”, deixe-me explicar. Continuo tão ortodoxo, radical, dogmático e fundamentalista como antes – e, que me perdoem os moderninhos, mas não, esses termos para mim não são palavrões, não me ofendem nem um pouco. Pelo contrário, explicam conceitos teológicos claríssimos e nada antiquados ou ultrapassados que me orgulho de ter em meu cardápio teológico. Ou seja, Ortodoxo: continuo crendo na ortodoxia bíblica; Radical: continuo tendo minhas
raízes bem fincadas no terreno sólido da Palavra de Deus; Dogmático: continuo me guiando por dogmas bíblicos como Jesus sendo amor, a existência da Trindade e a pecaminosidade do homem; e Fundamentalista: continuo  tendo meus fundamentos cravados na Rocha inabalável que é Jesus de Nazaré. Mas, esta semana, num dos meus momentos de leitura bíblica, percebi que parte da humanidade foi feita de fato para parar de sofrer. Não agora. Não ainda. Mas sim, podemos prometer “pare de sofrer” a todo aquele a quem convidamos mediante a proclamação do Evangelho para uma vida em Jesus. Mas atenção, muita atenção: é uma promessa com hora marcada.

Na verdade, deixe-me fazer uma correção. A humanidade não foi feita para parar de sofrer, foi feita para não sofrer. Adão e Eva desconheciam o sofrimento. Vem o pecado e com ele a dor e suas variações. Herdamos isso. Vivemos isso. Como consequência, somos obrigados a ralar no trabalho, sentimos dores no parto e colhemos espinhos e abrolhos. Ou seja: vamos sofrer. É a vida que nossos antepassados  nos legaram, alea jacta est. É quando chega um pregador da Teologia da Prosperidade e diz que esse sofrimento que injetamos em nosso DNA espiritual pode ser anulado em vida. Só que não, lamento informar, não pode. Mas pode ser anulado na morte.

Em Apocalipse 7, a partir do versículo 14, a Bíblia promete o fim do sofrimento para “os que vêm da grande tribulação”:  “Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima“. Que linda promessa! Sim, mesmo aqueles que passarem pela maior das tribulações aqui na terra terão seus olhos enxutos pelo Rei dos Reis! Que impressionante! Que bela esperança. Sim, pararão de sofrer… só que na hora certa.

Ainda no livro de Apocalipse, no capítulo 21, versículos 3 e 4, vemos que o “pare de sofrer” é explícito: “Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram“. Parafraseando: “Vamos parar de sofrer quando as primeiras coisas passarem”.

Quando leio essa passagem, tudo o que desejo é me lançar com o rosto no pó e repetir no minimo umas cem mil vezes “obrigado, Senhor”. Se nós, cristãos, refletíssemos com um pouco mais de profundidade acerca do que as Escrituras dizem, nossa segurança ante as agruras da vida seria multiplicada à enésima potência.

O resultado prático da aquisição dessa consciência seria uma Igreja muito menos murmuradora, muito menos lamurienta e que carregaria em si a mesma certeza que os mártires da Igreja primitiva carregavam e que os fazia serem trucidados por feras selvagens ou sofrerem as piores torturas sem gemer: já já vamos parar de sofrer. Um passo após a morte e pronto: toda dor sumirá. Todo choro cessará. Toda aflição se extinguirá.

A todos os justos Jesus concedeu, por exemplo, uma escritura definitiva do que, imagino, será um belo imóvel. Essa é a melhor “campanha da casa própria” que uma igreja pode oferecer aos seus fieis: pregar Jesus. Pois Ele prometeu aos que disser “vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” o seguinte: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E. quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também“. Que promessa magnífica! Que certeza deslumbrante. Sim, a eternidade ao lado do Mestre nos promete a chave da casa própria. Mas é muito importante frisar: depois. Não ainda. Não agora.

Pare de sofrer. Essa promessa me remete a imagens de alegria e gozo. Que é exatamemte o que Ap 19.7 aponta: “Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro“. Ah, que casamento glorioso e indolor será esse! Aleijados, cegos, deprimidos, pobres, cancerosos, pacientes de hemodiálise, fibromiálgicos, aidéticos, torturados, assassinados, abusados sexualmente, espancados, vilipendiados, traídos, amargurados, bipolares, presidiários, desprezados, solitários, mal-amados e todo tipo de sofredor: todos reunidos numa grande celebração onde a única coisa que você não encontrará será justamente… sofrimento.

Sim, paradoxalmente essa é a mesma esperança do joio e do crente em Jesus: parar de sofrer. Só que o joio acredita nas falsas promessas de que o “pare de sofrer” aplica-se ao aqui e agora. Já o verdadeiro cristão sabe que nesta vida que é pura canseira e  enfado (Sl 90.10) o que nos espera são dores, aflições e sofrimento, pontuados por momentos felizes. E que o “pare de sofrer” virá. Mas virá somente quando dermos aquele tão misterioso passo além do glorioso momento em que nossos olhos humanos se fecharem para sempre.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Em nossa vida somos confrontados diariamente com diversas situações que exigem que façamos escolhas. Ponho a luva ou o anel?, já perguntava o poema de Cecilia Meireles. Vou ao culto ou ao jogo de futebol? Canto no louvor ou participo do grupo de teatro? Me torno professor ou faço concurso pra funcionário público? Caso ou compro uma bicicleta? Eu, você, todos nós temos que fazer escolhas todos os dias. Algumas são escolhas bobas, como que prato comer no almoço. Outras têm consequências graves e eternas, como a pessoa com quem vamos nos casar e compartilhar o resto de nossos dias e noites. Recentemente, uma pessoa conhecida tomou uma decisão que vai impactar seu destino, mas, aparentemente, não fez a opcão que mais desejava. E justificou-se com essa frase: “Eu não tive escolha”. Talvez você passe por situações assim ou esteja enfrentando neste exato momento um grande dilema, que exija de você escolhas que serão decisivas. Pois ouça o que vou te falar: ao tomar uma decisão você sempre tem escolha. Sempre.

Por quê? Pois Deus presenteou você com uma dádiva maravilhosa, chamada “livre-arbitrio”. Então, não se ofenda, por favor, mas um cristão dizer “eu não tive escolha” é um gesto de ingratidão a um presente extremamente generoso concedido por Deus. Além de, implicitamente, estar chamando o Criador de mentiroso. O Senhor deu o direito de livre escolha à humanidade desde Adão e Eva. Só que, do Eden até nossos dias, a humanidade se justifica ao fazer más escolhas com desculpas como “foi a serpente”, “foi a mulher que Tu me destes”, “eu não tive escolha” e frases do gênero. Então, se você parar pra pensar biblicamente, “eu não tive escolha” é uma frase antibíblica.

Na Biblia vemos isso muitas e muitas vezes. Pilatos tinha uma escolha e preferiu lavar as mãos do que libertar Jesus – porque havia uma multidão pressionando-o. Herodes tinha a escolha de não decapitar João Batista, mas como os olhos de todos na festa estavam voltados para ele, optou por executar o primo de Jesus e exibir a cabeça dele numa bandeja de prata. Arão tinha a escolha de não fazer o bezerro de ouro, mas o clamor popular o levou a cometer a abominação. O povo tinha a escolha de não construir a torre de Babel, mas só com a intervenção de Deus eles pararam a obra. Aos amigos de Noé foi dada a escolha de entrar ou não na arca, mas optaram por ignorar o que o homem de Deus lhes falou e acabaram morrendo de forma trágica. Judas tinha a escolha de não trair o Mestre, mas preferiu as trinta moedas – e acabou enforcado e com as tripas espalhadas pelo chão. Ananias e Safira tinham a escolha de serem honestos e sinceros quanto ao que desejavam em seu coração, mas decidiram agir com desonestidade e acabaram fulminados. Jacó tinha a escolha de casar-se com Lia, mas decidiu esperar sete longos anos para ficar com quem amava de fato. Moisés tinha a escolha de encarar sua escolha errada de matar o egipcio e se retratar, continuando a viver em paz no palácio, no Egito, mas optou fugir para Midiã, onde virou trabalhador braçal. Os irmãos de José tinham a escolha de não o tratarem como trataram, mas escolheram vendê-lo e, assim, fizeram dele um escravo.

Aliás, esse é o unico tipo de gente que não tem escolha: escravos. Esses não são donos de seus destinos. Fazem o que os outros querem. Escravos abrem mão de seus sonhos, seus desejos e suas vontades para viver vidas que não são suas. Que não lhes completam. Que são mentiras. Vem então a pergunta: na sua vida você é quem toma suas decisões ou é escravo da vontade alheia?

Porque, especialmente nós, que vivemos em igreja, sofremos muitas pressões. Pressão para trabalhar em algum departamento, pressão para se casar “na idade certa” e com “a pessoa adequada”, pressão para manifestar dons… pressão, pressão, pressão. E muitos são os que lavam as mãos e soltam Barrabás. “Eu não tive escolha”, dizem. Mas é claro que teve escolha! Só não teve peito de fazer a escolha de seu coração, encarar as pessoas e dizer “NÃO É ISSO O QUE EU QUERO! Não é esse o rumo que quero dar à minha vida.”. O clamor da multidão gritando “Crucifica-o! Crucifica-o!” levou Pilatos a se anular e seguir a escolha das massas. O resultado? Cruz para um inocente. Mas que ele tinha escolha… ah, isso tinha. “Não tinha como dizer não”, deve ter alegado. Então vou ensinar, repita comigo: “Não!“. Pronto, simples assim.

Vejo isso todos os dias. Pessoas vivendo infelizes ano após ano após ano porque fizeram as escolhas erradas. Porque cederam à pressão do grupo. No post “Solitários, carentes e infelizes” já tratei um pouco desse tema, mas volto a ele por continuar vendo cristãos estragarem suas vidas quando poderiam tomar outros rumos.

Se você faz uma escolha sob a pressão de situações e grupos, ao final todos voltam felizes para seus lares e vão cuidar de suas vidas. Mas quem fica ali, infeliz, é você. Sentindo-se míserável, um morto-vivo. Condenado ao choro escondido pelo resto de seus anos, encharcando de lágrimas seu travesseiro e seus bichos de pelúcia, numa tentativa desesperada de lidar com todas as frustrações que uma escolha errada causou. Tudo porque um dia não teve coragem de fazer a escolha certa – e entregou sua escolha numa bandeja de prata aos outros. Mas os outros não vão chorar por você ou com você! Vão cuidar de seus próprios problemas. Já parou pra pensar que nenhum daqueles que gritaram “Crucifica-o!” foi crucificado? E que nenhum dos que estavam no banquete com Herodes teve a cabeça arrancada  do corpo? Então para eles é fácil.

“Eu não tive escolha” é uma frase que não justifica nada. Em nome dessa frase, muitos de nós cometemos pecados bárbaros, seguimos por caminhos de morte, fazemos bezerros de ouro e criamos problemas que se não forem solucionados logo vão virar uma bola de neve que, depois, para ser resolvido, torna-se muito mais difícil e doloroso. Ou vira um decreto de infelicidade diária pelo resto da vida.

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”, diz a Palavra de Deus.  Você é livre para fazer suas escolhas. É livre para tomar as rédeas da sua vida, mas também é livre para se tornar escravo. Pois sempre se tem escolha. Sim, é possível tornar-se escravo por desejo próprio, voluntariamente. E aqui um ponto importantíssimo: as suas escolhas podem não ser as mais populares ou fáceis de tomar. Mas, do ponto de vista bíblico, escolhas nunca foram feitas para serem populares ou fáceis. Foram feitas para serem certas ou erradas.

Pense em alguma escolha séria que você tenha feito recentemente. Esqueça tudo. Esqueça a pressão das pessoas. Esqueça a situação social em que a escolha foi feita. A única pergunta que você deve se fazer é: “A escolha foi certa ou errada?”. Se foi certa, vá em frente e siga em paz. Se foi errada, não importa o que te custe: conserte o erro. Pois, como diz a Palavra, “aquele que confessa e deixa alcança misericórdia”. Consertando um erro, você pode passar pelo que for…alcançará misericórdia.

A decisão certa, custe o que custar

Vou contar uma história que considero bem ilustrativa e que depois que tomei conhecimento passou a nortear muitas de minhas escolhas. É uma história verídica. Tenho um amigo pastor. No inicio de seu ministério você pode imaginar a pressão que era para ele se casar logo. Pastor solteiro não é lá muito bem visto, a gente sabe, então eram pessoas e mais pessoas e mais pessoas pressionando. “E aí, casa quando?”. “Vai ficar pra titio, hein”. “Você está sendo exigente demais”. “Melhor casar que abrasar-se”. “Todos os seus amigos já se casaram, e você, quando desencalha?”. E por aí vai. Então, para cumprir o manual da sociedade, ele ficou noivo de uma boa moça. Moça bacaninha, de família, até tocava teclado no louvor, veja você. A “candidata ideal”. A igreja e os parentes agora estavam satisfeitos. Mas o coração dele estava pesado, pois em seu íntimo sabia que não amava aquela moça o suficiente para construir com ela um projeto conjunto de vida. Mas fez o que os olhares ao seu redor esperavam dele. Ficou noivo. Marcou data. Encomendou buffet. Distribuiu os convites. Mas, a poucos dias do casamento, lendo a Biblia, caiu justamente no trecho sobre a morte de João Batista.

Diz o texto que Herodes estava num evento social, cercado de gente, e encantou-se tanto pela dança da filha de Herodias que lhe jurou que se ela pedisse algo ele lhe daria. E ela pediu a cabeça de João Batista. Diz o texto: “Entristeceu-se o rei, mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, determinou que lha dessem; e deu ordens e decapitou a João no cárcere”.

Meu amigo leu isso e foi como um soco no estômago. Pois viu que estava comprometendo sua felicidade por toda a vida “por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa”. Estava se preparando para viver uma grande mentira. Pior: ao viver essa mentira, estava ainda por cima iludindo e enganando a noiva, fazendo-a se sentir alvo de um amor que na verdade não existia. Sendo desonesto com ela. Porque, sejamos sinceros, quem gostaria de se casar com alguém que não nos ama, por mais que nós a amemos? “Casamento por caridade? Não”, pensou meu amigo, que é um homem de Deus, “isso está errado”.

Então, apesar das criticas, do espanto geral e até de ofensas que sofreu, desmanchou o noivado. Foi difícil. Mas foi o certo. Anos depois ele conheceu sua atual esposa, com quem se casou. E adivinha só? Eu fui um dos padrinhos do casamento. E hoje eles vivem felizes, com uma filhinha simpatissíssima. Curioso é que hoje, na igreja e nas famílias. ninguém mais se lembra da história daquele noivado desfeito, caiu no esquecimento com o tempo. Mas meu amigo vive feliz e isso todos reparam sem que ele precise vestir máscaras. Esse pastor, inclusive, foi quem celebrou meu casamento e é meu amigo pessoal. Ele me diz que, apesar do estresse social que enfrentou ao desmanchar o noivado, nunca se arrependeu. O estresse passou, os anos se passaram, todavia a felicidade de ter seguido pelo caminho momentaneamente mais difícil porém correto… essa permanece até hoje.

Aí eu te pergunto: ele tinha escolha? Tinha, como sempre se tem. Tomou a decisão mais fácil e popular? Nem de longe. Mas hoje, anos depois, pergunte a ele se em algum momento se arrependeu de ter feito a escolha correta.

Deus nos deu o presente maravilhoso do livre-arbítrio. E muitas vezes usamos esse presente concedido do Alto como marinheiros embriagados. Não valorizamos esse dom. Queridos, Deus deu ao ser humano o direito de escolher! Você já parou para pensar em que enorme privilegio é ter a capacidade de escolha?!  Mas muitos de nós jogam esse presente no lixo, abrem mão dele e tocam suas vidas pela vontade alheia.

Você tem que fazer uma escolha? Está num momento crucial de sua vida?  Pois escute, querido, Deus te deu a capacidade, a liberdade e a honra de escolher.  Não desperdice isso. Não faça pouco caso dos tesouros que o Senhor te concede. Faça mais do que o que é certo: faça o que é  honesto. Honesto com você e com todos os envolvidos. Não viva uma mentira. Pois aí você nem mesmo estará vivendo: estará apenas sobrevivendo à infelicidade dos dias.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Uma coisa que me impressiona em nós, cristãos, é o fascínio que temos por teorias de conspiração. Somos o grupo de nossa sociedade que mais consome boatos, que mais acredita em complôs secretos, que mais fica procurando no Youtube vídeos que denunciem sociedades ocultas com suas agendas de dominação global. O número da besta,  666, está em cada mensagem subliminar e capa de CD. Ao mesmo tempo, isso faz de nós o grupo que mais perde tempo precioso com bobagens. Deixe-me de cara esclarecer uma coisa, antes que você pense que sou um infiltrado tentando desviar você do conhecimento oculto das realidades do mundo: não sou maçom. Não sou Illuminati. Não sou membro de nenhuma organização maligna que objetiva implementar o governo do anticristo. Também não sou satanista. O único corpo a que pertenço e em que acredito é a Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ah, sim, uma informação importante: quando criança fui escoteiro – e como dizem que após fazer a promessa do escoteiro nunca mais deixamos de ser, então posso dizer que ainda sou escoteiro. E só. Bem, tendo dito isso, vamos aos Illuminati e outras teorias conspiratórias.

Dei aula por nove anos em um seminário teológico das Assembleias de Deus, lecionando 4 matérias distintas. Imagine quantos alunos passaram pelas salas de aula em que ministrei. E algo que acontecia praticamente toda semana era algum deles me procurar para saber minha opinião sobre aquele último vídeo no Youtube sobre os Illuminati, sobre uma tal apostila que andou circulando para denunciar os símbolos ocultistas escondidos na nota de 1 dólar, sobre o testemunho do pastor a, b ou c que revela “os segredos da maçonaria”. Tive de ouvir e ver de tudo. Poucos me perguntavam “como posso ser um cristão melhor?” Ou “o que devo fazer para me aproximar mais de Deus?”. Mas sobre bobagens gospel… era toda hora um levantando o dedo.

“Bem, vamos discutir agora sobre o fruto do Espirito de Gálatas 5.22,23.,,”.  “Tá, professor, mas antes de falar disso, qual sua opinião sobre os Illuminati?”. E a história se repetia.

Um dia um aluno me trouxe uma apostila que provava por “a” mais “b” que o Papa João Paulo II vai ressuscitar, arrebanhar as massas e se tornar o anticristo. Outra vez tive de ver um DVD do pastor que “prova” com argumentos “irrefutáveis” que a Disney é um império do mal. Sobre Xuxa, então, já ouvi de tudo, que ela se transmuta num demônio em rituais satânicos e que um ex-jardineiro cristão dela (que ninguém sabe quem é) viu isso acontecer. Supostas Mensagens subliminares em músicas tocadas ao contrário fazem um sucesso absurdo entre os cristãos – já me trouxeram gravações de backward masking (nome em inglês dessa técnica) em que ruídos como “Usndjcbfbdxvbshxnbxhnxn” eram interpretados como “Satanás  vai vencer e quer te matar, cristão”. Sem falar no irmão que me pegou  no corredor do seminário e queria me provar de qualquer modo que o inferno fica no centro da Terra (quando eu discordei ele perguntou com uma agressividade típica de apresentadores de TV evangélicos “o que você tem contra os teólogos”?!?!).

Sobre esse assunto tem ainda aquela história dos caras que enfiaram um microfone em uma broca, perfuraram o subsolo e gravaram os sons dos gritos das almas do inferno… que estaria no centro da terra (uma história que, aliás já foi exaustivamente comprovada como mentira, mas que volta e meia alguém traz à tona de novo). E não para por aí: tem o cidadão que escreveu livros sobre ser um ex-satanista que já fez dezenas de irmãos virem me perguntar se eu sei que o vice-presidente do Brasil é servo do Diabo e está ajudando a preparar a vinda do anticristo. Creia: já ouvi de tudo – lenda atrás de lenda.

E agora a moda são os Illuminati. “Zágari, e os Illuminati?”, me perguntam com uma frequência irritante. ” Os Ilumimati estão em cargos estratégicos do governo”, afirmam outros.  “Os Illuminati querem implantar a nova ordem mundial”, batem pé terceiros.

Vamos à Bíblia?

Pois bem, vamos pôr o Youtube um pouco de lado, vamos deixar as empresas que criam esses vídeos e faturam milhares de dólares com a venda de seus DVD de lado e voltar os olhos para a Palavra de Deus. A Biblia fala da vinda do anticristo, dos últimos tempos, da grande tribulação, do número da besta, de tudo isso. Isso é verdade.

Conheço razoavelmente bem a Maçonaria, seu lado social e também metafísico, já tive conversas francas com maçons de alto grau. Sei o que é o satanismo, já escrevi reportagens sobre o “grande” satanista Alister Crowley, fundador da Igreja de Satanás, e  pesquisei o assunto. Já analisei o movimento Wicca, o nome da moda da bruxaria (os “Harry Potter” da vida real). Fui a um seminário de “batalha espiritual” promovido por um famoso grupo que dá palestras e fatura uma boa grana com esse assunto, embora fale montes de besteiras  não canônicas sobre coisas tipo mapeamento espiritual – eu inclusive “fui ministrado”, como eles dizem, sem que nada acontecesse. Não manifestei nenhum demônio. Ufa, que alivio, não estou endemoninhado.

E o que sei dos Illuminati? Muito pouco. Historicamente, sei que foi uma sociedade secreta fundada no século XVIII e que nos nossos dias seria uma suposta organização conspiracional que controlaria os assuntos mundiais secretamente.  Seu objetivo, segundo os vídeos surreais que abundam no Youtube e que eu tive uma paciência de Jó para assistir (por amor a meus alunos) seria implementar uma Nova Ordem Mundial que, por sua vez, prepararia o terreno para a vinda do anticristo, sendo eles os cérebros por trás dos acontecimentos que levariam a ela. Ou seja: tudo o que sei são boatarias.

Há a possibilidade de haver grupos que propagam densas trevas sobre a Terra. E aí? Diante disso o que fazemos? A Igreja faz o quê? Cada cristão deve fazer o quê? Eu tenho a resposta a essa pergunta:

Nada.

“Como assim ‘nada’, Zágari, e a nova ordem mundial, e os Illuminati?!?!”. Que fazemos quanto a isso?

Bem, repare o que diz o texto das Escrituras: nosso olhar tem sempre que estar firmemente dirigido para o Senhor. Para a luz. E não para as trevas. Ao mesmo tempo diz que o foco do cristão deve ser Jesus, autor e consumador da fé. Querido irmão, querida irmã, eu e você que somos cristãos devemos fitar nossos olhos em Illuminatis, satanistas, maçons e outras organizações que podem – ou não – provocar sujeiras espirituais ou… em Cristo? Cristianismo versa sobre o quê?

O que ou quem devemos olhar firmemente?  Deixemos que  a Bíblia nos responda, em Hebreus 12.1,2: “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz,  não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus”. Mantendo nossos olhos firmes em Cristo nada nem nenhuma conspiração global importa. Esse é o cerne da questão que muitos não entendem. Onde a Luz brilha as trevas se dissipam. Simples assim. Pregue Cristo. Viva Cristo. E aí os Illuminati terão importância zero.

Ou seja: suponhamos que haja uma grande conspiração satânica em andamento no mundo. O que importa não é nada disso: importa Jesus de Nazaré.. Importa a sã doutrina. Importa proclamar o Cristo ressurreto e fazer discípulos. Importa glorificar Deus. Ficar discutindo essas coisas não nos leva a nada, não divulga o Evangelho, não soma, não acrescenta. Por isso eu fujo dessas discussões inócuas.

Voltemos ao Evangelho, à ortodoxia, à leitura, aos fundamentos da fé, à intimidade com o Criador dos Céus e da Terra. O verdadeiro Evangelho é puro e simples. É amar ao próximo como a si mesmo. Devemos continuar com o que realmente importa: uma devoção real ao Senhor, com oração, leitura da Palavra, meditação em versículos, demonstrações de amor ao proximo e tudo o mais que Jesus nos ensinou. Temos que focar no que é central na fé cristã e não nessas bobagenzinhas de Youtube.

Existe o culto a Satanás? Existe. Existe a Maçonaria? Sim. Há sociedades secretas não cristãs? Há. Contra esses a Biblia é clara: devemos orar e pedir que a Luz suplante as trevas. Nossa luta não é contra a carne ou contra sangue. Agora… Os Illuminati estão trabalhando para implementar a Nova Ordem Mundial? Não faço a mínima ideia.

Entao, o que temos de fazer é aquilo que sabemos: ir por todo o mundo levando a mensagem da Cruz, proclamando o Reino e fazendo discípulos.

Meu querido, minha querida, não percamos tempo com essas inutilidades.. A Bíblia é clara ao afirmar que nos últimos tempos viria o anticristo e faria barbaridades. Mas também afirma que no final Satanás e a Besta serão lançados no lago de fogo e enxofre e Jesus triunfará. O que mais precisamos saber? Se isso vai ocorrer por meio de uma sociedade secreta que promoverá o anticristo… glória a Deus! É sinal de que os novos céus e a nova terra se aproximam e que, passada a tribulação, veremos Deus face a face! Quer algo melhor? Que venham os Illuminati! Que venha o anticristo! Eu, sinceramente, estou cansado de viver neste mundo tenebroso e podre. Se a tal Nova Ordem Mundial representa o cumprimento das profecias bíblicas que apontam para a segunda vinda de Cristo, mal posso esperar por ela! Que venha o fim dos tempos! Que venha a glorificação de nossos corpos! Que venha finalmente o tão esperado dia em que entraremos na Sala do Trono e louvaremos o Senhor junto com a multidão celestial, dizendo: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória,  e o domínio pelos séculos dos séculos…”. Amém.

Mas, professor, e os Illuminati?

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Ao final do filme “O Advogado do Diabo”, Satanás (interpretado por Al Pacino) diz uma frase emblemática: “Vaidade: definitivamente meu pecado favorito”. Por trás dessa ficção há uma grande verdade bíblica: a vaidade é um enorme perigo para nossas vidas espirituais . Segundo o dicionário, vaidade é o “sentimento de grande valorização que alguém tem em relação a si próprio”, ou, em outras palavras, é quando você glorifica a si mesmo. Só que biblicamente não temos glória em nós, a ponto de Paulo dizer em 1 Co 1.31 e 2 Co 10.17: “Quem se gloriar, glorie-se no Senhor“. Somos pó e ao final da vida nosa carcaça será comida por vermes. Além disso, todo dom que temos vem de Deus, todo talento que temos vem de Deus, toda boa dádiva vem de Deus. Então, TUDO o que temos de elogioso não é mérito meu ou seu: é mérito de Deus. Nós apenas administramos aquilo que o Senhor nos doa. É como quando alguém elogia uma roupa que estamos usando. Mas…quem idealizou, desenhou e costurou a roupa foi o estilista, tudo o que nós fizemos foi comprá-la. Então eu acho muito engraçado quando alguém chega para outra e diz “que roupa linda” e o mero usuário responde todo bobo: “Obrigado”. Só que…obrigado por quê? Todo o mérito está em quem FEZ  a roupa, a ela a honra. Você? Você só a comprou.

Pois bem, sou Diretor Editorial da Anno Domini, a editora de livros da Igreja Cristã Nova Vida, e isso me torna responsável por cada livro que publicamos (ou seja, espero que isso não aconteça, mas se um dia lançarmos um livro horrível, pode me culpar, ecce homo). Ocorre que em 18 de novembro foi a entrega do Prêmio Areté, promovido desde 1991 pela Associação das Editoras Cristãs do Brasil (ASEC) para galardoar os melhores do ano no mercado editorial. E a Anno Domini, com menos de dois anos de existência, foi a recordista em prêmios: ganhamos 7, enquanto algumas editoras com décadas de experiência ganharam apenas 3 ou 4. Uau! Motivo de vaidade ou não? Segundo nos confidenciou o editor chefe de uma grande editora, “este é um fato inédito na história do Prêmio Areté”. Uau! Motivo de vaidade ou não? E não para por aí: entre os troféus recebidos dois vieram diretamente para mim: “Autor Revelação” e “Melhor Livro de Ficção/Romance”, ambos por um dos 3 livros que eu escrevi, “O ENIGMA DA BIBLIA DE GUTEMBERG“.  Uau! Motivo de vaidade ou não?

Além desses dois, recebemos os troféus de “Livro do Ano” e “Vida Cristã” (“O FIM DE UMA ERA“), “Autor Nacional” (Walter McAlister, por “O FIM DE UMA ERA”), “Meditação/Inspiração” (“O PAI NOSSO“) e “Livro Infantil” (“AS AVENTURAS DE MARIANA“). Detalhe: eu fui o editor de todos esses livros. Uau! Motivo de vaidade ou não? E, em “O FIM DE UMA ERA”, que é escrito como uma entrevista no formato de perguntas e respostas, eu fui o entrevistador do Bispo Walter e tembém o preparador do texto. Uau! Motivo de vaidade ou não?

Agora…reparou quantas vezes nestes últimos parágrafos usei a palavra EU? Faz-me desconfiar que estou me pondo no centro de muita coisa. “Ah, Zágari, o que é que tem, a Anno Domini ganhou 7 prêmios! Se-te!!! U-huuuuu”. Pois é, os 7 Prêmios Areté tinham tudo para inflar até estourar meu peito de tanta vaidade. Motivos razoáveis do ponto de vista humano para isso eu tinha.

Só que tem um pequeno detalhe: no Reino dos Céus as coisas não funcionam nem de longe do ponto de vista humano. Assim que acabou a cerimônia de entrega dos troféus e a euforia do momento, o Espírito Santo falou ao meu coração. Eu não ouço sobrenaturalmente a voz de Deus, como alguns dizem escutar, mas como busco viver em intimidade com meu Bom Pastor, acredito que sei reconhecer razoavelmente bem a Sua voz quando reverbera em meu coração. E o que queimava em mim não era vaidade. Era uma voz interior que parecia dizer: “Guarda-te da vaidade! Fuja desse câncer! Mate esse lobo que uiva em teu peito! Não deixe a semente podre da vaidade germinar no teu coração, pois TODOS os teus méritos são resultado da graça de Deus. TO-DOS!”.

Foi quando me lembrei do nada de uma pregação que ouvira cerca de 20 anos antes, quando o Pastor Eduardo Rosa Pedreira pregou sobre vaidade em cima de Eclesiastes 1.2 (“Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade“). Recordei, assim, num momento que não tinha nada a ver, daquele sermão. E nele o Pastor havia explicado que a palavra no hebraico para “vaidade” naquele idioma é a mesma que significa “bolha de sabão”. Ou seja: vaidade é um sentimento tão firme, sólido, com conteúdo e importância como uma reles bolhinha de sabão.

Quando essa lembrança invadiu minha memória, meus pés se fincaram no chão e percebi que todos os meus “eu” e todos os meus “uau” eram… bolha de sabão. Não vou negar, os inesperados 7 prêmios por alguns minutos me encheram de um inesperada e boba euforia humana. Mas a lembrança daquela pregação de 20 anos antes me deu um tapa na cara e disse-me: “Mauricio, recomponha-se”. Foi quando lembrei de onde Deus me tirou. Voltou à minha boca o gosto das bolotas dos porcos. E recordei que do pó fui formado e ao pó retornarei. Que nu saí do ventre de minha mãe e nu retornarei. Deus me fez lembrar de quem eu sou. De que o vaso não tem mérito em si, quem o esculpe é o oleiro. E então percebi claramente que fugir da vaidade é um gesto de cuidado com a nossa alma.

Você que me lê certamente é muito bom em alguma coisa. Talvez seja um excelente pregador. Talvez um músico virtuoso. Pode ser que só tire 10 na escola. Sua inteligência de repente supera a média. Às vezes o que te destaca é sua beleza física e onde chegue atraia todos os olhares. Ou então é alguém muito carismático. Você pode ser um grande profissional. Ou entender de tecnologia como ninguém. Ou ainda há grandes chances de você sacar à beça de teologia, de Biblia. Você fala sobre as coisas de Deus e ganha admiradores fieis, gente que baba pela sua aparente santidade e/ou vida com Deus. Quem sabe você tem tantos followers no twitter ou amigos no Facebook que lá no fundinho inconfessavelmente se acha melhor do que os outros. Enfim, certamente você é muito bom em alguma coisa que te destaca.

Nesse caso, só não se esqueça de uma coisa: entre o seu “eu” e seu “uau” o que existe… é só bolha de sabão.

Sim, recebemos 7 Prêmios Areté. Bacana. Que esses livros que suamos para publicar venham a edificar muitas vidas, pois cada um deles foi escrito, arduamente trabalhado, publicado e lançado exatamente com essa intenção. Mas jamais podemos perder de vista o prêmio que realmente importa. Tá, Zágari, mas, afinal, se o Areté não é o prêmio que importa… qual prêmio então importa? A resposta está explícita em Filipenses 3.10-14: “Quero conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo PRÊMIO da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus“.

E para esse prêmio, meu irmão, minha irmã, não há mérito humano, não há vaidade, não há vanglória. Há somente graça. A graça do Cordeiro de Deus. A maravilhosa graça de Jesus Cristo, o homem mais sem vaidade que já pisou sobre a Terra.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Eu detesto essas polêmicas que de tempos em tempos surgem entre sacerdotes na televisão e/ou na Internet. Na verdade, sinto nojo. Muito, muito nojo, para ser sincero. O mundo perecendo, almas indo todos os dias para o inferno e, enquanto isso, líderes conhecidos nacionalmente em vez de investir seu tempo em pregar de fato o Evangelho de Jesus Cristo e formar discípulos sólidos ficam se ofendendo em rede nacional como comadres briguentas, numa disputa com motivações duvidosas que dá nó nas minhas tripas. Nem tanto pelo que eles falam, isso realmente é o que menos importa (embora ouvir um pastor chamar pessoas de “trouxas” quando de seus lábios não deveria sair nenhuma palavra torpe… convenhamos!). O que me dá ânsias é ver o exemplo. A atitude. A forma de falar. A agressividade. A petulância. A arrogância. O jeito orgulhosamente ofensivo. Em resumo: o péssimo exemplo.

Sacerdotes que deveriam dar a outra face, andar a segunda milha, amar seus inimigos, orar pelos que lhes fazem mal, ser pacificadores… ficam às turras na TV, como galos de briga tentando mostrar quem tem a crista mais alta do que o outro. Quem cacareja com mais força. Quem estufa mais o peito. Que exemplo lastimável e anticristão, vindo justamente daqueles que deveriam servir de modelo para milhões de pessoas! Que péssimo padrão para nossos jovens! Que papelão, feito diante de multidões de não cristãos e também cristãos, muitos dos quais, desprovidos de discernimento, passam a achar que aquele é o jeito cristão de se comportar. E simplesmente… não é.

Sinceramente? Pouco me importam as causas do bate-boca em rede nacional (em programas pagos pelos fiéis). Por isso, evito falar aqui no APENAS sobre questões como o cair no Espírito ou a porcentagem de cantores gospel endemoninhados, que motivam essas pendengas. Prefiro falar das atitudes demonstradas pelos gladiadores que debatem essas questões. Se não fossem sacerdotes, eu ignoraria. Mas sendo – pelo menos na teoria – representantes do Deus Altíssimo que sobem em altares e servem de modelo para multidões, a questão merece uma apreciação.

Importante: não cito nomes, uma postura que aprendi com um dos meus discipuladores. Mesmo que seja bíblico: lembre-se de que Paulo cita nominalmente em suas epístolas seus ofensores, como Demas e Alexandre, o latoeiro.  Além disso, a Igreja primitiva nunca teve pudores de mencionar os nomes dos inimigos da fé, como o patriarca Orígenes fez no tratado “Contra Celso”. Então, embora eu veja respaldo bíblico e histórico para citar nomes, não vou fazê-lo, meramente por uma questão de elegância. Sigo o conselho de meu discipulador e me restrinjo a falar sobre ideias e ações.

Então vamos evitar mencionar nomes e apenas discutir o problema. Que tem sido uma vergonha para a Igreja evangélica brasileira, em especial porque ocorre no âmbito da grande mídia e expõe a Igreja de Cristo como opróbio aos olhos do mundo. Vamos chamar então os  personagem principais dessa polêmica de Scooby-Doo e Fred Flintstone. Pronto. Assim os mantenho no anonimato e você nao vai saber de quem estou falando. De um lado, Fred esbraveja pela TV e pela internet contra Scooby, usando adjetivos como “trouxa” e palavreados de baixo nível. Fred acusa Scooby de fazer a obra de Satanás porque o canal de TV de Scooby faz reportagens onde advoga que práticas comuns na denominação de Fred são obras malignas.

Aí pronto. O povo de Deus se esbalda com o escândalo. É o assunto da semana nos corredores das igrejas. Dezenas de irmãos me escrevem e-mails e tweets e mandam comentários aqui pelo APENAS pedindo minha opinião. Jesus? Que Jesus que nada, agora o tema das conversas na pizzaria após o culto é o confronto entre Scooby-Doo e Fred Flintstone. Pois bem, já que querem saber minha opinião sobre o assunto eu a darei.

Minha opiniao é: não dou a mínima importância sobre se alguém, seja lá quem for, afirma que 90% dos cantores gospel são endemoninhados (ou era 99%? Nem lembro). Me importa é se na hora em que cantar louvores ao Senhor eu o estarei fazendo em espírito e em verdade. Não dou a mínima se “cair no Espirito” é algo fabricado ou não, pois para mim importa se, deitado ou em pé, meu coração está totalmente rendido ao Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Até porque a minha OPINIÃO sobre isso (que, como a opinião de qualquer pessoa, pode estar certa ou errada) não vai fazer a menor diferença. Nenhuma. Zero. Não vai mudar nada. O que eu acho ou o que Scooby-Doo acha sobre a porcentagem de cantores endemoninhados não muda absolutamente nada sobre a realidade. O que Fred Flintstone acha sobre o cai-cai tem relevância zero. Pois podem ACHAR o que quiserem: no final das contas, quem comanda o grande espetáculo da vida é o Deus Altíssimo. E Ele não acha, Ele sabe.

O xis da questão

Agora… vamos ao que me preocupa de fato, ao que realmente tem alguma relevância aqui: é ver sacerdotes agirem da forma como agem, com deselegância, agressividade, linguajar torpe, prepotência e atitudes similares. Pois os milhões de cristãos que assistem religiosamente a seus programas na TV (embora grande parte deles nem sequer leia um versículo bíblico por semana) passam a achar que aquela deformidade é a forma como um cristão deve se comportar. Quando um verdadeiro discípulo de Jesus não deveria jamais agir daquele modo.

O Cordeiro de Deus é manso e humilde de coração. Foi açoitado, cuspido, ofendido, espancado, despido e pregado numa cruz. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Essa é a descrição que o profeta Isaías fez dAquele que devemos imitar.  E, sinceramente, você enxerga alguma semelhança entre essa descrição e a forma como os sacerdotes envolvidos nessa polêmica agem? Eu não vejo absolutamente nenhuma. E isso me preocupa. Pois legiões e legiões de bons cristãos estão vendo esses comportamentos na televisão e na Internet e acreditando que de fato é assim que um cristão deve se comportar. E não é. Escute: não é.

Uma das razões de eu seguir o líder religioso que eu sigo é por um ensinamento bíblico que ele me passou: não revide. Não revide! Isso mostra um caráter cristão. Se te ofenderem, fique quieto. Se te acusarem, mandarem e-mails mentirosos a seu respeito, inventarem inverdades que denigram sua imagem, postarem falácias na Internet… não revide. Sofra em silêncio. Se precisar, sue gotas de sangue. Pois se revidar você estará tomando a justiça em suas mãos. E se você toma para si o papel de juiz, o Justo Juiz vai considerar que você assumiu a causa e deixará por sua conta. Quando, na verdade, o papel do cristão é entregar seu caminho ao Senhor e confiar nEle, crendo que o mais Ele fará. Se não me engano o nome disso é .

Então, meus irmãos, a todos vocês que me escreveram e perguntaram minha opinião sobre essas polêmicas e esses escândalos,  eis aqui ela: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12.19-21). Respondido? Agora seja um bom cristão e reflita se Deus espera de você um comportamento igual ao de Jesus perante Pilatos ou igual ao de Scooby-Doo e Fred Flintstone em seus programas de TV e Internet. Você é inteligente. Você sabe a resposta. Então aja não como quem imita homens, mas sim o Bom Pastor Jesus de Nazaré – o Cordeiro de Deus que tira todo o pecado do mundo. Inclusive a agressividade.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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OBS: Faço questão de destacar que as opiniões expressas neste post são pessoais e não representam a postura de ninguém associado a mim profissionalmente ou ministerialmente.

Durante muitos e muitos séculos, um conceito fez parte indissociável do Evangelho: somos todos pecadores, miseráveis, desgraçados, caídos e carecemos desesperadamente de Jesus para não gastarmos os trilhões de anos que virão após nossa morte no inferno e sim na companhia do Senhor. Isso sempre foi óbvio na mente de cada cristão, não tinha nem o que discutir. E a culpa disso sempre foi do homem, nunca de Deus.  Pior: para muitos, ainda era preciso ser muito bom e caridoso e, em casos extremos, em certas épocas da História, o sofrimento e a autoflagelação foram considerados necessários para purgar os pecados desta vida e abrir as portas do Céu. Hoje, em nossos dias, isso mudou.  E como mudou!

Uma enorme parcela da Igreja quer viver o Evangelho como se fosse um resort, com uma vida relaxada, “numa nice”, como dizia a gíria da década de 70, “sem estresse”, “tranquilis”. Deus passou a ser visto não mais como o Justo Juiz, mas como aquele que “sacia-me”, que “restitui, pois eu quero de volta o que é meu”, (músicas que alguém devia proibir de serem cantadas em igrejas) que passa a mão na nossa cabeça e, complacentemente, sorri diante dos nossos maiores pecados e fala: “Deixa de ser bobo, menino, relaxa, para de sofrer, errar é humano. Toma aqui a minha graça. Tá tudo de boa”. Mas a realidade bíblica é bem mais severa do que essa imagem popular e falsa.

Deus é o mesmo ontem, hoje e será para sempre. Ele não mudou nem vai mudar. A exigência de santidade que tinha no primeiro século, quando disse “vai-te e não peques mais” é a mesma de hoje. Infelizmente, a cultura cristã do século XXI construiu a imagem de um Deus tão gente fina que atualmente falar em punição, inferno, julgamento, juízo, exigências e outras realidades totalmente bíblicas faz muitos se arrepiarem – quando não te olham como um ET e acham que você está falando um idioma desconhecido. E se não te chamarem de “fariseu” por defender que “faz o que tu queres pois é tudo da lei” não é uma ideia canônica. E quando falo “muitos” me refiro a Pastores e ovelhas.

Se pregamos que Deus exige obediência aos Dez Mandamentos, que temos de abdicar daquilo que nos é conveniente por amor a Ele, que precisamos fazer qualquer coisa que exija esforço… Somos logo acusados de forjar um Deus mau. Um Deus que não tem graça. Um Deus legalista. Um Deus fundamentalista. Na cabeça de grande parte da Igreja, o Senhor tem uma venda nos olhos chamada “graça” que nos permite seguir o rumo que quisermos e descumprir o que a Biblia ensina, desde que digamos “Jesus Cristo é o Senhor”. Aí tá tudo beleza.

O que muitos não se dão conta é que Deus não pede para cumprirmos Seus mandamentos. Como diz o nome, eles são man-da-men-tos. São ordens. São exigências. Inegociáveis. Deus quer, Deus estipula e Deus determina. A nós cabe obedecer. Só que muitos acham que um Deus bom, um Deus que é amor, jamais diria “não pode”. Mas o texto das Escrituras mostra dezenas de vezes Jesus de Nazaré proibindo e condenando atitudes. Ou seja: não pode! Quando Jesus diz “vai-te e não peques mais”, o que Ele está dizendo é “te perdoei. agora não faça mais aquilo que não pode”. Sim, Deus tem padrões morais, éticos e de conduta e tudo o que vai contra eles, lamento informar… não pode.

Caetano Veloso é quem diz “É proibido proibir”. Na Biblia essa filosofia não existe. Divórcio? Ah, Deus entende. Palavreado torpe? Tranquilo, Deus é dez. Consumo de músicas, programas de TV e filmes anticristãos? Coisinha de nada, seu legalista. Glutonaria? Ahn, isso é  pecado? Olhar de modo lascivo para homens e mulheres? Qual o problema, olhar não tira pedaço. Disseminar discórdias sobre a autoridade eclesiástica e a membresia? Bah, hierarquia na Igreja não existe, e o sacerdócio universal dos santos? E por aí vai. Nós cometemos pecados que do ano 30 da era cristã até mais ou menos 1970 fariam qualquer cristão se arrepiar, cobrir-se de cinza e vestir-se de saco e transformamos numa prática justificável – afinal, a graça de Deus taí pra aliviar qualquer parada, não é isso?

Deus é amor. Deus tem graça. Mas o mesmo Deus é severo e odeia o pecado. Odeia. Quando José é convidado pela esposa de Potifar para fazer sexo, José diz “mulher; como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gênesis 39.9). Repare: José não diz que o pecado é contra si próprio, contra ela ou mesmo contra o que seria o marido traído: é contra Deus.

Mas aí nós, que somos de uma geração que tem a mente encharcada por ideias antibiblicas de pensadores como Bultmann, Nietzsche (foto), Sartre, Freud e tantos outros que questionaram, dilaceraram, remodelaram e relativizaram o Evangelho, carregamos influências confusas. que em nossas mentes e em nossos corações esculpem um Deus que, se exige algo de nós – como, por exemplo, obediência, santidade, arrependimento ou contrição – é mau, perverso, farisaico. Só que, com isso, a  luz de Cristo deixa de iluminar o caminho para a salvação e passa a ser um vaga-lumes que encanta poetas e faz cristãos que estão em pecado se acharem confortáveis na escuridão de suas transgressões.

Eu peco todos os dias. Alguns desses pecados são muito cabeludos. Não teria coragem de confessá-los a Deus de cabeça levantada. Faço coisas que me fazem fitar o chão e ter vergonha de me chamar de “cristão”. Sei que tenho um advogado junto ao Pai, sei que a graça de Deus me redime mediante o meu arrependimento, sei que toda vez que como as bolotas dos porcos o Pai me espera com um anel para o dedo e um novilho cevado para nos banquetearmos. Sei de tudo isso. Você também sabe. Mas o que nunca podemos perder de vista é que quem semeia corrupção na carne colhe corrupção na carne. Que um dia todos daremos conta de tudo o que fizemos e falamos. Que nossas ações geram consequências. E a maior de todas essas consequências é que, como Deus não é mau, cada vez que pecamos achando que Ele vai sorrir e Sua graça vai resolver tudo, nós na verdade o estamos entristecendo, magoando, machucando. A graça de Deus não impede que o Senhor sinta a dor da nossa desobediência. A cada pecado nosso, torturamos Deus. Maltratamos Jesus. Eu já cometi pecados hediondos e, confesso a você, após a minha conversão. O velho homem veio à tona. E me cubro de cinza e pó por causa disso, com as entranhas rasgadas pelo meu arrependimento, desgraçado que sou, filho ingrato de um Pai amoroso. Que Ele tenha misericórdia da minha alma.

Nós consideramos os judeus que armaram contra o Cristo homens perversos. Detestamos Caifás, Pilatos, Judas, os fariseus e os soldados romanos. São gente ruim, que fizeram mal ao Bom Pastor, ao manso Cordeiro. E, no entanto, fazemos com Ele diariamente as mesmas coisas. Impomos sobre Ele o sofrimento e a dor de saber que aqueles por quem tanto sofreu o estão desobedecendo e impondo-lhe mais sofrimento – se não no corpo, no coração. E. se isso por si só não bastasse, em vez de reconhecer nosso pecado o justificamos usando como desculpa logo… a graça do Senhor.

Deus não é perverso. Eu sou. Você é. Nós, cristãos falhos e equivocados, somos. Que pelo menos tenhamos a hombridade de reconhecer isso. E parar com essa mania de achar que, se Deus nos diz que não podemos fazer coisas que ferem a Sua santidade, isso o torna alguém mau. Não. Isso faz dEle alguém justo e coerente.

Deus não tem que se amoldar a seus desejos, vontades e crenças. Eu e você é que precisamos conhecê-lo bem, por meio da Bíblia, para saber exatamente quais são os desejos e as vontades DELE. E assim tomarmos vergonha na cara e começarmos a fazer o que é certo. Isso não é legalismo. Isso não é fundamentalismo. Isso não é biblicismo. Isso não é farisaísmo.

Isso é Cristianismo.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Você tem dificuldade de compartilhar o Evangelho com as pessoas? Não sabe direito o que dizer, não consegue apresentar o plano de salvação? É difícil para você explicar aos seus colegas, amigos e parentes que se eles não receberem Jesus em suas vidas não passarão a eternidade com o Criador, mas sim em sofrimentos eternos no inferno? Então segue abaixo um video que, em apenas 15 minutos, mostra como é possível mostrar a alguém que não está nem aí para Cristo e a Bíblia a verdade sobre a salvação de nossas almas e o grande Dia do Juízo. É uma aula a jato de evangelização.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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Até onde eu iria por amor a Cristo? Será que meu Cristianismo é o que Jesus idealizou para mim? Ajudo ao máximo que posso os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, tento capengamente lutar contra o pecado, busco com muito esforço o conhecimento de Deus, invisto tempo em desfazer as obras do diabo, me esforço por viver uma vida de amor longe da ira divina, entendo a necessidade de ida aos cultos… eu achava que até que não era um cristão de se jogar fora. Mas aí fui estudar Teologia. Meu professor de História da Igreja indicou um livro. E livros, vc sabe…mudam vidas. Esse livro em especial mudou a minha.

Chama-se “O Livro dos Mártires”, escrito no século 16 por John Foxxe e reeditado pela Mundo Cristão. A obra relata com detalhes como foi o martírio de muitos cristãos que se recusaram a negar sua fé e pagaram com suas vidas por isso. Aproveitei um feriado para reler o livro e voltei a ter a mesma sensação que tive da primeira vez que o li: eu não valho nada. Entre lágrimas, vi o relato de homens e mulheres normais, como eu e você, que, quando lhes foi exigido negar Cristo, entregaram seus corpos a dores lancinantes e suas vidas à morte para não fazer isso.

Em época de Teologia da Prosperidade, Teologia Relacional, Teologia Liberal, “Love Wins”, comercialização da fé, simonias e todo esse “me-dá-me-dá-me-dá” gospel, resolvi reproduzir aqui alguns trechos do livro. E desse eu faço propaganda mesmo: compre e leia inteiro, vale a pena. Pois, se você chegar ao fim do livro e não se sentir um lixo, é sinal de que você está longe de ser um cristão com “C” maiúsculo. Eu me sinto ridículo enquanto cristão ante os exemplos que você lerá abaixo. Vamos a alguns deles, muito resumidos:

1. Os apóstolos

Aqui nós temos o relato sobre a morte dos apóstolos de Cristo, obtidos segundo a tradição da Igreja:

“Depois do martírio de Estêvão, quem padeceu em seguida foi Tiago, o santo apóstolo de Cristo e irmão de João. ‘Quando esse Tiago,’ diz Clemente, ‘foi trazido para o banco dos réus, quem o trouxe e foi a causa da sua aflição, vendo que ele seria condenado e sofreria a morte, sentiu-se tão comovido em seu coração e consciência que, a caminho da execução, confessou que ele também era cristão. E assim foram conduzidos juntos. Durante o caminho pediu a Tiago que perdoasse o que ele fizera. Depois de ponderar o caso por um instante consigo mesmo, Tiago voltou-se para ele e disse:

— Que a paz esteja contigo, irmão — e beijou-o. Os dois foram decapitados juntos, em 36, d.C.

Tomé (…) padeceu em Calamina, uma cidade da Índia, sendo morto por uma flechada. Simão, irmão de Judas e de Tiago, o jovem (que eram filhos de Maria Clopas e de Alfeu), foi bispo de Jerusalém depois de Tiago e foi crucificado numa cidade do Egito no tempo do imperador Trajano. Simão, o apóstolo, chamado Cananeu e Zelotes, pregou na Mauritânia, na África e na Bretanha: ele também foi crucificado. Marcos, o evangelista e primeiro bispo de Alexandria, pregou o evangelho no Egito e lá, amarrado e arrastado para a fogueira, foi queimado e depois sepultado num lugar chamado ‘Bucolus’, sob o imperador Trajano. Diz-se de Bartolomeu que também pregou aos indianos e que traduziu o evangelho de Mateus para a língua deles. Por fim, em Albinópolis, cidade da grande Armênia, após várias perseguições, foi abatido a bordoadas e depois crucificado. Em seguida, após ser esfolado, foi decapitado.

Sobre André, o apóstolo e irmão de Pedro, assim escreve Jerônimo: ‘(…) O procônsul atacou-o e ordenou que André nunca mais ensinasse e pregasse essas coisas; caso contrário, deveria ser amarrado à cruz imediatamente. André, permanecendo firme e constante em suas convicções, respondeu assim sobre o castigo com que fora ameaçado: ‘Que ele não teria pregado a honra e glória da cruz, se temesse a morte na cruz. Depois disso, foi pronunciada a sentença de condenação: André deveria ser crucificado, por ensinar e promover uma nova seita e por abolir a religião dos seus deuses. Ao dirigir-se ao lugar do martírio e ao ver ao longe a cruz já preparada, André não mudou nem de semblante nem de cor, seu sangue não se retraiu, a voz não hesitou, o corpo não desfaleceu, a mente não se perturbou, o entendimento não lhe faltou, como sói acontecer com os homens. Sua voz, porém, falou extravasando a abundância do seu coração, e uma ardente caridade mostrou-se nas suas palavras como centelhas de fogo. Disse ele: ‘Ó cruz, extremamente bem-vinda e tão longamente esperada! De boa vontade, cheio de alegria e desejo, eu venho a ti, discípulo que sou daquele que pendeu de ti: pois sempre fui teu amante e sempre desejei te abraçar” [grifos meus]

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2. Inácio

O patriarca Inácio faz parte da primeira geração de pais da Igreja pós-apostólica. O relato de sua morte, no ano 117 d.C., chama atenção em especial pelas suas palavras aos irmãos de Roma.

“Ao chegar a Esmirna, escreveu à igreja de Roma exortando os cristãos a não lançar mão de meio algum a fim de livrá-lo do martírio, evitando de privá-lo daquilo que ele mais almejava e esperava. ‘Agora começo a ser um discípulo. Não me interesso por nada do que é visível ou invisível, para que possa apenas conquistar Cristo. Que sobrevenham a fogueira e a cruz, que venham as feras selvagens, que venham a quebra de ossos e a dilaceração dos membros, que venha a trituração do corpo inteiro, que assim seja. Quero apenas conquistar Cristo Jesus!’. E mesmo quando ele foi condenado a ser atirado às feras, tão ardente era o seu desejo que, ao ouvir o rugido dos leões, disse:

— Eu sou o trigo de Cristo: serei triturado pelos dentes de animais selvagens para poder ser considerado pão puro”.

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3. Policarpo de Esmirna

O relato da morte de Policarpo de Esmirna, no ano 156, é impressionante pelo desapego que o patriarca demonstra pela vida terrena. O texto é de uma força excepcional:

“Quando ele foi trazido ao tribunal, houve um grande tumulto no instante em que a multidão percebeu que Policarpo estava preso. O procônsul perguntou-lhe se ele era Policarpo. Ao ouvir a confirmação, ele o aconselhou a negar a Cristo, dizendo-lhe:

— Olhe para si mesmo e tenha pena de sua idade avançada. — E acrescentou muitas outras frases que eles costumam dizer, tais como ‘Jure pela fortuna de César’, ‘Arrependa-se’ e ‘Diga: Abaixo os ateus’. Então Policarpo, com aspecto grave, contemplando toda a multidão no estádio e acenando-lhe com a mão, emitiu um profundo suspiro e, erguendo os olhos para o céu, disse:

— Removam-se os ateus. Então o procônsul insistiu com ele dizendo:

— Jure, e eu o porei em liberdade; renegue a Cristo. Respondeu Policarpo:

— Há oitenta e seis anos eu O sirvo, e Ele nunca me faltou. Como então blasfemarei meu Rei, que me salvou? (…)

— Se não se arrepender, domarei você com fogo — disse o procônsul — uma vez que despreza as feras selvagens. Então disse Policarpo:

— O senhor me ameaça com um fogo que queima durante uma hora e logo se apaga. Mas o fogo do julgamento futuro e do castigo eterno reservado para os ímpios, esse o senhor ignora. Mas por que está se delongando? Faça tudo o que lhe agradar.

(…) O povo imediatamente apanhou lenha e outros materiais secos nas oficinas e nos banhos. Nesse serviço os judeus (com sua costumeira maldade) sentiram-se particularmente dispostos a ajudar. Quando quiseram amarrá-lo na fogueira, disse Policarpo:

— Deixem-me como estou. Não é preciso prender-me com pregos, pois aquele que me dá forças para suportar o fogo também me fará permanecer na fogueira sem eu querer fugir. — Assim ele foi amarrado mas não pregado. Disse ele então:

Ó Pai, eu te bendigo por me teres considerado digno de receber o meu prêmio entre os mártires.

Assim que ele proferiu a palavra ‘Amém’, os oficiais acenderam o fogo. A chama, formando uma espécie de arco semelhante à vela enfunada de um barco, envolveu feito um muro o corpo do mártir que estava no meio do fogo não como carne queimando mas sim como ouro e prata sendo purificados na fornalha. Recebemos em nossas narinas um aroma semelhante ao que se evola do incenso ou de alguns outros perfumes preciosos. Finalmente, o povo maldoso, ao perceber que o seu corpo não poderia ser consumido pelo fogo, mandou que o carrasco se aproximasse e nele enterrasse a espada. Imediatamente, uma quantidade tão grande de sangue jorrou que o fogo se extinguiu”. [grifos meus]

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4. Blandina

A história da mártir Blandina é comovente. Observar como ela enfrentou sofrimentos, desprezou as facilidades desta vida e encarou a dor em busca da vitória em Cristo é de fazer envergonhar cada pessoa que só busca Jesus tendo em vista benesses materiais.

“Blandina revestiu-se de tamanha força que os seus torturadores, revezando-se da manhã até a noite, sentiram-se realmente extenuados e confessaram-se vencidos e exauridos com todo o seu aparato de torturas. Estavam abismados ao vê-la ainda respirando quando o seu corpo jazia dilacerado e aberto. A abençoada mulher recuperou novo vigor no ato da confissão e provou uma evidente anulação de todas as dores ao dizer:

— Sou cristã, e entre nós não se comete nenhum mal.

(…) Os fiéis avançavam com passo firme enquanto iam sendo conduzidos ao suplício. Seus semblantes brilhavam com muita graça e glória. Os grilhões eram seus mais belos ornamentos. Eles mesmos pareciam noivas enfeitadas em suas belas vestes, respirando a fragrância de Cristo. Eram submetidos à morte de várias maneiras: ou, em outras palavras, teciam uma grinalda de flores e perfumes diversos e a apresentavam ao Pai.

Maturo, Santo, Blandina e Átalo foram atirados como alimento às feras selvagens no anfiteatro, servindo de espetáculo grosseiro para os desumanos gentios. Foram expostos a todas as barbaridades que a multidão ensandecida exigia aos gritos, sobretudo à cadeira de ferro incandescente sobre a qual os seus corpos foram assados, emitindo um cheiro repugnante. Após permanecerem vivos por um longo tempo nessa condição, acabaram aos poucos expirando.

Blandina, pendurada num poste, foi exposta como alimento aos animais selvagens. Pôde ser vista suspensa na forma de uma cruz, entretida numa súplica ardente. A visão inspirou seus colegas de combate com muito entusiasmo. Com os próprios olhos corporais contemplavam na pessoa de sua irmã a figura daquele que por eles foi crucificado. Nenhuma das feras naquela ocasião a tocou. Ela foi retirada do poste e jogada novamente na masmorra. Por mais fraca e desprezível que pudesse parecer, todavia, quando vestida de Cristo, o poderoso e invencível campeão, ela venceu o inimigo numa série de batalhas e foi coroada com a imortalidade.

(…) A abençoada Blandina foi executada depois de todos os outros. Qual mãe generosa que havia exortado os seus filhos, a quem na frente enviara vitoriosos ao Rei, recapitulando toda a série de torturas, apressou-se a prová-las ela mesma, jubilosa e triunfante em seu êxito, como se fosse alguém convidado a um banquete nupcial e não alguém a ser exposto às feras. Depois de ter suportado os açoites, a dilaceração das feras e a cadeira de ferro, ela foi presa numa rede e atirada a um touro. Depois de ser jogada para o alto por algum tempo pelo animal, mostrando-se muito superior aos seus sofrimentos pela influência da esperança, pela visão consciente dos objetos de sua fé e pela sua associação com Cristo, ela finalmente entregou o seu espírito”.

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5. Romano e a criança

John Foxe registra também um duplo martírio, o de Romano e o de um menininho. É difícil ler esse texto sem se emocionar. Além da fé de Romano e de sua firmeza em busca da vitória, chamam atenção as palavras da mãe da criança martirizada:

“Ele [Romano] foi apreendido e, amarrado como uma ovelha conduzida ao matadouro, foi apresentado ao imperador (…) Quando Romano pela segunda vez pregou o Deus vivente, o Senhor Jesus Cristo, Seu Filho bem-amado, e a vida eterna por meio da fé no Seu sangue, Asclepíades ordenou aos carrascos que lhe esmurrassem a boca até que seus dentes fossem arrancados e sua pronúncia acabasse também afetada. A ordem foi cumprida: ele foi esmurrado, suas sobrancelhas foram rasgadas a unha e suas faces perfuradas a faca; a pele da barba foi pouco a pouco arrancada; finalmente, seu belo rosto estava todo deformado. Disse o dócil mártir:(…)

— Dê-me, ó prefeito, uma criança de apenas sete anos, idade isenta de malícia de outros vícios com os quais a idade mais madura geralmente está infectada, e o senhor ouvirá o que ela tem a dizer. — Seu pedido foi aceito. Dentre a multidão chamou-se um menininho que foi colocado diante do mártir.

— Dize-me, filhinho — disse ele — se tu achas que há razão para que adoremos a um só Cristo, e em Cristo a um só Pai, ou então para que adoremos a muitos deuses. Ao que o menininho respondeu:

— Certamente Aquele que os homens afirmam ser Deus (seja o que for), deve ser um só; e o que lhe é próprio é único. Porque Cristo é único, Cristo é necessariamente o verdadeiro Deus, pois nós crianças não podemos acreditar que existam muitos deuses.

A essa altura o prefeito, tomado de puro espanto, disse:

— Tu, jovem vilão e traidor, onde e de quem aprendeste essa lição?

— De minha mãe — disse a criança. — Com seu leite suguei a lição de que devo crer em Cristo. Chamou-se a mãe, e ela de bom grado se apresentou. O prefeito ordenou que a criança fosse pendurada e açoitada. Os condoídos espectadores desse ato impiedoso não conseguiam controlar as lágrimas. Apenas a mãe, exultante e feliz, a tudo assistia com as faces secas. Na verdade, ela repreendeu o seu doce filhinho por implorar um gole de água fria. Disse-lhe para ter sede da taça da qual outrora beberam os infantes de Belém, deixando de lado o leite e as papinhas de suas mães. Ela o encorajou a lembrar-se do pequeno Isaque que, vendo a espada com a qual seria abatido e o altar sobre o qual seria queimado em sacrifício, de boa mente apresentou o tenro pescoço ao golpe da espada do seu pai.

Enquanto era dado esse conselho, o sanguinário algoz arrancou o couro do alto da cabeça do menino, com cabelo e tudo. Gritou então a mãe:

— Agüenta, filhinho! Logo tu verás Aquele que te enfeitará a cabeça nua com uma coroa de glória eterna. — A mãe consola, a criança sente-se consolada; a mãe anima, o menininho sente-se animado e recebe os açoites com um sorriso no rosto. O prefeito, percebendo que a criança era invencível e sentindo-se derrotado, mandou o abençoado menininho para a fétida masmorra e deu ordens para que as torturas de Romano, principal autor destas maldades, fossem repetidas e intensificadas.

Assim, Romano foi trazido outra vez para novos açoites, devendo os castigos ser renovados e aplicados sobre as suas velhas feridas. O tirano já não agüentava mais; era necessário apressar a sentença de morte.

— É penoso para ti — disse ele — continuar vivo por tanto tempo? Não tenhas dúvida de que uma flamejante fogueira será em breve preparada. Nela tu e aquele menino, teu companheiro de rebelião, sereis consumidos e transformados em cinza. — Romano e o menininho foram conduzidos para a execução. Ao chegarem ao local escolhido, os carrascos arrancaram o filho da sua mãe, que o tomara nos braços. A mãe, limitando-se a beijá-lo entregou a criancinha.

— Adeus! — disse ela — Adeus, meu doce filhinho. Quando tiveres entrado no reino de Cristo, lá no teu abençoado estado lembra-te da tua mãe. — E enquanto o carrasco aplicava a espada ao pescoço da criancinha, ela cantou assim:

Todo louvor do coração e da voz
Nós te rendemos, Senhor.
Neste dia em que a morte deste santo
Recebes com muito amor.

Tendo sido cortada a cabeça do inocente, a mãe a envolveu em seu vestido e a segurou no colo. Do lado oposto, uma grande fogueira foi acesa na qual Romano foi atirado. No mesmo instante desabou uma grande tempestade. Finalmente o prefeito, sentindo-se confuso diante da força e coragem do mártir, deu ordens rigorosas para que ele fosse reconduzido à prisão, onde deveria ser estrangulado”

Últimas palavras

Sinto-me envergonhado do cristão que sou. Achamos que ser cristão é ir ao culto, levantar a mão, cantar, ouvir uma mensagem e dar a paz do Senhor pelos corredores. E, lógico, pecar bastante sem ligar muito pra isso. Eu leio “O Livro dos Mártires” e sinto o peso da minha pecaminosidade, a fragilidade da minha fé, a superficialidade de minha relação com Cristo. Vendo o que esses cristãos dos quais eu nãos sou digno de beijar os pés passaram, só me resta olhar no espelho e me envergonhar do cristão de meia-tigela que eu sou.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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