Igrejas velhas não valem nada

Publicado: 29/11/2011 em Amor ao próximo, Espiritualidade, História da Igreja, Igreja dos nossos dias, Pecado

Se tem uma coisa que eu admiro nos japoneses é o respeito e a honra que eles dão aos idosos. São vistos como pessoas sábias, vividas, experientes, que já passaram por todo tipo de dor e sofrimento, que já erraram e acertaram muito, que entendem que a testosterona da juventude nos leva a cometer erros muitas vezes irreparáveis. No Japão, velho é bom. Paradoxalmente, no Brasil velho é ruim. É sinônimo de coisa ultrapassada, defasada, que não serve mais, que não entende os nossos tempos, que está apegada a tradicionalismos e coisas de uma época que não se aplica mais aos nossos dias.

Com o perdão da palavra, mas, nesse sentido, como nós, brasileiros, somos ignorantes!

Jovens têm, é lógico, o seu valor. São cheios de garra, têm disposição, ímpeto e vontade de mudar o mundo. O problema surge quando queremos mudar o que não precisa ser mudado. Pois, queira você ou não, jovem, você é inexperiente. Ainda tem muito feijão para comer. Um rapaz de 20 anos nunca vai se comparar a um senhor de 60, por exemplo, em número de cicatrizes na alma. Cara, são 40 anos a mais de vivência! Você acha isso pouco? Comparar chega a ser patético. Uma sociedade formada sobre a inexperiência dos jovens é uma sociedade que vai cometer todos os erros que os velhos já cometeram – sem necessidade alguma de que eles fossem repetidos  Infelizmente, é o que tem ocorrido em muitas igrejas.

Fico lendo no twitter alguns pastores garotões querendo dizer aos mais velhos como se deve fazer igreja e o que leio muitas vezes me dá um desânimo atroz, pra não dizer assombro. É patente que são uns meninos cheios de boa vontade, mas também lotados até a boca de equívocos, inexperiência, ignorância teológica e falta de traquejo. Outro dia li um jovem pastor ligado a uma organização de mocidade para cristãos defender que masturbação não é pecado se você o faz pensando na sua esposa. Depois, o mesmo garotão comparou roupa de pastores com roupa de políticos numa analogia tão sem fundamento que me deu até pena. E basta ler os tuites dele que você percebe até coisas menores, como montes de erros de gramática e ortografia. E são esses que estão discipulando nossos jovens??? Deus tenha misericórdia de Sua Igreja…

Jovem, lembre-se que Israel foi dividido porque o rei jovem deu mais ouvidos aos conselheiros garotões do que aos anciãos. Você quer um conselheiro nas coisas de Deus e da vida? Busque alguém que tenha fios brancos na cabeça. Barba preta não faz de ninguém um bom pastor.  Cabelos grisalhos também não, mas ajudam muito. Se eu vou a um médico, não procuro um recém-formado, vou aos que têm diplomas  amarelados na parede e uma estrada longa percorrida. Por que não faria o mesmo com os médicos de alma?

Fui certa vez a uma conferência teológica acompanhado de um sacerdote que está na casa dos 50 anos. Eu tenho 39. Assistimos a uma palestra de um jovem e brilhante teólogo. A exposição dele foi excelente. Na saída comecei a elogiar o rapaz para esse sacerdote que estava comigo. Ele ouviu-me pacientemente. Ao final me disse uma frase que eu não esqueci: “Mauricio, ele pode ser muito bom, mas ainda não sofreu. Deixa ele sofrer mais e depois a gente conversa”.  Refletindo sobre aquela frase, vi que ele estava coberto de razão: ninguém se torna um general sem carregar em si muitos ferimentos de batalhas passadas.

Os jovens cristãos chegam cheios de vontade de fazer e acontecer. Ótimo. Mas muitos, em especial pastores, enfiam os pés pelas mãos, porque ignoram o conselho dos mais velhos. Acham que sacerdotes com mais de 50 anos são velhos corocos presos a tradicionalismos inúteis, a pensamentos velhos e estruturas que não funcionam mais. Tadinhos. A Igreja tem de conversar com a sua época? Lógico! Mas a Igreja não tem que alterar a mensagem da Cruz para isso. Não precisa falar palavrões. Não precisa falar “quaé, mermão”. Muito menos reinventar a roda. O que funciona há 2 mil anos funciona há 2 mil anos!!! Que continue funcionando!!! Mas não: templos são coisas velhas, então temos de nos reunir em tendas ou outros ambientes alternativos. De preferência com cestas de basquete na parede pra mostrar como a gente é cool, tá ligado? Terno e gravata são coisas velhas? Então temos de pregar com camisas de malha com dizeres grafitados, como “Jesus rules!“. Ritos e cerimônias são coisas velhas? Então temos de abolir qualquer forma de liturgia. As teologias pregadas não mudam desde a época de Lutero e Calvino? Então temos de inventar bobagens novas como a Teologia Relacional porque, afinal de contas, como teólogos do século 16 poderiam estar certos? Nada disso, certos somos nós, para quem love wins. E fico imaginando Jesus vendo tudo isso e lembrando: “Eu sou o mesmo ontem, hoje e serei para sempre”. As pessoas e os tempos mudam? Claro! Mas a essência humana é igual desde Adão e é na essência do homem que o Evangelho age, não na sua cultura temporal.

Jovem, você não tem de reinventar o Evangelho. Ele está aí, prontinho, há 2 mil anos, num livro chamado Bíblia. O conteúdo desse livro não mudou em nada, nem seus ensinamentos. Ele é um presente de Deus para você. Se um pastor valorizar mais o papel de presente (ou seja, a forma como é apresentado) do que o presente em si, fuja dele. Busque uma igreja onde o velho é ensinado. Onde Deus continua sendo amor, mas também ira e justiça. Onde o cristão não tem que ter a cara de um skatista da moda para viver a fé.

Não tenha vergonha de ser diferente. A mensagem do Cristianismo é e sempre foi contracultura, ela nada na contramão, na direção oposta do mundo. Se alguém, mesmo um pastor maneirão da moda diz a você que você tem que participar das coisas do mundo como shows do Ozzy Osbourne… Ignore-o. Jesus disse em sua oração ao Pai em favor dos Seus: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou“. Você está  no mundo. Mas não é do mundo. Não se misture. Se o novo diz para  você se misturar, corra para o velho. Para aquilo que já foi testado e aprovado pelo teste dos séculos e não para aquilo que tenta fazer de você uma cobaia de laboratório para novas experiências teológicas.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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comentários
  1. Karine Rocha disse:

    Olá Maurício!

    Ótimo post, como sempre.

    Dúvida: qnd vc diz “jovens pastores”, é pq eles se auto-intitularam pastores ou pq alguém com autoridade os consagraram? Frequento uma igreja tradicional (Assembléia), e lá para ser pastor vc precisa passar por várias, várias, várias etapas. Não sei se em todas as denominações ocorre dessa maneira, mas se for, a “culpa” não seria justamente dos mais velhos q consagraram prematuramente esses jovens? No começo do post vc cita a cultura japonesa q realmente é merecedora de admiração. Mas isso é CULTURA, EDUCAÇÃO, passada de geração para geração. Infelizmente no Brasil isso não funciona, pq não se pode passar para outra geração algo q não temos. Eu penso q na religião seja parecido. Vejo muita igreja pequena q, para segurar novos membros, nomeia líder de evangelização até quem não é batizado!
    Não estou defendendo os moderninhos. Apenas acho q não culparia integralmente somente eles…

    Fique na paz do Senhor! =)

    • Ola, Karine,
      refiro-me a pastores ordenados mesmo.
      Vc tem toda razão, mas muitas vezes os “filhos” não seguem seus “pais”. Veja, por exemplo, quantos traficantes são filhos de crentes.
      Na filosofia, por exemplo, Aristoteles foi aluno de Platão, mas discordava dele. Por sua vez, Platão foi aluno de Sócrates, mas discordava dele. Então o fato de se ensinar algo não implica necessariamente em que o discípulo será um bom aprendiz ou um bom aplicador das verdades aprendidas.
      Deus a abençoe e obrigado pelo carinho das tuas palavras.

  2. Lelê disse:

    Por isso que eu sempre preferi as coisas, pessoas, e eu sempre me achei uma “velha”…rs

  3. Eliana disse:

    É verdade…

    Glória a Deus por essas palavras preciosas!

    Excelente post, Maurício.

    • Neto Dias disse:

      Na verdade, existe um conflito de gerações que não se entendem. Os nossos pais, devem observar que algumas questões culturais não fazem mais parte da realidade atual, querem imortalizar certos costumes que são completamente inadequados. Acredito que deve existir uma fusão das gerações pois, se juntar a experiência com a força, teremos uma equipe muito boa. Os jovens devem ouvir os velhos, bem como os velhos devem ouvir os jovens. Repito, não adianta querer imortalizar algumas coisas que não mais contribuem para o avanço do evangelho. Essa é minha opinião,

      O que você me diz zágari?

      Paz!

      • Minha opinião é que usos e costumes devem desaparecer. Mas qdo querem mexer na Biblia…aí deixemos 2 mil anos de velhice suplantar 20 de juventude.
        E nao adianta, a idade pode se apegar a coisas antigas, mas sempre trará consigo o peso da experiência. Ignorar isso é ignorar uma realidade da vida. Usemos a disposição dos jovens e a sabedoria dos velhos e teremos uma Igreja viva e ativa.
        Caso contrario o que teremos será a série de descalabros que temos visto por aí.

        Na paz.

  4. Re disse:

    É Maurício,
    num tempo de fast-tudo é difícil até olhar o outro, imagine olhar e perceber essas questões. A gente sabe que o tráfico passou a utilizar os jovens exatamente por essas características que vc aponta, nada temem, não tem noção dos perigos da vida, se acham imortais e isentos de sofrer riscos. Muitos nada sofreram ainda, não fazem parte, em sua grande maioria, do clã das cicatrizes – o que não siginifica muito porque trabalhei com adolescentes de comunidades mais pobres e conheci histórias de muito sofrimento, sendo que uns caminharam pelo bom caminho e outros para o crime.

    Gostei demais do seu post porque é um ‘texto’ que sempre uso na vida: os mais velhos são sábios, devem ser respeitados e ouvidos; adoro os japoneses porque são esse povo incrível sim, tem reverência pelos mais velhos, entre outras características admiráveis. Aqui, terrinha de colonizados, sejamos realistas, tudo de pior se consome, fast-tudo, inclusive a falta de educação, de hábitos de higiene, de respeito ao outro – há uma crescente geração de ‘deuses’, de pessoas em formação que não querem saber da palavra do outro, do sofrimento do outro, porque se bastam a si mesmos – e a rede www incrementa esse abismo. Assim, as igrejas, mesmo as até então tradicionais, estão numa espécie de rendição a tanta maluquice, cedendo aos caprichos de uma juventude em grande parte mimada, autosuficiente e mal educada, infelizmente, embora, graças por isso, não seja regra tão geral.

    Agora, você não acha que sabedoria não tem muito a ver com cabelos brancos ou idade mais ‘antiga’ :)? Aquele velho ditado também não deve ser levado em conta? “Os canalhas também envelhecem”, se me desculpa o termo canalha. Há muito lobo e joio pintando cabelo por aí…

    Você é jovem e tem discernimento, compromisso com o Reino do Senhor, é educado, sábio em seu modo de se comunicar, ou seja, o respeito por aquilo que demonstra ser e que comunica com humildade e firmeza. Porém, conheço pastores jovens, como você, que não dizem nada, mesmo que digam muito, com beleza etc etc. Você compreendeu a Palavra, a vive e compartilha, não me parece ser um deus de si mesmo. É isso que a gente espera ser, em Cristo renovados, renascidos e em busca da Sabedoria do alto. Mas será que é isso que as pessoas andam buscando?

    A Paz, que excede todo entendimento

    • Oi, Regina,
      sou jovem em termos, já vou fazer 40. O Zágari de 20 anos atrás era um boboca que não entendia nada de Biblia, Historia da Igreja, trato com pessoas etc. Os anos fazem a diferença. E, especialmente, o sofrimento. Quem nunca sofreu não serve para aconselhar. É o que sempre digo a jovens e adolescentes que me procuram e perguntam o que devem fazer para se prepararem para a obra de Deus. Eu sempre respondo: “Conheça (nao apenas leia, conheça) a Biblia, ore muito, viva as disciplinas espirituais, desenvolva intimidade com Deus e sofra”.
      Há velhos canalhas? Sim. Mas vamos desprezar a sabedoria da idade pelas maçãs podres?
      Beijo pra ti, na paz.

      • Re disse:

        Claro que não! Concordo com você. Por isso, como diz, é importante a intimidade com Deus, para que tenhamos sabedoria e discernimento. Complementando esse assunto, li um texto muito bom na revista CristianismoHoje, “O Deus do sofrimento – Se é impossível evitar a dor, pode-se enfrentá-la com a ajuda divina.” Vale a leitura! Bj, na paz e obrigada pela resposta 😉

  5. Muito bom… O evangelho está pronto… Há 2 mil anos. Gostei de tudo e principalmente essa frase.

  6. Sandro Soto disse:

    Mauricio, mais um texto cheio de sabedoria e que, de forma contundente, “bate” fundo em nós.
    DEUS LHe Abençoe meu irmão, e Nos inspire a respeitar e apreciar o “velho” (as pessoas e as igrejas). Abração.

  7. Jean disse:

    Zágari,graça e paz!..Amado,seu post nos faz refletir sobre muitos aspectos não só religiosos,como sociológicos a nível Brasil.A sociedade japonesa é reconhecidamente generosa com os mais velhos,até pelo fato deles serem a maioria por lá.O Brasil por décadas foi considerado um país jovem,censos do IBGE mostravam isso e havia uma glamourização do vigor ,do entusiasmo,da ousadia ,e da inovação que esta juventude traria ao país;e isso se refletiu também no nosso meio.Os “papas” da política brasileira,velhos conhecidos da juventude,aliás até de nossos pais,só trouxeram decepções,desastres de ética e administração pública,e muitos envolvidos em crimes.Nesse interím vem Collor,o “novo”, o “revigorado”,o caçador de marajás que faria o Brasil sair do ostracismo das oligarquias que reinaram aqui por séculos.Ele tinha juventude,garra,postura,coragem..”aquilo roxo”..rs..Pois bem,no meio evangélico tínhamos o tradicionalismo das igrejas históricas com seus pastores anciãos,sendo desafiados pelos neopentecostais com linguagem relativamente jovem,em comparação ao que era pregado até então.A juventude nesse período passou a perceber que podia ser cristã e não ser alienada do mundo.Surgiram novas bandas,líderes mais jovens que falavam o que a membresia queria ouvir diante tamanha repressão da liderança anciã.Esses fatos transcorreram numa velocidade muito grande,os históricos perderam espaço,não pelo Evangelho,mas pela liturgia,por causa dos costumes,da intromissão na vida alheia,da inquisição nos casos de indisciplina;consequentemente que esses fatos só cresceram no passar dos anos,surgiram novos movimentos religiosos,teológicos,muitos “velhos” se tornaram novos pra não perder espaço,e nos dias de hoje observo que o Evangelho é eterno,mas costumes,liturgia,e algumas tradições,podem ser substituídas sem necessariamente escandalizar a Palavra.O terno é uma roupa clássica ocidental,se um dia a Palavra invadir o Oriente Médio,nossos pastores não serão bem-vindos a começar por aí,pois os árabes associam esta roupa às injustiças dos governantes da Onu junto a causa Palestina..é cultural,nada tem a ver com modismo,e o Brasil é um país tropical,quentíssimo..guardadas as devidas proporções,não vejo que pastorear ou pregar de terno,seja condição sine qua non para o ofício..pastores jovens são bons,os maduros,melhores ainda..Paulo disse para que ninguém tentasse desqualificá-lo ou o importunasse pois trazia no corpo as marcas do Senhor Jesus..coisas que muitos líderes jovens nem chegaram perto de passar.Em relação ao templo em si,o Evangelho não pode ficar restrito a estrutura eclesiástica estabelecida,tendo que ser apenas pregado em igreja;a Palavra é livre,deve ser pregada e principalmente vivida por todos nós,aprendendo-a na rua,em casa,em tendas,na praia,enfim..para que o mundo veja que somos sal da terra,não por causa de um templo feito por mão de homens..Continue refletindo,Zágari..seus posts fazem bem a todos nós.

    • Querido Jean,
      .
      velhos não são infalíveis. Assim como jovens tb não são. Olho a Igreja de hoje e vejo que as maiores heresias têm surgido de jovens. Nas Alianças Evangélicas os jovens ignoram os conselhos de quem já viveu, sofreu, aprendeu e isso tem gerado uma Igreja flácida e ativista, porem distante dos alicerces bíblicos. Não é um louvor ser rock ou tocado no orgao que vai fazer a diferença, é uma devocionalidade firme e uma intimidade sólida com o Criador. O resto é tinta na parede. Importam os alicerces.
      .
      E, sinceramente: quando vc precisa de um bom conselho vc o pede ao seu pai ou ao seu filho? Talvez seu filho te explique melhor que seu pai sobre coisinhas como passar de fase no videogame ou como resolver um problema na internet. Mas nas profundidades da vida…é papai quem eu procuro. E aí cada um busca conselhos com quem quer.
      .
      Na paz

  8. Rodrigo disse:

    Concordo em linhas gerais com o autor, mas Tb lembro-me das palavras de Paulo à Timóteo: “ninguém despreze tua mocidade…”.
    A maturidade não está necessariamente ligada a quantidade de cabelos brancos na cabeça.
    Tenho receio da lógica de alguns argumentos, pois lido com uma realidade onde quase sempre jovens são visto com descrédito, se não, como sinônimo de pecador.
    E ainda poderia citar uma gama de personagens bíblica, que apesar de jovens agiram com maturidade.

    • Querido Rodrigo,
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      vou repetir ipsis literis o que escrevi em outro comentário deste post:
      .
      “Velhos não são infalíveis. Assim como jovens tb não são. Olho a Igreja de hoje e vejo que as maiores heresias têm surgido de jovens. Nas Alianças Evangélicas os jovens ignoram os conselhos de quem já viveu, sofreu, aprendeu e isso tem gerado uma Igreja flácida e ativista, porem distante dos alicerces bíblicos. Não é um louvor ser rock ou tocado no orgao que vai fazer a diferença, é uma devocionalidade firme e uma intimidade sólida com o Criador. O resto é tinta na parede. Importam os alicerces.
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      E, sinceramente: quando vc precisa de um bom conselho vc o pede ao seu pai ou ao seu filho? Talvez seu filho te explique melhor que seu pai sobre coisinhas como passar de fase no videogame ou como resolver um problema na internet. Mas nas profundidades da vida…é papai quem eu procuro. E aí cada um busca conselhos com quem quer”.
      .
      Rodrigo, lamento por saber que na realidade em que vc vive jovens são vistos assim. Só não podemos mudar uma realidade universal em função de um ou dois exemplos. E, analisando os últimos 5.000 anos de Historia da humanidade, vc verá que os idosos, os anciãos, os mais velhos, sempre lideraram, aconselharam, chefiaram. Em qualquer sociedade tribal – que não foi contaminada pela mentalidade “Malhação” – é assim. Será que isso è à toa? Até no Brasil, para ser presidente a Constituição determina que vc tenha no mínimo 35 anos.
      .
      Respeito sua visão, mas experiência importa, e muito. E não sou eu quem digo isso: é a História quem diz.
      .
      Na paz

      • Rodrigo disse:

        Maurício, de forma nenhuma quis dizer que podemos prescindir da experiência. Minha fala é uma tentativa de ponderação, pois por vezes, apesar da pouca idade, muitas guerras já foram travadas. A outros fatores que contribuem para nos dotar de experiência. Podemos comparar um jovem que viveu os horrores de um campo de concentração durante a segunda guerra mundial, com um da geração google ? Vários são os fatores que contribuem para a maturidade. No o exemplo citado, “sociedades tribais”, penso se o conceito de ancião seria o mesmo? Qual expectativa de vida dentro destas sociedades e em outras tantas, em vários lugares e em várias épocas?
        Repito, concordo sim sobre o valor da experiência, mas minha ressalva é apenas para impedir que caminhemos nos extremos.

      • Rodrigo,
        compreendi suas ponderações. Evidentemente o meu post fala de um fenômeno sistêmico, mas claro que há exceções em meio à regra geral.
        Deus o abençoe e o use para sua glória.

  9. Eliana disse:

    Como eu já tinha comentado, achei seu texto precioso, Maurício. Principalmente no que tange à igreja em geral. Concordo totalmente.

    Mas, também entendi o que o Rodrigo quis dizer porque conheci e congreguei em uma igreja em que os adolescentes eram escancaradamente desacreditados… não adiantava nem que um adolescente quisesse pedir conselhos a um mais velho, porque ele seria criticado em forma de piadas de mau gosto. Até que um determinado pastor trabalhou para mudar essa realidade. Esse lado da questão também é triste e pode fazer com que esses adolescentes se tornem adultos com grandes problemas.

    Na ótica de tudo o que vc escreveu aí, inclusive nos comentários, creio que Deus pode usar um jovem sim. E devemos valorizá-los ao mesmo tempo em que os conscientizamos acerca da importância de que sejam orientados por aqueles que são mais experientes na vida e na obra de Deus.

    Paz.

    • Eliana,
      o problema aí é outro. Quando você diz “não adiantava nem que um adolescente quisesse pedir conselhos a um mais velho, porque ele seria criticado em forma de piadas de mau gosto” eu me pergunto quem seria esse ancião que está numa igreja e não quer aconselhar os mais jovens.
      Não creia que Deus pode usar um jovem: SAIBA que Deus usa os jovens. Mas é exatamente o que vc falou em sua frase final: dar valor a eles mas jamais esquecer que eles precisam agir segundo o conselho dos mais velhos.
      Pois enquanto a Bíblia diz para não desprezar a mocidade, no que tange a traçar caminhos vemos que os conselhos sistematicamente era buscado entre os anciãos: Jetro aconselhou Moisés, Noemi aconselhou Rute, Roboão rejeitou o conselho dos anciãos e preferiu o dos garotões e dividiu o reino, Elias aconselhava Eliseu e por aí vai.
      .
      E te faço a mesma pergunta que fiz ao mano: você pediria um conselho importante e que poderia mudar os rumos da sua vida ao seu filho adolescente e inexperiente (inexperiente, por mais maduro que ele seja) ou aos seus pais?
      .
      Beijo e paz

  10. Eliana disse:

    Claro, querido! Concordo com vc! Por isso coloquei na minha frase final que devemos, além de valorizá-los, conscientizá-los acerca da importância de que sejam orientados por aqueles que são mais experientes na vida e na obra de Deus.

    Só quis compartilhar algo que vi acontecer e que também é um problema (outro problema, como vc disse).

    Mas, entendi seu raciocínio. E, respondendo a sua pergunta: sempre peço conselho aos meus pais! 🙂

    Bjo e paz!

  11. Rafael Ferraz Rodrigues disse:

    é bastante interessante seu texto e concordo com ele..mas acho q existe os dois lados da moeda,pq muitas vezes coisas q deviam ser mudadas,n sao mudadas justamente por esse apego ao velho,pois certos conceitos ”estacionarios” atrapalham a evoluçao necessaria da nossa igreja,claro q eu creio eu q os idosos tem sim muito a ensinar mais do que qualquer ”pastorzinho” com camisa escrita ”Jesus rules”,mas eu creio q uma ”reciclagem” deva ser feita de ”eras em eras” : reciclagem falo como pegar o todo e absorver o frutifero e correto e posso parecer herege mas digo até teologicamente,n digo pra pegar uma caneta e sair fazendo lambança onde n se deve,mas sim parar com essa mania feia de achar q pq ”lutero,calvino,arminio,wesley e cia” pensou de forma X e Y eu n posso parar, analisar e ate perguntar claro q centralizado na biblia q é nossa autoridade maxima(e isso seria sim uma ”tradiçao” q nunca deve ser largada),n deixar isso acontecer ao meu ver é amputar ”o pensar teologico” q é a funçao principal do teologo,e isso acaba criando pensadores mecanicos,meros papagaios q só sabem citar as ”solas” e versiculos q apoiam uma parte da variedade enorme de conceitos teologicos subjetivos(conceitos escatologicos, etc) como se fosse a verdade ultima pq um dia alguem contou, até pq uma teologia reformada q para de se reformar deixa de ser teologia reformada ao meu ver,mas isso ao mesmo tempo pode ser um grande perigo quando n se faz com seriedade,gerando bizarrices como a ”unçao de 12 litros de oleo” que vi um dia desse..bom muitos podem discordar mas é o que eu penso…abraços mauricio Deus te abençoe

  12. Graça e paz Maurício.
    Eu já fui um jovem pastor e por ser jovem tinha muita garra, mas hoje, depois de algus anos de experiência descobri que muita garra sem um bom conselheiro, principalmente de uma pessoa mais velha e experiente, a gente quebra muito a cara.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas Figueira

  13. Dayana disse:

    Bom, como diz o popular e velho ditado: “Maracujá velho é que produz suco bom.”

  14. Fátima C de M Alexandre disse:

    Maurício, a cada texto seu fico a refletir sobre o que vc fala, e esse mais uma vez está certíssimo,
    infelizmente o idoso nesse país é totalmente desvalorizado, desacreditado, as vezes tratado como
    ser inferior, e infelizmente dentro das igrejas também.
    Assim como vc também prefiro um médico mais experiente, me sinto mais segura, e com pastores também, não menosprezando os mais jovens, mas como vc disse: ele ainda não sofreu…… é certo
    que todos nós podemos aprender com nossos jovens pastores, mas a sabedoria, tranqüilidade e
    respeito dos pastores mais velhos tudo supera. Aos jovens Pastores todo meu respeito e admiração, mas por favor aprendam com os pastores mais velhos, observem, e ponham em pratica
    os bons conselhos que esses sábios homens de Deus podem dar a vcs.
    Maurício muito obrigado por tão sábias palavras, é sempre muito bom ler o que vc escreve, refletir
    e encaminhar para quem quer aprender, principalmente a pensar sobre as coisas de Deus.
    Fique na Paz. Muitas vezes por absoluta falta de tempo que não faço comentários.

  15. Olá Maurício,

    Através do twitter tive o prazer de te conhecer e passei a seguir também o blog. Sempre com uma opinião embasada, leitura fácil e interessante. Parabéns!

    Em relação ao tema, me resumo a dizer que quanto mais longe da essência, mas perto de conceitos esdrúxulos e falsos achismos nos encontramos. Seja através de pastores novos ou até mesmo velhos que em certo momento descobriram que estavam indo mal e que precisavam fazer alguma coisa, escutamos, lemos muitos absurdos.

    Mas o importante é não nos limitarmos à idade cronológica. É indiscutível a idéia principal do teu texto, a qual é ligada ao tempo cronológico, porém a busca pelo conhecimento, que se dá através de uma vida de diálogo diário e constante com Deus, e da leitura da Sua palavra, pode trazer para certas pessoas jovens, um conhecimento maior, o qual também não substituiu as experiências da vida.

    Neste artigo fiz uma resenha sobre a atual situação do cristianismo (http://tosocomentando.blogspot.com/2011/12/cristianismo-de-jesus.html#links)

    Paz!

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