Posts com Tag ‘Presente’

Apenas 2 milhões

O blog APENAS acabou de alcançar a marca dos 2 milhões de acessos, 4 anos e 3 meses depois de sua criação. Quero agradecer a você, que acompanha minhas reflexões, assídua ou esporadicamente, que assina o blog e recebe as reflexões por e-mail, que repassa as mensagens por e-mail, twitter ou facebook… enfim, a você que tem dado relevância e razão de ser ao APENAS. Pois este blog não existe por minha causa, ele existe para servir o evangelho de Cristo e para servir você, leitor.

Nesse mesmo espírito, eu gostaria de agradecer pela sua companhia aqui no blog de uma forma que fosse além de palavras. Gostaria de te dar um presente. Para saber como você pode ganhar, basta ouvir a mensagem em áudio no vídeo abaixo. Se você não conseguir visualizar o player, basta clicar AQUI para ouvir a gravação no YouTube.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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azedo 1Você já passou por aquela situação em que decide comer um doce acompanhado de um suco e, depois de saborear aquela bomba de açúcar, virou o copo e descobriu que a bebida estava totalmente amarga? Bem, na verdade, o gosto dela estava exatamente igual ao de todas as outras vezes em que você a tomou; porém, desta vez, o fato de ter ingerido aquele montaréu de açúcar antes fez com que o doce do suco fosse anulado. De igual modo, se você põe a mão dentro de um balde de água gelada e depois a enfia em um balde de água quente, ou vice-versa, perceberá que a sensação térmica muda, dependendo da temperatura do meio em que ela estava antes. Ou, ainda, se você vem de uma rua calorenta e entra no ar-condicionado, o alívio é grande; mas, se você sai da neve e entra em um ambiente com ar-condicionado, vai morrer de calor. E se você passa de um lugar escuro para um bem claro, fica ofuscado e dificilmente consegue enxergar direito; mas se sai de um local claro para outro não percebe tanta diferença. Que conclusão tiramos dessas experiências? A condição em que nos encontrávamos antes de determinada situação influenciará de forma decisiva como a viveremos.

Essa também é uma realidade bíblica. O capítulo 7 de Lucas relata certa ocasião em que Jesus foi comer na casa de um fariseu chamado Simão e lá uma mulher que vivia de modo pecaminoso se aproximou, chorando, e passou a lavar e ungir os pés de Cristo com as próprias lágrimas e com unguento. O dono da casa começou a murmurar por esse fato e recebeu uma lição de Jesus, que finalizou dizendo: “Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama” (v. 47). Esse episódio mostra que as situações que vivemos antes sempre influenciarão espiritualmente o que viveremos depois. No caso daquela mulher, o perdão do ontem influenciou o amor do hoje.

Se tivermos uma compreensão clara sobre isso, conseguiremos extrair lições importantes para nossa caminhada cristã, que nortearão nosso pensamento e nossas atitudes de forma mais ajustada ao que o evangelho propõe. E isso, especialmente, no que se refere à forma como lidamos com pessoas que têm falhas e problemas. Vejamos alguns exemplos.

cruz no olho 1Com essa compreensão, seremos mais misericordiosos ao ver um novo convertido ter dificuldades para se consertar em certas realidades da vida de santidade, por compreender que ele acabou de sair de uma vida inteira de práticas pecaminosas. Ou olharemos com mais compaixão e paciência uma irmã que se fanatiza ao descobrir a sã doutrina, por entender que ela vem de uma longa passagem por igrejas cujas práticas são alheias ao cristianismo puro e simples. Ou, ainda, cuidaremos com muito mais amor e carinho de alguém que se encontra desviado da igreja por ter sido ferido por pastores ou membros e, por isso, ter traumas quanto ao meio eclesiástico. Também desenvolvemos muito mais paciência ao ver jovens cheios de testosterona entrarem em debates intermináveis nas redes sociais por questões secundárias da teologia, por compreender que foram adestrados a se comportar dessa forma devido a experiências anteriores. E por aí vai.

Enfim, o entendimento de que cada ser humano é, hoje, fruto de tudo o que viveu no passado nos conduz a um olhar muito mais misericordioso com relação a suas atitudes. Por isso, fica aqui a recomendação: nunca olhe para alguém somente por aquilo que ele é. Tente entender tudo o que ele viveu antes, para compreender como se tornou aquilo que é. Com essa percepção, você conseguirá ser mais paciente, misericordioso e amoroso com pessoas que apresentam falhas ou dificuldade de se ajustar a uma nova realidade.

E fica o desafio: o que você pode fazer por essas pessoas? Gente que se tornou mentirosa por ter crescido num ambiente em que a mentira era valorizada; gente arrogante, que foi mimada na infância e criada sem preparo para o mundo real; gente materialista, que conviveu a vida inteira com uma família que supervalorizava os bens materiais; gente fofoqueira, que transitou por ambientes em que a fofoca era uma arma de sobrevivência; e tantos outros tipos de gente com falhas. O que fazer por elas?

Primeiro, amá-las.

Segundo, não condená-las.

Terceiro, aproximar-se delas.

Quarto, admoestá-las, com compaixão.

Quinto, influenciá-las, pelo discipulado.

Sexto, ser um instrumento de Deus para transformá-las.

Ninguém nasceu como é hoje. Todos vivemos experiências variadas que nos moldaram ao longo de anos. Se você conhece pessoas que se tornaram problemáticas, quem sabe se tudo o que você viveu na sua vida até hoje não foi para moldá-lo a ser justamente o coração misericordioso de que elas precisam para mudar?

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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natal 1Que título  estranho tem este post. Existe mesmo um “modo bíblico de escolher os presentes que daremos de Natal”? A meu ver, sim. Mas, antes de ir direto ao ponto, deixe-me contar como cheguei a essa conclusão. No final de outubro, fui almoçar no shopping Rio Sul e fiquei impressionado: já havia uma gigantesca árvore de Natal montada no vão central do prédio, que ia do chão ao teto, cercada por montes de robozinhos animados, renas, esquilos, vegetação de plástico, muitas luzes piscantes e bolas coloridas. Não havia dúvida: o Natal estava chegando. Bem… mais ou menos, né? Afinal, ainda era outubro e faltavam dois meses para à época de festas. Mas o comércio já tinha decidido: estava dada a largada para a temporada de compras de presentes. Eu me senti inclinado a escrever um texto falando mal do consumismo, da exploração materialista e das deturpações que a sociedade faz da celebração do nascimento de nosso Senhor. Mas pensei um pouco e lembrei que anualmente batemos nessa tecla, sem que nada mude: cristãos e não cristãos continuam gastando uma fortuna em compras natalinas. Então resolvi compartilhar outra reflexão: já que vamos dar presentes de qualquer maneira, o melhor é pensar como decidir que presentes dar.

O hábito de se presentear no Natal tem influências  variadas, dependendo do lugar do mundo em que se está. Mas a origem vem do relato bíblico dos magos que presentearam Jesus com ouro, incenso e mirra. Se formos pensar por esse ângulo, fugirmos da sanha consumista e tratarmos a troca de presentes como algo que remete ao nascimento de Cristo, de modo que não tire o foco das verdadeiras razões da celebração, não vejo mal nessa prática. E como devemos fazê-lo? Aqui segue uma sugestão.

natal 2Penso que não devemos entregar os presentes na noite de Natal. Esquisito? Acredite, é totalmente possível fazê-lo um ou mais dias antes ou depois. Com isso, removemos a ideia de que festas natalinas têm a ver com consumismo – em especial no ensino das nossas crianças. Se fizermos assim, elas não crescerão associando Natal a presentes e à figura do Papai Noel, mas também não ficarão de fora do hábito da cultura em que vivem e poderão receber preciosas lições sobre a alegria que é dar. Isto é fundamental: cada presente deve sempre vir acompanhado de instrução e lições de vida. Dependendo da forma como tratarmos esse hábito, ele será visto e compreendido de modo mais cristão ou menos cristão pelos nossos filhos e as demais pessoas. A noite de Natal deve ser momento de orações, de louvores e da comunhão que celebra o nascimento de Jesus (seja num culto, seja numa ceia em família ou entre amigos). O foco não pode estar nos presentes. Tampouco na comida. Muito menos na festa: o foco do Natal é a encarnação do Verbo e tudo deve ser feito com isso em mente. A celebração do Natal deve ser inquestionavelmente cristocêntrica.

E, finalmente, chegamos ao ponto: há algum tipo de pensamento bíblico que devemos ter quanto ao que comprar para dar de presente a nossos amigos e parentes? Sim, há. Se vamos presentear alguém, deve ser por amor a ela; e gestos de amor contêm em si essencialmente a preocupação com o que é melhor para o outro. Em outras palavras, entendo que você não deve presentear alguém com algo de que ela goste, como costumamos fazer. O presente ideal e mais bíblico possível é, isto sim, algo de que a pessoa precisa.

natal 3Repare: Deus não entregou Jesus ao mundo de presente porque gostássemos dele. Pelo contrário, Jesus foi presenteado a uma humanidade que estava morta em seus delitos e pecados e, por isso, amava os prazeres e a maldade. Mas era uma humanidade que precisava desesperadamente do Cordeiro de Deus, que viesse para o que cada ser humano mais precisa: o perdão dos pecados. Assim, o Pai não nos presenteou com algo que satisfizesse nossas concupiscências ou nossos desejos carnais: ele nos deu aquilo que ele sabia que nos faria bem.

Na hora de escolher os presentes que você vai comprar para determinada pessoa, imite o Pai: não pense “o que será que ela vai gostar de ganhar?”, mas, sim, “o que será que ela precisa ganhar?”. Se você tiver esse pensamento em mente, estará presenteando como o Pai nos presenteou. E fará do ato de dar presentes algo muito mais cristão.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Mauricio Zágari

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Blog Apenas 3 anosMinha mãe tem um hábito raro e curioso. Em todas as datas comemorativas em que deveria receber presentes, é ela quem presenteia as pessoas mais próximas. Muitas vezes fui surpreendido ao receber dela algo no seu aniversário, no dia das mães ou ocasiões similares. O blog APENAS completa no próximo dia 14 de maio três anos de vida. Para comemorar a data, decidi seguir o exemplo de minha mãe e celebrar esse dia com um gesto de carinho: em vez de ser presenteado, optei por presentear você, que me presenteia todas as semanas com a leitura das reflexões que aqui compartilho. É um pequeno ato de gratidão pela honra que é ter a sua companhia semanal neste meu pequeno espaço virtual.

Naturalmente, os presentes que decidi entregar são o que considero o tipo de bem material mais valioso e importante que há: livros. Eu gostaria de entregá-los a todos irmãos e irmãs que investem alguns preciosos minutos por semana na leitura dos pensamentos que compartilho, mas, infelizmente, isso não seria possível. Então, o modo que encontrei para definir quem receberá os exemplares é o que considero o mais justo: um sorteio.

A editora Mundo Cristão gentilmente cedeu cinco livros para eu sortear entre todos os assinantes do blog. Quero deixar bem claro que esta não é uma ação paga e não estou recebendo dinheiro ou qualquer outro benefício da editora para realizar este sorteio – apenas pedi e a Mundo Cristão me ofertou os livros, que vou repassar a você. No dia 14/05/14 próximo, que é a data do aniversário, vou postar aqui um texto explicando como você pode ganhar um dos cinco livros. Para participar, basta ser assinante do APENAS e responder, no espaço dos comentários, uma pergunta que farei. Não haverá resposta certa ou errada, o importante será você expor sua opinião sobre o que vou indagar, para ajudar na reflexão sobre um tema que considero de extrema importância para a nossa fé – e que, paradoxalmente, é muito menos compreendido e praticado do que deveria: o perdão.

Estes são os cinco livros que a Mundo Cristão cedeu para a comemoração (um exemplar de cada):

A vida de CS LewisA vida de C. S. Lewis: Do ateísmo às terras de Nárnia (Alister McGrath) – Sinopse do livro: Por mais de meio século, C. S. Lewis vem alimentando a imaginação de milhões de pessoas em todo o planeta com seu fantástico mundo de Nárnia. Para celebrar o 50º aniversário de sua morte, o Dr. Alister McGrath reconta a vida deste que é considerado um dos maiores escritores do século 20. A obra oferece um panorama abrangente e fascinante da trajetória de um pensador profundamente original e que se tornou fonte de inspiração para crianças e adultos em todo o mundo. McGrath oferece um olhar novo, e por vezes chocante, sobre a vida dessa figura complexa, em uma biografia profundamente embasada. O autor nos faz mergulhar no coração de um Lewis que poucos conhecem.

 

Quem voce pensa que eQuem você pensa que é? (Mark Driscoll) – Sinopse do livro: Quem é você? O que o define? Qual é sua verdadeira identidade? Como você responderia essas três perguntas? Saber responder corretamente pode ser a diferença entre viver uma vida de significado ou simplesmente existir. Em geral, esquecemos quem realmente somos e, por isso, buscamos preencher esse vazio com coisas passageiras, incapazes de satisfazer os anseios da alma. Até mesmo muitos que dizem “estar em Cristo” parecem não viver de modo significativo o que acreditam. Mark Driscoll explora com inteligência e sagacidade as reais implicações de sermos criados à imagem e semelhança de Deus. E revela como potencializar em realizações pessoais e comunitárias essa condição única da Criação.

 

Diga sim com convicçãoDiga sim com convicção (Miguel Uchôa) – Sinopse do livro: As estatísticas mostram índices alarmantes de divórcio entre cristãos e não cristãos. Os gabinetes pastorais e os consultórios especializados em terapia de casais vivem lotados de pessoas que experimentam a infelicidade na vida a dois. Certamente, ninguém ingressa num relacionamento com o objetivo de fazer parte do grupo dos divorciados ou dos infelizes. Mas, se o processo decisório não for conduzido de forma consciente, madura e bíblica, isso lamentavelmente pode se tornar uma grande possibilidade. Com sua larga experiência em aconselhamento matrimonial, Miguel Uchôa (bispo anglicano da Diocese do Recife) mostra diferentes maneiras de evitar que a dissolução e a infelicidade entrem no lar daqueles que sonham em construir uma família.

 

Pais admiráveis educam pelo exemploPais admiráveis educam pelo exemplo (Cris Poli) – Sinopse do livro: A máxima “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” não funciona quando o assunto é criação de filhos. As crianças, desde muito pequenas, observam e se espelham nas atitudes e no comportamento dos pais, muito mais do que em seus ensinamentos verbais ou broncas. Todo pai e toda mãe deseja que os filhos sejam amorosos, alegres, pacíficos e pacificadores, pacientes, tolerantes, amáveis, bondosos, fiéis, mansos e que tenham domínio próprio. Então lembre-se: eles precisam ver essas características em você primeiro! Neste livro, Cris Poli (a Supernanny) vai ajudar você em sua enorme responsabilidade de transmitir os valores mais importantes que existem a seus filhos, com a didática que eles compreendem melhor: seu exemplo pessoal.

 

BonhoefferBonhoeffer – pastor, mártir, profeta, espião (Eric Metaxas) – Sinopse do livro: As tropas nazistas avançavam pela Europa. Numa época em que se calar era a melhor forma de se expressar e se omitir era a mais acertada ação, o pastor Dietrich Bonhoeffer tornou-se uma ameaça a Hitler. Sabotando ordens e ações de guerra nazistas, ele salvou milhares de vidas e impediu os planos de Hitler. Descoberto, Bonhoeffer foi preso e enforcado por ordem direta do líder germânico. Este livro traça o perfil profundo e cuidadosamente detalhado de um dos teólogos alemães mais importantes desde Lutero e uma das figuras principais da resistência contra o regime nazista. Inspirador, desafiador e emocionante, Bonhoeffer é o relato instigante do que um homem pode fazer movido por amor ao próximo e contra a injustiça.

É isso. Se você deseja ganhar um desses cinco livros de presente, basta espiar o post do próximo dia 14/05 e responder uma pergunta que farei sobre perdão. Todos os que fizerem isso participarão do sorteio. Desde já agradeço o seu carinho e o privilégio de contar com a sua companhia nas minhas reflexões ao longo desses três anos.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

 

 

Memo1Há algum tempo tive o privilégio de conversar com idosos que vivem em uma casa de repouso. Marcou-me uma senhora em especial, de seus oitenta e muitos anos. Estávamos falando  sobre sua vida, quando lhe perguntei se tinha arrependimentos de coisas do passado. Ela lançou um olhar no vazio e, depois de pensar um pouco, respondeu: “Sim… eu me arrependo de ter passado tanto tempo pensando no passado”. Demorei algum tempo tentando entender exatamente o que ela quis dizer. Quando viu que eu estava parado, com cara de pastel e uma interrogação na testa, emendou: “Não é que não tenhamos de nos arrepender das besteiras que fizemos. Mas é que, se a gente olha pro futuro e não pro passado, não vamos ter arrependimento de nada, entendeu? Porque o que passou machuca, mas o que está pela frente deixa sempre a gente empolgado”. Fiquei pensativo. O que ela disse me fez lembrar de uma frase que li em um livro de C. S. Lewis: “Existem coisas melhores adiante do que qualquer outra que deixamos para trás”.

Está na moda o versículo de Lamentações de Jeremias 3.21: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”. É um desejo inteligente. Mas eu confesso que, depois de muito meditar nas palavras daquela senhora, tenho tentado aplicar a minha vida uma nova disciplina espiritual: trazer à esperança aquilo que pode se tornar uma boa memória. Olhar para o futuro na expectativa das coisas boas que Deus pode trazer. Porque as dores do passado… doem. E de sentir dor quem gosta?

Por isso, é importante valorizarmos o passado sim, mas cada vez mais tenho descoberto que o passado só tem função se ele ajuda a compor nosso futuro. Porque, no final das contas, isso é o que interessa: de que modo posso pegar as experiências boas e ruins do passado para construir um futuro melhor? Pois o passado é como uma pintura estática, engessada, paralisada, limitada por suas molduras. Já o futuro é uma tela em branco, à espera das tintas, cheia de possibilidades e com grande potencial. E o presente é o pincel que toca ao mesmo tempo a mão e a tela, em processo de construção de algo novo. Se as novas gerações de pintores se contentassem em ficar apreciando os quadros no museu nada novo seria pintado. E aí viveríamos de ruminar alimento antigo e não de produzir alimento novo. A civilização ficaria congelada numa eterna contemplação do que já passou.

Memo2Eu gosto do passado. Coleciono livros com fotos do Rio Antigo, tenho um gramofone na minha sala e dois telefones antigos, um com 100 e outro com 56 anos de idade. Gosto de antiguidades. Mas, depois dessa experiência com aquela senhora, me peguei outro dia sentado no sofá, olhando para esses objetos e pensando, tentando entender por que eles me fascinam. Cheguei a uma conclusão: aquilo que não vivemos nos entristece porque gostaríamos de ter vivido e por isso buscamos estar perto desses artefatos do passado, para diminuir a distância entre nós e o que não vivemos. Eu gostaria de viver na época dos gramofones. Apesar de todos os badulaques eletrônicos que o século 21 nos oferece, aquela era uma época mais cavalheiresca, mais nobre, de pessoas mais educadas e cerimoniosas. Confesso que gosto disso, tenho saudades de quando os homens cediam o lugar no ônibus para senhoras e puxavam suas cadeiras para se sentar à mesa. Até a arquitetura era mais elegante, com estilo  rococó e elegantes filigranas. Me agrada o século 19, por exemplo. Sinto pena de não ter vivido na época de Machado de Assis, com todos os atrasos que havia, a febre amarela e a ausência da Internet. Só que… de que adianta pensar nisso? Eu vivo é na época das bugigangas, dos ipads e iphones, dos ônibus espaciais e do feissebuqui, quando as pessoas sentam à mesa do restaurante e, em vez de conversar e sorver da maravilhosa experiência que é o contato humano, fica cada um imerso em seu smartphone. Quem já teve a chatíssima oportunidade de sair com amigos e ter que ficar vendo todos mexendo em seus “feisses”, “tuíters” e sms em vez de se dedicar à antiquada e ultrapassada arte de conversar com quem está à sua frente sabe o que estou dizendo. Só que não adianta nada lamentar a desumanização dos dias atuais ou nutrir a tristeza pelo que não vivi ou mesmo o que vivi e me fez sofrer. Os tempos são o que são e só o que podemos trazer é desejar que sejam algo mais próximo do que o passado foi.

As boas e más experiências do passado são as matérias que cursamos na escola da vida. Mas ninguém cursa uma escola para viver eternamente nela, cursa com vistas à formatura. A faculdade idem, cursamos com vistas ao mercado de trabalho. A vida idem idem, cursamos de olho na eternidade.

Aquela senhora estava certa: o que importa não é a cerimônia de casamento, é a vida a dois pelos anos que virão. O que importa não é a festa de formatura, é o mercado de trabalho. O que importa não é o parto, é a vida inteira daquele ser humano. O que importa não é o pecado, é o que se pode fazer com seu aprendizado após o arrependimento. Todos são como ritos de passagem para algo melhor. Muitas vezes os ritos de passagem não saem como queremos, já fui a um casamento em que o noivo desmaiou no altar, já vi formaturas chatas que me fizeram dormir, o parto de minha filha foi tenso e estressante, já cometi pecados que me fazem querer sumir. Mas o que veio depois foi ótimo: uma vida conjugal feliz, um emprego que realiza, uma filha saudável que me faz sorrir, uma caminhada em novidade de vida. Futuro.

Memo3Aquela senhora não sabia, mas suas poucas e sábias palavras cutucaram meus paradigmas.  Tenho olhado o futuro com olhos melhores. Sem desprezar o passado, venho refletindo sobre ele com uma certa frieza inédita. Dores demais. Cicatrizes em excesso. Decepções além da conta. O futuro, por incerto que seja, está todo nas mãos do Pai, que segura o pincel em sua mão. E olho para o que virá com a esperança de que vire boas memórias. Muitas das que tenho hoje apagaria, se fosse possível viver o brilho eterno de uma mente sem lembranças. Já as memórias que terei amanhã são um mundo novo, misterioso e empolgante. O grande autor Gabriel Garcia Marquez já escreveu que “a vida é uma sucessão contínua de oportunidades”. Isso nos fala de uma existência em que a cada dia temos a chance de fazer algo novo, que construa um futuro memorável. Eu gostaria de colecionar em minha sala objetos do futuro, para que diminuíssem minha distância dele. O passado é limitado, já o futuro… é infinito.

Chega de saudade. Quero ter saudade do que ainda não vivi. Penso que essa é a proposta bíblica e por isso vou vivendo a cada dia o seu mal. Olhar demais para trás faz doer o pescoço. Temos é de seguir de olhos no horizonte, persistindo em correr a carreira que nos está proposta pelo nosso Senhor.

Memo4“Portanto, […] corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12.1,2).

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
mz