Posts com Tag ‘Poder de Deus’

Tudo começou dia 8 de janeiro, uma terça-feira. O primeiro sintoma foi uma moleza grande, graças à febre que chegou no início da noite. Na quarta, minha garganta já explodia de inflamação e dor. Fiquei preocupado, pois na quinta-feira minha mãe chegaria de volta da Espanha, onde havia ficado por seis meses, e eu queria estar bem para recebê-la. Por isso, logo que acordei no dia 10, com os mesmos sintomas, procurei cedo o otorrino para ser examinado. Com muita fraqueza e dores, fui à consulta e recebi o diagnóstico de uma virose, com indicação de gargarejo e paciência para esperar o organismo debelar o vírus. Porém, mais coisa estava por vir.

Fui ao aeroporto receber minha mãe com esforço, a voz já transformada num som sibilado e sem volume. Naquela noite, a garganta estava tão inflamada que simplesmente não consegui pregar o olho, uma vez que cada engolida de saliva causava uma pontada aguda em cada lado da garganta. Noite em claro. Minhas olheiras perenes se tornaram bolsas caudalosas sob os olhos.

O tempo passou e nada parecia melhorar. A dor de garganta persistia, o estado febril abatia meu ânimo e, para piorar, veio a tosse. Passei dos gargarejos para um corticoide e, dele, para um antibiótico. Escrevo este texto no fim da madrugada do dia 16 de janeiro, exausto após uma noite inteira acordado em decorrência de uma tosse persistente que já faz meu peito doer de tanto sacudir e contrair. Sinto-me sonolento, indisposto, cansado e fisicamente fraco, abatido e, francamente, mal.

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Em nossos dias, quando cristãos vão a público falar de doenças, em geral é para dar testemunhos de cura. Não é o que vim fazer aqui. Ainda não estou curado (e, por favor, não venha com Isaías 53, um pouco de estudo bíblico sério vai te mostrar que eu “tomar posse da cura que já é minha” não me fará ser curado milagrosa e instantaneamente. Mas isso é papo para outro post). Fato é que minha intenção neste texto não é tratar da cura que ainda não veio, mas da minha fraqueza em meio a isto tudo.

Minha mãe comentou recentemente que, desde que chegou ao Brasil, pouco me viu sorrir. Eu nem tinha percebido. Mas o fato é que é difícil sorrir em meio a dor, cansaço, abatimento, sono, fraqueza. E, em meio a esse mal-estar generalizado, lembro das palavras de Paulo de Tarso, após ter recebido um espinho na carne para combater sua arrogância, ter orado três vezes para se ver livre daquele sofrimento e ver seu pedido ser sistematicamente negado. É quando ele diz: “Em três ocasiões, supliquei ao Senhor que o removesse, mas ele disse: ‘Minha graça é tudo de que você precisa. Meu poder opera melhor na fraqueza’. Portanto, agora fico feliz de me orgulhar de minhas fraquezas, para que o poder de Deus opere por meu intermédio. […] Pois, quando sou fraco, então é que sou forte” (2Co 12.8-10).

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No estado de falta de ânimo e disposição em que estou, consigo enxergar com cores bem mais nítidas as palavras do Senhor. Minha fraqueza me põe em um estado de submissão ao que vier pela frente. Desde que comecei a escrever este texto, após mais uma noite em claro devido à tosse forte, já cochilei umas cinco vezes. Parece que o sono é bem mais forte que eu. Aliás, qualquer coisa parece ser mais forte que eu neste momento. O mau humor. A tosse. A dor. Tudo. Sim, minha fraqueza contribui para me deixar completamente vulnerável e sem forças para reagir. E penso que é exatamente o que Deus quer em momentos como este.

Seu poder opera melhor na fraqueza porque, quando estou fraco, abaixo as armas do ego, solto as rédeas da autossuficiência, perco as energias para tentar construir um caminho segundo minha tola vontade. Minha fraqueza me submete. Me humilha. Perco a vontade de falar e torno-me um ouvinte melhor. Minha entrega se dá com menos resistência e me vejo como menos dono da minha vida. Minha fraqueza me revela quem eu sou e me lembra de que não passo de poeira cósmica totalmente dependente do fôlego de vida do Criador.

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E aí entra em cena o poder. Dele, não meu. Em meio à minha fraqueza, ele se manifesta plenamente como é, fazendo o que deseja fazer, lançando mão de sua prerrogativa de Senhor para pintar-me com as cores que quiser. Sem resistência. Sem oposição. Sem “mas” nem “porém”, pois falta disposição.

Deus, faze. Tua é a glória, realiza a tua vontade. Manifesta o teu poder.

Estou fraco. Ele é forte. Eu me submeto e ele age. No entanto, há algo importante a ser lembrado: ele é Pai. Pai nosso. E ele é amor. O Amor. Isso faz com que sua força não seja totalitária, impositiva ou destrutiva; é, antes, uma força compartilhada e edificante. Ele usa minha submissão, em fraqueza, para manifestar sua graça, em amor. Quando sou fraco, então é que sou forte porque ele usa meu desarmamento para dar-me por herança filial o direito de usar sua força. E torno-me administrador daquilo que ele me delega. Não tenho espada nem escudo, pois não estou com forças para carregá-los, mas tenho a força do Senhor dos Exércitos, que carrega o mundo para mim. Sou fraco, ele é forte; estou fraco, ele me concede sua força.

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Meu irmão, minha irmã, você está se sentindo fraco? Cansado? Abatido? Dá vontade de desistir? Entregar os pontos? Chegou ao limite? Que bom. Não, isso não é mau como parece. É oportunidade. Deus deixou a fraqueza vir para ensinar-lhe submissão em amor. Então… submeta-se. Abra mão de tantas opiniões e certezas, de tantos arroubos e petulância e desfrute deste momento de cansaço, abatimento, sono e apatia. Embora não tenha essa aparência, seu abatimento foi permitido pela graça. E onde há graça, há Deus. E onde há Deus, tudo é bom, perfeito, bonito e colorido.

Como você tem reagido em meio à sua fraqueza? Com reclamações, exigências e confrontos com Deus? Será que você não tem se visto como um injustiçado, afinal, “você é fiel e não é correto que Deus permita você passar por este vale”? Calma, Jó, não é assim que a banda toca. Quão mais justo você se enxerga, mais precisa se ajustar à justiça divina. Quanto mais alvo de injustiças você se sente, mais o seu Pai precisa mostrar-lhe quem você é. Para melhorá-lo, por amor, e ajustá-lo à semelhança do Cristo ressurreto.

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A cruz foi a fraqueza do Cordeiro, seu lugar de abatimento, tristeza e desânimo. Mas o sepulcro vazio foi a manifestação da força do Criador. Desejo a você o mesmo: que em meio à sua cruz, Deus manifeste a sua ressurreição. E, então, submetido ao poder divino, você ouvirá do Mestre: “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso”.

Nesse momento, com um sorriso finalmente no rosto, você poderá dizer, em resposta: “Ainda que a figueira não floresça e não haja frutos nas videiras, ainda que a colheita de azeitonas não dê em nada e os campos fiquem vazios e improdutivos, ainda que os rebanhos morram nos campos e os currais fiquem vazios, mesmo assim me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus de minha salvação! O Senhor Soberano é minha força! Ele torna meus pés firmes como os da corça, para que eu possa andar em lugares altos”.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

1Uma das atitudes mais incompreensíveis a meu ver para um cristão é a crença de que pessoas não mudam. Pelo simples fato de que pessoas mudam sempre e muito. Ouvi um homem de Deus dizer certa vez que a esposa dele já havia sido casada com sete homens diferentes ao longo da vida – e todos eram ele mesmo. Concordo totalmente. Todos nós somos seres em constante mutação. Por isso, me soa muito estranho ouvir um crente rotular alguém como um caso perdido. Ninguém é um caso perdido. Ninguém é imutável. E, principalmente: o evangelho é sobre pegar o pecador de hoje e transformá-lo no santo de amanhã. Negar isso é negar a cruz. Por isso, discriminar alguém porque pecou é negar o poder de Deus para restaurar aquela vida.

Davi é o exemplo clássico. Se você analisa a trajetória dele do começo ao fim verá o quanto ele mudou. Foi homicida, heroi, adúltero, libertador, soberbo, pai amoroso, sanguinário, homem segundo o coração de Deus, assassino de milhares sem misericórdia. Davi foi um genocida muitas vezes tão ou mais cruel que Hitler e Pol Pot (soa estranho? Releia 1Sm e 2Sm atentando para o que ele fazia com seus desafetos…). Era um cara difícil. No entanto, foi um homem de Deus. Pegue Paulo, que após se converter tem de ficar com um espinho na carne para não se ensoberbecer e, mesmo assim, se põe como o maior dos pecadores. Pegue Abraão, o pai da fé covarde que fingiu por duas vezes que sua mulher era sua irmã com medo da morte. E por aí vai, a lista é interminável: José, Moisés, Pedro, Salomão e tantos outros de humor inconstante, quedas e restaurações, pecados e aprendizados, erros e acertos. Deus acreditou em cada um deles. Devemos fazer o mesmo com os muitos Davi, Paulo, Abraão, José, Moisés, Pedro e Salomão que atravessam o nosso caminho.

Me recuso a olhar para quem quer que seja e dizer que fulano não tem mais jeito. Se eu fizer isso estarei negando a mensagem do evangelho e o poder de Deus. Até porque, sejamos francos, eu já cometi cada pecado tão horripilante – após minha conversão – que não tenho a mínima moral para falar de ninguém. Parabéns se você nunca cometeu (o que, honestamente, duvido). Mas a minha restauração após meus inúmeros erros me mostram na pele e na alma o quanto Deus pode pegar um comedor de bolotas dos porcos e reconduzi-lo ao ponto de onde nunca deveria ter saído.

Temos de cessar os apedrejamentos dentro das igrejas. Alguém pecou? Ame. Aproxime-se. Exorte. Pregue. Não abandone. Não dê as costas. Houve arrependimento? Bem-vindo, meu irmão, minha irmã. Bem-vindo de volta ao teu lar. Dá cá um abraço e vamos em frente. Esse é o nosso papel. Porque meter o malho em pecadores e desacreditar vidas é a coisa mais fácil do mundo, mas agir à semelhança do Cristo misericordioso é o que demonstra o quão maduros espiritualmente somos.

Pecadores sem arrependimento são um problema. Mas pecadores sem arrependimento são, também, potenciais futuros arrependidos. Não desista de ninguém. Não crucifique os que erraram. Deus sabe que somos pó e é importante que nós saibamos também. Algo que eu incorporei a minha vida é: só desisto de um pecador quando ele morre. Porque, até o momento de seu último suspiro, haverá chance de ele estar com Jesus no paraíso. Isso é licença para pecar? Jamais. A realidade do perdão não é um incentivo para o erro. Mas é um estímulo para amar quem peca.

Jesus veio para curar os enfermos – de corpo e de alma. Perdoar setenta vezes sete, vezes sete, vezes sete, vezes sete, vezes sete… Sarar almas doentes pelo pecado. O grande mandamento inclui amar o próximo como a si mesmo. E a maior expressão de amor são o perdão e restauração, que o diga João 3.16.

Que venham os pecadores. Que eles lotem nossas igrejas. Que ali encontrem um abraço amigo, e a pregação do evangelho do arrependimento, perdão e restauração. Pois aí o reino de Deus estará se fazendo presente. Fora disso é só vaidade e correr contra o vento.

Ame o pecador. E acredite nele. Pois Jesus nunca deixou de acreditar em você quando você cometeu os piores pecados de sua vida.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício