Posts com Tag ‘Papa Francisco’

Justo1“Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10). Esse pequeno trecho da carta de Paulo aos romanos deveria ser alvo de reflexões diárias de todo cristão. Mostra que toda a humanidade faz parte do mesmo grupo de indivíduos: gente imperfeita, errada, pecadora e desesperadamente carente de Deus. Da cruz. De Cristo. Ninguém é justo por si mesmo, mas somos feitos justos por meio do sangue de Jesus. Essa percepção deveria nos levar a uma posição de extrema humildade e misericórdia; afinal nenhum de nós é melhor do que o outro. “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2.10). Meu irmão, minha irmã, eu e você somos culpados de transgredir toda a lei de Deus. Toda. Consequentemente, não somos melhores que o ladrão da cruz, Pilatos, Judas, os fariseus, Herodes, Charles Manson, Adolf Hitler, Mussolini… quem você quiser. Aliás, eu, você, seu pastor, o líder de jovens da sua igreja, os cantores mais famosos, os líderes da sua denominação, a dirigente do círculo de oração, madre Teresa de Calcutá… não importa: estamos todos no mesmo barco, que mina água todos os dias e afunda no mar de pecados. A salvação está exclusivamente em Jesus. Só. Ele é o único caminho. O único justo por mérito próprio. Ser humano nenhum vale alguma coisa por mérito pessoal, o enorme valor que temos vem por graça, justificação, misericórdia, adoção, concessão divina. Nosso valor não é uma característica inata, é um presente que recebemos. Somos galhos secos, o que temos de bom vem da seiva que corre para nós a partir da árvore em que fomos enxertados: Cristo. Uma leitura recente me fez enxergar isso com uma clareza ainda maior do que antes.

David Yonggi ChoAo ler o último exemplar da revista Cristianismo Hoje, me deparei com reportagens que me chamaram a atenção. Primeiro, o pastor sul-coreano David Yonggi Cho (foto), líder da maior igreja evangélica do mundo, a Yoido Full Gospel Church, foi preso e condenado a três anos de prisão pelo desvio do equivalente a R$ 30 milhões da igreja. Ele admitiu que cometeu o crime “movido pelo interesse de suprir dificuldades financeiras da obra missionária”. Segundo, o papa católico romano Francisco confessou publicamente que furtou um crucifixo do corpo de um colega morto, em pleno velório, quando era bispo em Buenos Aires. “Enquanto espalhava as flores, peguei a cruz que estava sobre o rosário”, admitiu.

Em comum, as duas histórias nos falam de líderes religiosos (independente da teologia ou doutrina que professam) que são referência em suas linhas de atuação e exemplos para seus seguidores e que cometeram pecados que nenhum de nós esperava que cometessem. Muita gente fica chocada ao tomar conhecimento de situações como essas. Ouço comentários do tipo “como pode, mas logo ele!”. A mim, porém, nada disso espanta. Pelo simples e bíblico fato de que, assim como eu e você, todos os líderes religiosos são pecadores, cometem atrocidades, acertam e erram, escorregam e caem. Pois são humanos. Necessitam diariamente de perdão por seus pecados. São iguaizinhos a mim. E a você.

Justo2Cada vez que leio relatos como esses, simplesmente me entristeço e penso “É, a Bíblia está certa mesmo”. Somos pó. Nossa natureza humana é má. Precisamos desesperadamente de Jesus de Nazaré. Vejo grandes homens de Deus confessarem pecados que comprovam que são simplesmente homens e isso me leva a ouvir com cada vez maior tristeza discursos de pessoas que se consideram cristãos mais santos do que outros e que, por isso, falam do próximo com superioridade. A queda de gigantes me mostra que devemos sempre amparar-nos, do maior ao menor, pois estamos todos no mesmo nível. Dos que ocupam os mais elevados cargos na hierarquia eclesiástica aos iniciantes na fé, todos equivalemos: somos aglomerados de pele, ossos, sangue e pecados e carecemos da piedade de nossos irmãos e da misericórdia de Deus. Todos exalamos o odor da desobediência e precisamos desesperadamente do perfume de Cristo.

Entenda que a compreensão acerca de nossa falibilidade não deve nos tornar abertos ao pecado ou confortáveis com ele. A transgressão à vontade divina deve ser sempre evitada, precisa constantemente ser alvo de nossas pregações, exortações e alertas. Sempre. Sempre. Sempre. Santidade não se negocia. O que considero triste é a postura de superioridade que alguns de nós assumem, por se considerarem espiritualmente menos falíveis do que os outros. E não tenho o olhar entristecido para essa postura a partir de mim mesmo: sigo o exemplo de Jesus, que criticou diversas vezes a hipocrisia dos mestres da lei e fariseus durante seu ministério terreno. O que Cristo sempre denunciava nesses doutores da teologia era a hipocrisia: serem pecadores não arrependidos e ficarem rebaixando, discriminando e atacando outros pecadores. É a velha história da trave e do cisco no olho, que você já conhece. E hoje, dois mil anos depois, a história se repete.

Justo3Quando leio relatos da queda de homens de Deus, meu coração rasga. Não só pelo pecado em si desses líderes, mas por ver muitos e muitos irmãos que – inacreditavelmente – parecem se alegrar com a queda deles. Como se tombos alheios valorizassem estarmos de pé. Podemos, por favor, chorar por eles? Será que você consegue orar por cada indivíduo pecador como você e pedir ao Santo dos Santos que os restaure e use de compaixão para com suas vidas? Se eles fossem membros da sua igreja ou pessoas de sua convivência diária, o que você faria? Será que os procuraria e lhes levaria palavras de conforto, amor, graça e reconstrução? Ou daria as costas, se afastaria, os largaria à própria sorte? A resposta a essa pergunta revela se você vive a hipocrisia ou a piedade – peço a Deus que seja a piedade.

E sempre devemos inserir na equação sobre como vemos esses homens que pecaram o fator arrependimento. Uma vez que cada um deles se arrepende do erro, confessa e deixa o pecado, está perdoado por Deus. Como poderíamos nós não perdoá-los se o próprio Criador os perdoou? Se Jesus foi à cruz por eles? Esses indivíduos, quando restaurados, podem e devem continuar exercendo seu ministério. Continuam sendo úteis para o Senhor. Seus livros continuam sendo valiosos e importantes, sua pregação segue sendo relevante, sua vida e seu ministério não morreram. Se você tem dificuldades de concordar com isso, lembre-se dos seus próprios pecados. Nada disso é graça barata: é graça, em sua essência mais pura e bíblica.

Precisamos compreender que o evangelho não são boas-novas de hipocrisia ou de superioridade: são boas-novas de salvação. Pois o que a cruz nos mostra acima de qualquer outra coisa é que a humanidade é toda perdida, nasceu igualmente destinada à miséria espiritual e só pode encontrar o caminho da paz em Jesus de Nazaré. Isso nos faz elevar os olhos para os montes, para o único que é digno de abrir os selos. Nossa pecaminosidade coletiva destaca a gloriosa pureza do Cordeiro de Deus.

OXYGEN Volume 22Meu irmão, minha irmã, fuja do pecado. Esforce-se no poder de Deus para se libertar de práticas pecaminosas, de pensamentos maldosos e de tudo o que fere o Senhor. Viva uma vida dedicada à proclamação da santidade. Isso é bíblico e é o certo. Mas, em nome de Cristo, viva também uma vida devotada a levar indivíduos a se aproximar de Jesus. E isso não acontece falando mal ou pondo o dedo na cara: Cristo se manifesta por meio do amparo, do auxilio, do aconselhamento, da mútua sustentação, do chorar com quem chora, da piedade, da compaixão, do perdão, da restauração. Não acredito no evangelho do irmão do filho pródigo. Acredito no evangelho do pai do filho pródigo. Comparo a atitude daquele pai com a do seu obediente e leal filho mais velho e enxergo um retrato fiel das nossas atitudes hoje: de um lado, os que abraçam o pecador que retorna; de outro o que se entristece porque o pecador foi restaurado – é mais interessante apenas criticá-lo (afinal, nos sentimos menos pecadores do que ele). Uns querem promover o banquete; outros se recusam a entrar na mesma casa. Um é o evangelho do “Não há justo, nem um sequer”; o outro é a religião do “raça de víboras!”.

Podemos escolher que tipo de cristãos seremos: hipócritas ou graciosos. Jesus foi gracioso e repreendeu os hipócritas. Os fariseus e mestres da lei foram hipócritas e repreenderam o Gracioso. E você, como será?

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Papa1 Moro na rua em cuja extremidade foi montado o palco para a apresentação do papa na Jornada Mundial da Juventude. Em outras palavras, isso significa que todo e qualquer tipo de inconveniente causado por esse megaevento me atingiu: engarrafamentos colossais, gente gritando e cantando o dia inteiro (e a noite… e a madrugada…) embaixo da minha janela e perturbando o sono de minha filha, dificuldade de deslocamento (minha rua foi premiada com barreiras que impediam o acesso de carros), montanhas de lixo deixadas pelos peregrinos na minha calçada. Enfim: fiquei no olho do furacão, tendo de suportar todo tipo de incômodo proporcionado pelo evento (e que fique claro que isso não tem nada a ver com o fato de ser católico romano: poderia ser budista, espírita ou evangélico, os inconvenientes seriam iguais). Decidi, então, aproveitar o feriado municipal e fugir do papa e dos gigantescos transtornos que ele e seus peregrinos trouxeram ao Rio de Janeiro. Escapei para um chalé à beira de um lago em Penedo, cidadezinha de montanha que amo, no estado do Rio. Que alívio. Só que tem um detalhe: o frio oscilava entre 2 e 7 graus Celsius. E, aí, congelei. Como bom carioca, não estou habituado a conviver com o frio extremo. Por isso, ao chegar a Penedo me deparei com um grande problema: só levei um par de calças. Jeans. Já usou jeans no frio de 2 graus? Acredite: parece que saíram do freezer. É torturante. E ali me vi eu, em agonia, com calças polares. E parecia que não tinha nada que eu pudesse fazer.

Foi quando me lembrei de que havia algo à minha disposição que poderia me livrar daquela tortura.

Papa2Alguns anos atrás, quando viajei para países frios, como Suíça e a Áustria, comprei ceroulas. Aqui no Brasil essa é uma peça de vestuário bastante incomum, pois somos um país bem quente. Lá são de uso comum. Mas a verdade é que ceroulas são extremamente úteis no frio. São como calças de pijama, só que aderem mais ao corpo, e as vestimos por baixo das calças. Acredite: por mais que pareça engraçado ou estranho usar ou até falar sobre ceroulas, quando viajo a um lugar muito frio sem elas eu sofro. Não queira usar calças jeans a 2 graus sem elas: parece que nossas pernas estão enfiadas na neve. Por isso, quando achei na minha mochila as ceroulas compradas para aquela viagem foi como se um coral de anjos começasse a cantar o Aleluia de Handel. Alívio. Conforto. E paz. Graças a algo a que não estou muito habituado a usar e a que, por isso, não me lembrava de recorrer, fui salvo de ficar três dias congelado da cintura para baixo.

Em nossa vida espiritual, muitas vezes vivemos situações difíceis, torturantes, de agonia. Nos deparamos com becos sem saída nos quais parece que não há nada o que fazer. Nos vemos impotentes diante de grandes dificuldades da vida. A sensação é que estamos vivendo um inferno congelante, do qual não há escapatória. Olhamos ao redor e parece que a ajuda nunca chegará, que ninguém ouve nossos apelos, que só nos resta nos conformar com a dor e o sofrimento, abaixar a cabeça e chorar.

Só que muitas vezes nos esquecemos de algo que usamos vez ou outra, algo que frequentemente fica esquecido e guardado em um canto mofado de nossa espiritualidade. Algo que aquece a alma e esquenta o coração. Que, assim como as ceroulas que usamos tão pouco mas são a salvação no momento de tribulação, cai às vezes no ostracismo até que nos lembremos de que temos esse recurso sempre à disposição: oração.

Papa3Sejamos francos: falamos muito mais de oração do que oramos. Oramos pouco. E, por orar pouco, muitas vezes a oração fica esquecida num canto mofado e escuro do nosso armário espiritual. Está ali, ao nosso dispor, com um potencial enorme de nos livrar de muitas tribulações, mas simplesmente não recorremos a ela. Pense em quantas vezes você ficou doente e antes mesmo de orar foi tomar remédios e procurar o médico. Pense na frequência com que tenta resolver algo com suas próprias forças em vez de dobrar os joelhos e falar com o Senhor. Pense nas aflições e dores que poderia evitar caso clamasse a Deus rotineiramente. Pense na oração que está ao alcance de suas mãos mas você simplesmente não usa, assim como eu e minhas ceroulas.

A oração é extremamente menosprezada em nossos dias. É vista como um complemento da fé e não como um de seus alicerces. Muitas vezes, até mesmo como uma chatice, uma penosa obrigação. Ninguém me obrigou a usar as ceroulas, mas elas viabilizaram que eu passasse dias agradáveis no frio. Ninguém te obriga a orar, mas a oração viabiliza que você supere períodos de tribulação sob a mão e a direção de Cristo. Tampouco me senti incomodado por usar as ceroulas, assim como não devemos nos incomodar quando nos convidam a orar, a participar de um culto de intercessão, a fazer parte de um grupo de oração. Ou mesmo quando o Espírito Santo de Deus nos chama a orar entre as quatro paredes de nosso quarto.

Papa4Nunca imaginaria que logo o papa seria, indiretamente, o responsável por me conduzir a uma reflexão sobre oração. E, por isso, apesar da enormidade do transtorno que a presença dele trouxe a minha vida e à de milhões de cariocas, tenho de lhe agradecer. Obrigado, Sr. Jorge Mario, por, depois de me atrapalhar tanto, ter me proporcionado dias tão agradáveis em Penedo. E, mais importante do que isso: por acabar me conduzindo, por caminhos estranhos, a pensamentos sobre oração. Não serei hipócrita: confesso que torço para que demore muito a haver no Rio novos eventos como a Jornada Mundial da Juventude, para que eu não tenha de fugir de minha própria cidade graças aos enormes incômodos como os que a vinda do papa me provocou.

Por outro lado, peço a Deus que a disponibilidade e a urgência da oração permaneçam sempre presentes em nossa vida – e isso, todos os dias. Que nunca esqueçamos aquilo que Deus pôs ao nosso dispor, como artigo de primeira necessidade, em algum canto mofado da nossa vida de fé. Obrigado, Senhor, pelo privilégio de poder orar.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

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Em mais de dois anos de existência do APENAS, nunca reproduzi posts de outros blogs. Mas sábado passado o companheiro Renato Vargens publicou um texto tão lúcido e pertinente (para não dizer “brilhante”) que decidi reblogar. Você lê o original AQUI.

Por Renato Vargens

Antes de qualquer coisa preciso afirmar que não sou católico e que respeito a opção de fé de quem quer que seja. Afirmo também que possuo sérias divergências com o Catolicismo Romano quanto a aspectos doutrinários e teológicos os quais considero fundamentais. Discordo da veneração dos “Santos”, da “mariolatria”, da infabilidade papal, do ecumenismo, de sua soteriologia universalista, bem como de sua cristologia miscigenada.

Isto posto, vamos ao artigo:

A vinda do Papa Francisco ao Brasil tem despertado não somente a atenção da população em geral, como também dos evangélicos que não se cansam de elogiar o bispo de Roma. Basta olharmos as mídias sociais que constataremos isso. Na verdade , tornou-se comum encontramos evangélicos enaltecendo publicamente a postura simples do Papa. Diante disto resta-nos indagar o por que de tal comportamento, visto que o protestantismo possui inúmeras divergências teológicas com o catolicismo romano. Na minha opinião a valorização do Papa se deve em parte a insatisfação que os evangélicos tem feito quanto ao comportamento de alguns dos seus líderes, senão vejamos:

1- O papa passa uma imagem de simplicidade, enquanto os “apóstolos” tupiniquins ostentam riquezas.

2- O papa demonstra gostar de gente e de se relacionar com o povo, já os “apóstolos” tupiniquins preferem a ostentação de títulos eclesiásticos, além é claro da nítida e clara separação do restante do povo.

3- Ainda que tenha MUITO dinheiro, mesmo porque a Igreja Católica Romana é milionária, O Papa Francisco ostenta uma vida simples, sem muitas riquezas que se reflete na forma com que vive; já os “apóstolos” tupiniquins, fazem questão de ostentar riqueza, poder e glória.

4- O Papa Francisco demonstrou simplicidade em voar num avião comercial, em carregar sua própria mala, em dormir num mosteiro numa cama de solteiro, em andar em carro comum, em se relacionar com o povo sem protocolos, pompa ou exigências. Já os “Apóstolos” tupiniquins andam de avião particular, exigem hotéis cinco estrelas, além é claro de exigirem uma série de obrigações a todos àqueles que os convidam para pregar o Evangelho de Cristo.

5- O Papa tem falado de Cristo, os “apóstolos” tupiniquins só falam em dinheiro.

Caro leitor, a falta de compostura por parte de alguns dos líderes evangélicos, além é claro das heresias propagadas por “apóstolos” fraudulentos que teimam em contrapor-se aos ensinos das Escrituras, tem levado aos cristãos protestantes desse imenso país a valorizar pessoas como Francisco, que mesmo tendo uma fé diferente do protestantismo histórico, comporta-se (pelo menos aparentemente) como homens de Deus deveriam se comportar.

Pense nisso!

Renato Vargens