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Fascistas, esquerdopatas e o evangelho
Publicado: 08/10/2018 em Agressividade gospel, Amor ao próximo, Arrogância, Diálogo, Espiritualidade, Evangélicos, Evangelismo, Fruto do Espírito, Graça, Hipocrisia, Igreja dos nossos dias, Liberdade cristã, PecadoTags:Amor, ética cristã, Bíblia, Blog Apenas, Bolsonaro, Cristo, deus, eleições, esquerdopata, estúpido, fascista, Haddad, Jesus, louco, luz do mundo, mal com o bem, Maurício Zágari, olho por olho, Paz, racá, Romanos 12, sal da terra, Sermão do Monte

Cristianismo tem a ver com boa educação? Ou não?
Publicado: 19/06/2018 em Agressividade gospel, Amor, Amor ao próximo, Arrogância, Espiritualidade, Evangélicos, Fruto do Espírito, Igreja dos nossos dias, Liberdade cristã, Pecado, Pessoal, RelacionamentoTags:Amor ao próximo, Bíblia, boas obras, bons frutos, contendas, conversão, Cristo, deus, educação, Espírito Santo, gentileza, Jesus, luz do mundo, mal-educado, Maurício Zágari, Paz, Respeito, sal da terra, Sermão do Monte
Estou escrevendo este texto dentro de um avião, indo do Rio para Cuiabá, de onde seguirei para Primavera do Leste (MT), a fim de pregar em uma igreja. No mesmo voo está um grupo de cerca de 50 estudantes, adolescentes e crianças de uma escola de elite do Rio de Janeiro, de origem britânica, em excursão a caminho do Pantanal. Para estudar nessa escola, é preciso pagar uma mensalidade caríssima, isto é, só frequenta o colégio em questão quem tem muito dinheiro. Dizem que as pessoas de classe alta deveriam ser bem educadas. No entanto, estou impressionado com a falta de educação desses meninos e meninas, de quem, em teoria, deveria se esperar um comportamento educado, cortês, gentil e respeitoso. As atitudes deles no tato com o próximo me fizeram pensar sobre gentileza e boa educação e sua relação com nossa fé.
Os meninos e as meninas se levantam das poltronas quando os comissários de bordo mandam ficar sentados. Falam aos berros uns com os outros. Vários tiveram de ser removidos dos assentos por terem sentado nos lugares de outros passageiros. Uma adolescente sentada ao meu lado passou o braço na frente de meu rosto para levantar e abaixar a janela diversas vezes, sem pedir licença e, nem ao menos, olhar para mim. O adolescente boca-suja atrás de mim não para de chutar a poltrona onde estou e de empurrá-la, apesar de eu educadamente já ter pedido duas vezes que não faça isso, pois está machucando minha coluna. Entre outras coisas. Em resumo, são um grupo de jovens cujo comportamento é o que de mais deselegante, descortês e agressivo poderia haver.
Sei que esses não são jovens cristãos e, por essa razão, não posso esperar deles um comportamento baseado nos princípios do evangelho. Estão espiritualmente mortos em seus delitos e pecados e são escravos do pecado. Por essa razão, em determinado momento do voo fiquei tão irritado com seu comportamento deselegante que tive de fechar os olhos, suspirar e orar ao Senhor, pedindo que os perdoasse – afinal, em termos espirituais, eles realmente não sabem o que fazem.
Claro que educação e respeito com as outras pessoas são atitudes que independem da fé de alguém, uma vez que têm a ver com normas de relacionamento em sociedade e não necessariamente com religiosidade. Mas o entendimento de que esses rapazes e moças não são indivíduos com princípios e valores cristãos me leva a compreender que sua pecaminosidade tem o poder de suplantar sua boa educação em termos de convivência.
Porém, algo me ocorreu: e se eles fossem cristãos?
Seria de se esperar de um cristão, convertido ao Senhor Jesus, um tipo de comportamento diferenciado em termos de boa educação, gentileza na fala e tratamento com as outras pessoas? A resposta, do ponto de vista bíblico, é um inequívoco sim. O Sermão do Monte está recheado de orientações a esse respeito, do início ao fim. Deixe-me pegar apenas alguns exemplos.
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Jesus diz que devemos ser pacificadores, isto é, agir para gerar paz e não contendas (Mt 5.9). E é difícil pensar que um pacificador seja um mal-educado que chateia o próximo sem dor de consciência.
Também diz que somos o sal da terra e a luz do mundo, o que remete ao fato de que precisamos nos diferenciar do mundo, dando-lhe o exemplo das boas virtudes (Mt 5.13-16). Se o mundo é egoísta e desrespeitoso, obrigatoriamente devemos agir de modo polido e gentil com o próximo, como meio de brilhar a luz da boa educação em meio às trevas do comportamento egoísta, que trata mal o próximo.
Em seguida, o Senhor ordena: “Da mesma forma, suas boas obras devem brilhar, para que todos as vejam e louvem seu Pai, que está no céu” (Mt 5.16). Essas palavras não deixam dúvidas de que nossas ações devem se destacar por sua luminosidade e, com isso, proporcionar glória a Deus.
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Cristo diz, ainda, que “a árvore boa produz frutos bons, e a árvore ruim produz frutos ruins” (Mt 7.17), ou seja, devemos produzir bons frutos, boas atitudes. Na sua opinião, um comportamento descortês e ofensivo é um bom ou um mau fruto?
Por fim, gostaria de destacar um trecho muito significativo da fala de Jesus no monte: “Em todas as coisas façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam. Essa é a essência de tudo que ensinam a lei e os profetas” (Mt 7.12). De forma muito objetiva, eu lhe pergunto: você deseja que o tratem sem educação? Que sejam grosseiros e rudes com você? Que o desprezem? Que sejam debochados ao conversar com você? Que gente que não concorda com suas crenças e práticas se refira a você com termos depreciativos, desqualificadores, inferiorizantes? Sim ou não? Ouso dizer que você respondeu não. Se estou certo e você não deseja que lhe façam isso, segundo o mandamento divino você não deveria agir assim com as outras pessoas. A pergunta é: será que você vive essa realidade na sua vida? Detalhe: Jesus afirmou que essa é a essência das Escrituras (a lei e os profetas se referem aos livros do Antigo Testamento), logo, é algo fundamental, importantíssimo, basilar, central.
Meu irmão, minha irmã, ser cristão não significa só não fumar, não fazer sexo fora do casamento e ir ao culto uma vez por semana. Isso faz parte, mas ser cristão envolve muito, muito, muito mais do que isso. Quase ninguém fala sobre a importância da boa educação como principio e alicerce da nossa fé, mas ser cristão (como vimos nas contundentes palavras de Jesus) implica obrigatoriamente ser uma pessoa gentil e educada. Ser polido no que fala e na forma como fala. Ser cortês com os desconhecidos que atravessam seu caminho. Ser afetuoso e delicado no trato com o próximo (o que não diminui em nada a sua masculinidade, rapazes). Tomar cuidado para não ferir os sentimentos dos demais. Zelar em suas postagens nas redes sociais para não destratar indivíduos, mesmo que discorde deles.
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Em resumo, faz parte do caráter cristão ser educado e gentil com o próximo. Afinal, isso não é parte entranhável do que significa amar o próximo?
Como você tem agido em seus relacionamentos? E isso com conhecidos e desconhecidos, com gente com quem concorda e com gente de quem discorda? Se você perceber que muitas vezes está faltando tempero na sua fala, paciência no seu coração, gentileza nas suas palavras e educação nos seus pensamentos, sugiro que pare e reflita profundamente sobre as mais profundas implicações do que significa ser cristão.
Será que você prega o evangelho pela razão correta?
Publicado: 28/03/2018 em Amor, Amor ao próximo, Espiritualidade, Evangélicos, Evangelismo, Fruto do Espírito, Glória de Deus, Graça, Pecado, Perdão, Perdão Total, Vida eternaTags:Amor, Amor ao próximo, apologética, Bíblia, Blog Apenas, Cristo, deus, Deus é amor, Dracma Perdida, Espírito Santo, Evangelismo, evangelista, ganhar almas, grande comissão, ide, Jesus, João 3.16, luz do mundo, maior mandamento, Maurício Zágari, proclamação, Salvação
Eu tenho um ponto fraco: café. Confesso que sou um profundo apreciador dessa bebida e tomo muitas xícaras por dia. Tenho uma cafeteira tradicional e uma máquina de nespresso na cozinha, além de uma segunda máquina de nespresso em meu escritório. Costumo pôr as cápsulas em uma caixa de acrílico, que veio como brinde do fabricante. Qual não foi minha surpresa quando, há poucos dias, decidi tomar café e descobri que não havia mais nenhuma cápsula do meu sabor preferido. Pode parecer bobagem para você, mas, diante da expectativa que eu estava para saborear o negro elixir divino, para mim foi um golpe baixo. Fiquei triste. Engoli a frustração, voltei a trabalhar e continuei a labuta. Mas sabe quando bate aquele inconformismo? Voltei a fuxicar no meio das cápsulas e, para o meu delírio, eis que descubro, soterrada, uma última cápsula do meu amado sabor preferido. É difícil explicar a alegria que foi. Fiz aquele café com um cuidado ímpar, apreciando o aroma como nunca, e o saboreei com gosto especial. O sabor era exatamente o mesmo de todos os outros cafés daquele, mas aquela xícara específica tinha um gostinho de vitória, quase de júbilo, por eu estar tomando algo que julgava perdido.
Jesus contou uma história que guarda certas similaridades com esse episódio: “Ou suponhamos que uma mulher tenha dez moedas de prata e perca uma. Acaso não acenderá uma lâmpada, varrerá a casa inteira e procurará com cuidado até encontrá-la? E, quando a encontrar, reunirá as amigas e vizinhas e dirá: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei a minha moeda perdida!’. Da mesma forma, há alegria na presença dos anjos de Deus quando um único pecador se arrepende” (Lc 15.8-10, NVT). Fiquei pensando na alegria descrita pelo texto bíblico, em comparação com a que senti ao encontrar minha cápsula de café perdida.
Deus utiliza um interessante instrumento para encontrar suas “moedas perdidas” e fazer o pecador perdido enxergar a luz da verdade e se arrepender de suas trevas: você. Se a salvação vem por ouvir a Palavra de Deus, as pessoas só a ouvirão se houver quem a proclame. E adivinha só de que boca Deus deseja que a proclamação saia? Não olhe para o lado. Faça uma selfie e veja a pessoa que apareceu na foto: é esse cara mesmo que Deus quer usar como canal de proclamação do evangelho da graça. Porque você é a pessoa que a quem Jesus estendeu a Grande Comissão.
Mas atenção a um detalhe: só você não basta. É preciso que você esteja cheio de amor.
Uma das coisas mais tristes que vejo são cristãos que partem em busca de pessoas que estão distantes de Cristo como se fosse uma obrigação. Trazer a ovelha ao aprisco jamais deve ser uma ação motivada por qualquer coisa que não seja amor. Guardadas as devidas e enormes proporções, eu não busquei a cápsula de café porque me obrigaram ou porque havia uma “obrigação” envolvida nisso, mas porque me sentia extremamente motivado. O “ide” da Igreja, a Grande Comissão, nunca deve ser visto como uma ordenança pura e simples: é um chamado ao amor pelo próximo.
Se não compreendermos que esta ordem divina, “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinem esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. […]” (Mt 28.19-20, NVT), é consequência direta desta outra ordem divina: “Por isso, agora eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros. Assim como eu os amei, vocês devem amar uns aos outros. Seu amor uns pelos outros provará ao mundo que são meus discípulos” (Jo 13.34-35, NVT), não conseguiremos jamais levar a mensagem da cruz às pessoas do modo que Deus idealizou. Pois não consigo enxergar o Pai que “amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16, NVT) resgatando vidas por qualquer outra razão que não seja amor. Ele ama os que se encontram perdidos em meio às densas trevas do pecado e, por essa razão, devemos amá-los também. Só então, quando o amor for um fato transbordante, devemos partir em busca deles.
O amor precede o evangelismo. O amor precede a busca dos que se afastaram. O amor precede o resgate. O amor deve ser a única motivação para a apologética. O amor é o ponto de partida para a obra de Deus. Sem amor, tudo o que se faz para o Senhor é o mais puro e insosso ativismo religioso. Porque evangelizar não é “ganhar almas para Jesus”, evangelizar é compartilhar um amor que transcende tanto tudo o que podemos entender que ninguém pode ficar indiferente a ele. Ninguém “ganha almas para Jesus”, o que fazemos é servir de meio para que o amor de Jesus atraia almas perdidas em trevas para junto de si, a maravilhosa Luz do mundo.
No que se refere a evangelizar, o nosso papel, meu irmão, minha irmã, é proclamar a Palavra do Deus que é amor, que produz a graça, que produz o arrependimento e a salvação. Ame. Ame sempre. Ame como o Senhor amou o mundo. Ame com todas as suas forças. Somente isso, e nada mais, poderá torná-lo um evangelista segundo o coração de Deus.
Pregando e ensinando como Jesus pregou e ensinou
Publicado: 07/02/2018 em Amor, Amor ao próximo, Espiritualidade, Fé, Glória de Deus, Graça, Igreja dos nossos dias, Literatura, Oração, Paz, Pecado, Perdão, Pessoal, VaidadeTags:Bíblia, Bíblia de estudo, Bíblia Sagrada, Bíblia Sagrada Na Jornada com Cristo, BNJC, Cristo, cristologia, Daniel Faria, deus, Dracma Perdida, eclesiologia, ego, escatologia, Espírito Santo, Filho pródigo, hamartiologia, Jesus, lírios do campo, literatura cristã, livros, luz do mundo, Mundo Cristão, na jornada com Cristo, parábolas, pássaros, pneumatologia, sal da terra, simples, Simplicidade, soteriologia, teologia, Vaidade






A vitória da gentileza
Publicado: 29/06/2015 em Agressividade gospel, Amor ao próximo, Diálogo, Espiritualidade, Evangélicos, Fruto do Espírito, Glória de Deus, Graça, Heresias, Hipocrisia, História da Igreja, Igreja dos nossos dias, Liberdade cristã, Paz, Pecado, Perdão, Polêmicas, Relacionamento, Sofrimento, Vida eterna, VitóriaTags:agressividade, amar os inimigos, ódio, Bíblia, Blog Apenas, carne, condicionamento, cristianismo, Cristo, Cruz, deboche, deus, Espírito Santo, Fé, gentil, gentileza, Igreja, ira, Jesus, luz do mundo, Maldade, Maurício Zágari, ofensas, pacificação, pacifricadores, Paz, Pecado, Príncipe da Paz, Pv 15.1, raiva, rancor, reino de Deus, retribuição, rispidez, sal da terra, sarcasmo
Acordei assustado. O relógio marcava 8h e o apartamento todo tremia, ao som de guitarra, bateria e baixo. No repertório, musicas de rock, hard rock, heavy metal. Levantei assustado e fui, tropeçando, na direção do som. Cheguei à janela da sala e vi, lá embaixo, na rua, três músicos solitários posicionados na praça central de uma passagem subterrânea que há em frente ao meu edifício, mandando ver nos decibéis (foto). Minha primeira reação foi de indignação. Fiquei olhando, atordoado, aquela demonstração pública de desrespeito ao direito de paz e sossego do próximo. A ira me subiu à cabeça. Filmei a cena e postei no Facebook, talvez acreditando que o Ministério da Justiça ou o Super-Homem veria aquilo e viria em meu socorro. Já era o segundo dia consecutivo em que aquele rock ao ar livre incomodava toda a vizinhança e meus instintos mais primitivos fizeram ferver o sangue. Como reagir diante daquilo? Raiva, irá, ódio, revolta… muita coisa passou em meu coração naquele momento.
Ainda atordoado pelo sono interrompido, pensei em diferentes maneiras de resolver o problema. Cogitei descer e bater boca com os músicos, jogar ovo podre, tacar tomate, convocar uma manifestação entre os vizinhos, criar uma quizumba, fazer um rebu ou um auê… use a expressão que preferir. Meus sentimentos naquele momento eram bastante carnais, bem como todas as soluções que atravessavam minha cabeça. Quando começaram a tocar músicas da banda Black Sabbath, aí então é que fiquei furioso. Minha filha, acordada pelo susto do estrondo, esticava a cabeça pela janela para ver de onde vinha a barulheira. E eu já ponderava se seria mais eficiente jogar um saco com xixi de gato ou com cocô de cachorro sobre os músicos.
Foi quando eu parei. Aliás, eu não parei, o Espírito Santo me parou, pois o “eu” queria prosseguir maquinando planos maquiavélicos de vingança e retribuição. Só que o manso Espírito do Senhor não deseja isso de nós, ele requer a negação de si mesmo em nome do amor. E, quando Deus sussurra ao nosso coração, a razão bíblica toma conta de nós e de nossos pensamentos e ações. Então, fui parado. E pensei.
Eu sou um pacifista. Não acredito em violência, agressividade, maldade. Busco sempre a paz. Naquele momento, quando meu calo foi pisado com força pelos roqueiros da serenata indesejada, minha carne e minha pecaminosidade falaram mais alto. Porém, quando silenciei, acalmei o coração e deixei a voz do Espírito me orientar, só uma coisa veio à minha mente: gentileza.
Decidi, então, agir conforme creio que Jesus gostaria, lembrando que “A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira” (Pv 15.1). A tal passagem subterrânea é administrada pelo shopping Rio Sul, localizado perto de meu edifício. Concluí que nada seria feito ali sem autorização do shopping. Assim, esperei dar 10h e telefonei para o Serviço de Atendimento ao Consumidor, que confirmou: a barulheira era uma ação “de incentivo à cultura” promovida pelo Rio Sul – e se estenderia por ainda mais quatro manhãs. Respondi que desejava falar com a administração do shopping. Fui atendido por uma jovem atenciosa, que me passou os contatos do departamento de marketing da instituição, responsável pela organização do evento. Enviei um e-mail, ponderando com a gerente de marketing sobre o bom senso de ter uma banda de rock tocando ao ar livre em uma zona residencial às 8h da manhã, explicando que aquilo pecava contra o Rio Sul e pedindo gentilmente que o evento fosse suspenso e não ocorresse nos dias seguintes.
No dia seguinte, despertei com um silêncio gostoso. Fui até a janela e não havia nada no local onde nos dias anteriores estava o barulho ensurdecedor. Sem precisar tacar ovo ou xixi, brigar ou ofender, fazer escândalo ou quizumba, ofender ou agredir… o problema estava resolvido. Graças a algo extraordinário chamado gentileza. Mais tarde chegou um e-mail do shopping, onde se lia “Agradecemos pelo seu contato e pela oportunidade de nos desculpar pelo ocorrido e de nos posicionar sobre alguns pontos a respeito de suas observações. No que se refere ao projeto ‘Passarela do Som’, uma das iniciativas do RIOSUL em comemoração aos 35 anos do shopping, que visa transformar o entorno em um local de cultura e lazer, com atrações que possam divertir e encantar os cariocas e os visitantes da cidade, informamos que o horário de início da ação será alterado para às 09h. Além disso, o volume do som será reduzido, no intuito de não incomodar nossos vizinhos”. Fiquei maravilhado. Veja o que a gentileza conseguiu fazer.
Por que estou relatando esse episódio? Para mostrar que funciona. Gentileza, graça, afetos, carinho, amor, brandura: essas virtudes dão resultado.
Infelizmente, além de carregar em nós uma natureza má, violenta e pecaminosa desde o útero de nossa mãe, somos adestrados desde a primeira idade a reagir a situações de violência com violência. Os três porquinhos queimam alegres o lobo mau no caldeirão da lareira. O caçador da Chapeuzinho Vermelho mata o lobo que atacou a vovó. João e Maria jogam a bruxa no fogo. O Gato de Botas come o gigante. Joãozinho derruba o pé de feijão e o gigante se esborracha no chão. Depois, crescemos e nos desenhos animados Jerry espanca Tom, o Pica-Pau joga o guarda nas cataratas do Niágara, Fred Flintstone soca o nanico Barney na cabeça, Homer Simpson estrangula o próprio filho. Viramos adultos e, nos filmes, nós, cristãos (sim, confessa, vai…), vibramos quando Bruce Willis explode o avião dos bandidos, os X-Men matam o vilão ou o Homem de Ferro detona seus inimigos. Aprendemos que é assim que se faz: violência exige violência, ataque exige ataque, erros exigem consertos incisivos, pecados exigem apedrejamentos, hereges merecem a fogueira (ou posts desaforados no facebook, no mínimo), irmãos em Cristo que discordam de nós merecem ser ridicularizados ou atacados de forma agressiva.
Aí vem Jesus. E diz: “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus…” (Mt 5.9).
E diz mais: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’. Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas. Dê a quem lhe pede, e não volte as costas àquele que deseja pedir-lhe algo emprestado. Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu róximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa vocês receberão?” (Mt 5.38-46).
E vai além: “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’ [tolo], será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do inferno” (Mt 5.21-22).
E não para aí. Depois vem Paulo e lança esta: “Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor. Ao contrário: Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Rm 12. 17-21).
Resumo da história: gentileza é uma ordem de Cristo. Não é demonstração de fraqueza, tampouco de falta de zelo pelas coisas do alto: é justamente o padrão do Reino de Deus. E quem deseja ser cidadão desse reino precisa agir conforme a constituição da pátria celestial. Agressividade, revide, vingança, rancor, ódio e sentimentos e atitudes semelhantes não fazem parte daquilo que o Senhor espera de nós. E, por favor, não use Jesus e os cambistas do templo para justificar agressividade, um conhecimento hermenêutico mínimo e um bom comentário bíblico te explicarão esse episódio. Cristãos agressivos são uma ofensa à fé cristã. Cristãos arrogantes, verborrágicos e que defendem suas crenças com base na espada serão censurados, como Jesus censurou Pedro ao decepar a orelha de Malco. A ordem é “Guarde a espada!” (Jo 18.11). Seja espada física, seja espada das palavras, seja de atitudes.
Vivemos dias difíceis. Cristãos são atacados por todos os lados e os ataques vêm de fora e também de dentro da igreja. Somos tentados a revidar, como gladiadores gospel. Sem perceber, fazemos parte da carnal “guerra santa”, seja contra gente de fora que nos ataca, seja contra gente de dentro que discorda de nós. Ser sal da terra e luz do mundo é ser diferente do que nos ensinaram e nos adestraram a fazer desde pequenos. Ser sal da terra e luz do mundo é rejeitar o que fizeram os três porquinhos, ter coragem de denunciar a violência do Homem de Ferro e se recusar a reagir ao mal que nos fizerem pagando com mal. É fugir do padrão do mundo. Jesus não nos chamou para sermos lutadores de MMA gospel. Não podemos tratar os demais com sarcasmo, deboche, agressividade e rispidez. Não somos dos que agridem. Somos dos que caminham para a fogueira e os leões do Coliseu cantando louvores de glorificação a Deus. Ou deveríamos ser…
Seja gentil, minha irmã, meu irmão. Seja como Cristo é, o Príncipe da Paz. Seja coerente com o que você prega e com a fé que tem. Pelo amor de Deus.
Sal do mundo e luz da terra
Publicado: 04/03/2013 em Agressividade gospel, Amor ao próximo, Espiritualidade, Evangélicos, Fruto do Espírito, Igreja dos nossos dias, Pecado, Perdão, Pessoal, RelacionamentoTags:agressividade, Blog Apenas, deus, domínio próprio, Fruto do Espírito, Ichtus, Igreja, Jesus, Jornal Nacional, Jubame, luz do mundo, mansidão, Maurício Zágari, pacificadores, palavrões, pecados ocultos, Romanos 12, sal da terra, Testemunho de vida, UFC, xingamento




