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O que é ser cristão? Essa pergunta pode parecer meio sem sentido, afinal, é óbvio o que implica ser cristão, certo? Bem, na verdade… não. Pois muitos cristãos parecem ter conceitos meio distorcidos sobre o real significado de uma vida com Jesus, o que influencia diretamente sua jornada com Cristo. Dependendo de como respondemos a essa pergunta, poderemos ser cristãos como Deus quer que sejamos ou uma caricatura bizarra do que um cristão deve ser, uma sombra do verdadeiro cristianismo. Este é um assunto que renderia um livro, mas eu gostaria de sintetizar rapidamente o tema, citando apenas quatro das muitas características de um verdadeiro cristão. Em seguida, vou explicar a razão desta reflexão.

Primeiro: um cristão verdadeiro, nascido de novo, que foi justificado e passou da morte para a vida, necessariamente ama o próximo. Isso é inegociável. Quando confrontado por um mestre da lei para que dissesse qual é o mandamento mais importante, Jesus não hesitou: “O mandamento mais importante é este: ‘Ouça, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua mente e de todas as suas forças’. O segundo é igualmente importante: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Nenhum outro mandamento é maior que esses” (Mc 12.29-31, NVT). Um detalhe: Jesus explicou, na parábola do bom samaritano, que esse “próximo” não se refere somente ao gente fina, ao amigo do peito, ao cara amável de quem todo mundo gosta, ao irmão na fé; nada disso, é, também, o diferente, o desagradável, o caído, o fedorento, o coberto de chagas, o asqueroso, aquele que nos causa repulsa, o abominável, o odioso. Guarde isso.

A segunda característica: ser um cristão é desejar que o próximo seja salvo do inferno e do sofrimento eterno. Pois o cristão verdadeiro é inundado a tal ponto do amor de Deus que lhe seria impossível desejar que alguém tenha de passar pelos horrores da eternidade sem Deus. A Bíblia afirma que muitos irão para o inferno, talvez a maioria das pessoas, mas saber disso é totalmente diferente de desejar que alguém vá para lá.

Antes que alguém comece a polemizar, deixe-me dizer que, a esse respeito, não faz a mínima diferença se você é calvinista ou arminiano, se crê na eleição incondicional ou condicional. Afinal, só Deus sabe com total certeza quem será salvo e quem não será; isso não compete a nós. E, como jamais saberemos quem verdadeiramente é salvo até chegarmos à glória celestial, nosso papel nesta vida é desejar que todos se salvem, mesmo sabendo que muitos não se salvarão. É por isso que evangelizamos, é por isso que obedecemos à grande comissão, é por isso que pregamos o evangelho a toda criatura: na esperança de que cada um a quem proclamamos a boa-nova seja alcançado pela graça de Deus e resgatado de uma eternidade de tormentosa distância de Deus. Portanto, nenhum cristão tem o direito de desejar que alguém vá para o inferno. Guarde isso.

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Terceiro, o cristão verdadeiro repudia os próprios desejos e impulsos quando eles estão em desacordo com a vontade de Deus. Jesus disse: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome diariamente sua cruz e siga-me” (Lc 9.23, NVT). Negar a si mesmo significa não fazer o que dá vontade de fazer para fazer o que Jesus quer que você faça. Assim, por exemplo, mesmo que eu me sinta profundamente ofendido por algo que alguém fez, em vez de nutrir ódio em meu coração por ele, ponho em prática o que diz a Palavra: “Abençoem aqueles que os perseguem. Não os amaldiçoem, mas orem para que Deus os abençoe. […] Nunca paguem o mal com o mal. Pensem sempre em fazer o que é melhor aos olhos de todos. No que depender de vocês, vivam em paz com todos. Amados, nunca se vinguem; deixem que a ira de Deus se encarregue disso, pois assim dizem as Escrituras: ‘A vingança cabe a mim, eu lhes darei o troco, diz o Senhor’. Pelo contrário: ‘Se seu inimigo estiver com fome, dê-lhe de comer; se estiver com sede, dê-lhe de beber. Ao fazer isso, amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele’. Não deixem que o mal os vença, mas vençam o mal praticando o bem” (Rm 12.14,17-21, NVT). Guarde isso.

A quarta característica do cristão verdadeiro que eu gostaria de mencionar aqui é: ele pratica a apologética como a Bíblia determina que se pratique a apologética. E como é isso? Paulo responde: “O servo do Senhor não deve viver brigando, mas ser amável com todos, apto a ensinar e paciente. Instrua com mansidão aqueles que se opõem, na esperança de que Deus os leve ao arrependimento e, assim, conheçam a verdade. Então voltarão ao perfeito juízo e escaparão da armadilha do diabo, que os prendeu para fazerem o que ele quer” (2Tm 2.24-26, NVT). Em síntese: um verdadeiro servo do Senhor não é briguento e deve lidar com quem se opõe não com ódio, palavras ofensivas e agressividade, mas com amabilidade, paciência e mansidão, instruindo quem se opõe e não brigando ou atacando! O objetivo ao fazer isso? A esperança de que Deus leve o opositor ao arrependimento. A esperança da salvação. Quem diz isso não sou eu, é Paulo. Guarde isso.

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Muito bem, por que estou falando sobre esse assunto? Eu explico: há poucos dias, vi um jovem irmão em Cristo postar nas redes sociais um vídeo de um cidadão de uma igreja herética bem conhecida pregando a abominável teologia da prosperidade, dizendo aos fieis para “fazerem o sacrifício” de entregar carro, dinheiro e bens à igreja. Todos já vimos esse filme, é algo de revirar o estômago. É ofensivo ao evangelho verdadeiro. Até aí, todos compartilhamos da indignação com relação a esse tipo de engodo, que usa o nome de Deus para tirar dinheiro das pessoas. Mas o que me assombrou foi ver esse irmão, estudante de um excelente seminário teológico, que tem excelentes professores, postar o seguinte texto junto com o vídeo, em relação ao tal falso pastor: “Que Deus o leve logo para o inferno. Amém”. Sim, você não leu errado: “Que Deus o leve logo para o inferno. Amém”.

Confesso que ler essa afirmação abominável me revirou o estômago tanto quanto assistir ao vídeo abominável do “pastor” aproveitador. Por quê? Porque essa não é a postura que devemos ter como cristãos. Desejar que uma pessoa vá para o inferno não é, nem de longe, amar o próximo. Desejar que uma pessoa vá para o inferno não tem nada a ver com a postura de um cristão diante de alguém que ainda não foi alcançado pela graça. Desejar que uma pessoa vá para o inferno não é negar a si mesmo, é dar vazão a impulsos e desejos carnais em vez de olhar para os perdidos com o olhar que Deus teve ao enviar Jesus para morrer na cruz. Desejar que uma pessoa vá para o inferno é o oposto da apologética bíblica, pois é exatamente o que o diabo quis fazer com Adão e Eva.

Em suma, desejar que uma pessoa vá para o inferno é  tudo o que um cristão verdadeiro não deve desejar.

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Muitas vezes depararemos com pessoas ofendendo de tal modo o evangelho que nosso impulso será desejar que o juízo venha sobre elas. Porém, esse não é nosso papel: só Deus tem o direito de exercer seu justo juízo sobre os blasfemadores e os inimigos da fé. Lembremo-nos de que Paulo de Tarso não era uma pessoa melhor do que o tal “pastor” do vídeo até o dia em que foi confrontado por Cristo e alcançado pela graça. Todo pecador e blasfemador é um Paulo em potencial e não cabe a nós mandá-lo para o inferno. Nosso papel é orar por ele, pedindo a Deus que lhe estenda sua graça, o chame ao arrependimento, o justifique, faça dele nova criatura e o salve do inferno. O cristão verdadeiro precisa olhar para quem joga pedras na cruz com o desejo de que um dia ele venha a dizer: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus”.

Prefiro crer que um comentário desses vindo de seminaristas e irmãos em Cristo seja uma falha provocada por um processo de santificação e amadurecimento espiritual em estágios iniciais. Porque, se isso for um comentário que reflita uma postura solidificada de um cristão, que triste é ver cristãos que pensam isso. É um assombro. É o cúmulo da falta de piedade e misericórdia. Até porque o entendimento da obra de salvação de Cristo nos revela que todos nós éramos tão abomináveis como esse falso profeta do vídeo até sermos alcançados pela graça. O que não podemos admitir é que continuemos sendo abomináveis após a justificação. Espero que não seja o seu caso.

Quanto mais alguém estuda a Palavra e se aprofunda na teologia, mais deveria se aprofundar na piedade e na compaixão pelos espiritualmente doentes, e não no ódio e na agressividade. O falso pastor do vídeo não me assombra, pois ele visivelmente precisa de Cristo. Oro por isso. Oro por sua conversão. Oro para que um dia eu o encontre no céu. Duro é ver cristãos que frequentam bons círculos teológicos acharem que é bacana desejar que Deus mande alguém para o inferno. E, pior: “logo”. Incompreensível. Assombroso. Que tipo de cristianismo é esse?

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Paulo conta em 1Coríntios 5 o caso de um homem da igreja de Corinto que cometia o abominável ato de se relacionar sexualmente com a própria madrasta e, por isso, trazia escândalos para a Igreja de Cristo e sujava seu bom nome junto à sociedade. Repare que o apóstolo orienta a igreja a “excluir de sua comunhão o homem que cometeu tamanha ofensa” (v. 2, NVT) e, em seguida, diz: “Entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja punido e o espírito seja salvo no dia do Senhor” (v. 5, NVT). O ato abominável leva Paulo a propor disciplina eclesiástica e até a desejar que o corpo do cidadão sofresse as consequências de seus atos, mas, com que finalidade? Que “o espírito seja salvo”!  Com isso, Paulo deixa claro que, por mais horripilante que seja o pecado de um homem, a finalidade e o desejo do cristão verdadeiro continuam sendo que as pessoas espiritualmente falidas sejam salvas do inferno. Porque desejar o horror eterno a alguém não é algo que nenhum cristão deva desejar para o próximo – por pior que ele seja.

Meu irmão, minha irmã, eu e você veremos com frequência pessoas que ofendem a cruz, que lançam lama no bom nome da Igreja de Cristo. Nosso estômago revirará. Sentiremos nojo, raiva, indignação. A questão é: como reagiremos a isso? E a resposta a essa pergunta é que demonstrará como anda nossa espiritualidade. Reagiremos com desamor, condenação, juízo, carnalidade, brigas, ataques e ofensas… ou como a Bíblia nos manda reagir? Abençoemos quem nos persegue. Oremos para que Deus os abençoe. Não devolvamos mal com mal, mas com o bem. E não há bem maior que alguém possa fazer por outra pessoa do que, em vez de desejar o que o diabo deseja para a humanidade, que é irmos para o inferno, desejar o que Deus deseja para a humanidade: que as piores pessoas do mundo creiam em Jesus e, assim, não pereçam, mas tenha a vida eterna.

Como disse no início deste texto, “o que é ser cristão?” é uma pergunta cuja resposta daria para escrever um livro. Mas quero terminar este texto respondendo, de forma curta e objetiva, a outra pergunta: “O que não é ser cristão?”. E a resposta é: com absoluta certeza, ser cristão não é querer que Deus leve logo alguém para o inferno.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >
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sal fora do saleiro 1Participei algum tempo atrás de um debate em uma rádio evangélica em que foi levantada uma questão: é lícito um cristão entrar em determinado local considerado pecaminoso para pregar ou refletir ali a luz de Cristo? Na minha vez de falar, eu defendi que não só é lícito, mas é imprescindível. Pregar salvação onde só há salvos… para quê? Nisso, um pastor que estava à mesa se enfureceu e me cortou: “O que você está dizendo é um absurdo. Se um crente vai a uma boate, por exemplo, o Espírito Santo fica na porta!”. Congelado por essa resposta, só consegui balbuciar de volta: “Pastor, com todo respeito, mas o Espírito Santo que habita em mim jamais ficaria na porta, pois é a luz que espanta as trevas e não o contrário. Se eu for a uma boate com a motivação de proclamar Cristo, ele entra comigo, guia meus passos, ilumina minha mente e, se lhe aprouver, realiza a obra de salvação naquele lugar”.  Esse episódio me levou a refletir sobre até que ponto devemos nos associar a determinados lugares ou pessoas para disseminar a mensagem do evangelho, seja por meio de palavras, seja por meio do relacionamento pessoal. 

Não consigo entender a ideia de que há lugares lícitos ou ilícitos para se levar Cristo: o universo inteiro é nosso campo missionário. Além disso, o conceito de “lugares pecaminosos” me soa bem esquisito; afinal, onde houver pessoas haverá pecado – portanto, todo lugar  no planeta em que houver gente é pecaminoso – pois o pecado não vive em paredes, vive no coração humano. Eleger esse ou aquele como “mais pecaminoso que outro” é um desentendimento da realidade do pecado. Boates, prostíbulos e cinemas pornôs não são mais pecaminosos do que estádios de futebol, supermercados ou shopping centers. Há pecado abundante e sem arrependimento em todos eles e, no máximo, podemos dizer que há pecados diferentes. Há pecado nas praças e nas ruas, nas escolas e nos restaurantes, nas universidades e… bem, vamos lá: nas igrejas. Ou você conhece uma igreja sequer que seja formada só por pessoas que não pecam?

Ser sal e luz num templo religioso ou ser sal e luz numa casa de meretrício é ser… sal e luz. Isso não muda a essência da coisa. O que santifica esses lugares? Cristo. E onde há proclamação de Cristo ele se faz presente. “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20). Portanto, onde o cristão está, o local é santificado pela presença do Espírito que nele habita. Só é preciso constante cautela para não deixar o vento das trevas apagar a vela do brilho da santidade, e isso em qualquer lugar  em que você esteja. “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Ir para a balada “curtir a vida”, com o argumento de que vai “levar a luz de Cristo”, é hipocrisia, é mentira. A motivação do coração é fundamental.

Conheço religiosos que não pregam em igrejas de denominações de cujas doutrinas discordam. Eu respeito essa visão, mas jamais poderia estar de acordo com ela. Um presbiteriano pregar em um templo da Igreja Universal, por exemplo, não significa em absoluto que ele esteja de acordo com o que se faz e se prega ali, mas significa uma oportunidade ímpar de levar a sã doutrina a quem se alimenta de heresias dia após dia. 

sal fora do saleiro 2Eu prego de graça, jamais na vida exigi oferta ou condicionei minha presença onde quer que seja à venda de livros, que fique muito claro. Portanto, o que vou dizer agora não tem nenhum “interesse escuso”, nem financeiro nem de outro tipo qualquer que não seja o missional: se eu for convidado para pregar em uma igreja católica ou ortodoxa, na Igreja Universal, na igreja de Agenor Duque, na igreja da apóstola Sol, em qualquer igreja neopentecostal, pentecostal ou tradicional, eu vou. Se for para pregar em um centro de umbanda ou num centro espírita, eu vou. Se houver oportunidade de pregar o evangelho no palco de uma boate de striptease, eu vou. Por quê? Porque sabe o que significa ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura? Significa: ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura. Sem exceções de local no mundo e sem exceções de criatura. “Todo” significa “todo” e “toda” significa “toda”. Minha imagem pessoal e minha “reputação” valem bem menos do que a importância de levar o evangelho aos sedentos e famintos. 

Meus livros têm endossos (aqueles textos de outras pessoas que vêm na quarta capa da obra) de irmãos em Cristo de quem eu discordo em questões de teologia e prática em muitos pontos. Isso não significa que eu me aliance a eles em tudo ou que apoie tudo o que creem e fazem. Significa que a mensagem que procuro transmitir nos textos alcança todos esses espaços. E que bom que essas pessoas com quem não concordo plenamente endossam o que escrevo, pois isso incentiva irmãos e irmãs que respeitam as opiniões delas a ler meus livros – e, com isso, a mensagem que acredito ser bíblica e correta alcança pessoas de todas as linhas do evangelho, ou de fora dele. E isso não tem nada a ver com interesses comerciais ou outros, tem a ver com missão. A monumental diferença está na motivação do coração: eu não vejo nenhum problema em ir a lugares ou associar-se, em certos âmbitos, a pessoas de quem se discorda, desde que a motivação seja Cristo e não interesse financeiro ou qualquer outro tipo de interesse que não o de fazer brilhar a luz do Senhor para o mundo. 

O fim do sofrimento_frente e versoJá endossaram livros meus calvinistas como Augustus Nicodemus e Franklin Ferreira; batistas arminianos como Russell Shedd e Luiz Sayão; pentecostais como Ana Paula Valadão e Bianca Toledo; autores de livros seculares, como Rachel Sheherazade e William Douglas (foto). E muitos outros. Isso quer dizer que concordamos em tudo? Naturalmente que não. Mas quer dizer que estabelecemos o vínculo da paz para incentivar leitores das mais variadas linhas doutrinárias a ler textos que apontam para Cristo. E, assim, minha associação a essas pessoas tão diferentes faz com que a mensagem do cristianismo puro e simples chegue a todo tipo de gente. A toda criatura – como Cristo mandou. Se isso fará com que pessoas que se acham mais cristãs do que outras nos olhem de forma torta… paciência. Os fariseus e mestres da lei olharam torto para Jesus porque ele andou com prostitutas e publicanos, foi à casa do repugnante Zaqueu e chamou para ser discípulo Mateus, um coletor de impostos “traidor dos judeus”; logo, por que comigo ou com você seria diferente se pregarmos em um “lugar pecaminoso”? Acostume-se aos olhares tortos e siga proclamando a luz do Verbo da vida. 

Temos de parar com o segregacionismo baseado na suposição de que somos superiores aos outros ou de que nossa santidade é tanta que macularia a nossa pureza ir a determinados lugares para pregar o evangelho – se pregar o evangelho for de fato a nossa motivação, que fique claro. A necessidade de se relacionar com quem precisa de Cristo é maior do que isso. Temos de ser sal nos lugares insossos e luz nas trevas mais densas. Temos de conviver com os publicanos e as meretrizes – e até com os fariseus. Se Adolf Hitler recomendasse a leitura de um texto meu, eu não o impediria – quem sabe, assim, muitos nazistas seriam alcançados pelo evangelho? Se o Dalai Lama ou Inri Cristo me convidassem para pregar em seus templos, eu iria, feliz e de graça, pois meu Salvador estaria sendo apresentado a quem precisa. E se eles quisessem recomendar meus textos, ótimo, pois seus seguidores leriam sobre a mensagem da cruz, a morte e a ressurreição de Cristo, as boas novas da vida eterna, o conteúdo do credo apostólico, a Palavra de Deus. 

Existe limite para os espaços em que devemos proclamar o evangelho? Claro que existe. E ele está no fim dos tempos. Quando Jesus voltar, só então pare de pregar o evangelho, pois novos céus e nova terra se farão presentes. E, então, e somente então, a proclamação deve cessar. Até lá, vá aos piores lugares do mundo e conviva com a escória da humanidade. Pois Jesus não veio para os sãos, veio para os doentes. E de que adianta você ser um médico que se recusa a estar perto e a se relacionar com os enfermos? Isso faria de você um médico inútil, por amar a medicina mas se recusar a estar com os pacientes. 

sal fora do saleiro 4Conheço um cantor evangélico famoso que, como ele mesmo me relatou, se comportava como um gladiador, distribuindo pauladas verbais para todo lado pelas redes sociais, atacando gente, ofendendo e espinafrando. Era o tipo de pessoa de quem os “santos” querem distância. Pegaria mal associar-se a ele, na visão de muitos. Um amigo meu, no entanto, aproximou-se dele, convidou-o para ir a sua casa, iniciou um relacionamento. E começou a chamar a atenção daquele cantor para os erros que cometia. Aos poucos, na convivência e mediante a orientação em amor, meu amigo foi mostrando para o artista os equívocos em que ele estava incorrendo e aquele homem os foi percebendo, até que começou a mudar. Hoje ele não posta mais comentários agressivos on-line e reconhece que estava errado, como me disse pessoalmente. Foi justamente a aproximação de alguém que optou por se relacionar em graça e amor com quem estava errado que fez a luz brilhar nas trevas. Imagine se meu amigo tivesse evitado o contato, para “preservar sua imagem” ou “para não se contaminar”. 

O templo é apenas uma das muitas instâncias da nossa fé e não uma finalidade em si mesmo. Nosso local de culto é o planeta Terra. E, se você for um astronauta, o espaço sideral também é. Não deixemos de congregar jamais, sou um defensor ferrenho da importância de frequentar uma família de fé, mas não restrinjamos nossa fé ao santuário, pois isso não é cristianismo. Cristo está onde você está e ser cristão significa ser sal e luz – para todos, em todo tempo e em todo lugar. 

Meu irmão, minha irmã, importa viver e proclamar Jesus, o único caminho, a verdade e a vida. Seja um embaixador do reino não só dentro da embaixada, mas nas terras estrangeiras, em cima dos telhados… até às portas do inferno.

sal fora do saleiro 5Fuja da contaminação, sim, mas não se prive de levar a cura onde há contaminados.

Resista ao Diabo, sim, mas não deixe de ir onde houver pessoas escravizadas pelo Diabo.

Fuja da aparência do mal, sim, mas reflita a luz de Cristo onde o mal habita para muito além das aparências.

Não entre em jugo desigual, sim, mas não recuse relacionamentos com o desigual se isso servir de canal para que o cristianismo puro e simples alcance vidas. 

Afinal… Jesus não se relacionou com o desigual? E não foi à casa dos mal-vistos da sociedade? Então, por favor, responda: em que eu e você somos melhores do que Jesus?

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >


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irmaos 1Nos últimos anos, tenho recebido convites de diferentes igrejas para pregar, em especial, sobre os temas dos livros que escrevi e que são voltados para todo e qualquer cristão, a despeito de rótulos denominacionais ou doutrinários. Assim, tenho a oportunidade de visitar, conviver, observar e conversar com líderes e membros de muitas igrejas de diferentes nomenclaturas, como Batista, Presbiteriana, Anglicana, Assembleia de Deus, Nova Vida, pentecostais independentes, históricas independentes, Metodista e Episcopal, além de ministérios interdenominacionais. Essas experiências me permitiram conhecer de perto realidades eclesiásticas riquíssimas e diferentes. E, quanto mais eu conheço a família de Cristo, mais me entristece ver aquilo que passei a chamar de “patotização” do cristianismo. 

Confesso que conhecer de perto essa pluralidade de expressões da fé cristã me encanta. É bonito ver como somos capazes de adorar o nosso Pai tanto com um conjunto vocal à capela e um órgão quanto com bateria e guitarras distorcidas. É lindo ver como pregadores de terno e gravata, colarinho clerical, blaser, camisa social ou camisa pólo são capazes de pregar, com o mesmo amor e respeito, o evangelho autêntico, a despeito do tipo de pano que usam sobre o corpo. É extraordinário perceber como grupos de irmãos mais silenciosos ou mais extrovertidos são capazes de cultuar a Deus com a mesma sinceridade de coração. É especial notar como cristãos salvos da linha pentecostal ou cristãos salvos da linha tradicional são filhos do mesmo Deus e são capazes de se relacionar com ele com o mesmo nível de amor e devoção. Em resumo, quanto mais eu conheço igrejas diferentes, mais claro fica que as nossas diferenças são pequenas em comparação às nossas semelhanças.

Tenho aprendido a amar cada vez mais a noiva de Cristo, apresente-se ela morena, ruiva ou loira. Venho percebendo cada vez mais a beleza da noiva do Cordeiro, não importa se, como presbiteriana, ela tenha olhos azuis; como pentecostal, olhos verdes; como batista, olhos castanhos; e como anglicana, olhos negros. Esses detalhes não mudam o fato de quem ela é: aquela por quem Cristo subiu à cruz. E, se Deus a chamou para si, ai de mim desqualificá-la pela cor dos olhos. 

irmaos 2Quando você ama alguém, não importa se ela está de maquiagem ou com cara de quem acabou de acordar. Muito menos, com roupas caras ou baratas. O amor verdadeiro cuida do ser amado mesmo quando ele está doente, vomitando e com mau hálito. O amor profundo releva pequenos defeitos ou atitudes ligeiramente equivocadas  que o ser amado adota com sinceridade. Se você ama de fato alguém, vai botar o foco na essência, no todo que conquistou seu amor e não naqueles pequenos defeitos que o ser imperfeito que você ama tem (e quem não os tem, não é mesmo?). Do mesmo modo, seria bizarro acreditar que Deus rejeite essa ou aquela igreja ou denominação porque ela de bom coração cometa um ou outro erro – desde que, claro, não configure heresia. 

Infelizmente, o ser humano tem mania de rejeitar o que Deus não rejeita. Some-se a isso o nosso instinto gregário, que nos leva a querer andar em bandos e pertencer a tribos com que nos identificamos, e pronto: tem início a patotização. É natural ao ser humano e a inúmeras espécies de animais formar patotas. O termo “patota” significa, simplesmente, “grupo de amigos”, “galera”. Porém, no uso popular, essa palavra já ganhou um sentido que remete a uma panelinha, um grupinho fechado, uma turma de pessoas que se relacionam por afinidades e rejeitam os que são de fora. Isso é exatamente como se caracterizam determinados grupos de cristãos. Há pessoas que se agarram tanto às patotas a que pertencem que, tristemente, se fanatizam, se apaixonam, recusam-se a ver os defeitos desse grupo, passam a se considerar mais integrantes dessa turma que aos seus olhos é inerrante do que membros de um corpo maior – do Corpo maior. De certo modo, praticam a “patotalatria”. 

irmaos 3Meu irmão, minha irmã, ser batista, presbiteriano, metodista, calvinista ou pentecostal não te define: você é cristão. A superfície do mar não define todo o oceano. Nenhuma denominação é perfeita. Nenhuma igreja local é irretocável. Nenhum pastor é inerrante. Nenhuma linha soteriológica merece se tornar sua alcunha. Se você é mais maranata, presbiteriano ou Assembleia de Deus do que cristão como todos os outros cristãos, algo está muito errado com a sua fé. Se você é mais calvinista ou arminiano do que cristão, precisa com urgência voltar às bases da fé e reaprender o significado de Igreja. Muitos filhos de Deus se agarram mais à sua patota denominacional ou doutrinária do que ao Corpo maior para o qual Cristo os chamou. Acham que mudar a visão teológica de seus irmãos em Cristo para aquilo em que eles acreditam é a sua missão, em vez de se dedicar a assuntos realmente importantes do evangelho – como evangelização, amor, perdão, restauração, pacificação, caridade e outros. Querem mudar a teologia alheia, mas sem levar em conta a graça no trato com o próximo. Acabam se tornando pregadores de doutrinas e não do evangelho. Apaixonados, muitos se tornam agressivos, sarcásticos, arrogantes, irritantes, surdos ao diferente, despidos de bom senso, destituídos de amor cristão. Querem convencer, querem ter razão, querem converter irmãos do cristianismo para o cristianismo.

Uma fruta não se define pela casca. Cascas fazem parte da fruta, mas não são a fruta. Lamentavelmente, muitos cristãos têm se definido por cascas. “Eu sou reformado”, “Eu sou da missão integral”, “Eu sou pentecostal”, “Eu sou de Paulo”, “Eu sou de Apolo”. Paremos com isso. Paremos com essa atitude separatista e busquemos a conciliação pelas semelhanças. Nós somos cristãos. Somos de Cristo. Servos do Deus altíssimo. Filhos do Criador de céus e terra. Cidadãos do reino. Isso, sim, nos caracteriza. O resto são aspectos periféricos da fé e não devemos nos separar e fragmentar por causa de diferenças secundárias ou terciárias. 

irmaos 4Tenho visto a noiva do Cordeiro nas diferentes igrejas em que prego, das mais variadas linhas e denominações. Pessoas que amam o mesmo Cristo que eu e que amam o próximo como a si mesmo com o mesmo amor. Uns batizam crianças, outros não; uns são cessacionistas, outros não, uns entendem a eleição divina de um jeito, outras de outro. Mas todas creem no mesmo Jesus, confessam o credo apostólico, oram ao mesmo Senhor Soberano, nasceram da água e do Espírito. São meus irmãos em Cristo. São filhos de Deus. São salvos. Justificados, regenerados, adotados. Vão morar no céu. Meu papel não é dedicar minha vida a mudar a teologia deles, é viver o amor de Deus ao lado deles – apesar das diferenças. Triste é quem não percebe isso e investe seus dias a perder tempo combatendo irmãos que pensam diferente em aspectos secundários e periféricos da fé, o que não glorifica Deus em nada e tampouco exalta sua soberania. Deus não precisa de nada disso para ser soberano. Ele é o que é.

A Bíblia relata que Jesus fez ao Pai uma oração que nunca foi atendida: Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (Jo 17.20-23). Jesus pediu que nós, cristãos (“aqueles que vierem a crer em mim”), vivêssemos em unidade, “a fim de que todos sejam um” e “para que sejam um”.  Lamentavelmente, nós, cristãos, estamos longe disso, a unidade que Jesus desejou para nós é um sonho distante, enquanto, por outro lado, proliferam em nosso meio as obras da carne sobre as quais Paulo alertou, “discórdias, dissensões, facções” (Gl 5.20). 

irmaos 5Meu irmão, minha irmã, como disse Mário Sergio Cortella, a vida é curta demais para ser pequena. Não desperdice seus preciosos segundos de vida com aquilo que não é pão. Sinceramente, duvido muito que Deus esteja preocupado se você é calvinista ou arminiano, pentecostal ou cessacionista, alto ou baixo, magro ou gordo. Duvido que, ao chegar nos portões da eternidade, Cristo olhará para você e perguntará que doutrina soteriológica você professou em vida: o que ele verá é se o sangue do Cordeiro está aspergido sobre a sua cabeça. Se a sombra da Cruz cobre você. E não creio que ele dirá algo como “vinde, benditos de meu Pai, porque fostes reformados ou arminianos, crestes no livre-arbítrio ou no TULIP, professastes o pentecostalismo ou o cessacionismo”. O que ele dirá, e disso tenho absoluta certeza, é: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me” (Mt 25.34-36).

Os temas e as doutrinas que criam esses rótulos são importantes? Claro que sim. São prioritários? De modo algum. Quem segrega irmãos em Cristo por conta desses aspectos secundários da fé precisa amadurecer – e muito – no real sentido do que é o evangelho de Jesus. Dê prioridade ao que é prioritário. Enfatize na sua vida o que Jesus enfatizou na dele. E pode ter certeza de que essas questões não foram nem de longe prioridade para Cristo (basta ler os evangelhos e você perceberá isso com uma facilidade enorme). O resto? O resto é resto. É vaidade e correr atrás do vento…

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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 Você pode ouvir o áudio com a narração deste texto no YouTube, clicando AQUI (Duração 19:11).
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 odio 1O cristianismo é a religião da graça, do amor, da paz. Uma das grandes diferenças entre a fé cristã e outras religiões é que o nosso Deus não é uma besta-fera sedenta por sangue, ansiosa por punir, salivando por castigar quem se desvia um milímetro dos seus preceitos. Muito pelo contrário: o evangelho de Jesus Cristo foca em perdão, restauração, reconstrução, bênçãos sem merecimento, graça; é a proposta do filho pródigo, do bom Pastor, do 70 vezes 7, do Cordeiro de Deus que estende uma graça que não é barata, mas que nunca deixa de ser vigorosa graça. Sabendo disso, enxergo como totalmente incompatível com essa fé que qualquer cristão defenda ou pratique a violência, a agressividade, o ódio – seja no que faz, seja no que fala, seja no que escreve. Qualquer cristão que proponha como primeiro recurso com relação a pessoas que agem ou pensam de modo diferente revidar, agredir, ironizar e retaliar, em vez de usar um tom gentil e de conduzir quem incorre no erro para a restauração… simplesmente não entende o evangelho. A sensação que tenho com frequência é que ser cristão, no entendimento de muitos, deixou de ser amar a Deus e ao próximo para defender Deus com fúria e detonar o próximo que pensa diferente ou que faz algo de que discordamos. Falemos sobre essa maligna doutrina do Jesus raivoso, agressivo e sarcástico.
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Há meses tenho observado muito os meus irmãos em Cristo, em especial pelas redes sociais. E tenho ficado boquiaberto e triste com o jeito de que uma multidão deles se expressa, age e, principalmente, reage a quem discorda deles ou faz algo com que não concordam. Em nome da “defesa da fé”, muitos se comportam de um modo que nada tem a ver com a nossa fé: com agressividade. Sarcasmo. Raiva. Parece que, se o ódio é destilado “em nome de Jesus”, é válido agir como um bruto, um bárbaro, um ser humano desagradável.
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odio 2O que mais me espanta é que, sempre que você diz que essa forma de comportamento não condiz com o evangelho, o argumento bíblico é o mesmo: o episódio de Jesus no templo derrubando as mesas dos cambistas e vendilhões. Já ouvi isso montes de vezes. Parece que todo cristão que se exprime com agressividade se justifica dizendo que Jesus se irou e saiu derrubando a mercadoria dos vendilhões do templo; logo, teríamos sinal verde para atacar com fúria quem age ou crê diferente de nós. Isso é um erro monumental.
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A hermenêutica bíblica, isto é, as regras que nos ensinam a ler e compreender as Escrituras, tem uma norma  básica: você não pode construir uma doutrina ou formular um princípio de fé a partir de uma passagem isolada da Bíblia. É preciso analisar todas as passagens do texto bíblico que falem sobre o assunto, a fim de entender o todo. Assim, pegar o episódio dos vendilhões do templo como argumento teológico que tente justificar a agressividade é uma falha bizarra, que só gera comportamentos anticristãos.
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Sim, Jesus expulsou os vendilhões. Mas será que por causa disso Deus nos dá carta branca para sair chutando e açoitando quem diverge de nós? A Bíblia apresenta uma enxurrada de passagens que respondem isso com um enfático não. Vamos analisar algumas dessas passagens, muitas delas palavras saídas dos lábios do próprio Cristo, para compreender exatamente o que o evangelho propõe como padrão de relacionamento – inclusive com inimigos e pessoas que não necessariamente concordam ou caminham conosco:
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“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9)
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“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo” (Mt 5.21-22).
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“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes” (Mt 5.38-42).
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“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?” (Mt 5.43-47).
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“Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão” (Mt 7.3-5).
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“Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. […] Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.14-18).
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“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.19-21).
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Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (1Pe 1.22).
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“Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros” (Jo 15.17).
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“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.34-35).
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“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos” (Gl 5.13-15).
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“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef 4.1-2).
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“Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão […] Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si” (1Jo 3.11-15).
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Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. […] Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado” (1Jo 4.7-12).
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“Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (1Jo 4.19-21).
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E por aí vai. Como dá para ver com muita clareza pela enorme quantidade de passagens bíblicas sobre o assunto, a proposta da Nova Aliança é a da paz, da conciliação, do trato amoroso com as diferenças e com os diferentes. Usar Jesus com os vendilhões para tentar validar um comportamento horrível é uma aberração.
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odio 3Um argumento que muitos usam para justificar sua forma ofensiva e agressiva de se comportar, falar e escrever é que a ira divina contra o pecado e o erro nos daria permissão para sermos odiosos na hora de “defender a fé” ou se opor a quem de nós discorda. Sobre isso, importa lembrarmos de algo: embora Deus seja o nosso exemplo, nós não somos Deus. Ele pode fazer o que bem entender; nós não. Ele é o autor e o dono da vida: nós não. Deus tem todo o direito, por exemplo, de acabar com a vida de uma pessoa, mas, se nós fizermos isso, nos tornamos assassinos e quebramos um dos Dez Mandamentos.
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Isto é muito importante: Deus fazer algo não nos dá o direito de fazer a mesma coisa. Se ele manifesta e tem todo o direito de manifestar a sua justa ira, o que ele nos diz é que a ira humana é uma das obras da carne (Gl 5.20), a ponto de pôr um prazo para quando nos iramos: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo” (Ef 4.25-27). A proposta é clara: O insensato expande toda a sua ira, mas o sábio afinal lha reprime” (Pv 29.11). Vou repetir: O insensato expande toda a sua ira, mas o sábio afinal lha reprime”. Mais uma vez: O insensato expande toda a sua ira, mas o sábio afinal lha reprime”. Portanto, não, a ira de Deus não nos dá o direito de agirmos com ira e acharmos isso bíblico. Pois não é. 
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Esse princípio se reafirma a todo tempo nas Escrituras. O evangelho jamais nos dá o direito de agirmos como Deus age. Veja o caso da vingança. Se, por um lado, há inúmeras passagens que falam sobre a vingança divina, a ordem para nós é: “não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19).
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Assim, vemos que não se pode justificar um comportamento humano pelo  fato de o Pai ou o Filho terem agido deste ou daquele modo. É preciso saber identificar o que Deus faz e que devemos tomar como exemplo e o que ele faz porque é prerrogativa exclusiva dele fazer. Se não soubermos separar uma coisa da outra, tomaremos para nós atitudes que não nos cabem ter e viveremos de modo que o evangelho não nos dá sinal verde para viver.
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odio 4Chega de agressividade. Chega desse argumento maligno de que “posso ser impetuoso (para não dizer grosseiro, agressivo) porque Jesus derrubou as mesas dos cambistas”. Chega dessa igreja irada, raivosa, odiosa, trevosa. Estou exausto de ver agressões “em nome de Jesus” e gente supostamente defendendo a fé usando palavras e um tom que da nossa fé não têm nem o cheiro. Não aguento ter de ficar calado quando conhecidos meus não evangélicos dizem – com toda razão! – que não enxergam Cristo em pastores e outras pessoas “evangélicas” que dão um show de agressividade e palavreado de baixo nível. Em grande parte, temos sido tão agressivos como o mundo e, com isso, nos igualamos a ele. Deixamos de brilhar. Deixamos de salgar. E sal que não salga Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens” (Mt 5.13). 
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Não aguento mais ver calvinistas agredindo e ironizando arminianos e vice-versa. Somos todos irmão, pelo amor de Deus! Não aguento mais ver cessacionistas e pentecostais trocando farpas e fazendo piadinhas mútuas. Somos filhos do mesmo Pai! Não aguento mais ver cristãos detonando com raiva na língua e ódio no olhar pessoas como o cantor  Thalles Roberto, que, em vez de ser alvo de orações misericordiosas e de um discipulado feito em amor para que possa perceber seus erros e seja levado a uma restauração real, é alvo de ataques feitos sem nenhum amor e com um palavreado inacreditável. Mas, claro, detonamos gente como ele “em defesa da sã doutrina” e “em nome de Jesus”. Bem me ensinou minha mãe que “um erro não justifica o outro” e, meu irmão, minha irmã, quem erra deve ser conduzido pacificamente ao acerto e não jogado sadicamente na fogueira dos hereges (para não dizer no inferno). Fomos chamados para restaurar, disciplinar com mansidão e discipular… e não para detonar! Fico arrasado por ver gente defender o evangelho achando que isso deve ser feito jogando no lixo o mandamento de amar o próximo.
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Amar o diferente está fora de moda, geralmente só amamos os da nossa patota (teológica, doutrinária ou algo que o valha). Graça, por outro lado, se fala por todos os lados, pois as doutrinas da graça viraram grife. Mas parece que não saem do discurso. Falamos muito sobre a graça, mas a praticamos pouco, muito pouco, muito, muito pouco. E não estou falando de amor bobinho nem de graça barata, mas de amor maduro, sólido, o tipo que levou Jesus a subir à cruz por pessoas odiosas como eu e você. Tomamos para nós atitudes que só cabem a Deus. Reproduzimos, “em nome de Jesus”, atitudes essencialmente diabólicas e mundanas. E isso está errado. Está errado.
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Eodio 5sse não é o cristianismo que quero viver. Desculpe, mas não quero compactuar com o pseudoevangelho da chibata e do chicote. O açoite que me interessa não é o que Jesus usou contra os vendilhões, é o que Jesus recebeu em suas costas. Não quero ter parte com quem diz que defende o modelo da Igreja primitiva, a extinção do dízimo e das denominações e parte para o braço quanto a questões como essas discordando com palavras ácidas, brutas, infelizes. Não quero fazer parte do grupo de irmãos que tratam gays e pessoas de outras religiões com raiva no olhar, palavras ríspidas e nenhuma misericórdia no coração, que mais se preocupam em atacar do que em amar, evangelizar e discordar com paciência e bondade. A questão não é discordar, isso é natural e lícito, ninguém é obrigado a pensar igual; o xis da questão é como se discorda. 
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Quero ser conhecido por Deus como alguém que ama, sim, a verdade do evangelho e que defende a sua Palavra, mas, sempre, carregando em mim zelo e compaixão, firmeza e doçura, comprometimento e bons sentimentos. O discordante não é meu inimigo, é meu objetivo. A proclamação das boas-novas de Cristo me faz ver o discordante e aquele que considero estar no erro não como canalhas e inimigos, mas como necessitados, carentes, gente que ainda não enxergou a luz. Porque eu já fui assim um dia. E aqueles que penso estarem errados só verão a luz se virem em mim amor, graça, misericórdia, perdão, sacrifício, entrega, abnegação, paz, mansidão… Cristo, enfim.
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odio 6O ódio de religiosos judeus que queriam “defender a sua fé” levou Jesus à cruz, mas foi o amor de Deus pelos perdidos que o levou à ressurreição. Que enorme tristeza é ver que muitos cristãos bem-intencionados não entendem isso, com arrogância se recusam a entender e, portanto, não compreendem nem põem em prática a graça, preferindo o discurso da chibata e um falso cristianismo que “defende Deus” com afiadas espadas verbais. Não aguento mais tanto ódio vindo daqueles que foram salvos pelo Amor com a finalidade de amar. Bem predisse Jesus que, no final dos tempos, Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará” (Mt 27.12). A maldade impera entre nós. O amor de multidões de cristãos já esfriou, dando lugar à “ira santa”. Defendem um deus que eu não conheço, que precisa de “defensores” para levantar sua bandeira com ira e agressividade. Desses, creio eu, o evangelho não precisa. Creio que Deus busca aqueles que, com amor transbordante, partem em busca dos inimigos, dos perdidos, dos desencaminhados e dos equivocados com amor e graça com o objetivo de conduzi-los amorosamente a Jesus: o bom e manso Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. “Pois é da vontade de Deus que, praticando o bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos” (1Pe 2.15).
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Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >
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paciencia1Vivemos dias de grande impaciência. A fila do supermercado nos irrita; esperar mais do que trinta segundos pelo download nos chateia; o engarrafamento nos transtorna; “KD VC?!”, cobramos, pelo celular, da pessoa que ainda não chegou onde marcamos; meu Deus, nove meses para nascer o bebê! Não sabemos mais esperar. Em poucas décadas, a humanidade aprendeu que tudo está ao alcance de um botão, que a food pode ser fast, que a pipoca de microondas estoura mais rápido, que um clique do mouse resolve tudo na hora; que esperar é perder tempo. Só que não temos tempo a perder! Aliás, tempo temos, nós é que não queremos mais perder tempo. Tudo é pra já. Nada mais em nossa vida nos treina para sermos pacientes, pelo contrário, a rapidez de tudo nos adestra, na verdade, para sermos especialistas em impaciência. Não sabemos esperar com tranquilidade. Infelizmente, a cultura do “é pra ontem” tem cobrado um preço alto de nossa vida espiritual e de nosso relacionamento com Deus.

“Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor” (Sl 40.1). As palavras do salmista soam bastante fora de moda, pois esperamos com cada vez menos paciência que Deus cumpra seus propósitos. Oramos sempre na expectativa de uma cura instantânea – se ela vier daqui a uma semana é porque o Onipotente está meio fora de forma. Barganhamos fé em troca de pressa. Seis meses desempregado? Que Deus é esse? A oração precisa ter resposta imediata. O amor que ainda não apareceu? Anda logo, Onipotente! O parente que ainda não foi salvo? Acho que não tem mais jeito para ele. Chegamos ao Senhor como quem chega ao balcão do McDonald’s, exigindo uma bênção crocante e quentinha – se chegar fria ameaçamos mudar para a concorrência, como muitos que abandonam o evangelho porque não foram atendidos na hora em que queriam. Nossa impaciência tem nos levado a viver um cristianismo bem diferente daquele que a Bíblia ensina. É o cristianismo do Deus express.

paciencia2Só que o Deus da Bíblia não é assim e seus servos não devem esperar que ele seja de outro jeito. Na vida de Abraão, por exemplo, sempre destacamos a sua fé, mas o autor de Hebreus mostra que a paciência foi indispensável para o êxito do patriarca: “E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa” (Hb 6.15). Queremos que a promessa se cumpra, mas não temos paciência de esperar por ela. Fé, meu irmão, minha irmã, é algo ligado intimamente à paciência. Paulo deixou isso claro: “Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos” (Rm 8.25). Não basta ter fé se ela só durar até o limite da paciência. Entenda que ter fé significa ter a certeza de algo que virá (Hb 11.1) e, se é uma certeza, você espera por toda a eternidade que ocorra. Fé que acaba ou que se abandona depois de algum tempo não é fé, pois certeza implica em paciência para se aguardar quanto tempo for preciso.

Paciência não é uma opção em nossa vida espiritual: ela é indispensável. O cristão que não sabe esperar com paz no coração aquilo que almeja acabará vivendo crises difíceis. Pois ter paciência significa ser capaz de tolerar contrariedades, dissabores e infelicidades. É esperar o que se deseja em sossego e com perseverança. “Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos” (2Co 1.6).

paciencia3Paciência, aliás, faz parte da essência do Senhor: “Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus (Rm 15.5). Que expressão linda: “Deus da paciência”. Não é de se espantar que uma das virtudes do fruto do Espírito seja, exatamente, paciência (Gl 5.22-23), pois, para nos conformarmos à imagem de Cristo, precisamos ter em nós aquilo que ele é. E é fundamental lembrar sempre que fazemos parte de um povo que baseia toda sua crença religiosa numa esperança que exige de nós paciência: “Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas. Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo” (Tg 5.7-11). Se não tivermos paciência para esperar pelo retorno do Senhor, de que adianta tudo o que vivemos?

Sei que eu e você fomos criados para viver em uma sociedade que não sabe esperar, que deseja tudo para ontem, que tem respostas e comodidades a um botão de distância. Mas o evangelho nos convida a contrariar essa ideia. Se queremos viver plenamente segundo a esperança que nos foi proposta, precisamos aprender a esperar com paz na alma. A respirar fundo e deixar Deus ser Deus, isto é, a agir no tempo que tem planejado. É por ser impacientes que muitos de nós enfiamos os pés pelas mãos e, tal qual Saul sacrificou sem ter esperado a chegada de Samuel, agimos precipitadamente e tomamos escolhas erradas – com consequências que podem ser desastrosas. Muitas vezes, temos de abrir mão de algo por anos se desejamos que Deus aja. O preço da impaciência costuma ser muito alto.

A Bíblia nos mostra que o Senhor age quando quer agir e não quando nós queremos. Jesus não chegou à casa de Lázaro quando Marta e Maria queriam, mas quando o defunto já cheirava mal. Embora não parecesse aos homens, era o momento certo para Deus. O cativeiro babilônico durou 70 anos. A escravidão no Egito, 400. Às vezes, o calendário divino demanda bastante tempo. Entre a primeira e a segunda vindas de Jesus já se passaram mais de dois mil anos, e a ampulheta segue escorrendo areia. Por que essa ansiedade toda? Por que essa impaciência toda? Você não confia? Será que Deus não é a melhor pessoa para dizer a hora certa de algo acontecer?

paciencia4Calma. Paciência. Paciência, meu irmão, minha irmã. Deixe-se guiar sempre pelas palavras de Davi: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia. Descansa no SENHOR e espera nele […] Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes…” (Sl 37.5-8). Que o Deus da paciência acalme o seu coração, a fim de que você olhe cada vez menos para o relógio e cada vez mais para a cruz.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

foto.PNG Gosto muito de pôr minha filha para dormir. Temos uma espécie de ritual entre o instante que deitamos em sua cama e o momento em que ela pega no sono: começamos lendo livros juntos, eu conto histórias que invento, brincamos de coisas como sombra na parede e, por fim, oro por ela cantarolando uma oração, usando melodias de músicas calmas e tranquilas com palavras de intercessão. Em geral, ela adormece enquanto canto a oração, deitado ao seu lado. Geralmente, na hora de cantar, para deixá-la mais confortável escorrego para baixo no colchão e fico com a cabeça na altura de sua cintura, quase que aos seus pés. Isso permite que ela tenha mais espaço para esparramar os braços e também me facilita sair da cama quando minha filha dorme sem esbarrar demais nela e correr o risco de acordá-la. Domingo passado, seguimos essa mesma rotina. No momento em que eu estava cantarolando a canção, ela, já sonolenta,  virou-se para mim e sussurrou:

– Papai?

– Sim?

– Chega mais pra cima.

E abriu os braços. Eu sorri e, suavemente, pus minha cabeça no peito dela. Minha filhinha de três anos aconchegou o papai, pôs sua mão na minha e envolveu meu pescoço com o bracinho. Ali fiquei eu, recebendo aquele amor em forma de proximidade e toque, até que, algum tempo depois, senti sua respiração mais pesada e percebi que tinha adormecido. Quando estava aos pés dela, já articulava como eu faria para escapulir dali e ir fazer outras coisas. Mas, quando fiquei naquela posição de paz e extremo afeto, toda vontade de sair desapareceu. Tudo o que eu queria era ficar e desfrutar daquele amor.

cima1Se você é cristão, isso significa que vive aos pés de Jesus. Assim como Maria, a irmã de Lázaro, você se deleita em estar aos pés do Mestre, aprendendo dele, adorando e exaltando o seu amado. É um lugar confortável, pois permite que você esteja em postura de submissão, reverência, amor e servidão ao Senhor mas, ao mesmo tempo, com mobilidade para esticar os braços, mexer as pernas e até se levantar e ir embora, se desejar. Estar aos pés de Cristo é uma posição desejável ao servo de Deus, é digna e demonstra um relacionamento fiel ao Salvador.

Você vive aos pés de Jesus? Ótimo. Só que, às vezes, isso não basta. Pois é bem possível que, em determinado instante, você ouça o Mestre lhe falar:

– Chega mais pra cima.

Ao falar isso, o que Deus quer dizer é que ele anseia por mais do relacionamento de vocês. É quando ele deixa claro que não deseja que você fique apenas aos seus pés, mas que vá para o seu colo. E, do colo, para o abraço. Em outras palavras, o Senhor quer te elevar para um patamar de maior intimidade com ele.

Num primeiro momento, você pode estranhar o processo de elevação. Quando deitei no peito de minha filha, demorei um certo tempo até ficar confortável, pois tinha medo de pesar sobre ela ou de machucá-la com meu ombro, por isso fiz uma certa força para não pressionar demais seu corpinho. Embora fossem um lugar e uma situação deliciosamente agradáveis, havia um certo desconforto envolvido. Quando Deus nos convida para subir de seus pés e repousar a cabeça em seu peito ou descansarmos em seu abraço, há a probabilidade de que fará isso por caminhos que te deixarão desconfortável ou mesmo assustado.

Engraving of  by Dore, 1866Veja o exemplo de Jó. Toda a situação que ele enfrentou tinha apenas um objetivo, traçado no coração de Deus: fazer com que aquele servo fiel fosse elevado a um patamar superior de intimidade com o Senhor. Repare que Jó vivia aos pés do Pai: a Bíblia o define como um “homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1.1). Estar mais aos pés do Todo-poderoso do que isso é difícil, quem me dera poder ser definido dessa maneira. Ao final do processo de elevação, porém, aquele mesmo servo fiel diz: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42.5). Você consegue perceber que transformação ocorreu no nível espiritual dele, que diferença? Embora vivesse em integridade, retidão, temor e santidade, Jó ainda estava apenas aos pés de Deus. Era preciso mais. O Pai queria que seu filho fosse para um outro nível de intimidade. Então ele diz:

– Chega mais pra cima, Jó.

E Jó enfrenta um processo longo e doloroso, mas que o eleva ao patamar de onde podia ver o Senhor com os olhos. Pense agora no menino mimado José, escolhido para viver uma grande experiência com Deus. O problema é que ele era extremamente imaturo. Foi preciso passar por escravidão, servidão, calúnia e prisão para alcançar o nível que o Senhor queria.

– Chega mais pra cima, José.

E lá foi o filhinho riquinho de Jacó amarrado como um bicho numa caravana de escravagistas estrangeiros, esforço importante para que ele deixasse de ser playboy e virasse um homem de Deus. Paulo de Tarso era outro que vivia aos pés do Senhor, mas de maneira completamente errada. Zeloso e dedicado a Jeová, perseguia cristãos e os prendia, como serviço ao Deus de quem só via a sola dos pés. Mas, então, Jesus aparece e lhe diz:

– Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões. Agora… chega mais pra cima.

E lá foi aquele homem, agora cego, deprimido, abatido, mas com sua mente renovada para experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. O fariseu Paulo tinha sido elevado a um nível de intimidade em que foi arrebatado ao paraíso e ouviu coisas indizíveis, coisas que ao homem não é permitido falar. A ponto de dizer, com segurança, ao final de sua vida:

– Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.

cima2Muitas vezes, atravessamos períodos de muita dificuldade, de esforço, sofrimento e falta de paz. Culpamos o Diabo, xingamos a vida, brigamos com Deus. Somos acusados de falta de fé, pecado, frieza espiritual. Não entendemos nada, ficamos sufocados pelas circunstâncias, questionamos o Pai: como pode um servo fiel como eu passar por tudo isso?! Se esse é o seu caso, procure o Senhor com serenidade, em oração e pelo estudo da Santa Palavra. De repente, tudo o que está enfrentando faz parte de um processo doloroso, mas necessário, para elevar você a novos patamares de intimidade com o Criador. O objetivo divino é tirá-lo dos pés e colocá-lo no abraço de Cristo. Tudo o que você precisa fazer para aguentar firme e superar essa fase é afinar seu espírito com o Espírito Santo e ouvir o sussurro suave daquele que nos ama com amor incompreensível:

– Chega mais pra cima, filho meu. E vem para o abraço do teu Pai…

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

Arrogancia3A arrogância é uma doença espiritual maligna e silenciosa. Um dos efeitos dessa moléstia é que, em geral, o arrogante se acha a pessoa mais humilde do mundo – ele não se vê como verdadeiramente é. Constantemente aponta os erros dos outros mas não consegue perceber como a sua essência está contaminada – e, se consegue, tem a arrogância de dizer que não é arrogante. Lá vai bem longe o tempo de servos como Francisco de Assis, João da Cruz, Thomas-à-Kempis e outros homens de Deus verdadeiramente humildes. Hoje está totalmente disseminado  o conceito antibíblico de que é possível ser arrogante e ser um bom cristão. Não é. É absolutamente impossível ser um homem segundo o coração de Deus e ser arrogante ao mesmo tempo. São características que não cabem no mesmo indivíduo.

Arrogância é sinônimo de orgulho, altivez, soberba, prepotência. Mostre-me um arrogante e lhe mostrarei um homem sem Deus. Esse é um pecado tão grave que o salmista diz ao Senhor em Salmos 5.5: “Os arrogantes não permanecerão à tua vista”. Em 2 Timóteo 3.1-2, o apóstolo Paulo fala sobre o perfil dos homens nos últimos tempos: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes…”. Sim, o olhar altivo do arrogante é um dos defeitos que Deus mais detesta, como Salomão deixa claro em Provérbios 6.16-19.

Arrogancia2É fácil diagnosticar alguém que sofre de arrogância. Comece procurando uma pessoa que se acha especial. Diferente. O escolhido. O “cristão” altivo tem essa pretensão, achar que tem em si algo tão singular que Deus o separou do resto da humanidade. Pois os verdadeiramente separados pelo Senhor para realizar grandes feitos simplesmente os executam, não ficam fazendo alarde disso, e se mantêm com uma extraordinária postura de humildade (é só ver o caso do rei Davi). De certo modo, há em todo arrogante um pouco de nazista: ele se acha praticamente membro de uma linhagem superior, um ariano, eleito pelos céus para mostrar à humanidade errada que ele é quem está certo.

Essa é outra característica sempre e sempre presente no arrogante: ele se acha o dono da verdade. Se alguém discorda dele é porque é ignorante, atrasado, desinformado, rebelde, não foi tão iluminado por Deus, não entendeu as realidades do alto ou qualquer coisa do gênero. Isso acontece porque a arrogância cega. Ela não deixa o arrogante se ver como tal. Assim, qualquer verdade fora da sua verdade é inverdade. E ele trata quem dele discorda como culpado de uma suposta ignorância proposital. Discordar do arrogante é visto por ele praticamente como uma ofensa. Até porque, no seu entendimento, as outras pessoas existem em função dele.

Arrogancia1Lamentavelmente, o “cristão” arrogante em geral ganha discípulos. No caso do arrogante carismático, arrebanhará multidões, que se tornarão seus seguidores cegos – fãs tão fanáticos que não suportam ouvir uma crítica a seus ídolos. Hitler foi assim. Temos os nossos hitlers hoje em dia, líderes orgulhosos e altivos, que se tornam deidades das massas. Seu carisma atrai os incautos para a armadilha e a arrogância enterra seus seguidores, ao ser tomada como modelo e padrão aceitável. Em vez de uma triste doença, a soberba dos tais é vista e exaltada como uma qualidade, um sinal de força e posicionamento. Aos olhos de muitos, até como unção. Só que não passa da mais maligna e destrutiva soberba: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16.18). E há, por outro lado, os arrogantes sem carisma, que se impõem em geral por seus cargos, fazem poucos discípulos sinceros – os que nele de fato creem acabam reproduzindo a mesma arrogância. Seja o arrogante carismático ou não, tornar-se um discípulo dele é altamente prejudicial: “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança e não pende para os arrogantes” (Sl 40.4).

O arrogante geralmente se prende a títulos e cargos para legitimar-se. Esteja ele em que grau da hierarquia estiver. “Sabe com quem está falando? Eu sou o diácono aqui”, empavona-se. Não se contenta em ser quem é, precisa do reconhecimento e do garbo. Sem adjetivos a sua arrogância sente-se ofendida. É por isso que nascem entre nós tantos “patriarcas”, “apóstolos”, “ungidos do Senhor”, “doutores em divindade”, “profetas de Deus”. “vice-deus” ou o que for – o arrogante em geral se esforça mais por obter títulos do que empreender realizações. Enquanto o mais importante e preeminente dos humildes contenta-se em ser chamado de “Zé”, se for o caso, o arrogante exige para si títulos acessórios, que ficarão pendurados em seu nome como penduricalhos na farda de um velho general.

Arrogancia4Mas, por mais que receba o louvor alheio, o arrogante não se contenta com isso – precisa de mais. Pois realmente acredita que merece mais – afinal, ele é um escolhido de Deus. Daí surgem os impérios eclesiásticos, as empresas evangélicas de um homem só, as capitanias hereditárias gospel, as catedrais mundiais de qualquer coisa. E, para pôr tais empreendimentos de pé, o arrogante se coloca acima do bem e do mal: faz associações em jugo desigual para ter mais poder, dá propinas para ver avançar seus sonhos pessoais, cria falsas campanhas espirituais como forma de arrecadar dinheiro… enfim, faz o que for preciso para que seus projetos avancem – e sempre tem uma boa desculpa para justificar-se de que aquilo não é pecado. Peca porque, afinal, está fazendo para o Reino. Só que, na verdade, está fazendo para si mesmo.

Não há arrogantes admiráveis – pense nos homens de Deus que você admira e, se enxerga neles altivez e prepotência, sugiro que deixe de admirá-los – pois não são tão homens de Deus assim. Só continua a admirar arrogantes, após se dar conta de que são arrogantes, quem admira a arrogância. E não se pode admirar a arrogância e Jesus ao mesmo tempo.

Arrogancia5A arrogância foi o pecado que fez aquele que ficava ao lado do Senhor no Céu tornar-se Satanás. Não bastava ele ser querubim da guarda ungido, permanecer no monte santo de Deus, andar no brilho das pedras. É interessante reparar o caminho de corrupção que ele percorre, de anjo a demônio. No início, “perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado”, só que, aos poucos, “se achou iniquidade” nele. O que me entristece é que, se o destino dos homens arrogantes for o mesmo do querubim arrogante, o que eles ouvirão ao final de suas vidas é: “te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer […] em meio ao brilho das pedras. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem” (Ez 28).

É uma certeza quase matemática, que não tem como dar errado. Como registra Isaías 2.17, “A arrogância do homem será abatida, e a sua altivez será humilhada”. Fico triste, realmente triste por causa dos arrogantes. Pois, em geral, foram bons cristãos no início, mas, com o passar do tempo, começaram de fato a acreditar que são mais do que os demais. Assim como Lúcifer era perfeito, mas deixou seu coração enganá-lo, o mesmo processo ocorre com todo arrogante. Seu fim, lamento crer, não será diferente. Se não for abatido nesta vida, será na próxima.

Arrogancia6Entre os salvos de Deus não há arrogantes, há os mansos e humildes de coração. Se um arrogante é alcançado pela graça da cruz ele deixa de ser arrogante. Seus olhos perdem a altivez. Suas palavras abandonam o egocentrismo. Sua alma despreza os títulos e adjetivos. Seus projetos de projeção pessoal são postos de lado. Seu conforto passa a importar menos do que a obra de Deus. Suas ações passam a devotar-se ao ferido, ao doente e ao sofredor. A arrogância morre e em seu lugar brota o amor. Pois onde há amor não pode haver arrogância.

O arrogante prioriza a si se aos seus. O humilde prioriza o próximo. Simples e bíblico.

Termino aqui, com uma explicação. Não dediquei tantas linhas aos arrogantes para acusá-los. Mas, primeiro, para compartilhar meu entendimento bíblico de que não existem cristãos arrogantes, é um conceito impossível à luz das Escrituras: se é de fato cristão não pode ser arrogante, se é arrogante não é cristão. Segundo, para que você veja se tem seguido ou mesmo sido alguém altivo e soberbo. E, por fim, para que oremos pelos arrogantes. Devemos amar os tais e pedir que o Senhor os cure dessa doença tão maligna – para que vivam e parem de contagiar ou ferir os que estão ao seu redor. Oremos em especial para que venham a conhecer Cristo e tirem a si mesmos do altar. Não devemos desejar o mal dos arrogantes nem combater a arrogância com ataques, mas com oração e amor. Pois, se atacarmos os arrogantes com ferocidade e nossas próprias verdades, estaremos sendo tão arrogantes como eles.

Propor isso é muito arrogante de minha parte?

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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A senhora que faz limpeza em minha casa é uma irmã em Cristo. Há alguns dias ela chegou para o trabalho, tocou a campainha e abri a porta. Ela não deu dois passos dentro de casa e disparou a falar sobre o pastor fulano de tal, que fora preso porque tinha estuprado não sei quantas mulheres, isso, aquilo e aquilo outro. “No trem vindo pra cá todo mundo só falava sobre esse assunto”, disse, tentando puxar papo e dar continuidade à polêmica comigo. Eu estava por fora da história e, por isso, fiquei escutando enquanto ela, empolgadíssima, praticamente mandava o tal pastor para o inferno, já julgado e condenado. Depois de relatar a arrepiante história com a empolgação de uma criança que ganhou um presente novo, ela ficou enfim em silêncio, enquanto aguardava que eu disparasse palavras de condenação ao tal pastor. Eu pensei um segundo e disse a ela: “Bem, vamos aguardar que se prove que de fato ele é culpado, não é? E, se for, vamos orar pela restauração da vida dele”. Pela cara dessa senhora percebi que era tudo o que ela não esperava ouvir. Porque é muito mais gostoso e empolgante acreditar que algum cristão cometeu um pecado cabeludo do que crer na sua inocência – afinal, saber que os outros pecaram faz com que nos sintamos melhor com nossa própria natureza pecaminosa, como se o pecado alheio tivesse a capacidade de diminuir o nosso. Pude perceber que ela ficou sem ação diante do que falei, pois esperava que eu – como todas as pessoas do trem – começasse a alimentar a polêmica, assumir a culpa do homem e relegá-lo para o sétimo círculo do inferno. Só que não é isso que a Bíblia ensina.

Na faculdade de Jornalismo, aprendemos uma regra básica da profissão: nunca ouça um lado só da história. Pois todo relato sempre terá mais de uma versão, mais de um ponto de vista, e os implicados sempre vão defender os seus interesses. Isso é algo tão evidente que, se assim não fosse, não haveria juízes para intermediar disputas, nem árbitros, para dizer se foi pênalti ou não: o atacante sempre vai afirmar que o zagueiro pôs a mão na bola dentro da área e o zagueiro sempre vai negar. Por isso, ninguém conhece uma moeda por inteiro sem ver suas duas faces. No entanto, muito frequentemente nós assumimos verdades sobre outros só porque “alguém disse”. O que, em linguagem bíblica, é exatamente o que significa “julgar o próximo”.

Existe a regra de ouro do trânsito que, se for aplicada a sua vida, vai ajudá-lo muito a não cometer o pecado do julgamento: “Na dúvida, não ultrapasse”. Em outras palavras, se alguém te diz algo negativo sobre um terceiro indivíduo que não está ali para se defender, não assuma imediatamente como uma verdade, mesmo que a pessoa que te passou a informação em questão seja alguém próximo de você, o seu melhor amigo ou alguém da sua família. Sempre desconfie.

Lembre-se que uma mera afirmação contada como uma grande verdade não quer dizer absolutamente nada: se eu digo que o céu é vermelho ele não será menos azul por causa disso. Mas nós, seres humanos,  somos como grandes papagaios, que propagamos maldosas inverdades, meias-verdades ou realidades distorcidas só porque alguém nos falou – e como o ser humano tem um prazer sádico e inerente de falar mal dos outros, repetimos a quem quiser ouvir sem ter sequer escutado o que os réus têm a dizer. E acreditamos em tudo! Tenho visto isso com uma frequência avassaladora entre nós, cristãos. Lembre-se das mulheres que foram a Salomão para ele decidir de qual das duas era o filho. Ambas juravam de pés juntos que eram a mãe. Salomão não acreditou, simplesmente tirou a prova dos nove e averiguou sabiamente os fatos em sua totalidade.

Uma passagem bíblica específica sobre o assunto é o julgamento de Jesus, relatado em Mateus 26. Não só porque mostra como é a coisa mais fácil do mundo levantar falsas testemunhas cheias de provas e afirmações contra alguém, mas, principalmente, porque mostra o exemplo do Mestre acerca de como reagir. Repare: “Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte. E não acharam, apesar de se terem apresentado muitas testemunhas falsas“. Veja que estamos falando de pessoas que na sociedade eram altamente conceituadas, eram sacerdotes e autoridades e que apresentaram muitas provas. Mas foi tudo articulado com um único objetivo: sujar o bom nome daquele homem.

Vamos adiante: “Mas, afinal, compareceram duas, afirmando: Este disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias. E, levantando-se o sumo sacerdote, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardou silêncio“. De tudo, as antipalavras do Mestre são o que mais me maravilha. O homem que teve sua honra achincalhada e seu nome lançado na lama não berrou nem esperneou para se defender. Não apresentou provas ou testemunhas que o inocentassem. Mas “guardou silêncio”. Confirmando Isaías 53.7: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca“. Eis o padrão cristão.

Sei que é difícil, pois nossa natureza clama por justiça. Mas foi o que o manso Cordeiro fez. Em seu exemplo, ele demonstrou que o juízo de Deus é muito, muito, mas muito mais severo que o dos homens – e do que qualquer coisa que você possa fazer para revidar ataques ou maledicências contra você. Lembre-se de Hebreus 10.31: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo“. E tem mais uma coisa: um cristão autêntico – aquele que errou no passado, se arrependeu de seus pecados, alcançou a misericórdia de Deus e se esforça por não errar mais – não condena pessoas, ainda que sejam culpadas. Pois sabe que elas são tão pó como ele. Porque o cristão que se arrependeu de fato de seus erros e sabe que o ser humano é passível de errar e ser reerguido por Cristo não devolve mal com mal. Ora e torce pela restauração do pecador. O cristão de verdade não quer prejudicar ninguém – pois sempre tem a esperança de que o outro chegue ao arrependimento e produza frutos para o Reino de Deus. O cristão de verdade não destrói: constrói. Pois quem veio para destruir você sabe quem é.

Em Romanos 12, Paulo nos ensina algo que quase nenhum cristão faz: “Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor“. Depois de mostrar o que espera aquele que receberá a vingança de Deus pelo mal que praticou contra o próximo, o apóstolo nos diz o que fazer: “Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem“. Mas isso só faz quem é cristão de verdade.

Essa é a atitude bíblica. Esse é o procedimento. É isso o que pelo menos devemos tentar fazer. Vejo pessoas famosas do “meio evangélico” indo para a TV e a Internet para, em vez de pregar o Evangelho, agredir, atacar, ofender. Os modelos que a Igreja tem hoje agem contrariamente aos ensinamentos de Jesus. Não siga esses exemplos, meu irmão, minha irmã. Há muitos frequentadores de igreja que desejam o mal ao próximo. Que estimulam o disse-me-disse sobre o último escândalo da moda. Sem meias palavras: isso é demoníaco. É assim, entre outras coisas, que se mede um verdadeiro servo de Deus: como ele zela pelo próximo, em especial os que erraram contra si. Então, se você de fato é trigo e não joio, preserve as pessoas e lute em aconselhamento e oração para que cheguem ao arrependimento e à salvação.

Minha sugestão sincera: não se junte à massa dos que tomam de Deus o papel de juiz. Se pastor fulano estuprou alguém, se o irmão da tua igreja cometeu esse e aquele pecado, se estoura a última polêmica gospel… a atitude mais bíblica que você tem a fazer é se calar. Não se assente na roda dos escarnecedores cristãos. Não alimente o disse-me-disse. Não ponha lenha na fogueira. Sei que o Diabo fica tentando pôr a lenha na sua mão, mas resista a ele. Deixe que a língua coce, garanto que depois passa. Tente guardar silêncio e agir com amor perdoador e sofredor, pois aí a justiça do alto funcionará em favor de todos: dos acusados e dos acusadores. Inclusive você.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício

DoençaDomingo passado fiquei profundamente tocado ao saber que uma irmã da igreja recebeu a notícia de que está com câncer. A previsão é de pelo menos um ano e meio de tratamento, quimioterapia e tudo o mais a que tem de se submeter alguém que é acometido por essa moléstia. Jovem, cristã, casada com o baterista do grupo de louvor… oramos juntos durante o culto – eu, ela e seu marido. Choramos. Pedimos a cura. E meus olhos demoraram algum tempo para secar, pois parecia que conseguia sentir em mim a dor e a ansiedade daquele casal, já em antecipação pelos meses de batalha que terão pela frente. Esse episódio me afundou em reflexão sobre uma das questões mais antigas entre os cristãos: como aceitar a ideia de um Deus bondoso e misericordioso deixar seus filhos enfrentarem doenças que causam dor e sofrimento? Eu tenho uma teoria.

Para falar sobre isso, antes de mais nada devemos nos lembrar de que estamos vivos e, como tal, sujeitos a todo tipo de doença. Parece meio óbvio, mas – acredite – para muitos não é. Há uma crença disseminada em muitas igrejas, com base em Isaías 53, de que Jesus curou todas as doenças do universo Doença1na cruz e basta termos fé que o interruptor da cura será acionado. Não acredito nisso. Acredito que, em sua soberania, Deus é capaz de me manter doente por mais que eu tenha a fé maior do mundo (se quiser se aprofundar no assunto, pode ler o post “E quando Deus não cura? – Parte 2/2“). Acredito no “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Enquanto estamos vivos, habitaremos em corpos frágeis, aglomerados de tecidos e líquidos sujeitos a doença, degradação, falência, decadência. A salvação não blinda nossos corpos contra bactérias, vírus, torções, multiplicação descontrolada de células (tumores), fraturas, amputações, dores e centenas de outros tipos de problemas de saúde que podemos ter. A salvação é espiritual e não corpórea. Salvos e não salvos ficarão doentes do mesmo modo. A vida nos prova que isso é fato.

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Se você não crê nisso, pense em uma coisa. Islâmicos ficam doentes e são curados. Espíritas ficam doentes e são curados. Budistas ficam doentes e são curados. Hindus ficam doentes e são curados. Xintoístas ficam doentes e são curados. Candomblecistas ficam doentes e são curados. Satanistas ficam doentes e são curados. Ateus ficam doentes e são curados. Cristãos ficam doentes e são curados. Simplesmente porque todos os fieis de todas as religiões fazem parte do mesmo grupo de seres: humanos. E humanos ficam doentes. Humanos produzem anticorpos. Humanos reagem a  medicamentos. Humanos ficam curados. E humanos também morrem.

Doença2Meu pastor eventualmente diz: exceto por um acidente ou um assassinato, ninguém “morre de morte”. Todos morremos de doenças. De falhas no funcionamento do organismo. Desconsidere quem morre por fatores de origem externa, como tiros, facadas, atropelamentos, afogamentos ou similares. Os demais morrerão de AVC, infarto, malária, dengue hemorrágica, pneumonia e centenas de outros tipos de problemas orgânicos. Ninguém morre de velhice: velhos morrem porque seus organismos não comportam mais a vida e, por isso, algo falha, uma doença os acomete e chega o momento da partida desta existência material. Se todos os cristãos fossem ser curados de tudo, nenhum de nós morreria. Lembre-se de que todo mundo que um dia foi curado de algo – seja por atendimento médico ou por um milagre – no fim acabará sucumbindo a outro mal. Ou você acha que Lázaro, o irmão de Maria e Marta, está vivo até hoje?

Então, somos espíritos infinitos que habitam corpos finitos. Vamos adoecer. Vamos morrer. É bom estarmos cientes disso.

Você poderia dizer: “Ok, Maurício, tudo bem, todos vamos ficar doentes e morrer um dia, mas precisamos sofrer tanto com certas doenças tão terríveis?”. Vamos analisar alguns casos bíblicos. Miriã, a irmã de Moisés, ficou leprosa, pela vontade do Senhor. Jó, o homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal, ficou cheio de tumores na pele, pela vontade do Senhor. Doença3O próprio Lázaro, um dos melhores amigos de Jesus, adoeceu, como explicou o Mestre, “para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela [a doença] glorificado”. O cego de nascença de João 9 carregava essa condição por anos, para, segundo Jesus, “que se manifestem nele as obras de Deus”. Até aqui falamos de lepra, tumores, cegueiras e uma doença mortal indefinida, todas enfermidades terríveis. Mas tem mais: muitos são os relatos, de Êxodo a Juízes, de circunstâncias em que o Senhor amoroso enviou doenças, pragas e pestes ao seu povo, o povo eleito, o povo escolhido, para que aprendesse que não havia outro Deus além dele e abandonasse a idolatria. E não nos esqueçamos do espinho na carne de Paulo que, é possível, talvez fosse uma doença. E estamos falando do grande apóstolo Paulo, o homem que foi arrebatado ao céu… mas para quem a graça de Deus bastava.

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Agora eu pergunto a você: o que têm em comum todas essas circunstâncias, em que, pela ação direta de Deus, membros do seu povo, pessoas que ele amava e a quem queria bem –  Miriã, Lázaro, Jó e tantos outros – acabaram sendo acometidos por doenças horríveis e que causaram tanto sofrimento? O que vejo em comum a todos esses casos é o desejo do Senhor de que venhamos a aprender lições importantes por meio das enfermidades.

Veja: Miriã foi vencida pela soberba e a lepra veio para lhe ensinar humildade. Paulo (se é que o espinho na carne foi uma moléstia) recebeu a lição de que a graça de Deus é o que há de mais importante. O povo israelita sofreu muitas vezes com pestes para aprender que a obediência e a fidelidade ao Todo-poderoso são vitais. Jó sofreu para que bilhões de judeus e cristãos ao longo dos milênios aprendessem com sua história sobre a soberania divina. O cego e Lázaro padeceram para que bilhões de indivíduos aprendessem que o mais importante de tudo é a glória de Deus.

Doenças e aprendizado andam de mãos dadas desde o Éden. Andavam na época do Antigo Testamento, continuaram andando após a vinda de Jesus, andam ainda em nossos dias e seguirão andando até a consumação do século. Deus sabe que somos pó e, muitas e muitas vezes, o aprendizado sobre a obediência, a graça e a glória de Deus vêm mediante um instrumento pedagógico chamado doença (que, infelizmente, carrega a reboque dor e sofrimento).

Muitos poderiam dizer que esse tipo de pensamento não coaduna com a essência de um Deus que é amor. É exatamente por isso que precisamos entender os fatos do dia a dia pela óptica do Senhor e não pela dos homens. CoDoença4mpreenda uma coisa: quando o Pai olha para você, ele não está enxergando somente os míseros 70 anos de vida durante os quais a sua alma estará na terra – tão preciosos aos seus olhos humanos. Ele está vendo de uma perspectiva muito mais elevada, o Senhor contempla os milhões, bilhões, trilhões, quatrilhões de anos que você terá de vida eterna. Se essa matemática lhe parece nebulosa, perceba que, se a eternidade tivesse apenas 1 milhão de anos de duração, nela caberiam 14.285 vezes o tempo de vida de alguém que vive na terra 70 anos. E, lembre-se que a eternidade vai durar milhões de milhões de milhões de milhões de milhões de milhões de milhões de milhões (e por aí vai, indefinidamente) de anos. Ou seja: uma eternidade que tivesse somente 1 milhão de anos equivaleria a 14.285 vidas terrenas.

Diante disso, sinceramente, o que você acha que é mais importante para o Senhor? Suas poucas décadas aqui ou sua existência eterna? Se for preciso fazer você enfrentar alguns anos de aperto agora que promoverão um aprendizado benéfico para toda a eternidade, o que você acha que ele fará? No lugar dele, o que você faria?

Doenla5Eu estava brincando de massinha de modelar com minha filha de 2 anos quando vi que ela ia enfiar um pedaço daquela substância tóxica na boca (e, se eu não visse, possivelmente engolir). Num reflexo, dei um grito. A pobrezinha tomou um susto, pois não está acostumada a ouvir papai gritar com ela. Paralisou. Fez beicinho. E começou a chorar. Tomei-a em meus braços, a acalmei e depois lhe expliquei a razão de ter gritado com ela: evitar um mal maior. Ela compreendeu, enxugou as lágrimas, apertou meu pescoço num abraço e me deu um beijo. Quase nunca grito com ela, mas se você me perguntar se eu gritaria de novo se tivesse de reviver aquela situação, afirmo que berraria quantas vezes fosse necessário, pois a amo e prefiro que ela sofra um pouquinho por algum tempo do que sofra muito por muito tempo. Por que com Deus seria diferente? O amor de Deus por nós é tão, mas tão grande, que ele deixa que fiquemos doentes.

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Deus olha para mim e você sempre, sempre e sempre a partir da perspectiva da eternidade. Ele quer nosso bem eterno. Se para isso for preciso que soframos um tanto de tempo nesta vida terrena e, assim, aprendamos importantes lições que impactarão diretamente nosso relacionamento e nossa intimidade com o Senhor pelos zilhões de anos que teremos entre a doença e a eternidade, afirmo que Deus nos enfermaria quantas vezes fosse necessário. Por quê? Em linguagem bíblica, “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2Co 4.17-18).

Sim, ficaremos doentes. Sim, homens bons e íntegros, cristãos fieis, servos cheios de fé… todos ficarão doentes. Sim, todos os que adoecerem sofrerão. Sim, devemos orar pelos enfermos na esperança de sua restauração. Sim, remédios curarão muitos. Sim, milagres curarão alguns. Sim, muitos morrerão. Sim, no fim todos morreremos. O que fará a diferença é o quanto teremos capacidade de tirar de aprendizado de toda a dor e o sofrimento que precisaremos encarar.

Doença5Quando Jó finalmente parou de questionar as razões de sua doença e aprendeu o que Deus queria que ele aprendesse, disse: “Certo é que falei de coisas que eu não entendia, coisas tão maravilhosas que eu não poderia saber.  […] Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram.  Por isso menosprezo a mim mesmo e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.3-6). Quatro versículos depois, Deus acaba com o sofrimento de Jó. Será coincidência? É por isso que eu sempre recomendo: se você está doente, junto à oração pela cura ore a Deus perguntando o que Ele quer que você aprenda com aquela enfermidade. Há uma grande chance de seu sofrimento ser abreviado se você aprender o mais rápido possível o que Deus quer que você aprenda. Essa é uma certeza canônica? Não, a Bíblia não afirma isso. Mas é no que eu creio.

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Que em meio à doença aprendamos mais sobre santidade. Sobre obediência. Sobre a graça de Jesus. E, por fim, sobre a glória de Deus.

Doença6Eu choro pela minha irmã que recebeu o diagnóstico de câncer. Fico muito, muito triste – e domingo fiz um compromisso comigo mesmo de orar diariamente por ela. Não queria que ela passasse por isso. Jesus, na noite de sua paixão, entrou em depressão a tal ponto por causa do sofrimento que teria de enfrentar que Mateus 26 registra: ele “começou a entristecer-se e a angustiar-se” e disse a seus amigos: “A minha alma está profundamente triste até à morte”. Pois a dor… dói. E de sentir dor quem gosta? Mas o sofrimento de Jesus trouxe benefícios eternos. O Pai sabia disso e, por essa razão, não afastou de seu Filho amado o cálice do sofrimento. Por isso, muitas vezes o compassivo e bom Deus deixa que também nós bebamos do cálice do nosso sofrimento: para que aprendamos algo que virá a trazer benefícios eternos. O que cada um de nós tem de aprender com nossas doenças? Não faço ideia (para cada pessoa há um aprendizado específico). Mas Deus faz.

De minha parte, sei que a graça dele nos basta. E que a ele seja dada toda a glória, pelos séculos dos séculos.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >

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