No Rio de Janeiro, a passagem de ônibus custa R$ 3,40. Peguei semana passada um ônibus e, como não tinha trocado, paguei com R$ 3,50. Estendi a mão ao motorista para receber meus 10 centavos de troco. Ele olhou meio sem graça, disse que não tinha essa quantia para me dar e pediu que eu esperasse: quando recebesse alguma moedinha de 10, me pagaria. Eu passei pela roleta e sentei logo no primeiro banco, lógico, pois não deixaria aquela fortuna para trás. O ônibus prosseguiu viagem e eu ali, firme, aguardando meu troco. O veículo estava vazio e quase ninguém subia. Percebi que, de vez em quando, o motorista me olhava pelo espelho retrovisor, visivelmente tenso por eu estar ali, de prontidão, à espera da moeda que ele não tinha. Eu pensava: “Já vi esse filme muitas vezes. O espertalhão diz que não tem troco para eu desistir e ele ficar com os meus 10 centavos. No fim do dia, ele pega 10 de um, 10 de outro, e vai tomar uma cerveja com o que pegou dos trouxas”. Franzi a testa. Comecei a bater o calcanhar, impacientemente, no piso do ônibus, disposto a não arredar pé enquanto não recebesse o que era meu por direito. Mas, ao mesmo tempo, eu percebia o nervosismo do homem.
Foi quando o Espírito Santo me deu um puxão de orelha. Fui fulminado claramente pela certeza de que eu estava me comportando como um mau cristão. Por querer meu troco? Não. Isso era o justo. Mas por colocar 10 centavos acima do amor pelo próximo. Percebi que eu alimentava ódio por um ser humano que provavelmente estava falando a verdade… por míseros 10 centavos. Notei que, naquele momento, eu estava vendendo a graça que deveria ter no coração por muito, mas muito pouco.
Na vida, muitas e muitas vezes fazemos isso. Por muito pouco, deixamos de agir como Jesus espera de nós. Explodimos com as pessoas por coisas muito pequenas, nos iramos, fazemos inimigos… por questões que, à luz da eternidade, não valem nada ou quase nada. Muitos perdemos amigos por pequenas picuinhas. Ou nos indispomos com pessoas da família devido a assuntos que, no fundo, não são tão importantes assim. Desonramos pai e mãe por migalhas. Levamos nossos filhos à ira porque chegamos em casa estressados pelo trabalho e explodimos por qualquer coisa. Ficamos de ti-ti-ti porque nossos líderes não nos sorriram naquela manhã. Em suma, não são poucas as vezes em que deixamos o amor e a graça escorregar para fora de nosso coração por questiúnculas banais.
É importante dimensionarmos o valor e o peso das coisas. Aqueles 10 centavos tinham valor? Certamente. Era meu direito recebê-los? Evidente. Eu estava certo em tudo. Mas pequei pela falta de bondade. Pus intenções no coração daquele motorista que possivelmente ele não tinha. Permiti que a ira tomasse conta de mim. Falhei. Em termos bíblicos, fui um legalista e não um agente da graça, pois permiti que a lei (correta) fosse mais importante do que a graça (igualmente correta). A diferença é que a lei foi criada para conduzir à graça (Gl 3.24), portanto, lei sem graça é um cavalo desembestado sem cavaleiro – não leva nada a lugar nenhum. Por isso, errei ao atribuir mais valor ao meu direito e à minha razão do que ao amor pelo próximo.
O mesmo vale para tudo na vida. Seus filhos desobedeceram e, com isso, erraram? Sim, claro. Mas será que isso justifica aquela sua reação explosiva? Seu marido deixou a casa bagunçada pela bilionésima vez, mesmo depois de você pedir trilhões de vezes que ele a mantenha arrumada? Sim. Mas será que isso compensa a briga? Você chegou em casa faminto e descobriu que sua esposa não fez o jantar prometido? Sim. Todavia, isso importa mais do que manter o bom relacionamento com ela? Seu chefe é um chato intragável é digno de milhões de críticas? Sim. Mas isso justifica o desacato à autoridade? Seu amigo não foi tão amigo assim na hora que você mais precisava? Sim. Mas será que os anos de amizade precisam ser jogados fora por essa falha? E por aí vai.
Meu irmão, minha irmã, muitas vezes o importante não é ter razão. É ser bom. É agir com graça. É ser como Jesus, que, sem nunca ter pecado, perdoou, amou, pacificou, reconciliou. Você quer ser como Jesus ou como você mesmo?
O ônibus chegou, enfim, ao ponto em que eu saltaria, e nada de ter recebido os 10 centavos. Tendo refletido e me contristado por causa da exortação do Espírito Santo, simplesmente levantei, dei sinal e, na hora de descer, acenei para o motorista, que me olhava constrangido pelo espelho retrovisor. E desejei: “Boa noite, amigo, Jesus o abençoe”. Você pode até achar que fiquei mais pobre por não ter recebido meu troco. Sinceramente? Acredito que saí daquele ônibus muito mais rico do que entrei.
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >
É assim mesmo: Melhor ser gracioso que ter razão!. A minha avó costumava dizer: Filha, melhor ter paz que ter razão!”. Acho que no final das contas, graça e paz andam juntas. Que Deus nos faça graciosos sempre! Tenha um bom dia meu irmão!
Olá, Nadia,
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sábia, a sua avó. Graça e paz… pra que mais?
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Abraço fraterno, no amor do nosso Pai,
mz
Bom Dia Maurício!
Graça e Paz! Como vai?
Recebo os seus artigos ha cerca de 1 ano (e só hoje resolvi mandar um e-mail)…
Como é maravilhoso ver a mão-ação-graça-sabedoria-outros de Deus na sua vida! Como é maravilhoso ver que você vive um evangelho integral, 24 horas e não um evangelho de fim de semana. Onde suas experiências com Deus acontecem quase que apenas dentro das 4 paredes da igreja. Tenho dito que se o nosso relacionamento com Deus depende de ir ou não ir em um templo estamos fadados ao ‘fracasso’ (fique tranquilo, não sou desingrejado e muito menos contra a idéia de que precisamos estar em uma igreja), relacionamento com Deus é muito mais do que isso! Esta separação entre sagrado e profano/secular isto não existe!
Enfim! Glorifico a Deus pela sua vida e sou sempre edificado por cada artigo e por acompanhar/imaginar a sua vida por cada episódio trivial ou não dela..
Como sempre digo, obrigado por fazer o seu papel.
Otima semana!
Douglas Rafael (34) 9954-1187 (vivo) / (34) 9273-6069 (tim)
Date: Mon, 11 May 2015 10:02:44 +0000 To: doug.rms@hotmail.com
Bom dia, Douglas, tudo bem?
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Muito obrigado por suas palavras carinhosas e que certamente me descrevem com muito mais mérito e santidade do que de fato tenho. Certamente, fruto de seu coração bom, que leva bondade até seus olhos. Louvo a Deus por tua vida.
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Grande abraço, mano, Jesus te sorria sempre,
mz
facebook.com/mauriciozagariescritor
Amém!
Olá Maurício,
Temos a tendência de brigarmos por coisas bem pequenas, e pelas grandes coisas muitas vezes não lutamos.
Isso fez eu lembrar : “Coam um mosquito e engolem um camelo”
Maurício, obrigado pelo alerta,
abraço.
Verdade, mano.
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Abraço fraterno, no amor de Cristo,
mz
É verdade meu irmão.
Não é nada fácil viver como Jesus ensinou.
Quando mais jovem, com certeza tinha um coração melhor, mais generoso.
O tempo vai passando, a gente vai apanhando tanto que tem que está em perfeita comunhão com o Senhor para não embrutecer.
São tantas decepções,tantas injustiças.
Não é nada fácil mesmo.
Mas todas as vezes que pensei mais em minha razão do que na graça, as consequências não foram nada boas.
Daí nossa oração diária é pedir a Deus um coração misericordioso.
Graça e Paz meu irmão.
Oi, Ligia, tudo bem?
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Com certeza é difícil caminhar pelas pegadas de Cristo, mas o nosso passo é bem pior do que o caminho pedregoso do negar-se a si mesmo.
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Graça e paz, Jesus a abençoe muito,
mz
facebook.com/mauriciozagariescritor
Fala meu amigo, tudo em paz?
Lendo seu texto, percebi o quão importante é termos essa compreensão e entendimento. Acredito, que essa consciência, só é produzida em quem possui o Espírito Santo, e é sensível a Ele. Essa, é uma das maiores realidades vivenciadas em nosso dia a dia. Nosso acusador divino (consciência), nos convence de nossos erros e nos remete a uma reflexão baseada nas Escrituras. Uma vez, ouvi da esposa de um amigo a seguinte afirmação: “Prefiro ter razão, do que ter paz!” Confesso que fiquei triste com a situação, mesmo sabendo do contexto e do histórico da relação de ambos. Que possamos suplicar ao Pai, para que nos ajude, através do Espírito Santo, a nos moldar à imagem do seu Filho Jesus Cristo. Que possamos não somente ser ouvintes, mas praticantes da Palavra de Deus!
Grande abraço amigo!!!
Salve, Helison, tudo bem?
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Esse é o caminho, mano. Fico triste pela esposa do teu amigo, pois ela está seguindo o caminho oposto do proposto pela Bíblia. Sempre precisamos depender do Espírito, pois, se dependermos de nós, estaremos mal.
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Abraço, mano, Deus te abençoe,
mz
Oi maurício , eu queria tirar uma dúvida com
vc, que não tem a ver com esse seu texto…mas não sei o seu e-mail entao envio-lhe por aqui:
(…)
obrigada, e peço que não publique a minha
dúvida, se pude me responder por e-mail fica
melhor.
Obrigada irmão.
🙂
Olá, Elisa,
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esse pensamento, na verdade, não foi criação dessa senhora, é o que o Pr. David Yonggi Cho escreveu no livro “A quarta dimensão”. Ela está apenas reproduzindo o pensamento dele. E é um pensamento questionável, pois tem a ver com a doutrina da Confissão Positiva.
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A Bíblia nos ensina a pedir. Portanto, é lícito pedir. No entanto, devemos fazê-lo segundo a vontade de Deus, como Jesus ensinou no pai-nosso. Seja feita a vontade do Pai e não a nossa. Sobre ter um caderno…não vejo nada útil nisso, salvo se a pessoa tiver uma memória fraca. O que de fato precisamos estará em nossa mente, isso é mais um recurso místico do que qualquer outra coisa. Não há nada de diferente ou especial em ter um caderno.
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O problema que vejo nessa questão é que está se estimulando a pedir, pedir e pedir. Deus não é um concessor de sonhos, é um realizador de propósitos. E propósitos dele, não nossos. Uma vida cristã devotada a pedir, pedir e pedir não é vida cristã. Se o que pedimos coaduna com a vontade do Senhor, receberemos; se não coaduna, não receberemos.
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Sobre a sua pergunta “Li que meus sonhos precisam estar alinhados com os sonhos de Deus, mas como saber se os meus são de acordo com os Dele pra mim?”, é uma resposta longa demais para este espaço. Eu escrevi um capítulo em meu novo livro “O fim do sofrimento” só sobre isso. Se você achar por bem fazê-lo, recomendaria que o lesse, ali terá a resposta sobre como saber os propósitos de Deus para nossa vida.
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Espero ter ajudado, mana. Um abraço fraterno, Deus a abençoe muito. No amor dEle,
mz
facebook.com/mauriciozagariescritor
Obrigada pela atenção, certamente vou ler o livro… 🙂
[…] O que é mais importante: ter razão ou ter graça?. […]